domingo, 19 de julho de 2009

DIÁRIO DE CUBA (33)

DESPEDIDA DE SANTA CLARA, PIONEIROS, A PRAÇA E OS PÉS INCHADOS
Começamos o dia 18/03/2008, uma terça-feira, nosso 11º dia em Cuba em algo aguardado com bastante ansiedade. Às 7h45 estávamos defronte a mesma escola que no dia anterior visitamos durante do dia. Presenciamos o hasteamento da bandeira e os "ninos" cantando o hino cubano antes de adentrarem as aulas, como o fazem todos os dias em todas as escolas daquele país. Nesse momento bateu uma saudade dos meus tempos de moleque, quando ainda se fazia isso nas escolas brasileiras. Marcão filma tudo, meio que em transe. Quando os alunos entram nas salas de aula, o diretor nos presenteia com livros. O meu foi o "Pasajes de la guerra revolucionaria", do Ernesto Che Guevara. Marcos não se conformava, pois não conseguiu presenciar o grito entoado pelos alunos: "Pioneiros para o Comunismo, seremos como Che", que ele conhece de cor e repete a todo instante.

Voltamos para nosso último café da manhã em Santa Clara. Uma suculenta pratada de macarronada na despedida, numa refeição que valeria para todo o dia. Saíriamos preparados para curtir nossa despedida dessa cidade, que tão bem nos acolheu. Antes fico boa parte da manhã com a perna e pés inchados dentro da banheira quente. Nem as canelas arriadas me afastam das ruas. Do hotel, a primeira passagem obrigatória é na praça e quem nos recepciona é Gonzalo, defronte o prédio do Teatro Caridad, na sua rotina de ida ao trabalho. Depois de alguns dias na cidade, falo ao Marcos: "Estamos ficando conhecidos na cidade, pois alguns até já param para conversar". Uma pena é ter que ir embora. Quando Gonzalo se vai, faço uma reflexão sobre sua sacola. Por lá todos carregam a sua. Não são todos os locais de compra que distribuem as desnecessárias sacolas plásticas para as mercadorias. Trazer a sua própria de casa gera economia e evita um gasto totalmente inútil. Possuem mais consciência que nós. Presenciei também que na grande maioria dos bebedouros não existem copos descartáveis à disposição. Ou a pessoa traz seu próprio copo ou faz uso de alguns de vidro, sempre disponíveis. Aprovei.

Nosso ônibus sai às 19h25 e ainda teríamos muito tempo até lá. Fico um bom tempo sentado na praça observando a rotina das pessoas. Evito andar muito, pois quero estar com a perna boa para as caminhadas em Santiago de Cuba. Vamos para o terminal de ônibus por volta das 16h, quando fechamos nossa conta no hotel. Marcos não quer sair da Sala de Espera da rodoviária. Eu não. Vendo uma grande loja de departamentos logo em frente, a La Rivera - Tendas Panamericanas fico perambulando por lá, ainda tentando entender como são os pesos convertidos. Recebo uma aula de um vendedor, muito simpático (um peso convertido vale 24 pesos deles). Sentamos depois na lanchonete "El rapido", uma espécie de rede, com um bom ar-condicionado e atendimento rápido. Devoramos dois grandes lanches, feitos numa assadeira elétrica, pois nossa viagem ocorreria durante a noite toda. Ao nosso lado três turistas equatorianos, no restante lotado de cubanos. Aproveitamos o tempo livre para colocar nossas contas em dia e um breve estudo de como iriamos gastar o que nos restava (restam 8 dias).
Revemos no terminal o alemão que haviamos conhecido no ônibus da chegada e tínhamos cruzado várias vezes na praça. Seu destino era o mesmo que o nosso. Tentamos "hablar" um pouco, ou melhor, quem se entende com ele é o Marcos, o único a falar inglês. Diz estar viajando por toda a América Latina, já tendo conhecido inclusive a trilha percorrida e o lugar onde Che morreu na Bolívia. Disse que lá existem muitos perigos para os turistas e que em Cuba nenhum, pois sempre andou sózinho e até altas horas. Nunca foi importunado. Nem nós. Quando fui despachar a mala, bato um papo com o agenciador: "Aqui em Santa Clara se trabalha muito, lá em Santiago são mais alegres, adoram música". Uma viagem noturna e no começo a última olhada para o Momumento ao Che. Muito cansado mal consegui ler algumas páginas do livro (li umas 20 pgs no terminal), presente do diretor Rámon. Passamos por diversas cidades, que mal vejo pela janela, pois tentei dormir. Mal clareia o dia, às 6h30 estávamos adentrando uma nova cidade, SANTIAGO DE CUBA.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não sabia que lá tinham hipermercados ou lojas de departamento. E o comunismo como fica?
Joel

Anônimo disse...

A burrice, a ignorancia são coisas impressionantes.
O cidadão aí precisa ler mais, entender mais.
Então um país comunista não pode ter mercados e lojas de departamento??
A população vai adquirir produtos aonde??
A diferença do comercio de lá para o de paises como o Brasil é que esse comercio é estatal, se paga o valor real do produto e não os fetiches incorporados na mercadoria como em nossa sociedade capitalista, sem contar que muita coisa é subsidiada pelo estado cubano.
Ter sensibilidade para debater e aprender é super necessário, engrandece o ser e a vida agradece, até para os cães mais raivosos.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação