terça-feira, 19 de junho de 2012

DROPS – HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (70)
AS ÚLTIMAS DAS ÚLTIMAS, RELATADAS POR UM REPRESENTANTE DA "TURMA DO FOI"
A – Quando abre uma livraria nova eu solto rojões, bato palmas e procuro ficar amigo dos seus donos. Todo dono de livraria é um visionário em potencial. Alegria incontida, num país onde ler é objeto de raro consumo. Quando fecha, ocorre o inverso. Tristeza sem fim, incomensurável. Escrevi aqui nem um ano atrás sobre a abertura da Nobel, da rua Alberto Segalla e nessa semana, tudo por lá cerrado, papéis cobrindo as paredes de vidro. É mais uma que não resiste de portas abertas a avassaladora gana de consumidores por produtos supérfluos e pouca, quase nada literatura. Nem quero saber dos motivos, pois todos livreiros vivem em estado de extrema dificuldade. Três dias de luto fechado.
B – Nessa semana, 22/06, sábado, o maior grupo varejista do país, o Pão de Açúcar passará a ter outro dirigente máximo. Num acordo feito em 2005, quando Abílio Diniz aceitou um sócio francês, o Naouri, ficou estabelecido que nessa data Abílio passaria o bastão para o francês. A data chegou e hoje, os sócios vivem em estado de guerra declarada. Acusações mútuas, como ocorrem em qualquer empresa entre sócios e negócios grandiosos. Coisas do capital, onde o que menos existe é ingenuidade. O que me leva a escrever, mesmo com tudo o que sei dos bastidores lá deles, é por gostar demais de fazer comprinhas nesses mercados da Pão (principalmente num aqui na rua Araújo Leite) e será mais um grande negócio onde o empresário brasileiro deixará de comandar o grupo. Tudo ali foi feito para quem compra em pequena quantidade e isso tem a minha cara, como uma espécie de mercearia, talvez ao estilo da que o pai do Abílio abriu inicialmente em 1948.
C – No último domingo, 17/06, 9h, vou conferir a Corrida da Longevidade ali no parque Vitória Régia, quando mais de oito mil pessoas saem às ruas, todos vestidinhos com uma camiseta vermelha com as cores do patrocinador, o banco Bradesco. Duas pessoas me chamam a atenção no meio do intenso burburinho e esse escrito é só para reverenciar algo sobre eles. Primeiro o artista plástico Walter Mortari, que com mais oitenta e lá vai fumaça não perde uma dessas caminhadas, depois, o cabo Alcides, um dos baluartes do esporte bauruense no quesito preparação física. Ele, pelo que fico sabendo, continua em plena atividade em bairros da periferia e ao vê-lo, mesmo sem querer, o que me recordo é de sua participação no Noroeste, tendo sido preparador (e dos bons) por décadas. Continua forte como aroeira, resistindo ao tempo e as intempéries, fruto de sua vida espartana de dedicação ao esporte. Gosto demais de louvar gente assim.
D – A política como feita hoje é mesmo máquina de fazer doido e a endoidecer os ainda ideologicamente atuando nela. Como será possível a proba Erundina estar ao lado de um Maluf no pleito pela prefeitura paulistana? Como terá sido o acordo para estarem tão alinhados Dudu e Tobias, rivais contumazes e antagônicos como a água e fogo? Como Perillo, Gilmar, Veja e Gurgel conseguem se safar jogando a culpa de tudo no mensalão e nem citam a Privataria Tucana de maior rombo? Como um candidato a vereador nitidamente não socialista quer conseguir vaga e briga por isso, num partido cuja sigla tem socialista até no nome? Como participar disso tudo? Meu negócio é espezinhar quem participa disso.
E – Quando eu escrevinho aqui da Feira do Rolo acham que exagero, mas é que lá acontece de tudo. Confiram mais uma desse último domingo, 17/06, sempre na banca de livros do Carioca, local inevitável de fazer e consolidar amizades, bater papo com gente de tudo quanto é laia, linha, postura e conduta. Sou dos que batem cartão e de um deles, o jornalista Benedito Requena ouço: “Quando não venho aqui num domingo, a semana parece ter 14 dias”. Depois a me ver dizendo que todos os frequentadores do lugar eram da turma do foi, relembradores do passado, saiu com essa: “Quem muito foi é que é”. Ainda dele, estava inspirado e com um livro do Fernando Pessoa nas mãos declamou o poema Autopsicografia.
Em tempo: Do lado esquerdo fotos tiradas na Feira do Rolo e na direita, na Corrida da Longevidade, todas dia 17/06/2012.

5 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro
Também gosto demais do Pão de Açucar. Como moro só, lá encontro tudo preparado em pequenas quantidades. Pedaços de frutas, já descascadas. A impressão que me dá é a de estar numa loja de conveniência. Não existe outro mercado igual a esse. Nos últimos tempos tenho notado que eles estão trabalhando mais nessas pequenas lojas, ao invés das grandonas de antigamente. Espero que o grupo Casino, o do francês não interrompa isso. Perder isso vai ser muito ruim, pois eles conquistaram um filão de mercado muito legal e interessante.

Então aí em Bauru também tem Pão de Açucar.

Pasqual - RJ

Anônimo disse...

Erundina virou santa. Da esquerda ainda abrigada no PT, que encontrou nela um respiradouro para o que não tem coragem de fazer, à direita, que usa seu posicionamento para desacreditar ainda mais o PT (como se isso fosse possível).
Aos segundos não tenho nada a dizer a não ser divirtam-se. Aos primeiros gostaria de lembrar que seu governo (ainda pelo PT) não se pautou por princípios tão rígidos.

E se... o apoio de Maluf tivesse recaído sobre a candidatura Serra (como aliás quase aconteceu). Veríamos esse show de 'moralismo' que estamos assistindo???

Almir Ribeiro

Anônimo disse...

UM ALRTA SOBRE A RIO+20

Rio+20 por Goldemberg

A Conferência das Nações Unidassobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992(Eco-92) mobilizou o mundo: mais de cem chefes de Estado e cerca de 100 milpessoas compareceram ao evento. Havia na época um senso de urgência quanto ànecessidade de agir diante dos problemas ambientais que ameaçavam o bem-estarda humanidade, como o aquecimento da Terra e as consequentes mudançasclimáticas.



Como resultado a Eco-92 adotoudocumentos importantes, como a Convenção do Clima, a Convenção daBiodiversidade e a Agenda 21, um roteiro detalhado para um desenvolvimentosustentável, que significa crescimento econômico sem comprometer o futuro.



Em 1992, os chefes de Estadopresentes no Rio concordaram que o aquecimento global e a perda dabiodiversidade, que tem origem na ação do homem, representavam ameaça àhumanidade e providências urgentes tinham que ser tomadas para enfrentá-las.



Esse senso de urgência, porém, seperdeu ao longo dos últimos anos por causa das guerras no Oriente Médio, dascrises econômicas e da falta de liderança.



Por essas razões a Rio+20, convocadapela ONU, que ocorrerá de 20 a22 de junho, no Rio Centro, mais a Cúpula dos Povos, evento paralelo queacontecerá no Aterro do Flamengo, de 15 a 23 de junho, corre o risco de ser umevento sem maior significado histórico, diferentemente do que foi a Eco-92, enão atrair um número significativo de chefes de Estado nem de pessoas dasociedade civil.



A verdade é que as ameaças àsustentabilidade do desenvolvimento tornaram-se ainda maiores do que em 1992. Éessa a realidade que acaba de ser relembrada por eminente grupo de cientistaslaureados com o Prêmio Planeta Azul, considerado o Prêmio Nobel da áreaambiental, que se reuniu recentemente em Londres.

POSTADO POR PASQUAL - RJ

Anônimo disse...

OUTRO ALERTA SOBRE A RIO+20

A ilusão de uma economia verde por Leonardo Boff

Tudo o que fizermos para proteger o planeta vivo que é a Terra contra fatores que a tiraram de seu equilíbrio e provocaram, em conseqüência, o aquecimento global é válido e deve ser apoiado.Na verdade, a expressão “aquecimento global” esconde fenômenos como: secas prolongadas que dizimam safras de grãos, grandes inundações e vendavais, falta de água, erosão dos solos, fome, degradação de meios responsáveis pela sustentabilidade do planeta.

A questão central nem é salvar a Terra. Ela se salva a si mesma e, se for preciso, nos expulsando de seu seio. Mas como nos salvamos a nós mesmos e a nossa civilização? Esta é a real questão que a maioria dá de ombros, especialmente os que tratam da macroeconomia.

Os produtos orgânicos, energia solar e eólica, a diminuição, o mais possível, de intervenção nos ritmos da natureza,a busca da reposição dos bens utilizados, a reciclagem, tudo que vem sob o nome de economia verde são os processos mais buscados e difundidos. E é recomendável que esse modo de produzir se imponha.

Mesmo assim não devemos nos iludir e perder o sentido critico. Fala-se de economia verde para evitar a questão da sustentabilidade que se encontra em oposição ao atual modo de produção e consumo. Mas no fundo, trata-se de medidas dentro do mesmo paradigma dedominação da natureza. Não existe o verde e o não verde. Todos os produtos contem nas várias fases de sua produção, elementos tóxicos, danosos à saúde da Terra e da sociedade. Hoje podemos exibir e monitorar as complexas inter-relações entre as várias etapas, da extração, do transporte, da produção, do uso e do descarte de cada produto e seus impactos ambientais. Ai fica claro que o pretendido verde não é tão verde assim. O verde representa apenas uma etapa detodo um processo. A produção nunca é de todo eco amigável.

Tomemos como exemplo o etanol, dado como energia limpa e alternativa à energia fóssil e suja do petróleo. Ele é limpo somente na boca da bomba de abastecimento. Todo o processo de suaprodução é altamente poluidor: os agrotóxicos aplicados ao solo, as queimadas,o transporte com grandes caminhões que emitem gases, as emissões das fábricas,os efluentes líquidos e o bagaço. Os pesticidas eliminam bactérias e expulsamas minhocas que são fundamentais para a regeneração dos solos; elas só voltam depois de cinco anos.

CONTINUA...

Anônimo disse...

CONTINUAÇÃO...

Para garantirmos uma produção, necessária à vida, que não estresse e degrade a natureza, precisamos mais do que a busca do verde. A crise é conceitual e não econômica. A relação para com a Terra tem que mudar. Somos parte dela e por nossa atuação cuidadosa a tornamos mais consciente e com mais chance de assegurar sua vitalidade.

Para nos salvar não vejo outro caminho senão o apontado pela Carta da Terra: ”O destino comum nos conclama abuscar um novo começo; isto requer uma mudança na mente e no coração; demanda um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal”.

Mudança de mente significa um novo conceito de Terra. Ela não nos pertence, mas ao conjunto dos ecossistemas que servem à totalidade da vida, regulando sua base biofísica e os climas. Ela criou toda a comunidade de vida e não apenas nós. Nós somos sua porção consciente e responsável. O trabalho mais pesado é feito pelos nossos parceiros invisíveis, verdadeiro proletariado natural, os microorganismos, as bactérias e fungos que são bilhões em cada colherada de chão. São eles que sustentam efetivamente a vida já há 3,8 bilhões de anos. Nossa relação para com a Terra deve ser como aquela com nossas mães: de respeito e gratidão. Devemos devolver, agradecidos, o que ela nos dá e manter sua capacidade vital.

Mudança de coração significa que além da razão instrumental com a qual organizamos a produção, precisamos da razão cordial e sensível que se expressa pelo amor à Terra e pelo respeito a cada ser da criação porque é nosso companheiro na comunidade de vida e pelo sentimento de reciprocidade, de interdependência e de cuidado, pois essa é nossa missão Sem essa conversão não sairemos da miopia de uma economia verde. Só novas mentes e novos corações gestarão outro futuro.

POSTADO POR PASQUAL - RJ