quarta-feira, 30 de setembro de 2009

DIÁRIO DE CUBA (38)

UM POLIESPORTIVO E O CONTATO COM AS RUAS DE SANTIAGO DE CUBA
Ainda continuo relatando as andanças ocorridas no dia 20/03/2008, uma quinta-feira. Após o descanso para os pés inchados, com direito a uma soneca reparadora, partimos os dois, eu e o Marcos Paulo em busca de um restaurante a nos aplacar a fome. Descemos a rua central em busca de um com preços mais do que convidativos. Não nos guiamos por nenhuma espécie de guia, nada disso, seguimos nossa intuição e se assim foi feito até aquele momento continuaria até o fim. Eram mais de 14h e após olhadas mil e andanças idem, escolhemos um quase vazio. Eu acabo comendo qualquer coisa, Marcos é mais exigente e não fica sem sua carne vermelha. Escolhemos dois "cerdos" e ficamos a presenciar um cubano tocando no teclado e cantando uma canção típica. Logo surgem mais dois e o som fica mais animado. O nome do restaurante é Dom Antonio e nossa conta ficou em exatos treze pesos e oitenta centavos.

Sentamos por um certo tempo num banco na praça Dolores e ficamos a observar a movimentação das pessoas. A disposição dos bancos, todos um ao lado do outro, favorece a aproximação e o contato com quem está sentado ao lado. Escolares uniformizados de um lado, turistas com jeitão de italianos de outro, flanando como nós. Somos abordados somente uma vez por uma senhora que se aproxima e nos oferece bananas. Comemos junto dela. Saímos a caminhar e diante do Parque Abel Santamaria, defronte um quartel, a frase de um hino cubano: "Morir por la Patria es vivir". Ficamos observando crianças fazendo exercícios, comandadas por um instrutor.

Na sequência encontramos e adentramos um grande complexo poliesportivo, com futebol de campo, taekendo, basquete e judô. Um grande campo com arquibancadas cobertas, tendo ao lado um ginásio de esportes, com arquibancadas de madeira e ao lado, uma imensa piscina vazia, com muitas crianças jogando bola dentro dela. Muitas quadras de basquete. O local chama-se "CVD Antonio Maceo", assim como o estádio. Demos boas risadas observando o estilo com que os cubanos jogam futebol. Não me arrisquei, por causa dos pés já inchados, mas se fosse em outra ocasião, com certeza pediria uma vaga num dos times. Do alto da arquibancada vazia ficamos assistindo por mais de meia hora ao jogo. Nesse amplo local percebemos o quanto o esporte é importante para o cubano. São várias modalidades sendo praticadas ao mesmo tempo, de uma forma bem aberta e espontânea, com um instrutor atendendo cada uma delas. E muitas, mas muitas crianças, espalhadas por todos os locais.

Chegamos no hotel por volta das 19h. Ali pertinho estava ocorrendo um "Festival de Trova", mas como sofri um bocado no retorno (uns dois quilômetros) ao hotel, preferi não arriscar. Ficamos no hotel lendo e assistindo o noticiário na TV. Queria muito estar sem dores na manhã seguinte (sexta-feira santa) quando iriamos conhecer um bairro mais afastado. Com os pés suspensos tentei dormir mais cedo, mas com o corpo louquinho para espiar a vida noturna de Santiago, ainda mais com o barulhinho vindo do andar de cima do hotel, onde rolava um som em alto estilo. Não foi possível. No próximo relato tem mais...

3 comentários:

Anônimo disse...

O povo, falo o povão, frequenta esses mesmos restaurantes que você frequentou lá?

L.

Anônimo disse...

Ao anonimo acima:
Cuba é um povo único que forma uma grande pátria com oportunidades para todos, frequentamos nesta viagem muitos lugares e nos misturamos com o povo cubano.
Agora faço a pergunta, aqui e em outros paises capitalistas que divide a sociedade em classes para uma minoria explorar a grande maioria chamada de povão, esse povão frequenta os mesmos lugares da maioria?? As oportunidades são iguais para todos???

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

Mafuá do HPA disse...

Eu quando vi a pergunta do Anônimo, a mesma, no mesmo tom já tantas vezes respondida aqui, mas parece que não entendida ou simplesmente, com sinais evidentes de ter sido feita por gente que não quer mesmo entender, fiquei na minha e não respondi. Tinha absoluta certeza de que meu companheiro de viagem, o Marcos Paulo o faria. E o fez com categoria. Tá tudo dito no seu Comentário, sem tirar nem por.
Cuba precisa ser melhor entendida, sem neuras. Querer discutir justiça social, integridade de ação para com o povo e incluir Cuba é algo que não dá para tolerar. Lá vive um povo, talvez um dos únicos, que mesmo sem saber ainda consegue ter uma vida sem os sobressaltos vividos por todos os sob o tacão do capitalismo.

Henrique, direto do mafuá