LEVI RAMIRO E A HISTÓRIA DO CD "TRILHA DOS COROADOS"
Semana passada sou surpreendido com o recebimento do novíssimo CD, do violeiro lá da Estiva, em Pirajuí, LEVI RAMIRO, num presente mais do que especial do CÁSSIO CARDOSO DE MELLO FILHO e da REJANE MARIA MARTINS BUSCH, ambos à frente do o Instituto Socioambiental da Noroeste Paulista, o ISANOP, que tem prestado assessoria às comunidades indígenas de Araribá e, em 2008, juntamente com as lideranças das Aldeias de Kopenoty e de Tereguá, aprovaram dois projetos dentro da temática da cultura, sendo que para a Aldeia Tereguá o projeto “Ou Gwatsú – Casa de Rezas” e para a Aldeia Kopenoty o projeto “Caminhos na Natureza” que foram realizados e já tiveram suas contas e relatórios aprovados em 2009. Especialistas nesse tema, o indígena, o casal faz e acontece, pois acabaram de entrar com novo edital do ProAc 2009 da Secretaria de Estado da Cultura, com mais três projetos para as Aldeias de Kopenoty, Tereguá e de Ekeruá que estão agora concorrendo no novo edital e que são os seguintes, respectivamente, “TOKOPONE KOEKU ÛTI MEKUKE” (Encontro com o nosso Passado), “OVOKU PUYAIVO VOKOVO” (Casa das Lembranças) e o “OVOKU IPUNÉTI” (Lugar aonde fica a Cerâmica).
O CD do Levi é algo já concretizado nesse sentido e chama a atenção logo na capa, com a foto do cruzamento férreo. É talvez o seu trabalho mais intimista e com maior liberdade de ação e expressão. Ele teve total liberdade para viajar literalmente em cima do tema e o resultado é um CD instrumental dos mais ricos. A história de como tudo começou, quem conta é o próprio Cássio: "Com respeito a este novo trabalho do Levi Ramiro, Trilha dos Coroados, tudo começou quando eu e a Rejane tivemos de sair da Delegacia Regional da Cultura de Bauru em 2005 e, através do Departamento de Formação Cultural da mesma Secretaria de Estado da Cultura, dirigimos um trabalho que foi desenvolvido na região enfocando a questão indígena, uma vez que só na Noroeste Paulista temos a presença de três Reservas Indígenas. Desta forma, portanto, nós propusemos e formatamos para a Diretora Técnica do DFC, a Maria Bernadete Passos, um Seminário Técnico para discutir basicamente a forma de ocupação e colonização desta região também enfocando a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e a questão indígena e a política indigenista da época, praticada então pelo recém criado SPI e que culminou com a demarcação e homologação da primeira reserva indígena no Brasil. Assim sendo o “Ciclo de Palestras e Treinamento: O processo de ocupação da Noroeste Paulista” aconteceu nas cidades de Presidente Alves, Pirajuí, Guarantã e Lins no final do ano de 2005 onde pudemos discutir todas estas questões com diversos participantes destas cidades envolvidas e que a partir de então, já no inicio de 2006, fomos convidados a formatar um projeto especifico para as comunidades indígenas de nosso estado. Assim o Projeto “Valorização da Cultura Indígena” contemplou as Terra Indígenas de Araribá, Icatú, Vanuíre e Barão de Antonina no interior de São Paulo e as TI de Rio Silveira, em Boracéia e as de Rio Branco e Aldeinha em Itanhaém envolvendo assim as etnias Guarani Nhandeva e Mbyá, Terena, Kaingang e Krenak. Diante então destes dois projetos em que tivemos o grande prazer de dirigir, surgiram algumas discussões informais entre nós e Levi Ramiro, aonde o mesmo envolveu-se nestas questões fazendo com que a concepção do CD “Trilha dos Coroados” surgisse agora durante o ano de 2009. O processo de ocupação e colonização da Noroeste Paulista ficou marcado pela grande violência que se abateu sobre os povos indígenas que aqui viviam e habitavam notadamente os Oti-Xavante e os Kaingang que defenderam os seus territórios até onde foi possível diante do poderio dos invasores brancos. A terra não é encarada como na visão capitalista apenas como um fator econômico-produtivo ou um bem comercial, pura e simplesmente, de propriedade individual, que pode ser comprado ou alienado segundo as leis de mercado. Para estes povos a terra não é só a base do sustento, mas também o lugar onde jazem os ancestrais, o lugar onde se reproduzem a cultura, a identidade e a organização social. Essa base territorial abrange assim igualmente, o solo e o subsolo, a flora e a fauna, a água e o ar, os seus lugares sagrados. Por tudo isso estes povos, até os dias atuais, reivindicam que o seu direito à terra, os seus territórios historicamente definidos e contínuos, sejam reconhecidos e respeitados, sem os quais sua existência enquanto povos, étnica e culturalmente diferenciados, fica totalmente comprometida".
O "TRILHA DOS COROADOS" toca na vitrolinha do meu carro de forma ininterrupta, sendo constituído de doze peças, onde o ouvinte viaja junto ao som da viola, sendo transportado para os temas ali desenvolvidos. Os sons de campo foram todos colhidos pelo próprio Levi e os textos, além do Cássio, da Rejane e do Levi, contaram também com a presença do arqueólogo Edson Luís Gomes. Na fase da pesquisa a tese do professor bauruense João Francisco Tidei de Lima (A ocupação da terra e a destruição dos índios na região de Bauru) também ajudou bastante. O CD está circulando aos poucos por aí. O Instituto vende alguns diretamente aos interessados (fone 14.97436818 ou pelo email do Cássio: cassiocm96@yahoo.com.br) e tudo caminha para que, tanto representantes do Instituto, como o próprio Levi estejam aqui em Bauru no II Encontro Ferroviário e de Ferromodelismo de Bauru, na Estação Central da NOB, nos dias 17 e 18/10. Oportunidade mais do que única de ter em mãos um obra prima de bom gosto e com uma visão das mais instigantes da história dos primordios dessa região do estado de SP.
OBS.: Para ler os textos das fotos grandões, cliquem em cima dos mesmos.
5 comentários:
Olá Henrique. Te agradeço pela divulgação deste trabalho e gostaria muito q vc pudesse corrigir a grafia do meu nome, pois se escreve Busch e não Bush. Para mim esse pequeno “C” faz toda a diferença, não preciso nem te explicar o porquê né? rsrsrs
Um abraço fraterno
Rejane Busch
Henrique, bom dia.
Vc com sua pesquisa e divulgação dos trabalos talentosos da gente da nossa terra, tem sido um valorozo colaborar de minhas pautas.
Quero o Levi Ramiro no meu programa Variedades.
Vc tem o tel do Levi?
Por favor, me passa prá eu convidá-lo.
Mtas gracias,
abraço Nádia - TV PREVE
Caro Henrique:
O Cássio e a Rejane são gente boa.
Vamos conhecer o Ramiro no encontro do dia 17.
abs.
João Francisco Tidei de Lima
cara Rejane
Corrige imediatamente, pois ninguém gosta de ter sobrenome associado com coisa ruim, predatória e nefasta. Aprendi e daqui para frente não erro mais.
Henrique, direto do mafuá
Caro Henrique
Recebi sua mensagem sobre os COROADOS.
Grato e um abraço.
Isaias Daibem
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