AUTENTICIDADE - publicada na edição de 18/07/2009
Meus escritos por aqui refletem muito do que ouço nas ruas. Num longo papo com um amigo do peito, ele estava um tanto entristecido com o andar da carruagem. “As pessoas se desacostumaram com gente autêntica. Hoje falta a arte, falta referência, tipo a que representou John Lennon para toda uma geração. Não interpreto a vida, vivo a vida real e isso dói”, foi seu desabafo. Fiquei matutando e com aquilo por dentro. O mundo atual está mesmo pasteurizado, tudo embaladinho e pronto para consumo. E tudo o que foge disso, causa espanto, pavor e até repulsa. O discurso ouvido é quase todo a mesma coisa, como se todos pensassem e agissem da mesmíssima forma. E como fugir disso? E como querer ser do contra com tudo conspirando contra? O amigo citou Lennon. O músico, segundo ele, geraria problemas falando e pensando da forma espontânea como fazia. Causaria medo pelo simples fato de espalhar entre seus fãs aquele modo de pensar e agir. E no futebol, seria possível hoje em dia alguém com a cabeça de um Sócrates ou de um Afonsinho? Nem um jornal no estilo do saudoso "O Pasquim" acho que é mais possível. Imagine um repórter com a verve do personagem Ernesto Varela a fazer perguntas indiscretas e certeiras para um ministro no estilo do Gilmar Mendes. Acham isso possível? Praticamente impossível. Um Che Guevara circulando pela América de arma em punho não seria mais um revolucionário e sim, um guerrilheiro do mal. Cadê os autênticos de hoje. Está difícil citar alguns poucos. Isso também me dói.
CULTURA MORA NO SESC - publicada na edição de 25/07/2009
Na enquete do BOM DIA de 21/07, a pergunta: “Você gasta dinheiro com cultura?”. Dos quatro questionados, nenhum tem por hábito freqüentar com regularidades locais tradicionais de cultura na cidade. Para a grande maioria, em primeiro lugar vem o problema dos custos, depois pouco tempo, família e até uma falta de interesse. Dou meu pitaco no assunto. Bauru possui um local privilegiado quando o assunto é atividade cultural, o SESC. Freqüento desde meus tempos de adolescente, praticamente tive minha formação cultural por lá. Nessa semana foram exibidos dois filmes cult, em dias alternados, show na quarta, quinta e sexta, para todos os gostos, menos para aqueles considerados de “desgosto musical” (termo que uso para os serta-bregas, mela-cuecas, axés apelativos e afins). No domingo mais dois shows e teatro infantil. Bato cartão, virei figurinha fácil. Vou e arrasto os amigos. Querem saber quando gastei? Nada, pois tudo é grátis. Só não vai quem não quer. Vivemos uma situação mais do que privilegiada no quesito de diversidade cultural, pelo menos no SESC. Em tempos de vacas magras na Cultura junto ao poder público municipal e afins, o SESC dá as cartas e comprova o quanto foi importante lutar pela permanência de verbas federais na instituição. Lá são otimamente empregadas. Só não vai quem não quer ou quem vive dando desculpas para deixar de fazer as coisas. Eu ando com minha vida cheia de correrias, igualzinho a todo mundo, mas disso não abro mão. A Cultura mora no SESC.
Comentário sobre o SESC e o show de ontem, 24/07, com os Hammond Grooves:
Falar bem da programação do SESC é chover no molhado, ainda mais num dia molhado como o de ontem. Lá é tudo de bom e pode ser resumido numa frase ouvida da Camila, a colunista do BOM DIA: "Que seria de nós e de Bauru se não fosse o SESC?". Estaríamos no mato e sem cachorro, minha cara. Voltei ontem pela terceira vez na semana lá e dessa vez presenciei o melhor show da semana. O trio, acompanhado de um órgão Hammond B3 original (cria variados timbres em tempo real), tocado por Daniel Latorre, guitarra pelo bauruense Daniel Daibem e bateria por Wagner Vasconcellos. Tocam uma mescla de soul, bossa, samba, jazz e coisas do rock'n roll. Além do som diferenciado do órgão, para mim o mais importante foi conhecer o trabalho do Daniel, filho dos queridos Ana Maria e Isaias Daibem, lá presentes, na fila do gargarejo, como pais corujas que são. Que show gostoso, vibrante do começo ao fim e com o astral do Daniel, comandando as falas. Ele, que apresenta semanalmente na Eldorado FM, o "Sala dos Professores" (http://www.radioeldorado.com.br/fm/buchanans/apresentador.asp) e deu uma entrevista muito boa para o Jô, quando conseguiu algo inusitado, deixar o apresentador de boca fechada na maioria do tempo. Sintam como foi: http://www.youtube.com/watch?v=-QzXuatCIwg . Repito sempre: O SESC é a casa da Cultura em Bauru.
3 comentários:
Caro Henrique o SESC tem sido realmente um diferencial nessa cidade,um refugio em todos os sentidos,na questão cultural e de lazer.estou por lá a muitos,muitos anos,desde menina como comerciária e agora como trabalhadora na área de serviços,com os filhos e nos momentos solitários de encontro comigo mesma,curto de montão!a qualidade em todos os sentidos e o respeito pelo usuário são inquestionáveis!deve-se exaltar e propagar isso aos quatro cantos da cidade e valorizar!Abraço carinhoso! Marisa Fernandes
Caríssimo Henrique
Lemos a sua matéria sobre o Daniel acompanhada das fotos e ficamos felizes aqui em casa (minhas irmãs, meus filhos e amigos) Grato pela gentileza e atenção com o Daniel também.
Li sua carta sobre o professor de História sobre o golpe em Honduras que você remete para o João Jabbour. Parabens. "Resistir é preciso"
Um grande abraço
Isaias
Prezado HENRIQUE
Somos muito gratos a você pelas considerações e atenção especial com que participou e se referiu em suas mensagens a respeito da apresentação do Daniel no SESC.
Ver o Daniel feliz, fazendo apaixonadamente o que gosta e se esmerando para crescer na qualidade das execuções que junto com seus companheiros apresentam, nos realiza também.Afinal confirmamos sermos pais "corujas" daqueles que respeitam e valorizam as opções dos filhos.Que bom vê-los contribuindo por meio da música para que as pessoas tenham acesso a produções artísticas de qualidade, que contribuem também para a humanização da sociedade.
Estamos repassando seu blog para Daniel,Célio, João Paulo e Mariana.
Abraços de Isaias e Ana Maria.
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