terça-feira, 29 de setembro de 2009

FRASES DE UM LIVRO LIDO (29)

O AFETO QUE SE ENCERRA – PAULO FRANCIS
Nunca morri de amores pelo que li do Paulo Francis, mas não nego, ele escrevia bem e em alguns casos seu pensamento até batia com o meu. Do conservadorismo passo longe, mas do arrojo e da coragem em se pocicionar, gosto muito. Li alguns de seus livros e um desses é esse aqui, O AFETO QUE SE ENCERRA, um de memórias, escrito em 1980, publicado pela editora Civilização Brasileira RJ. Esse comprei num sebo e fui ler somente em 2007. Francis é um frasista incorrigível e para selecionar algumas é uma dureza danada. Vejam o que consegui:

- Eu só sei o que penso quando passo para o papel.
- Foi aos aoito anos que comecei a perceber a ambivalência, a ambiguidade, a falsidade do que pregavam.
- A ordem estabelecida é uma tirania contra os súditos.
- Tolero (de uns tempos para cá...), de cara alegre, os tolos, como recomenda o apóstolo Paulo.
- O carro, o instrumento mais anti-social, excluídos os artefatos militares, já concebidos pelo homem.
- A Ciência cristã é causa ostensiva de nossos conflitos.
- Religião seja devaneio que não se sustenta ao menor teste empírico intelectual.
- Morremos uma vez só. Felizmente, porque nascemos diversas.
- Uma esquerda que não vai ao povo, preferindo dirigi-lo de alto-falante, sem ouvi-lo ou estudar-lhe as necessidades, como esse povo as sentia na carne e não pelo presumido em manuais de substituismo, é meramente patética.
- Soldado cumpre ordens, sem dúvida, mas se estas encontram resistência, se o manual se prova irrealista, ele começa a pensar.
- ...não há certezas em política, e perder, às vezes, é instrutivo. As esquerdas brasileiras provaram o dito hegeliano que a única lição da História é que ninguém aprende lições práticas da História.
- As classes dominantes nunca praticaram o que pregaram.
- Se se trepava, não era costume alardear. Hoje, quem não alardeia corre o risco de ser considerado impotente ou coisa que não quer revelar.
- Futurologia é coisa de gente menor, de astrólogos a tecnocratas.
- Canastrão é quem sempre representa a si próprio.
- Os repressivos não morrem, dormem apenas.
- Escrever rápido não quer dizer bem. Há lentos esplêndidos.
- Trinta anos é o fim da juventude, prazo limite que se permite (ou me permito) à debilidade mental, à negligência do que é importante, ou assim me parece.
- Todo brasileiro privilegiado sabe que é cúmplice de um crime, seja praticante (minoria), omisso (maioria), ou esbravejante (minoria). Somos todos, de certa forma, “iguais”.
- A maioria do povo pagava e continua pagando todas as contas, enquanto a classe “compradora" permanece na sela do burro manso que é o Brasil.
- Wilde dizia que falava mal da (alta) sociedade quem não consegue penetrar nela. Minha opinião dos críticos da “esquerda festiva” é que gostariam de participar dela.
- Sei ao menos o que detesto e rejeito.
- Classes, porém, são pessoas, idividualizadas, e é assim que o revolucionário real teve e terá de confrontá-las.
- Marx escreveu tanto e tão bem que permite a exagetas toda espécie de desvio e devaneio. Não nos iludamos. A força inconstestável dele, a meu ver, reside na análise do sangrento suicídio do capitalismo, e não no socialismo que espera nascer do morto.
- “Corrupção” é da essência do sistema capitalista, um dos óleos que azeita a máquina propulsora do dito.
- Há tipos na imprensa que detesto, pela vassalagem sórdida aos poderosos. E fedem tanto que o poder termina lhes apodrecendo nas mãos, ou poluem de maneira tão óbvia, que ninguém sério os leva a sério, lacaios histéricos de uma classe condenada. Reconheço que a imprensa é a cara da sociedade.
- Restam prazeres. O maior é torcer o nariz dos poderosos.
- Todos nós somos humilhados de uma maneira ou de outra, afetivamente, profissionalmente, etc.
- Não tenho rancores porque disponho de tribuna onde posso me expressar. Se me sinto atingido, revido.
- O mundo sempre viveu pegando fogo. Nossas vidas, gotas d'água no aceano, são tempestuosas até no íntimo familiar. Só se desilude quem se iludiu.
OUTRA COISA: Acontece de 28 a 30/09 no auditório do Museu Ferroviário de Bauru um Encontro sobre Museus e não posso participar. Vida atribulada e tarefas mil pelas estradas da vida me impedem de estar em lugares onde gostaria de marcar presença. São as agruras da vida. Padeço do mal generalizado, denominado 'Contas a Pagar'. São elas que me conduzem...

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