quinta-feira, 16 de julho de 2009

CHARGES ESCOLHIDAS A DEDO (18)

A FALTA DE CULTURA E A CULTURA TRANSBORDANDO
Na sua coluna do Estadão, Ignácio Loyola Brandão, em 05/07 escreve sobre algo triste, ocorrido com ele no 2º Festival da Mantiqueira: "Não me convidem para a mesma mesa do português Miguel Sousa Tavares. O homem se acha, deve pensar que é Fernando Pessoa ou Eça de Queiróz e nem chega aos pés de José Cardoso Pires, Lídia Jorge, Saramago ou Lobo Antunes. Foi marcada uma sessão de autógrafos dele e minha na mesma mesa, mesmo local. Ao chegar, ele estava sentado, cumprimentei-o. Ele nem me olhou, rosnou "Hum". Diante de tanta cortesia, levantei-me, levei minha turma, fui autografar na praça. Não sem antes apanhar o romance Equador, que havia comprado para que ele me autografasse, afinal, é companheiro de ofício. Na caixa da livraria, troquei pelos 125 contos de Guy de Maupassant".

Gente que se acha são mesmo intragáveis. Olham por cima, não ouvem opiniões dos outros. Suporto pouco permanecer ao lado de gente assim. Na verdade, evito. Nesses dias reencontro um funcionário da Secretaria Municipal de Cultura no supermercado e logo a seguir, duas funcionárias dentro de uma agência bancária. De todos, a repetição do mesmo discurso: "Não existe diálogo no nosso local de trabalho. Queremos e não podemos trabalhar. Está tudo parado, gente com medo e se isolando. Nada funcionando direito. E o dirigente se achando, com tudo de pernas para o ar, cada vez mais prepotente e autoritário". Esse o quadro ouvido de todas as bocas e se acham que exagero, escutem essas vozes. Elas estão aí, querendo ser ouvidas e pior, querendo trabalhar.

Sai ontem à noite e no meu caminho o Teatro Municipal. Como sempre, fechado e tudo apagado. Sinal dos tempos. Se falta programação por ali, sigo adiante e vou dar no SESC. Lá tudo acontece, por várias vezes na semana e tudo grátis. Ontem foi o dia de um grupo argentino, o La Cartelera Ska (http://www.lacarteleraska.com.ar/), mesclando a fusão de ritmos latinos. Dancei ao lado de gente que gosta de frequentar lugares onde a cultura floresce. Reencontro o desenhista Gonçalez (http://www.desenhogoncalez.blogspot.com/) e de algo que me enche os olhos, o resgate do trabalho de um jovem desenhista, o Luciano, de Ourinhos, falecido aos 26 anos, mas com uma baita produção espalhada por aí. Montou um blog para juntar tudo, o http://www.lucianodesenhistaradical.blogspot.com/ . Quer muito falar sobre isso e sobre sua produção pessoal, estará expondo na Gibiteca à partir do final desse mês, algo muito interessante: Caricaturas de pessoas da cidade, num grande painel que não terá fim tão breve. Publica charges no jornal Tablóide, de Ourinhos (http://www.jornaltabloide.com/), que me diz dos mais ousados do interior paulista. Todos dançamos ao som dos argentinos. Compro o CD deles e volto plugado no som dos hermanos. Chego em casa por volta das 23h, ligo a TV para ver a final da Libertadores e novamente dançamos ao som dos argentinos, pois o Estudiantes foi tri no torneio, vencendo o Cruzeiro no Mineirão.
Em tempo: as charges citadas lá no alto são encontradas nas indicações de sites do Gonçalez. Nas fotos, Gonçalez ao meu lado e da amiga Nilma, da UNESP Bauru.

5 comentários:

Anônimo disse...

caro blogueiro de Bauru

Não conhecia teu trabalho. Assisti a um show dos argentinos do Lacartelera aqui em Ribeirão e quando fui pesquisar algo na internet, achei teu escrito. Também não conhecia o grupo e também comprei o CD. Não sei se já reparaste nas letras do encarte. Cito uma frase de uma a "El creyente": "Y es natural que en la noche/ hoy la fiebre te emplece a subir/ si soldada sequedó su essencia/ a la falsa moral de la iglesia". Que achaste?

Leia a letra inteira da que mais gostei, a MALDITA MONEDA: "El dinero y el tiempo/ son el peor invento/ nos genera peleas/ guerras, disputas de tierras/ si nos pasamos la vida/ tratando de juntarla/ a esa maldita moneda/ que con el tiempo nos deja./ Ay no, no quiero enfermarme por dinero./ Quen no la tiene no entra/ el sistema lo aleja/ si lo que vale la pena/ non se paga con moendas no./ Y aunque los pobres se quejen/ de su amarga existencia/ con el dinero ellos sueñan/ com la sucia moneda./ Ay no, no quiero enfermarme por dinero amor./ No solo por el baila el mono/ sino todo el planeta/ y con su sola presencia/ nestras almas se enferman/ con el se compra el silencio./ La verdad pierde su precio/ si la mentira se agranda/ el dinero no alcanzará./ Ay no, no quiero enfermarme por dinero amor./ Si el pasado no perdona/ hoy cúrate llorando".

Também dancei muito com eles. Um abraço para vocês bauruenses e espero que a política por aí tenha uma melhora, pois pelo que li anda feia a coisa.

Rui J. Giel

Anônimo disse...

Henrique

Você sabe que nós aqui da SMC - Secretaria Municipal de Cultura sempre estamos te lendo. Concordamos com tudo, mas não estamos em condições de qualquer manifestação. A vingança por aqui é cruel e rápida. Achamos até que está pegando leve demais diante de todo o teatro de horror que vem se repetindo por aqui, sem que ninguém tome uma providência. Por que será que nenhum jornalista se interessa em vir dar uma leve espiada nos bastidores da Cultura, para ver in loco como é o relacionamento da cúpula com os funcionários? Será que se interessam no quanto pior melhor? Não estamos mais aguentando e não estamos tendo a quem recorrer. O seu blog é um dos únicos onde ainda encontramos algum espaço para expor a situação. Temos muito o que falar, mas temos receio. Nunca a situação esteve tão trágica. Não sei onde puderam encontrar alguém tão despreparado para ocupar um cargo tão importante. Perdemos força e espaço para outras secretarias do governo. Nunca havia visto isso antes.

Somos gente da Cultura

Anônimo disse...

Vou te contar aqui algo que acho que ainda não sabe.Muita coisa está sendo deixada de fazer aqui na Cultura porque o secretário alega que não tem dinheiro, que não tem como pagar, outras porque não possui interesse mesmo, nem sabe direito nada sobre onde deve investir o dinheiro da Cultura. Você passou por aqui e sabe que temos uma verba mensal e é dela que as coisas são pagas. Nosso salário sai daí, essas coisas. O cara é tão sem critério que não está fazendo nada, mas incentivado pelo outro secretário do seu partido, o da Agricultura está pagando com a verba da Cultura umshow lá na Barra Grande no próximodia 26 de julho. Vão reinaugurar as estradas de acesso à Fazenda Barra Grande, numa obra que tinha toda a urgência, mas que irá pagar o show do Liu e Léu, uma dupla da velha guarda, muito boa, será a verba daqui da Cultura, que para outras atividades não existe. O cara da Agricultura sairá com os louros e nós, com a verba minguada, que não é dada para artista local nenhum está sendo direcionada para um show caro. Não existe critério nenhum. Escrevo isso pois é o único lugar onde posso publicar isso sem ter que me identificar. Você nem imagina as barbaridades profissionais que estamos tendo que nos submeter em relação ao aniversário da cidade. Olhe na fisionamia do pessoal da Cultura que trabalha nos eventos por aí e veja se existe alguém que não esteja trabalhando contrariado.
A Cultura está andando para trás.

Faça algo, por favor.

Anônimo disse...

o gajo golpista tá com invejinha por estar sem cargo
é só darem algum pra ele que o gajo fica feliz

Mafuá do HPA disse...

Caro último anônimo:
Primeiro chama alguém de golpista e depois de louco por carguinho. Se quiz falar a meu respeito, errou em ambas. Golpista até as pedras do alicerce de Bauru sabem que não sou, combato, isso sim, golpes, golpistas e malandros em cargos oficiais (cuidado, hem!!!). Cargo público, tive um por 4 anos e se precisar, te faço uma relação do que fiz e do que deixei encaminhado (muita coisa já engavetada). Trabalhei para um governo municipal onde tive ampla liberdade para o exercício de minhas funções. Algo a ser reverenciado sempre e em alto e bom som. Cargo público hoje, um tanto difícil, pois voltei à carga com minha pequena e modesta firminha, reencontrando o caminho pedregoso e saudável de cair nesse mundão vendendo meus caraminguás. Ando mais feliz que pinto no lixo. Porém, continuo como sardinha de balcão, sempre em exposição e incomodando alguns.

Henrique Perazzi de Aquino, direto do mafuá