domingo, 18 de outubro de 2009

CENA BAURUENSE (42)

O DIA DOIS DO EVENTO FÉRREO E MAIS PESSOAS, ALÉM DE ALGO A SE REPETIR, UMA ÓPERA MAIS QUE BUFA
Começo por algo a se repetir aqui como uma triste "ópera bufa", daquelas onde o perdedor somos todos nós, tudo para que alguém continue aprontando das suas ao seu bel prazer, sem se importar com mais nada, muito menos com o tal de jogar em conjunto. Jogador que joga sózinho, isolado, sem trocar passes, o tal do passar e receber a bola, fica difícil a equipe vencer. O melhor mesmo seria o técnico promover logo essa substituição, pois na continuidade, pode comprometer o resultado da partida. A imprensa começa a engrossar o cordão e hoje leio no BOM DIA um termo saído daqui (ouvido antes lá nos corredores da Cultura), o "Unanimidade" (preciso explicar os motivos do apelido ou não se faz mais necessário?) e no mesmo jornal, uma entrevista de despedida do produtor cultural, o Renato Chiquito, onde reafirma algo que já é mais do que conhecido por todos os envolvidos no meio cultural da cidade, a não existência da mínima condição de diálogo com o atual dirigente maior da Secretaria Municipal de Cultura. Assim sendo, Chiquito fez sua despedida nesse final se semana e a cena teatral bauruense fica mais pobre. Lembram-se do bordão utilizado por um sábio (é ironia, viu!) vereador da linha populista de Bauru, "a coisa tá medonha!". Pois ela cai como uma luva para a situação exposta. Verdadeiro nervo exposto da atual administração municipal.

Falemos de coisas mais amenas, onde essa mesma pessoa parece fazer questão de não querer frequentar (apareceu ontem na hora dos flashes), um evento sobre ferrovia. Ontem e hoje, durante o II Encontro Histórico Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru fui abordado por muitos, alguns até desconhecendo minha saída da Secretaria Municipal de Cultura. Estou fora já fazem dez meses, quando retornei às minhas antigas funções de caixeiro viajante. "E o que faz aqui?", era uma das perguntas. "Sou membro da Associação de Preservação Ferroviária e de Ferromodelismo de Bauru e é nessa condição que participo, convidado pelo seu vice-presidente, meu amigo Ricargo Bagnato e referendado pelo melhor secretário da atual administração municipal, o Nico Mondelli. Sou voluntário e vim porque gosto e me acho útil", poderia ser a minha resposta. E não parei um só minuto, ontem até mais de 21h e hoje até quase 21h. O evento foi vitorioso, cheio de muitas emoções e um contentamento a cada reencontro com as muitas abordagens. Foi gratificante e saio revigorado. Assim como todos os envolvidos.

Continuo hoje homenageando as pessoas que por lá passaram, propiciando ter alcançado o esperado sucesso. Pergunte a cada um desses algo simples: O que achou de tudo o que foi visto? Vamos logo às fotos. Na primeira, a dupla que comandou a disputada sala de exibição dos filmes, Silvio e PH, o primeiro chegou com uma camiseta com a frase "Gentilzeza gera gentileza" e no cumprimento de bom dia, PH veio com essa: "Beleza?". Foi o bastante para serem identificados como a mais nova dupla no mercado, o Beleza e o Gentileza. Almir Ribeiro, também professor de História veio com a filha, reclamou da Maria Fumaça não sair do lugar e contou uma história passada anos atrás, quando um maquinista vendo-o com os filhos passeando pela estação, parou o trem e convidou a todos para um passeio de mais de meia hora. A turma uniformizada da foto é a equipe da Maria Fumaça (Luiz, Alex, Jesus e Geraldo) e da retaguarda do Operacional da Cultura (Sérgio e Eduardo), num raro momento onde puderam papear, pois foram exigidos o dia todo. Ao lado da Maria Fumaça, o aposentado João Alves, 81 anos, Agente Especial de Estação da NOB, o mesmo que ano passado havia vindo com o antigo fardamento de trabalho e nesse veio a paisana mesmo. Roberto Vergílio Soares, o maestro da Banda Municipal, veio com 23 membros e encantou a todos, atacando só classicos nacionais. Seu Prado possui uma borracharia das mais populares na rua Antonio Alves e não perde uma boa opção cultural, nessa veio só para conferir a banda (e olhar a estação), como já havia feito mês passado lá no Teatro Municipal. O professor João Francisco Tidei de Lima veio para conhecer pessoalmente o violeiro Levi Ramiro e o papo foi longo e produtivo (Tidei contribuiu com texto para o CD novo do Levi e ainda não o conhecia pessoalmente), contando com a participação da dupla Cássio, o Caruru e sua esposa Rejane Busch, lá de Pirajuí. A historiadora Márcia Nava circulou pelo local com a filha e o difícil foi segurar o ímpeto dessa, a arrastá-la pelo túnel (passagem subterrânea de uma plataforma a outra) num incessante sobe e desce a lhe causar dores mil. O senhor com ares de halterofilista da foto é Luiz Carlos Milanez, 73 anos, que durante décadas manteve loja de roupas, móveis e uma academia na quadra dois da Rodrigues Alves e agora, justamente quando o local passará por revitalização, atingiu a aposentadoria, mas isso não importa, pois rindo me explicou estar agora ministrando um Curso de Beija Flor (que não posso explicar em detalhes aqui). O impecável som do evento (elogiado por todos) foi feito pelo Marcos, da Toy Som e na foto, junto de uma fera da bateria bauruense, o Toninho, que veio conferir se a estação estava sendo mesmo devolvida à cidade. Levi Ramiro observa meio em estado de êxtase a apresentação do grupo de chorinho, o Noz Moscada (Nicodemos tocando sax de improviso estava no ponto e sem nenhum ensaio coletivo) e propagava para todos ao seu lado: "Chorinho tem tudo a ver com estação, olha que som lindo flui disso" (e fomos traçar um pernil na barraca do Uau-Uau, pois ninguém é de ferro). Dona Dagmar, 81 anos, junto da filha vieram até mim só para entregar duas fotos, dos anos 40, defronte as Oficinas da NOB, com seu pai, Agenor Alves de Souza em ambas (eu e Levi interrompemos o lanche e ficamos a escutar atentamente e emocionados sua história e as fotos serão repassadas para o Museu Ferroviário). O vereador do PT, Roque Ferreira, ficou a tarde toda na gare, num momento de descontração, sendo muito abordado pela nova situação da estação e nas explicações pelo recuo na abertura de uma CPI sobre a situação da COHAB. Alexssandra Aiello, irradiando alegria, trouxe Nicodemos e fazia projeto de um espetáculo com a obra de Chiquinha Gonzaga, talvez ali na estação (por que não chegando de trem?) e intérpretes com vestuário da época. O arquiteto restaurador de Ribeirão Preto, Denis W. Esteves, do Instituto História do Trem, passou apurado quando, na tentativa de ir angariando acervo para um provável museu, copiou em gesso o símbolo da locomotiva númeo 1 do Museu e não conseguiu autorização para levá-lo embora, mesmo deixando registrado o uso que faria da peça (aguarda outros trâmites). Wellington Leite, das rádios Veritas e Unesp FM (na foto junto da esposa e do filho, pendurado ao ombro numa amarração indígena), chegou quase no fim do evento e só foi embora quando o barulho da Maria Fumaça estava assustando o pimpolho, já com olhos esbugalhados. A pedagoga Maria José Ursolini chegou cheia de sorrisos (sempre assim) e com peninha deste trabalhador dominical, trouxe um embornal cheio de guloseimas, para meu deleite estomacal. Por fim, Cássio, o Cururu, ao lado do forense Helder Lopes, ambos forasteiros (Pirajuí), num dos últimos papos do dia, num rescaldo positivo do evento e nos planos pra parcerias, talves reencontros regados à cevada. Faltou registrar a Márcia Nuriah, Átila e Rose, Manu, Regina Ramos, Vinagre, Inês Faneco, Uau-Uau, etc e etc. Todos ali, no mesmo local, presenciando e querendo discutir algo em comum, nossas ferrovias. Quer queiram ou não, essa cidade ainda transpira/respira/inspira ferrovia.

10 comentários:

Anônimo disse...

Vocês muito ousados em usarem os dois lados da estação. Ficou mais espaçoso, porém, representou conter menos pessoas.

Duarte

Vinagre disse...

Parabéns ao Ricardo Bragnato e a todos que o ajudaram nessa empreitada (inclusive vc, Henrique). Acompanhei, mesmo que de longe, a dificuldade que foi a organização do evento com a quase omissão da Secretaria de Cultura.
Um abraço a todos.

Anônimo disse...

Valeu muito meu caro Henrique: Parabéns. Ouvi o CD do Levi Ramiro. Lindo! Que competência e sensibilidade no instrumento...e nos efeitos especiais.Boa parte daquele povo que vocês arrastaram para lá não reagiu nos limites da simples nostalgia (o que, diga-se, em si mesma, tem aquele peso e significado). O BaGNATO,você, e outros, alto e bom som proclamam a necessidade da volta imediata da ferrovia....e naquela estação que a Prefeitura e a Câmara podem ajudar a preservar (depois da restauraação, não reforma)...até o apito do trem avisando que está chegando...abração.

João Francisco Tidei de Lima.

Anônimo disse...

Ar condicionado do teatro sem manutenção, sujeira por todos os lados, banheiros mal cheirosos, paredes pintadas na administração do Tuga, totalmente pixadas. O jogador é ruim por que é ruim, agora, pior é o técnico que não o substitui...

Unknown disse...

Desculpe, não consegui ir, vivo enrolado irmãozim. Mas Meu coração sempre está com você...Beijos

Laura A disse...

Dureza mesmo, foi ver esse sujeito, no Revelando São Paulo, enquanto uma menina estava desmaiada com o calor, o mesmo pousou sua lata de skol ao chão e usando sua máquina fotográfica comprada recentemente (já que na posse, usou uma do walmart) fotografou a cena...

Anônimo disse...

Caro Henrique
Gostei sobretudo o que você registrou na velha gare onde passei grande parte da minha vida. Filho de ferroviário, fui telegrafista, rádio-telegrafista e finalmente instrutor da "escolinha" (Centro de Formação Profissional). Meu finado mano, Célio Daibem, também foi aluno da escolinha, fez o curso de torneiro mecânico, trabalhou na SANBRA e depois fez um concurso no SENAI e ganhou uma bolsa de estudos para fazer curso de engenharia ferramental em Osnabruck (Alemanha). Infelizmente faleceu naquele doloroso acidente em 1968, poucos dias antes da viagem.
Continue escrevendo sobre a ferrovia. Oportunamente passar-lhe-ei algum material sob re o tema.
Um abraço
Isaias Daibem

Unknown disse...

Sempre me dói ver eventos ferroviários, fui aluno da escolinha e de família de ferroviários, mas essa dor é sempre acompanhada de uma certa sensação de que se os homens destróem, outros realizam...

Anônimo disse...

Abri os comentários para escrever sobre a emoção sentida lá na Estação, mas ao ler algunsdos Comentários me revoltei. A insensibilidade de uma pessoa, chega ao ponto de não socorrer uma pessoa, mas simplesmente deixar de lado a latinha de cerveja que consumia e bater fotos para registrar para a posteridade tal feito, o de uma pessoa passando mal. Esse é o cara. O cara que todos aqui enxergam sem qualificação, mas...

Não vou escrever mais nada.

José Carlos

Anônimo disse...

O que vai ser da Cultura de Bauru?
Ainda bem q vcs existem, fazem as coisas acontecerem, estou sabendo q o "Senhor Cultura", não deu a mínima ajuda a vcs e quem os ajudou foi o Secretario de Desenvolvimeto, qd o Prefeito vai tomar providências? Parabéns ao Secretário do Desenvolvimento, esse sim esta respondendo pelo seu cargo, estamos na espera das mudanças e q estas venham rápido