quarta-feira, 5 de maio de 2010

UMA CARTA (47)

DUAS CITAÇÕES NA TRIBUNA E UMA NO RUFINO*
(* carta publicada ontem na Tribuna do Leitor, Jornal da Cidade - Bauru SP. A citada carta do sr Ortolan, para quem quiser tomar conhecimento, está aqui reproduzida nos Comentários de meu texto publicado em 25/04)

Honrado com duas citações feitas de meu nome na Tribuna do Leitor, quero discorrer sobre ambas, depois sobre uma na Coluna do Rufino.

Primeiro, uma esperada resposta de João Guilherme Ortolan (JC, 28/04 quarta), após citar seu nome em minha missiva publicada em 25/04, “Esquerda Assumida e Declarada”. Semioticamente, nada a acrescentar, talvez só o fato de nos encontrarmos em trincheiras diferentes, lutas em campos opostos, antagônicos. Eu, intransigente ao lado do social e dos movimentos que o movem mundo afora, o sr. Ortolan ao lado dos poderosos, a mesma elite que infelicita esse país há pouco mais de 500 anos. Fico feliz em não comungar da mesma opinião dele, prefiro continuar “rompido com o mundo” e, se preciso for, lhe indico um novo caminho para onde ainda se possa ir. É por ele que luto. Quanto ao ditado “peixe morre pela boca”, citado por ele, prefiro a citação do meu filósofo de plantão, Vicente Matheus, “quem entra na chuva é para se queimar”. Estamos todos nela, porém, lutando por objetivos bem diferentes. A luta continua, sempre.

Segundo, fico imensamente lisonjeado com a carta de Paulo Neves, “Nos Bailes da Vida” (JC, 27/04), onde me cita numa imensa lista de amigos, com a honra de encabeçar a mesma. Ele, após 42 anos de percalços, comove qualquer um pela hombridade vivenciada ao longo de sua vida, como lúcido professor de História e nosso mais atuante e antenado diretor teatral. Estar ao lado de pessoas desse quilate é que me fazem continuar lutando, desbravando fronteiras e travando batalhas contras os ditos dragões da maldade. Tanto eu, como Paulo, temos nossos filhos adentrando rumos novos em suas vidas, cientes de que o caminho escolhido por eles será mais suado, conquistado palmo a palmo, porque não será o das benesses daqueles que se vendem a troco de migalhas e assim se acham donos da verdade absoluta. Paulo sabe que nossa luta só terminará com a morte. Lutaremos sempre.

Terceiro, na Coluna do Rufino (JC 03/05), na nota “Bauru Chic fechou”, ele informa que eu estava no dia do fechamento da casa. Sim, estava e solicitei via ofício, no dia seguinte, ao sr. prefeito para que algo pudesse ser feito pela preservação do rico acervo lá existente. Até agora, nada de concreto. Aguardo. Também pelos jornais, tomo conhecimento que o Codepac (viajando, ausentei-me da reunião) abre processo de tombamento da denominada “Casa do Pelé”. Duas coisas. Temos uma casa já tombada há anos, a dos Pioneiros (rua Araújo, em ruínas), cuja prefeitura sinalizou pela sua desapropriação e agora, no 17º mês do novo governo, nada parece ter avançado. Adianta tombar outra e não cuidar da primeira, com igual importância e até maior relevância histórica (único exemplar em pé dos primórdios da cidade)? Por fim, algo relevante sobre a Casa do Pelé. Pelo que leio, o atleta a comprou quando já estava fora de Bauru (com o dinheiro ganho no Santos e na Seleção), nunca tendo morado nela. A família sim, ele somente alguns dias, de passagem. Que isso também possa ser levado em consideração na decisão pelo tombamento final.

4 comentários:

Anônimo disse...

estive presente também no dia do fechamento do bauru chic. como vizinha, foi triste ir ao correio e encontrar seu EGBERTO desmontando os letreiros e tirando um monte de coisinhas daquele lugar tão importante para esta cidade. me surpreendi, ao fazer a brincadeira de que iria almoçar um lanche bauru, quando ele me reconheceu de pronto. no dia seguinte, encontrei-o novamente no banco do brasil - a caminhonete vermelhinha com mesas e cadeiras na caçamba. eu, carioca, arremedo de bauruense, não perco a oportunidade de falar para os nascidos por aqui o quanto estão deixando escorrer por entre os dedos a oportunidade de preservar o belíssimo acervo - certamente construído ao longo de décadas - como parte da memória de bauru... faço a minha parte pequena. Ana Beatriz Pereira de Andrade (ABPA).

Anônimo disse...

E ai, Henrique, a Casa do Pelé foi adquirida antes ou depois do sucesso do rei? Ele morou ou não na casa? Quem poderia sanar essa dúvida?

Paulo Pereira

Mafuá do HPA disse...

caro Paulo Pereira
(seria o do Sindicato Metalúgicos??!!??)

Li isso na matéria do jornal BOM DIA sobre o assunto e achei instigante colocar esse tema na discussão. Vou verificar isso direitinho e volto ao assunto em breve. O mais importante é a definição sobre o que farão com a casa dos Pioneiros, aqui pertinho de casa, na rua Araújo Leite, que tombada, teve promessa de desapropriação e até o momento nada. Lá daria para ser implantado alguns projetos culturais muito interessantes. Vamos ver se algo nesse sentido será divulgado nos próximos dias.

Henrique - direto do mafuá

Mafuá do HPA disse...

LI HOJE NA COLUNA OPINIÃO DO JC, ALGO SOBRE O ASSUNTO CASA DO PELÉ E ACHEI INTERESSANTE SUA REPRODUÇÃO POR AQUI - HENRIQUE:

20/05/2010 - Opinião2
A casa do Pelé

Um tempo perdido na memória da infância retorna sem que seja procurado, simplesmente retorna. Ao ler a notícia do tombamento da “casa do Pelé”. voltaa a imagem do menino Pelé batendo na casa de minha tia, na Araujo Leite, 16-85, para entregar a chave do Centro de Saúde, aonde nos dias cívicos íamos para hastear a bandeira e outros iam para recolhê-la. Lembro-me do Tidei de Lima na mesma função, pois tanto os pais do Tidei quanto o pai do Pelé trabalhavam no Centro de Saúde juntamente com minha tia.

Retorna da Copa do Mundo de 1958 e com ela a imagem da Romizeta que seria ofertada ao Pelé e que ficou exposta no saudoso Bar Cristal (é do Bar Cristal a lembrança mais forte do cheiro da infância, uma mistura de chopp com sanduíche Bauru). É desta época a lembrança do churrasco na casa do Pelé, uma casinha simples de madeira em uma rua de terra na vila Bela Vista, talvez a rua da PRG-8. Do outro lado da rua, umas 3 ou 4 quadras à frente, esta sim a casa onde Pelé cresceu e creio que nestas ruas de terra é que ele começou a desenvolver em seus mágicos pés o futebol que o fez Rei. Nessa época não era preciso asfalto para se fazer Rei.

Há que se tomar muito cuidado ao se fazer história para que esta seja real. Já assistimos tanto patrimônio de nossa cidade ser tombado, do verbo tombar, cair por terra, por interesses econômicos e imobiliários (Hotel Central, Bar Cristal, Cine Bauru, Colégio Guedes de Azevedo, BAC etc, etc, etc). Aqui na cidade o tombar sempre teve prioridade ao tombamento, em nome do progresso construímos uma cidade sem história viva, e viva as poucas fotos que nos restam, cabe aqui parabenizar o Programa Nota 10. Creio que me perdi em devaneios...

O autor,Carlos Eduardo Martins, é artista