O GUARDADOR DE CARROS DO SESC
Quem freqüenta o SESC conhece esse verdadeiro personagem das ruas de Bauru. Não saio de lá e em todas as vezes, só deixo meu meio de locomoção aos seus cuidados. Algo a identificá-lo de longe, (quase) sempre ostenta no peito uma surrada camisa do Corinthians, um dos motivos de nossos papos. Difícil encontrá-lo sem os efeitos de uma cachaça. Pudera, como deveria sê-lo para suportar as agruras da noite? Boa praça, faz questão de não deixar cada conhecido (ou seria cliente?) adentrar o SESC sem um forte aperto de mão. Onde mora, ninguém sabe? Quando questionado, diz que mora por aí. E assim deve ser. É um morador das ruas de Bauru, um que sobrevive mal e porcamente com os caraminguás conseguidos na porta de casas noturnas. Dia desses me disse que quando acaba o show do SESC parte para outra casa, ficando por lá até clarear o dia. E para suportar madrugadas frias e violentas, a cachaça é sua saída. Seu nome não sei. Nem deveria constar aqui, pois esse conhecido corintiano, guardador de carros é mais um dos tantos invisíveis a perambular pela cidade. Publico essas fotos para constatar que seu aspecto se deteriora a cada retorno. Das primeiras tiradas, poucos meses atrás, estava mais saudável, hoje a barba cresce desmedidamente, os cabelos estão duros, a mão grossa e o cheiro cada vez mais forte. Efeitos da rua e de uma situação que vivenciamos e pouco se dá atenção. Assim como ele, outros tantos na mesma situação. Na quadra defronte o SESC, outros, com histórias e visual parecidos. De onde vem, para onde irão, o que comem, como sobrevivem, um incógnita, que poucos se interessam em ao menos conhecer. Semana que vem, volto a vê-lo e além do combinado para olhar meu carro, me pede cigarros e balas. E fica lá fora até eu voltar de mais um show. E o que fazer para minimizar isso? Sinceramente, não sei.
Quem freqüenta o SESC conhece esse verdadeiro personagem das ruas de Bauru. Não saio de lá e em todas as vezes, só deixo meu meio de locomoção aos seus cuidados. Algo a identificá-lo de longe, (quase) sempre ostenta no peito uma surrada camisa do Corinthians, um dos motivos de nossos papos. Difícil encontrá-lo sem os efeitos de uma cachaça. Pudera, como deveria sê-lo para suportar as agruras da noite? Boa praça, faz questão de não deixar cada conhecido (ou seria cliente?) adentrar o SESC sem um forte aperto de mão. Onde mora, ninguém sabe? Quando questionado, diz que mora por aí. E assim deve ser. É um morador das ruas de Bauru, um que sobrevive mal e porcamente com os caraminguás conseguidos na porta de casas noturnas. Dia desses me disse que quando acaba o show do SESC parte para outra casa, ficando por lá até clarear o dia. E para suportar madrugadas frias e violentas, a cachaça é sua saída. Seu nome não sei. Nem deveria constar aqui, pois esse conhecido corintiano, guardador de carros é mais um dos tantos invisíveis a perambular pela cidade. Publico essas fotos para constatar que seu aspecto se deteriora a cada retorno. Das primeiras tiradas, poucos meses atrás, estava mais saudável, hoje a barba cresce desmedidamente, os cabelos estão duros, a mão grossa e o cheiro cada vez mais forte. Efeitos da rua e de uma situação que vivenciamos e pouco se dá atenção. Assim como ele, outros tantos na mesma situação. Na quadra defronte o SESC, outros, com histórias e visual parecidos. De onde vem, para onde irão, o que comem, como sobrevivem, um incógnita, que poucos se interessam em ao menos conhecer. Semana que vem, volto a vê-lo e além do combinado para olhar meu carro, me pede cigarros e balas. E fica lá fora até eu voltar de mais um show. E o que fazer para minimizar isso? Sinceramente, não sei.
MAIS UM SHOW DO SESC, O DO “MÓVEIS COLONIAS DE ACAJU”
Escrevo do corintiano guardador de carros do SESC e naquele dia das últimas fotos com ele, quinta, 27/05, quem lá se apresentava era a banda brasiliense “Móveis Coloniais de Acaju”, com nove integrantes. De um show marcado para acontecer na área de convivência, uma sábia transferência para o Ginásio de Esportes, que lotou e bombou. Fui com o amigo Ademir Elias e quem também lá estava era o prefeito Rodrigo, além dos muitos, que como eu, batemos cartão naquelas plagas. De uma coisa deu para perceber logo de cara, eles são agitados e movimentam a massa com sabedoria. No palco não param de produzir uma movimentação irreverente e cheia de ginga, circulam o palco todo, dançando com seus instrumentos. Num dado momento abriram um clarão no meio da massa, no centro do ginásio e para lá se transferiam. O som é bom, gostoso e os meninos idem. De tudo só uma coisa a lamentar. Em shows desse estilo mais agitado, fica inaudível a voz deles. problemas de acústica. No do Tom Zé, mais maneiro, entendi-se tudo. Neste nem a pau. No fim, eles todos nem bem saíram do palco e foram para a entrada do SESC, onde numa larga mesa montaram um ponto de venda e bate papo. Vendiam CDs e camisetas a preços legais. Devem ter voltado com o estoque zerado. No site, algo mais sobre eles (http://www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br/) e um vídeo que gravei dos últimos momentos do show. Gostei muito, pois além da irreverência e criatividade, possuem um discurso dos mais antenados. Fogem do trivial e das letras, um saldo mais do que positivo. Daí o motivo do crescente sucesso. E do lado de fora, a nos esperar sempre sorridente, o corintiano guardador de carros.
Escrevo do corintiano guardador de carros do SESC e naquele dia das últimas fotos com ele, quinta, 27/05, quem lá se apresentava era a banda brasiliense “Móveis Coloniais de Acaju”, com nove integrantes. De um show marcado para acontecer na área de convivência, uma sábia transferência para o Ginásio de Esportes, que lotou e bombou. Fui com o amigo Ademir Elias e quem também lá estava era o prefeito Rodrigo, além dos muitos, que como eu, batemos cartão naquelas plagas. De uma coisa deu para perceber logo de cara, eles são agitados e movimentam a massa com sabedoria. No palco não param de produzir uma movimentação irreverente e cheia de ginga, circulam o palco todo, dançando com seus instrumentos. Num dado momento abriram um clarão no meio da massa, no centro do ginásio e para lá se transferiam. O som é bom, gostoso e os meninos idem. De tudo só uma coisa a lamentar. Em shows desse estilo mais agitado, fica inaudível a voz deles. problemas de acústica. No do Tom Zé, mais maneiro, entendi-se tudo. Neste nem a pau. No fim, eles todos nem bem saíram do palco e foram para a entrada do SESC, onde numa larga mesa montaram um ponto de venda e bate papo. Vendiam CDs e camisetas a preços legais. Devem ter voltado com o estoque zerado. No site, algo mais sobre eles (http://www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br/) e um vídeo que gravei dos últimos momentos do show. Gostei muito, pois além da irreverência e criatividade, possuem um discurso dos mais antenados. Fogem do trivial e das letras, um saldo mais do que positivo. Daí o motivo do crescente sucesso. E do lado de fora, a nos esperar sempre sorridente, o corintiano guardador de carros.
Em tempo: Junho o SESC arrasa quarteirão trazendo Elba Ramalho, Zé Geraldo e Zeca Balleiro. Além disso, o Festival ITINERÂNCIA - Melhores Filmes 2010: 01/06 - É Proibido Fumar (Brasil 2009), 02/06 - Ervas Daninhas (França 2009), 03/06 - A Festa da menina Morta (Brasil 2008), 04/06 - Se nada mais der certo (Brasil 2008), 05/06 - 500 Dias com Ela (EUA 2009) e 06/06 - Deixa ela entrar (Suécia 2008). Os filmes são todos com entrada gratuita. Vou levar um colchão e meu travesseiro para lá nesta semana.
3 comentários:
mais uma vez henrique posta questões que vem de encontro ao que pesquiso: as visibilidades e invisibilidades. tentarei ser breve neste comentário. na última vez juntos no sesc - que não foi no show mencionado - sentimos falta do senhor que toma conta de nosso carro. hoje, em reginópolis, henrique me conta como o encontrou nesta semana. fiquei triste ao ver em imagens a degeneração de um ser humano em tão pouco tempo. por coincidência, havia mencionado ontem um encontro que me emocionou com 2 meninos que ficam, eventualmente, próximos da entrada de minha residência em bairro considerado nobre em bauru. e a opção que fazem, por utilizar o vil metal que lhes é doado pelos passantes, em pagar tempo de uso na lanhouse local. após meu relato deste episódio, corriqueiro para algumas pessoas, mas que me chamou a atenção por ideologia e interesse pessoal, público e profissional, voltamos ao assunto no retorno da pequena cidade hoje a propósito de uma senhora que nos abordou pedindo contribuição para o sustento da família. ela fica num cruzamento conhecido por aqui -local que não saberei situar. na continuação da conversa, tracei um paralelo a partir da constatação do aumento da população de rua, também nos sinais (sinaleiros/faróis) de bauru, que verifico ser crescente, neste pouco tempo de minha vida por aqui, em relação as realidades que conheço das capitais rio de janeiro e são paulo, para não ser considerada arrogante ao mencionar nova york. ampliando nossas reflexões para questões de cidadania e política,e, pensando também na situação com a qual convivemos todas as sextas feiras a noite, a que começa no shopping bauru e reverbera para o wal mart e para o habib´s, seja a de um "confronto" entre jovens/adolescentes de classes sociais distintas, também penso no que é possível fazer na prática. também não tenho resposta. deve ser muito complicado mesmo viver nas ruas, e sem qualquer tipo de pensamento a respeito do uso da bebida pelo senhor do sesc, emocionada com os meninos e ouvindo relatos de henrique sobre a alteração do estado físico da moça do sinal, só fico triste e pensando em como posso contribuir para que a situação na cidade em que vivo não se transforme, rapidamente, em situação de uma barbárie incontrolável por todos nós cidadãos, bem como para o poder público - aquela que bem conheço no cotidiano das capitais citadas. ana bia andrade
Henrique
Leio o que você escreve aqui sobre a rica programação do SESC e vejo pelo Jornal da Cidade a programação da Secretaria MUnicipal de Cultura para o nosso Teatro Municipal. Por lá só a pela "O Analista do Bagé e A Super Fêmea, com Cláudio Cunha.
Dá para comparar?
Risos e muito choro, tudo ao mesmo tempo.
Aurora
Olá,
obrigada pelo texto.
abraços
Rosângela Barbalacco
Programação
Sesc Bauru
Avenida Aureliano Cardia, 6-71
Vila Cardia - Bauru
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