domingo, 2 de maio de 2010

UM COMENTÁRIO QUALQUER (65)

NOROESTE LÁ, FESTA DA TORCIDA E DA CIDADE

Pronto, acabou. Isso mesmo, acabou o futebol no Alfredo de Castilho no ano de 2010. Ontem, com o jogo Noroeste 2 x 1 Guaratinguetá, nos sagramos vice-campeões da 2ª Divisão Paulista, subimos para a 1ª em 2011 e daqui até o final do ano, talvez um campeonatinho xinfrim, desses para preencher espaço. O Noroeste estará completando 100 anos no segundo semestre e talvez algo grandioso proposto pelo clube, mas se não tiver um time em plena atuação, sempre ficará faltando algo. Do retorno à elite do futebol, parabéns e que algo se solidifique, principalmente na parte administrativa do clube, pois Damião Garcia não será eterno e precisamos pensar no dia em que abandonar o clube. Como será depois? Termino de ler o livro, “A voz da geral – Do fracasso à glória em quatro anos”, do jornalista da rede BOM DIA, Bruno Mestrinelli Paranhos (em breve uma resenha dele por aqui) e lá algo a preocupar. Damião havia caído dos céus, pegando um clube destroçado e mal conseguindo viajar para cumprir compromissos. Quitou tudo, devolveu o time à elite. Presenciamos belos jogos e times competitivos. Hoje, reergue o Noroeste, mas existe estrutura para o pós-Damião? O que ele exigirá do clube quando da saída? Vejam o caso do Marília, abandonado pelos “empreendedores” (sic) que lá estiveram. Bancarrota total. O XV de Jaú nunca mais conseguiu se reerguer e seguirá na 3ª Divisão paulista. Exemplos existem aos borbotões. Olho para a imensa maioria dos times do interior e em poucos noto uma organização, a cidade toda envolvida com um projeto. Lins, com o Linense dá um belo exemplo, Itápolis, com o Oeste outro e talvez o São Bento, de Sorocaba, onde um ex-presidente de torcida assumiu o comando do time (conhecer essa história seria bom, não?). O exemplo dado pelo Grêmio, antes em Barueri e hoje em Presidente Prudente, é tudo o que um torcedor não gostaria que acontecesse ao seu time do coração. Imaginem quem coloca dinheiro no Noroeste saindo com tudo, de um dia para o outro, deixando uma cidade a ver navios, só com pauzinho do pirulito na mão, levando consigo o doce? Pensemos nisso. Repensar o Noroeste para o futuro (que sempre chega) é mais do que necessário.

Do jogo de ontem, só alegrias. O maior público aqui em Bauru na série A II, mesmo com o time já classificado. Um jogo gostoso, que fluiu fácil, com oportunidades belas de ambos os lados. Perdemos dois gols, mas tomamos até bola na trave.Tomamos o primeiro gol, mas não nos entregamos. O time soube ir à luta, continuou martelando até conseguir o empate e na seqüência, a vitória. Foi bonito ver a torcida cantando alegre, podendo fazer até “Ola” (havia gente para isso) e entoando refrões conhecidos. “O Noroeste voltou... O Noroeste voltou...”, foi entoado várias vezes. Até uma gozação para os rivais domésticos, com “Noroeste na primeira, Marília na segunda e XV na terceira”, foi ouvido. Quando tudo estava consolidado, vê-la pedindo a presença em campo do Gilmar Fubá foi também muito bom, um ídolo que vibra junto do time. Presenciar a reabilitação de Marcelinho junto à torcida também foi bom, pois após um jogo onde fez gestos agressivos aos torcedores, acabou caindo em desgraça e vários jogos depois, soube construir o fim do desenlace. Fez belos e decisivos gols no campeonato. O novo técnico, acertou o time e até os antes considerados fracos, como Roque e Éder Lima deram à volta por cima. Ouvir o jogo pelo rádio, algo como uma obrigação, mas a grande maioria mudou de estação, privilegiando o Rafael Antonio, da novíssima Jornada Esportiva, pois ali o ouvinte tem voz (um luxo só). Até nosso centroavante, Zé Carlos, o Sassá Mutema, estava num dia sem reclamações e se achando o dono de tudo. Fez seu gol, de pênalti e subiu no alambrado para comemorar junto dos torcedores da Sangue Rubro. Falar da Sangue é chover no molhado. Pavanello soube fazer a torcida sobreviver e a comanda com energia e sabedoria. Sabe controlar os impulsos dos mais exaltados e instigar os desanimados. Com sede própria, além da festa do estádio, virou rotina o prolongamento de tudo na rua a abrigar a sede, com espaço interditado e congraçamento coletivo, e também necessário. Ontem tomei cerveja de graça e isso também é fruto de conquistas. Abraçar aquele pessoal todo é como ir revendo amigos, papeando e rindo, relembrando histórias, como quase não se é mais possível nos dias atribulados atuais. O gostoso de ir aos jogos no Alfredão não é só para ver o Noroeste, e sim, também, para reencontrar pessoas, bater papo, sorrir, xingar e, principalmente, continuar tendo a possibilidade de se reunir. Não abro mão disso. E sentirei muita falta disso tudo, até o começo do próximo campeonato, quando lá estarei, com toda certeza.

obs.: todas as fotos foram tiradas ontem durante o jogo e na festa diante da sede da torcida, retratando pessoas que lá estiveram e ajudam a empurrar o Noroeste sempre para a frente. Para vê-las em tama

4 comentários:

Anônimo disse...

Henrique, estava presente em SJC e vi o acesso do meu Norusca, foi uma descarga de adrenalina total.
Ontem não foi possivel estar em Bauru para a festa e tambem estar com os amigos da Sangue Rubro, mas porém, meu coração e ouvidos ligados na trasmissão do Jornada esportivas no meu computador, assim estava, vibrei com a vitoria.
Auriverde para ouvir meu Norusca por enquanto não, só se eles aprenderem que o Noroeste é de Bauru e saber que ele faz parte da cultura da nossa cidade.
A critica é instrumento valido dentro de uma democracia, mas quando ela torna instrumento de insutos e melhor mudar de estação.

abraços
JOSÉ SOUTO- SP

Anônimo disse...

Não te conheço pessoalmente Henrique, mas temos esse mesmo amor pelo Noroeste, independente de quem o gerencia. As preocupações procedem pois o que será do futuro do time quando quem coloca dinheiro fechar a torneira. Como disse, isso acabou de acontecer em Marília e o desastre por lá está escancarado. Nós já passamos por isso no passado, porém nunca tivemos uma pessoa com o seu Damião dirigindo o clube. Ele demonstra gostar do clube. Outros após eles terão o mesmo amor. Os próprios filhos terão? O momento é de festa, mas é sempre bom ir discutindo isso desde agora, para não sofrermos lá na frente. O que gostei muito do seu escrito, além das indagações que tentei responder, foi a questão das fotos. Que bela quantidade de fotos de bauruenses, alguns conhecidos, outros nem tanto. Aquele casal de paçoqueiros eu conheço desde que comecei a ir ao campo e ainda estão por lá.
Muito bom,aqui voce fala de tudo hem.

Sergio Jones

Reynaldo disse...

Valeu Henrique....Ficou muito boa esta materia.Obrigado por ter deixado eu colocar este texto la no blog do Norusca.Em Julho teremos o Norusca novamente em campo pra disputa da Copa Paulista...Com certeza iremos checar o nosso time do coracao novamente.Abracos.

Anônimo disse...

Esse time só nos dá alegria. E um pouco de sofrimento também.
Foi um ano bom.
Belo texto, bom par reflexão

Daniel Carbone