PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (49)
O QUE ACONTECEU NO PARAGUAI NÃO É NORMAL E NÃO DEVEMOS NOS AQUIETAR, NEM FALSEAR A VERDADE
Hoje em dia perdemos o costume de discutir até os assuntos mais próximos, tal a forma como a vida se processa, quanto mais temas referentes a países vizinhos. O fato é que algo mais do que anormal ocorreu essa semana no Paraguai, com a destituição em tempo record do seu legítimo presidente da República, Fernando Lugo, sob alegações nada convincentes de mal utilização do cargo. O Senado daquele país, num rito sumário, com possibilidade de irrisória defesa do presidente, o destitui do cargo e empossa o vice, que bandeou-se para o lado mais conservador daquele país, o seu lado retrógrado, nefasto, oligárquico e imperialista, ou seja, o de uma casta paraguaia contra seu povo.
Hoje em dia perdemos o costume de discutir até os assuntos mais próximos, tal a forma como a vida se processa, quanto mais temas referentes a países vizinhos. O fato é que algo mais do que anormal ocorreu essa semana no Paraguai, com a destituição em tempo record do seu legítimo presidente da República, Fernando Lugo, sob alegações nada convincentes de mal utilização do cargo. O Senado daquele país, num rito sumário, com possibilidade de irrisória defesa do presidente, o destitui do cargo e empossa o vice, que bandeou-se para o lado mais conservador daquele país, o seu lado retrógrado, nefasto, oligárquico e imperialista, ou seja, o de uma casta paraguaia contra seu povo.
Isso um fato e para quem é professor, entender isso algo mais do que normal. Nem sempre. Em Bauru, uma professora paulistana, Mara Montezuma Assaf, em cartas aos dois jornais destila um desconhecimento histórico e um ódio a governos que destoem de sua linha de pensamento, voltados para o conservadorismo. Isso expressa bem o pensamento de parte considerável das pessoas, quenão fazem mais uma justa análise dos acontecimentos e os distorcem conforme os seus interesses. No JC de 23/06, com o título, “Cassação de Lugo”, ela destila isso: http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=223720 e no BD de 24/06, com o título, “Saída de Lugo”, ela destila algo na mesma linha (não consegui o link do texto). Reproduzo dois textos extraídos do site Carta Maior, dando um ótimo entendimento sobre a questão. Entender de fato o que ocorre é ótimo para não se demonstrar desconhecimento e também para não falsear com a verdade, pois quem escreve e emite opiniões, deve ter em mente que nem sempre ela está do lado que pensamos. E nem por isso devemos mentir ou falsear o que ocorre. Leiam: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20460&alterarHomeAtual=1 e mais esse http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20452&editoria_id=6.
OBS.: A charge é do sempre antenado Latuff, um que não se omite de colocar seu trabalho à serviço das causas mundiais onde ocorram injustiças. Ele deve voltar à Bauru na segunda semana de agosto, na Jornada Latinoamericana do Colégio D'Incao.
OBS.: A charge é do sempre antenado Latuff, um que não se omite de colocar seu trabalho à serviço das causas mundiais onde ocorram injustiças. Ele deve voltar à Bauru na segunda semana de agosto, na Jornada Latinoamericana do Colégio D'Incao.
13 comentários:
Pq. um patriota se TEMOS UM AMORIM?
CELSO AMORIM, no Facebook:
DENÚNCIA: O povo paraguaio, reunido neste momento em grande manifestação na frente da TV Pública, na capital, pede a todo o povo brasileiro que divulgue a informação de que a TV Pública do Paraguai foi fechada pelo governo golpista, tendo sua transmissão na TV aberta e a cabo interrompida, e sua energia elétrica cortada. O canal está sendo transmitido apenas pela internet graças ao uso de geradores. Não deixemos calarem a última voz ainda livre na mídia paraguaia. O Brasil precisa saber!
ASSISTA a manifestação dos paraguaios AO VIVO pelo link (enquanto ainda está no ar): http://www.desdeparaguay.com/tvpublica
Veja o álbum reportagem com imagens exclusivas e informações atualizadas: http://www.facebook.com/media/set/?set=a.359148434151413.78978.272904466109144&type=1
FERNANDA TARDIN
Por que depuseram Lugo?
Autor: Atilio Borón
Aporrea, Venezuela, Data de publicação:23/06/12
Há poucos minutos acabou de se consumar a farsa: o presidente doParaguai Fernando Lugo foi destituído de seu cargo num julgamento sumaríssimo,onde o Senado mais corrupto das Américas – e isso é dizer muito! – o considerouculpado de “mau desempenho” de suas funções, devido às mortes ocorridas nadesocupação de uma fazenda em Curuguaty.
É difícil saber o que pode ocorrer daqui em diante. O certo é que,como diz o artigo de Idilio Méndez que acompanha esta nota, a matança deCuruguaty foi uma armadilha montada por uma direita que, desde que Lugo assumiuo poder, estava esperando o momento propício para acabar com um regime que,ainda que não tenha afetado seus interesses, abria espaço para o protestosocial e das organizações populares, o que é incompatível com sua dominação declasse.
Apesar das múltiplas advertências dosnumerosos aliados dentro e fora do Paraguai, Lugo não se isentou da tarefa deconsolidar a imensa, porém heterogênea, força social que, com grandeentusiasmo, o elevou à presidência em agosto de 2008.
Sua influência no Congresso era absolutamentemínima, um ou dois senadores no máximo. Somente a capacidade de mobilização demonstrada nas ruas podia conferir governabilidade à gestão.
Porém, não entendeu dessa forma e, ao longo de seu mandato, sucederam-se múltiplas concessões à direita, ignorando que esta, por mais que fosse favorecida, jamais iria aceitar a legitimidade de sua presidência. Os gestos de concessão à direita serviram apenas para encorajá-la e não para apaziguá-la.
Apesar destas concessões, Lugo sempre foi considerado um intruso, mesmo promulgando em vez de vetar as leis antiterroristas,a pedido da “Embaixada”, aprovada pelo Congresso, o mais corrupto das Américas.
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Uma direita que, supostamente, sempre atuou irmanada com Washington para impedir, entre outras coisas, o ingresso da Venezuela ao Mercosul. Mais tarde, Lugo se deu conta de como era “democrática” a institucionalidade do estado capitalista, que o destitui num tragicômico simulacro de julgamento político, violando todas as normas do devido processo.
Uma lição para o povo paraguaio e para todosos povos da América Latina e Caribe: só a MOBILIZAÇÃO e a ORGANIZAÇÃO POPULAR sustentam governos que queiram impulsionar um projeto de transformação social, ainda que sejam moderados, como no caso de Lugo.
A oligarquia e o imperialismo jamais cessam suas conspirações e atuações. Caso pareçam resignados é apenas uma aparênciainteiramente enganosa, como acabamos de comprovar faz alguns minutos em Assunção.
Monsanto golpeia no Paraguai: os mortos de Curuguaty eo julgamento de Lugo.
por Idilio Méndez Grimaldi (*)
Quem está por trás desta trama tão sinistra? Os propulsores de uma ideologia que promove o máximo benefício econômico a qualquer preço e quantomais, melhor, agora e no futuro.
Na sexta-feira, 15 de junho de 2012, um grupo de policiais que ia cumprir uma ordem de despejo no município de Canindeyú, na fronteira com o Brasil, foi emboscado por franco-atiradores, misturados a camponeses que reclamavam terras para sobreviver. A ordem foi dada por um juiz e uma promotora para proteger um latifundiário. Como resultado: 17 mortos,sendo 6 policiais, 11 camponeses e dezenas de feridos graves. As consequências:o governo frouxo e tímido de Fernando Lugo mostrou uma debilidade ascendente e extrema, cada vez mais direitizado, a ponto de ser levado a julgamento político(impeachment) por um Congresso dominado pela direita. É um duro revés à esquerda, às organizações sociais e camponesas, acusadas pela oligarquia latifundiária de instigarem os camponeses. Nota-se, também, que os acontecimentos refletem o avanço do agronegócio extrativista nas mãos das transnacionais como Monsanto, mediante a perseguição aos camponeses e oarrebatamento de suas terras e, finalmente, a instalação de uma cômoda plateia para aos oligarcas e os partidos de direita, rumo ao seu retorno triunfal parao Poder Executivo nas eleições de 2013.
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As conexões
A UGP é dirigida por Héctor Cristaldo, apoiadopor outros apóstolos, como Ramón Sánchez – que tem negócios com o setor dosagroquímicos –, entre outros agentes das transnacionais do agronegócio.Cristaldo integra o staff de várias empresas do Grupo Zuccolillo, cujoprincipal acionista é Aldo Zuccolillo, diretor-proprietário do diário ABC Colordesde a sua fundação, sob o regime de Stroessner, em 1967. Zuccolillo édirigente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, em espanhol). O GrupoZuccolillo é o principal sócio da Cargill no Paraguai, uma das maiores transnacionaisde agronegócio no mundo. A sociedade construiu um dos portos mais importantesdo Paraguai, denominado Puerto Unión, a 500 metros do local deabastecimento da empresa de fornecimento de água do Estado paraguaio, semnenhuma restrição.
As transnacionais do agronegócio praticamentenão pagam impostos no Paraguai, mediante a férrea proteção que possuída noCongresso dominado pela direita. A carga tributária no Paraguai é de apenas 13%sobre o PIB. 60% do imposto arrecadado pelo Estado paraguaio é o Imposto aoValor Agregado (IVA, em espanhol). Os latifundiários não pagam impostos. OImposto Imobiliário representa apenas 0,04% da carga tributária,aproximadamente 5 milhões de dólares, segundo um estudo do Banco Mundial (2).Vale ressaltar que o agronegócio produz rendas em torno de 30% do PIB, o querepresenta cerca de 6.000 milhões de dólares anuais. O Paraguai é um dos paísescom maior desigualdade do mundo. 85% das terras, algo em torno de 30 milhões dehectares, está nas mãos de 2% dos proprietários (3) que se dedicam à produçãomeramente extrativista ou, no pior dos casos, à especulação sobre a terra.
A maioria destes oligarcas possuem mansões emPunta del Este ou Miami, além de estreitas relações com as transnacionais dosetor financeiro, que guardam seus bens ilícitos em paraísos fiscais oufacilitam investimentos no estrangeiro. Todos eles, de uma forma ou de outra,estão ligados ao agronegócio e dominam o espectro político nacional, com amplasinfluências nos três poderes do Estado. Ali, reina a UGP, apoiada pelastransnacionais do setor financeiro e do agronegócio.
Os fatos de Curuguaty
Curuguaty é uma cidade situada a leste daRegião Oriental do Paraguai, a uns 200 km de Assunção, capital do Paraguai. Apoucos quilômetros de Curuguaty fica a estância Morombí, propriedade dolatifundiário Blas Riquelme, com mais de 70 mil hectares nesse lugar. Riquelmeprovem das entranhas da ditadura de Stroessner (1954-1989) sob cujo regimeacumulou uma imensa fortuna, aliado ao general Andrés Rodríguez, que executou ogolpe de Estado que derrotou o ditador Stroessner. Riquelme, que foi presidentedo Partido Colorado por muitos anos e senador da República, dono de váriossupermercados e estabelecimentos de pecuária, se apropriou mediantesubterfúgios legais de uns 2.000 hectares, aproximadamente, que pertencemao Estado paraguaio.
Este território foi ocupado pelos camponesessem terras que vinha solicitando ao governo de Fernando Lugo sua distribuição.Um juiz e uma promotora ordenaram o desalojamento dos camponeses, através doGrupo Especial de Operações (GEO, em espanhol), da Polícia Nacional, cujosmembros de elite, em sua maioria, foram treinados na Colômbia, sob o governo deUribe, para a luta contrainsurgente.
Só uma sabotagem interna, dentro dos quadros dainteligência da Polícia, com a cumplicidade da promotoria, explica a emboscada,na qual morreram 6 policiais. Não se compreende como policiais altamentetreinados, no marco do Plano Colômbia, puderam cair facilmente numa supostaarmadilha criada por camponeses, como quer fazer crer a imprensa dominada pelosoligarcas. Seus companheiros reagiram e atiraram nos camponeses, matando 11,ficando 50 feridos. Entre os policiais mortos estava o chefe do GEO, comissárioErven Lovera, irmão do tenente-coronel Alcides Lovera, chefe da segurança dopresidente Lugo.
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O plano consiste em criminalizar, levar todasas organizações campesinas ao ódio extremo, empurrando os camponeses aoabandono do campo rumo ao uso exclusivo do agronegócio. É um processo lento,doloroso, de descampesinização do campo paraguaio, que atenta diretamentecontra a soberania alimentar, a cultura alimentar do povo paraguaio, por seremos camponeses produtores e recriadores ancestrais de toda a cultura guarani.
Tanto a Promotoria ou Ministério Público,quanto o Poder Judiciário e a Polícia Nacional, assim como diversos organismosdo Estado paraguaio, estão controlados, mediante convênios de cooperação, pelaUSAID, a agência de cooperação dos Estados Unidos.
O assassinato do irmão do chefe da segurança do presidente da Repúblicaobviamente é uma mensagem direta a Fernando Lugo, cuja cabeça seria o próximoobjetivo, provavelmente através de um julgamento político (impeachment). Lugodireitizou ainda mais seu governo, tratando de acalmar os oligarcas. O ocorridoem Curuguaty derrubou Carlos Filizzola do Ministério do Interior, sendo nomeadoem seu lugar Rubén Candia Amarilla, proveniente do opositor Partido Colorado.Em 2008, após 60 anos de ditadura colorada, incluindo a tirania de AlfredoStroessner, Lugo derrotou o Partido Colorado nas urnas.
Candia foi ministro da Justiça do governocolorado de Nicanor Duarte (2003-2008) e assumiu o cargo de Promotor Geral doEstado até o ano passado, quando foi substituído por outro colorado, JavierDíaz Verón, a pedido do próprio Lugo. Candia é acusado de ter promovido arepressão aos dirigentes de organizações campesinas e de movimentos populares.Sua nomeação como Promotor Geral do Estado, em 2005, foi aprovada pelo entãoembaixador dos Estados Unidos, Jhon F. Keen. Candia foi responsável peloaumento do controle, por parte da USAID, do Ministério Público, sendo acusado,no início do governo de Fernando Lugo, de conspirar contra ele para removê-lodo cargo. Depois de assumir o cargo de como ministro político de Lugo, aprimeira medida de Candia foi eliminar o protocolo de diálogo com os camponesesque invadem propriedades. A mensagem é que não existirá conversação, massimplesmente a aplicação da lei, o que significa empregar a força policialrepressiva sem contemplação.
Dois dias depois da ascensão de CandiaAmarilla, os membros da UGP, encabeçados por Héctor Cristaldo, visitaram o novoministro do Interior, a quem solicitaram garantias para a realização dodenominado “tratorazo”. No entanto, Cristaldo disse que a medida de forçapoderia ser suspensa caso surgissem novos sinais favoráveis para a UGP (leia-seliberação das sementes transgênicas da Monsanto, deposição de Lovera e deoutros ministros, entre outras vantagens para o grande capital e para osoligarcas), direitizando ainda mais o governo.
Cristaldo é pré-candidato a deputado para aseleições de 2013, por conta de um movimento interno do Partido Colorado,liderado por Horacio Cartes. Recentemente, o empresário Cartes foi investigadopelos Estados Unidos por lavagem de dinheiro e narcotráfico. A matéria foidivulgada pelo próprio diário ABC Color, que fez eco acerca de váriasinformações provenientes do Departamento de Estado dos EUA, publicados peloWikiLeaks, entre eles uma que aludia diretamente a Cartes, em 15 de novembro de2011.
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O julgamento político de Lugo (impeachment)
Nestas últimas horas, enquanto escrevo estacrônica, a UGP (4), alguns integrantes do Partido Colorado e os própriosintegrantes do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), dirigido pelo senadorBlas Llano, aliado do governo, ameaçam com um julgamento político (impeachment)Fernando Lugo para destituí-lo da presidência da República do Paraguai.
Lugo depende do humor dos colorados parapermanecer como presidente da República, assim como de seus aliados liberais,que agora o ameaçam com julgamento político, na busca por mais espaços de poder(dinheiro) como oferta de paz. O Partido Colorado, aliado a outros partidosminoritários da oposição, tem a maioria necessária como para destituir opresidente de suas funções.
Talvez eles esperem “os sinais favoráveis” deLugo que a UGP – em nome da Monsanto, a pátria financeira e dos oligarcas –está exigindo do governo. Caso contrário, passam a fase seguinte dos planos detomada deste governo, nascido progressista e que, lentamente, termina comoconservador, controlado pelos poderes constituídos.
Entre alguns de seus feitos, Lugo éresponsável pela aprovação da Lei Antiterrorista, promovida pelos EstadosUnidos em todo o mundo depois do 11 de Setembro. Em 2010, autorizou aimplementação da iniciativa Zona Norte, que consiste na instalação epermanência de tropas e civis norte-americanos no norte da Região Oriental – nacara do Brasil –, supostamente, para desenvolver atividades a favor das comunidadescampesinas.
A Frente Guazú, coalizão das esquerdas queapoia Lugo, não consegue unificar seu discurso e seus integrantes perdem aperspectiva de análise do poder real, caindo nos jogos eleitoreirosimediatistas. Sob a influência de infiltrados da USAID, muitos integrantes daFrente Guazú, participantes da administração do Estado, sucumbem ante o cantoda sereia do consumismo galopante do neoliberalismo. Acabam corrompidos até osossos e, na prática, se convertem em rivais imitadores dos ricos vaidosos queintegravam os recentes governos do direitista Partido Colorado.
Curuguaty também se apresenta como umamensagem para a região, principalmente para o Brasil, já que estes fatossangrentos sucederam em suas fronteiras. É preciso ressaltar que taisacontecimentos foram claramente dirigidos pelos amos da guerra, cujos teatrosde operações podem ser observados no Iraque, Líbia, Afeganistão e agora Síria.O Brasil está construindo uma hegemonia mundial junto à Rússia, Índia e China,no denominado BRIC. No entanto, os Estados Unidos não abrem mão de seu poder depersuasão para o gigante da América do Sul. Está em marcha o novo eixocomercial integrado pelo México, Panamá, Colômbia, Peru e Chile. É um muro decontenção aos desejos expansionistas do Brasil para o Pacífico.
Enquanto isso, Washington continua com suaofensiva diplomática em Brasília, tratando de convencer o governo de DilmaRousseff a estreitar vínculos comerciais, tecnológicos e militares. Entretanto,a IV Frota dos Estados Unidos, reativada há alguns anos após estar fora deserviço desde o término da Segundo Guerra Mundial, vigia todo o Atlântico Sul,com o objetivo de cercar o Brasil caso a persuasão diplomática não seja aceita.
Assim, o Paraguai se mostra em disputa pelosdois países hegemônicos, mas ainda amplamente dominado pelos EUA. Por isso,Curuguaty é também um pequeno sinal para o Brasil, no sentido que o Paraguaipode se converter num barril de pólvora, quebrando o desenvolvimento dosudoeste do Brasil.
Porém, sobretudo, os mortos de Curuguaty sãoum sinal do capital, do grande capital, do extrativismo espoliador, que assolao Planeta e esmaga a vida em todos os cantos da Terra, em nome da civilização edo desenvolvimento. Por fortuna, os povos do mundo também vão dando respostas aestes sinais da norte, com sinais de resistência, com sinais de dignidade e derespeito a todas as formas de vida do Planeta.
reproduzido por Pasqual Macariello - RJ
Henrique
Tenho lido muito sobre esse assunto e hoje no Jornal da Cidade tem um editorial bonito sobre o Paraguai. Já leu? É do Moia, lá da Batra. Mas o que me move a escrever sobre esse assunto foi algo que li aqui nesse comprido comentário reproduzido pelo seu amigo carioca, o Pasqual, que assim como eu, aparece aqui de vez em quando.
Não adianta governos eleitos com um cunho esquerdista fazer concessões para os conservadores, pois nunca serão aceitos por esses. Lugo estava endireitando-se para se segurar, mas nem isso foi suficiente para segurá-lo. Eles não o queriam no poder, como aqui por mais que Lula e Dilma faça, nunca serão aceitos pelos coronéis da mídfia e pelos conservadores.
O que sustenta um governo popular é o apoio popular, as massas organizadas e em constante pressão, mostrando suas garras e força. Isso ocorre na Venezuela, no Equador, Uruguai, Bolívia, do contrário teria já se repetido ações iguaizinhas a que ocorreu no Paraguai.
Publiquei dois comentários hoje no seu blog por que não me segurei. Tive que comentar os dois escritos seus. Me perdoe.
Aurora
CONTRA O GOLPE! APOIAMOS A LUTA DO POVO E DA JUVENTUDE PARAGUAIA
O golpe de estado impetrado no Paraguai no dia 22 de julho de 2012 revela a faceta mais cínica, covarde e autoritária da direita e do imperialismo na América Latina. A destituição do Presidente Lugo, eleito pelo povo paraguaio, após décadas de ditaduras e de domínio do conservador Partido Colorado, representa um duro golpe nas lutas por democracia e justiça social do povo e da juventude paraguaia. É notório que o impedimento de Lugo está sendo financiado e conduzido pelo capital internacional associado à burguesia local, que se sentiram atacados em seu “direito sagrado a propriedade privada” com a crescente luta de massas pela reforma agrária que se desenvolve em todo o país. E que teve no massacre de Camendiyú, que resultou na morte de onze companheiros sem-terra, uma das expressões de como esta questão vem sendo conduzida no Paraguai. Repudiamos o Golpe, assim como repudiamos a grande mídia que vem procurando dar um ar de “normalidade” e de “respeito às regras democráticas” as ações produzidas pelos golpistas. Cobramos do Governo Dilma que saia de cima do muro, e tome a iniciativa de não reconhecer o governo golpista e de romper relações diplomáticas e comerciais enquanto o Presidente Lugo não seja reconduzido ao cargo. A manutenção da postura adotada pelo Itamaraty revelará o consentimento com o golpe de estado e a preocupação em atender aos interesses sub-imperialistas que o Estado brasileiro historicamente construiu em relação ao Paraguai. Não criamos ilusões com relação à democracia burguesa. Sabemos que as verdadeiras lutas por democracia e pela recondução do Presidente Lugo será fruto das lutas nas ruas e no campo, que já vem sendo articuladas pelos lutadores paraguaios. O povo e a juventude paraguaia saberão conduzir a luta pela real democracia, sem vacilação e sem conciliação.
Coordenação Nacional da União da Juventude ComunistaJunho 2012
Paraguai: é formada Frente pelaDefesa da Democracia
A Frente Guasú,que em 2008 levou Fernando Lugo à vitória presidencial, e uma ampla gama deoutros movimentos sociais e políticos acordaram a criação da Frente pela Defesada Democracia (FDD) que “rechaça e condena o governo golpista de FedericoFranco” e convoca “a defesa do processo democrático e da institucionalidade daRepública com uma mobilização permanente”. Com tal propósito, a FDD antecipouque se encontra articulando um plano de luta e que terá como porta-vozSecretário Geral da Frente Guasú, Ricardo Canese.
Por conta de suaimportância, segue o primeiro comunicado da FDD.
Frente pela Defesa da Democracia(FDD)
Pela recuperação da democracia e dasoberania popular
A FDD, reunida emassembleia geral de seus membros, partidos políticos e movimento sociais,dirigentes políticos e da sociedade civil, denuncia a quebra institucional doEstado de Direito no Paraguai, por parte do setor mais conservador ereacionário do Parlamento Nacional, que desconheceu o princípio fundamental dodireito à legítima defesa e ao devido processo, utilizando conceitos e práticasda ditadura stronista, e assim provocou a deposição do governo constitucionaldo presidente Fernando Lugo. Tal violação da Constituição Nacional está baseadaem acusações sem prova alguma e utilizando métodos nazifascistas sustentadospor intrigas e calúnias com ferramentas legais.
Este grave fato,com nefastas consequências na economia, na sociedade e na vida institucional daRepública, deve ser revertido imediatamente. A convivência civilizada edemocrática, baseada na justiça e no respeito à soberania popular devem serrestabelecidas.
Por estas razões,a FDD rechaça e condena o governo golpista de Federico Franco e convoca todo opovo paraguaio a defender o processo democrático e a institucionalidade daRepública com uma mobilização permanente, a fim de evitar a subjugação dosdireitos humanos fundamentais. Chamamos à unidade todo o povo paraguaio, dedentro e de fora, assim como a solidariedade dos demais povos irmãos da AméricaLatina, para nos mobilizarmos de forma coordenada pela restituição do Estado deDireito e o respeito à soberania popular no Paraguai.
REPRODUZIDO POR PASQUAL MACARIELLO - RJ
Paraguai - o retrato de uma américa atrasada!
A constituição paraguaia permitiu na noite de 22/06/12 que o congresso nacional daquele país a utilizasse como se fosse uma lista telefônica descartável. Fazendo uso de uma brecha proposital incrustrada naquela carta magna, senadores destituíram o presidente do país em rito sumário, incompatível com a justiça e o direito de defesa de qualquer cidadão.
Oposição e antigos aliados do presidente Fernando Lugo fizeram uma aliança e deram um golpe branco em seu mandatário máximo, deixando o poder livre para que o vice-presidente Federico Franco pudesse assumir a direção daquele país. Num continente marcado por golpes militares, ditaduras e tantas máculas à democracia o que ocorreu ontem no Paraguai é mais um casuísmo que se utilizou de ferramentas legais para dar um golpe letal na própria democracia frágil do país.
Um país que não possui um parque industrial, não tem força na prestação e serviços nem no seu comércio e se notabilizou por contrabandear sempre ou permitir a entrada de produtos falsos e às vezes roubados dos países vizinhos como o Brasil, por exemplo.
Em suas ruas mal asfaltadas rodam milhares de veículos furtados no Brasil, andando livremente e com documentação falsa conseguida nas delegacias paraguaias. A pirataria mundial tem em Ciudad del Este na fronteira com Foz do Iguaçu o marco de sua realização.
A partir daquela sexta-feira o mundo civilizado questiona o novo governo paraguaio sobre as supostas violações aos mais simples princípios democráticos. A comunidade internacional olha com bastante preocupação para Assunção capital do país, tentando entender a validação deste impeachment relâmpago perpetrado por senadores ávidos por poder e pelos cargos no futuro governo a ser formado.
Para o Brasil fica no ar a dúvida sobre as futuras decisões a serem tomadas por Federico Franco em relação ao nosso país. O Brasil tem milhares de brasileiros vivendo naquele país, conhecidos como “brasiguaios” que em sua maioria dedicam-se à agricultura. Além da Usina Hidrelétrica de Itaipu ponto de constantes discussões entre os dois países.
O certo é que independentemente das razões para a destituição de Lugo serem ou não legais, o Paraguai é o retrato fiel de uma república atrasada, oligárquica e cuja democracia é ainda incipiente e muito frágil na América do Sul. Podendo ser alvo fácil de golpes civis ou militares para favorecer interesses de uma minoria corrupta e nefasta.
O autor, Rafael Moia Filho, é vice-presidente da Batra e colaborador de Opinião
Intelectuais alertam: golpe na Bolívia
Por Altamiro Borges
A democracia na América Latina está correndo sérios riscos. Depois dos golpes em Honduras e, na semana passada, no Paraguai, as oligarquias locais tramam novas ações para abortar a guinada progressista na região - sempre em conluio com o império estadunidense e o apoio da mídia colonizada. O caso mais grave agora, além do Paraguai, é o da Bolívia. Um "motim policial", estimulado pelas forças de direita, tenta desestabilizar o governo do presidente Evo Morales.
Para não serem pegas novamente de surpresa, as forças democráticas e progressistas da região precisam urgentemente protestar e levantar barreiras de contenção. A reunião do Mercosul, que ocorre em Mendoza, Argentina, nesta quinta e sexta-feira, deve adotar medidas duras - políticas e econômicas - para barrar as forças fascistas que não toleram a democracia e a integração soberana da América Latina. Neste sentido, cumpre importante papel o manifesto lançado por intelectuais e artistas contra as tentativos de golpe na Bolívia. Ele está aberto a novas adesões. Ajude a difundi-lo amplamente.
POSTADO POR GILBERTO TRUIJO
Movimentos sociais do Rio realizam ato contra o golpe no Paraguai Lideranças sociais e sindicais consideram o impeachment do presidente Fernando Lugo como um golpe contra a América Latina
O Comitê Rio de Janeiro em Solidariedade ao Povo Paraguaio realizou um ato, nesta sexta-feira (29), em frente ao consulado do Paraguai na zona sul da cidade. Representantes de movimentos sociais, sindical e estudantil, se posicionam contra o impeacheament que destituiu Fernando Lugo, eleito pelo voto popular, da presidência do país. O objetivo é claro: impedir a continuidade dos governos progressistas na América Latina.Participaram vários representantes de movimentos sociais tais como CUT, CTB, Centrais Sindicais, Sindipetro-RJ, Conlutas, Casa da América Latina, além de representantes de partidos políticos e de outras organizações sociais. O diretor do Sindipetro-RJ, Francisco Soriano, apontou os interesses dos Estados Unidos em ter uma base militar bem no coração da América Latina, aproveitando o imenso aeroporto no Chaco paraguaio, “um ponto estratégico”, analisa Soriano. O aeroporto serviria como ponto de apoio para o deslocamento das forças especiais do Pentágono. Considerando, também, as terras da região, prontas para serem incorporadas à produção de commodities.Por sua vez, o advogado Antonio Modesto da Silveira, caracterizou a situação como “um jogo do capitalismo. Um golpe branco, ilegal e, sobretudo, imoral para toda a América Latina”. E, avalia Modesto, para defender um processo democrático, que eleve e integre todos os povos do continente de forma civilizada e humanista, “é preciso encher as ruas com as massas que representamos para repudiar o golpe”. Pela manhã, durante a da tradicional barqueata dos pescadores de Jurujuba em homenagem ao Dia de São Pedro. Bandeiras, faixas e camisas da campanha do petróleo, e faixas de apoio à democracia e contra o golpe no Paraguai foram levadas pelos barqueiros à procissão marítima, que passou pela Baía de Guanabara. Ato de solidariedade ao povo paraguaio terça-feira às 18:30 no Sindipetro-RJ Presenças confirmadas: Maurício Azedo, Presidente da ABI, João Batista Duboc Pineau, jurista, , Marcelo Durão, do MST e o ex-deputado federal Modesto da Silveira, além de representantes da CUT, do CTB, do Conlutas e do MST. O ato é contra o golpe de estado perpetrado contra o presidente Fernando Lugo e pelo retorno da normalidade democrática no Paraguai. O Sindipetro-RJ fica na Av. Passos, 34, próximo à Pça Tiradentes.
postado por Pasqual Macariello - RJ
O crime perfeito contra LugoClóvis RossiO sociólogo Felippe Ramos (Universidade Federal da Bahia) fez para o site da revista América Economia o que os jornalistas deveríamos ter feito antes: visitou a peça de acusação que serviu para o fuzilamento sumário do presidente Fernando Lugo.Fica evidente que Lugo estava condenado de antemão. No item “provas que sustentam a acusação”, se diz que “todas as causas [para o impeachment] são de notoriedade pública, motivo pelo qual não precisam ser provadas, conforme nosso ordenamento jurídico vigente”.Como é que Lugo –ou qualquer outra pessoa– poderia provar o contrário do que não precisa ser provado? Impossível, certo?O processo pode até ter seguido as regras constitucionais e o “ordenamento jurídico vigente”, mas, nos termos em que foi colocada a acusação, só pode ser chamado de farsa.
Veja-se, por exemplo, a primeira das acusações: Lugo teria autorizado uma reunião política de jovens no Comando de Engenharia das Forças Armadas, financiado por instituições do Estado e pela binacional Yacyreta.Se esse é argumento para cassar algum mandatário, não haveria presidente, governador ou prefeito das Américas que poderia escapar, de direita, de centro, de esquerda, de cima ou de baixo. Ademais, não consta que a Constituição paraguaia proíba o presidente ou qualquer outra autoridade de autorizar concentrações de jovens. Aliás, é até saudável que se estimule a participação política dos jovens.Mais: o evento foi em 2009. Se houvesse irregularidade, caberia ao Congresso ter tomado à época as providências, em vez de esperar três anos para pendurá-lo em um processo “trucho”, como se diz na gíria latino-americana.A acusação mais fresca, digamos assim, diz respeito, como todo o mundo sabe, à morte de 17 pessoas, entre policiais e camponeses, em um incidente mal esclarecido no dia 15 passado. Diz a acusação: “Não cabe dúvida de que a responsabilidade política e penal dos trágicos eventos (…) recai no presidente da República, Fernando Lugo, que, por sua inação e incompetência, deu lugar aos fatos ocorridos, de conhecimento público, os quais não precisam ser provados, por serem fatos públicos e notórios”.De novo, a acusação dispensa a apresentação de provas e condena por antecipação o réu, como faria qualquer república bananeira ou qualquer ditadura.Nem o mais aloprado petista pediu o impeachment do presidente Fernando Henrique Cardoso por conta da morte de 19 sem-terra em Eldorado dos Carajás (Pará), em abril de 1996, no incidente que mais parentesco tem com o que ocorreu há duas semanas em Curuguaty, no Paraguai.É importante ressaltar que líderes dos “carperos”, os sem-terra paraguaios, disseram que os primeiros disparos no conflito do dia 15 não saíram nem deles nem dos policiais, mas de franco-atiradores. Enquanto não se esclarecer o episódio, qualquer “ordenamento jurídico” sério vetaria o uso do incidente em qualquer peça de acusação.Deu-se, pois, o crime perfeito: cobriu-se um processo sujo com o imaculado manto da Constituição.
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