quinta-feira, 24 de setembro de 2009

UMA CARTA (36)
PAÍS SOBERANO - carta publicada na Tribuna do Leitor, edição de hoje do Jornal da Cidade
Tem momentos que me orgulho demais desse país. Alguns acontecimentos recentes me fazem ficar de peito estufado com as atitudes do atual governo federal. Primeiro o posicionamento altruísta em relação ao Pré-Sal, em algo que pode tornar o país independente financeiramente. A forma como está sendo encarado e realizado é algo para uma grande Nação, o que de fato fomos em poucos períodos de nossa História. Ontem, algo simples, porém demonstrando a importância do país junto ao mundo atual. O presidente irregularmente deposto em Honduras volta àquele país para reaver o que lhe é de direito e de fato e escolhe a Embaixada brasileira para se abrigar. Isso é soberania no seu mais alto estágio, resultado de um árduo trabalho de uma equipe séria e competente. Essa escolha não foi aleatória e foi feita porque o Brasil é respeitado no mundo todo, além de possuir posicionamento claro sobre o tema. Nunca tivemos uma política internacional como essa, nunca tivemos a credibilidade que hoje possuímos e nunca fomos tão respeitados e considerados como agora. A existência de aves de agouro a praguejar, enxergar problemas em tudo, jogar e torcer contra é sinal de puro desespero. Existe como deixar de compactuar com atitudes tão altaneiras?

OBS.: A carta saiu publicada hoje e ressalto a atenção dada ao tema. Em muitos países, como a Argentina (reprodução capa do Página 12), o tema foi motivo de capa, com destaque favorável ao retorno, afinal, Zelaya foi deposto por um golpe. No Brasil, a restituição dele ao poder não merece o mesmo destaque. Quanto ao Pré-Sal e Lula, destaco aqui duas cartas publicadas hoje no BOM DIA. Com o título de "Chatices", na primeira: "O colunista Arnaldo Jabor parece que só tem um tema: bater no Lula. Isso está ficando chato (PRS)" e na segunda: "Terça sim e noutra também o advogado Ivan Garcia Goffi usa o espaço de articulista para atacar Lula e o PT. Um exagero. (...) Sugiro que o articulista busque outros temas. Ninguém aguenta mais esse samba de uma nota só (AM)". Não estou só no pontuamento contrário a essa cantilena. Isso me conforta.

História de pescador: CEVANDO A ÁGUA - historinha de minha lavra publicada hoje no Caderno Turismo, página de Pesca & Lazer, também no Jornal da Cidade
João Albiero é um arquiteto aqui de Bauru e durante muitos anos trabalhou junto ao irmão, Edward, no escritório Maurício & Costa. Anos atrás foi-se para Palmas acompanhando a esposa, diretora da Universidade Federal do Tocantins, lá pertinho de Palmas. Faz sucesso por lá (disse que já pinta e borda - o que não é novidade). Desenha, faz projetos maravilhosos, mas o que gosta mesmo de fazer é bebericar uma geladas junto aos amigos. Fez muito isso em Bauru e não imaginam o quanto ele infelicitou muito dono de bar por aqui quando ficaram sabendo que iria embora. Disse que acertou as contas em todos eles, mas disso eu não tenho certeza. É que gastava um bocadinho.
João aprendeu o ofício da pesca aqui em Bauru, nas barrentas águas do Batalha, e estava louco para exercitar e colocar em prática uma nova maneira de pesca em quantidade, técnica moderna e cheia de salamaleques. Palmas caiu do céu. Demorou um pouco, mas as novidades começam a chegar. Vendo aquela imensidão de água e peixes que acabam pedindo para serem retirados d’água, não se fez de rogado e com gente experiente da região foi para o meio do mato, mostrar como fazia aqui na região de Bauru.
O matuto me envia um e-mail com relatos fantásticos, cheio de histórias daquelas que só acredita quem não o conhece. Vejam só o que me diz: “Passamos o final de semana numa cidade chamada Caseara, divisa com o Estado do Pará. Um colega do condomínio onde moramos tem uma casa lá. Saímos para pescar no sábado à tarde e no domingo de manhã. Pescamos 13 peixes no sábado e 31 no domingo, dá para perceber que no sábado as nossas esposas nos acompanharam... (risos). Pegamos só barbado e fidalgo (esse não conhecia), que são peixes de couro e de um sabor espetacular... deu para se divertir...”.“Seguem algumas fotos para provar que estive lá. Os rios ainda estão muito cheios, está começando a baixar agora. O rio que pescamos chama-se Taquarí, que vai encontrar o Araguaia, que é muito pertinho de onde estávamos” (esse relato é de maio/2009).
Cumbuca e barriga cheia, ele proseia bem e mente também. Não diz como foram pescados, pois aqui usava a técnica de levar engradados e engradados de cevada gelada para a beira do rio e ia despejando, parte na água e parte na barriga (dele, não do rio). A água ficava turva e o peixe saía para respirar (ou para beber, sei lá). Ele pescava lá no tablado do Cedro assim, bem debaixo da famosa ponte, com um grande coador, que antes servia para fazer o café e depois para a pescaria. Ia recolhendo os que bebiam mais e ficavam mais lerdos. Depois fritava tudo e dessa forma continuava bebendo, pois o peixe estava cheio de cevada (e de outras porcariadas do rio). Quando vi a foto do barco cheio de peixe, ri sozinho, pois imagino o quanto bebeu para conseguir aquela quantidade toda. Deve estar fazendo a alegria dos donos dos estabelecimentos cervejeiros do Norte do País (e a tristeza dos daqui).
João Albiero e Célia Grandini Albiero trabalham um bocado (devem suar a cântaros naquele calorzão) e curtem os prazeres de um mundo novo. A cada relato que recebo deles, muitas histórias, todas recheadas de muito humor, pois é dessa forma que levamos a vida. Começo de outubro eles aportam por aqui e já alugaram um táxi-aéreo para transportar a quantidade de peixes prometidos para amigos e desafetos (para esses, os mais magrinhos). O bar do Português vai lucrar barbaridade nesses dias, pois João já disse que irá montar uma extensão do seu escritório por lá no tempo que passar por aqui. Esse e-mail é só para avisar ao Fernando que ele deve comprar mais óleo para fritar os peixes e reservar um estoque maior de cevada, pois num dos últimos e-mails recebidos uma promessa: “Preparem o fígado que chego com a carga toda”. Preparo a turma para não dar muito ouvidos a algumas falácias (imaginações amazônicas), pois deve ter aprendido algo novo para tentar engambelar os incautos do lado de cá. Fiquemos atentos. Dizem que ele veio para gastar conosco um pouquinho do bastantão que ganha por lá. Quero ver pra crer. Esse relato é só para dar as boas-vindas para ele, esposa e as duas filhas. Que “venha el touro”. Tô me preparando a contento.
Henrique Perazzi de Aquino, primo da Célia e amigo do João, é pescador e contador de histórias.
Obs.: Esse texto é só para provar que não trato aqui só de coisa séria. Epa! Pescaria não é coisa séria?

6 comentários:

Anônimo disse...

Grande e levado Henrique, promessa feita, promessa cumprida...aprontou, e em grande estilo...
seu texto ficou simplesmente saboroso e prazeroso...me aguarde...
Agradeço a demostração de carinho, a saudade é grande, você não imagina...
devoro diariamente os seus textos no blog junto com os comentários e isso me faz ficar sempre perto da minha querida Bauru e me delicio com as polêmicas...
Já estamos em contagem regressiva, a ansiedade toma conta...tô chegando!

Grande abraço
João Albiero

Anônimo disse...

Tio muito boa a história...
Beijos
Paulinha Perazzi

Anônimo disse...

Recebi do advogado Arthur Monteiro Jr, algo recebido diretamente de Honduras e que precisa ser repassado para todos:

Olá Cecília,

entrevistei agora a pouco por telefone um ativista da Via Campesina hondurenha. A situação está complicadíssima. Ele falou que o número de mortos é incerto, há inúmeros feridos e pelo menos trezentos desaparecidos. Há pelo menos três campos de concentração em Tegucigalpa para onde são levados os opositores dos golpistas, além dos centros de repressão oficial. Há relatos de torturas psicológicas e físicas, como apagar cigarros no corpos, bater com paus até quebrar ossos. Ele afirma que estão tentando obter habeas corpus para os detenidos, mas o poder judiciário está do lado dos golpistas e dificulta a ação. O toque de recolher acontece das 18h às 06h. Apenas dois canais de televisão e a radio Globo de Honduras dão a versão verdadeira dos fatos. Por isso, sofrem atentados. Os golpistas dão descargas elétricas para queimar os equipamentos. Estão transmitindo em condiçõe precárias, com interrupções na programação. Os golpistas entram em cadeia nacional por volta das 21h para dar o recado oficial. Além de Michelet, fala também um sujeito da extrema direita hondurenha para defender os golpistas. Falam em ingllês. O país está paralisado, as pessoas estão nas ruas. Mais de 300 mil participaram de uma passeata na capital. Estão desarmadas, mas a repressão é violentíssima. Além das bombas e das balas de borrachas, os militares do Exército e da polícia disparam tiros de verdade contra os manifestantes. Estão em volta da Embaixada brasileira. Segundo ele, falta comida na embaixada devido ao cerco militar. Ele agradece as manifestações que foram realizadas no Brasil condenando os golpistas e em defesa do povo hondurenho. Também agradece ao Brasil por ter recebido Zelaya na embaixada. Depois eu mando mais detalhes

bj

Lúcia




Pedro e Lucia, estas informações são de extrema gravidade. Precisamos chegar e, se confirmadas, divulgar o máximo possível, pois há uma lavagem cerebral sendo feita para que todos aceitem o golpista como presidente democrático e o Zelaya como ditador.
Um abraço
Cecília

Anônimo disse...

Primão que saudades...
Vc é muito especial,
Te gosto muito!
Estamos muito felizes aqui...
Nos aguarde,
Bjs,
Célia.

Helena Aquino disse...

Lindo relato irmão .... bem ao estilo João e Célia ....
Quantas saudades sentimos deles, ainda bem que logo estarão aqui .... também vamos tomar todas ...rs...
Não sabia que o João era tão bom pescador ...vai ficar me devendo um peixe ...rs...
Beijossssss
Helena Aquino

Anônimo disse...

Crise em Honduras e campanha antecipada: festival de hipocrisia

Venho notando nos últimos dias que um festival de hipocrisia está assolando o Brasil. Já tivemos o Febeapa (Festival de Besteiras que Assola o País), imortal criação do Stanislaw Ponte Preta, e agora é só trocar besteiras por hipocrisia que dá na mesma.

Diante do que li hoje no noticiário, com todo mundo metendo o bedelho, me deu vontade de entrar no assunto só para destacar a quantidade de besteiras e de hipocrisia que se está produzindo em torno da crise naquele pequeno e desconhecido país.

Que esse Manuel Zalaya é um tremendo maluco que não merece a menor confiança de ninguém, estamos todos de acordo. Ocorre que ele foi eleito pelo povo de Honduras e derrubado de pijama pelos militares porque queria fazer uma consulta popular para poder se candidatar à reeleição.
Qual é o crime? Por que no mundo inteiro a reeleição é considerada democrática, mas só não pode existir em Honduras, na Venezuela e nos seus aliados bolivarianos? Por que Fernando Henrique Cardoso não foi chamado de golpista ao mudar a Constituição para disputar mais um mandato, utilizando métodos, digamos, pouco ortodoxos?
O Brasil, os Estados Unidos, a ONU, a OEA, todos condenaram o golpe em Honduras que derrubou Zalaya. Golpe é golpe, não tem outro nome, e o presidente eleito tinha todo o direito de lutar para voltar ao seu cargo.

Na ausência de outras crises internas, agora o governo brasileiro é criticado por abrigar o dito cujo em sua embaixada em Tegucigalpa. Queriam o que? Que o embaixador fechasse o portão e chamasse a polícia dos golpistas?
Entramos numa tremenda roubada porque esse tal de Zalaya, uma caricatura do Ratinho, não está respeitando a casa de quem lhe deu abrigo e quer botar fogo no circo escondido atrás dos muros da embaixada.

Hipocrisia é chamar de ditador o celerado presidente venezuelano Hugo Chaves, também eleito e reeleito, quando fecha arbitrariamente emissoras de rádio e televisão de oposição, e achar bonito quando o “presidente de facto”, Roberto Micheletti, faz a mesma coisa em Honduras.
Assim como é hipocrisia ficar a toda hora denunciando o presidente Lula de antecipar a campanha eleitoral e fazer exatamente a mesma coisa. O que é feio para uns, fica bonito nos outros, é natural. Ou as viagens que os outros candidatos presidenciais fazem pelo país, assim como Dilma, são apenas de turismo, para conhecer melhor o Brasil?
Serra, Aécio, Ciro, Marina, todos eles estão toda semana viajando, procurando cavar seu espaço para cativar o eleitorado com vistas a 2010. É direito deles, qual o crime?

Por que nós temos este costume de não chamar as coisas pelos nomes certos e só achar errado o que fazem os que não pensam como nós?
Por acaso foi também por culpa de Lula que o governador José Serra resolveu aumentar em 43% a verba de publicidade do seu governo este ano?
Seria apenas para dar mais trabalho às agências de publicidade e ocupar os espaços ociosos dos intervalos comerciais porque o povo não é capaz de enxergar a grande obra que ele vem fazendo em São Paulo? Estão exagerando na hipocrisia.
RICARDO KOTSCHO