segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (50) e DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (47)


ALGO PRECISA SER FEITO CONTRA LEI IMPEDINDO ACESSO LIVRE AO CALÇADÃO
Leis feitas para favorecer poucos ou para guarnecer interesses que não os coletivos, ainda mais quando ferem direitos constitucionais precisam mesmo é serem combatidas. Uma delas esteve novamente à baila durante o Carnaval bauruense. O bloco carnavalesco BAURU SEM TOMATE É MIXTO querendo descer o Calçadão da rua Batista de Carvalho, em suas sete quadras hoje sobre o manto protetor (sic) de uma tal de Comissão Municipal de Estudo para a revitalização da Àrea Central, antigamente conhecida como Associação doas Empresas do Calçadão, hoje guarnecida pela Lei 6269/2012, dando “destinação especial às quadras 1 a 7 e disciplinando sua utilização, transferidas da categoria de bens de uso comum para bens de uso especial”, teve inicialmente autorização INDEFERIDA e só posteriormente autorizada, após interferência do Secretário Municipal de Cultura, Elson Reis.

Guardião, o super-herói de Bauru, prestes a se lançar nas bancas na edição nº 2 de seu gibi, dessa vez versando contra as erosões, deu um breque em tudo e foi espiar o cordão de isolamento em volta do Calçadão: “Arame farpado pontiagudo e cortante, isso sim. Precedente perigoso demais em se tratando de vivermos dentro de uma democracia, com a Constituição prevendo uso livre, leve e solto de ruas e praças pelo povo pátrio. Isso me cheira a gueto e a favorecer interesses contrários aos previstos no próprio nome da entidade que diz administrar tudo, a propor uma Revitalização, que não ocorre. Quem aprovou isso sem questionamentos precisa ser enquadrado, questionado, cobrado e os atuais vereadores instigados a reverem essa aberração jurídica”, são suas palavras fazendo um sinal de positivo para um alusivo corte no tal arame farpado, quando da tranqüila e alegre descida do bloco pelo até então “quase” proibido lugar público.

Quando escrevo quase entre aspas, isso faz sentido. Guardião explica: “O vereador Roque Ferreira é um batalhador no quesito boicote à essa lei, pois sua banca política, todo sábado no Calçadão sofreu problemas mil, peitando até se impor, lá permanecendo, não numa afronta, mas fazendo valer lei acima da municipal. Tantos outros tentaram fazer o mesmo, alguns conseguindo, outros não. A luta é antiga, a lei mais antiga sobre esse tema é do ex-vereador João Parreira de Miranda e foi amplamente combatida por um grupo de artistas locais, gerando ampla divulgação pela imprensa. Quase foram presos por fazer arte naquele local. Reviver isso é fazer o que tem que ser feito agora, cortar e extirpar esse arame farpado de vez da vida do bauruense”.


O fato é o relatado a seguir. Em 1996, portanto, passados exatos 17 anos, o problema já existia. Naquele ano o grupo teatral “Sylvia que Te Ama Tanto” foi levado à presença da autoridade de plantão para explicar dos motivos de produzir arte na rua e querer baterem de frente com legislação proibitiva. Era necessário um alvará de autorização para qualquer coisinha feita fora do script no Calçadão e o grupo, claro, não iria lá se preocupar com isso. Mariza Basso, integrante do grupo até pediu autorização (seu diretor era Marcio Pimentel), mas enfrentaram problemas mil de desautorizações, vigentes até hoje, com uma renovada lei. Tinham, assim como hoje, para botar o bloco nas ruas, ter que enfrentar a burocracia (ou seria burrocracia?). Nas fotos, ela, Julio Hernandez, Val Rai (falecido), Márcio Pimentel e Damaris Villaça, no contundente texto Jorge Miyashiro Junior, ator, hoje na paulistana Cia Trucks. Clicando em cima de cada foto, ela ficará imensa, sendo possível sua leitura.

“É simples”, conclui Guardião. “Enquanto vigorar uma draconiana lei como essa, enfrentamentos serão inevitáveis. Que esse último, a autorização para descida do bloco seja a gota d’água, servindo para arejar mentes e livrar o Calçadão, nossa mais movimentada via urbana de tão repugnante cerca. Aceitando tudo calado, daqui a pouco muitas outras áreas de destinação especial entrarão em vigor e isso será o caos”.

Obs.: Desculpas coletivas. No corte do arame deveria estar uma mão coletiva e não somente a desse barbudo senhor. Gonçalez desenhou assim, mas o bloco não possui (e não deverá possuir nunca) um só comandante, sendo objeto de uma ação coletiva, desorganizada, desintegrada e festeira. Do contrário, não teria sentido e nem conseguiria sair. Quer dizer, não existem donos e aos cobradores, credores e questionadores fica a deixa: tentem encontrar um de nós.

12 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

BAURU precisa acabar com essa mania de ter "DONOS" disso ou "DONOS" daquilo... uma via pública é PÚBLICA e a Rua Batista de Carvalho é uma via pública e quem estiver se intitulando PROPRIETÁRIO que mostre a escritura PÚBLICA dessa propriedade... nem a POSSE eles possuem, nem a POSSE... nome aos bois meu amigo nome aos bois e chega dessa palhaçada!
José Luiz Schubert

Anônimo disse...

Caro Henrique, a Lei Orgãnica do Município garante o direitos de manifestações, culturais e artísticas sem restrição no calçadão.

Roque Ferreira

Anônimo disse...

Henrique
A associação que cuidava do calçadão tinha uma visão tão mesquinha e só visava lucro que foi retirando os bancos que havia a disposição dos consumidores,certa vez questionei um diretor e ele me disse que ali o consumidor tem passar , comprar e ir embora .o projeto de rua 24h. ninguém mais fala e assim vai se degradando mais esse espaço da região central.
Lázaro Carneiro

Anônimo disse...

HENRIQUE;

Os consumidores gradualmente estão indo pros shoppings pois sentem constrangimento nessas frases de efeito como essa do "diretor" que afirmou que o "consumidor" tem que passar, comprar e ir embora, como foi infeliz esse cara... Bauru já tem dois excelentes SHOPPING CENTER que além de muitas coisas proporcionam constantes promoções, lojas de grife internacionais, ar condicionado, fartos estacionamentos, sombra, água fresca e uma enorme variedade de atrações diárias... TEIMOSOS aqueles que insistem em passar por constrangimentos desse porte ao tentar RESGATAR um passado que jamais será RESGATADO pois a "velha BATISTA" nunca mais será igual a era nos anos 50, 60, 70 80 e meados dos anos 90...

SHOPPING CENTER sem dúvida é o futuro que está muito próximo, bastará que o POVÃO se sinta bem a vontade e frequente mais, nem só de coisas mais baratas o povo vive... o povo tb quer as coisas boas com as facilidades existentes. E, sem imposição alguma nem constrangimento (vide a fala do diretor) ou se sentir USADO apenas.

José Luiz Schubert

Anônimo disse...

PARABÉNS, Henrique pelo artigo.

ACERTOU A MOSCA COMPANHEIRO E SEGUIDO DO Schubert José L R e do amigo Lazaro Carneiro Carneiro.

PRECISAMOS ACABAR COM ESSA LEI, VAMOS NOS UNIR POIS O CALÇADÃO E QUALQUER PRAÇA OU RUA DE BAURU É DO POVO.

GILBERTO TRUIJO

Anônimo disse...

Na época não fomos apenas convidados a nos retirar, era uma coisa, fomos escorraçados... Uma vergonha, tanto que a policia estava lá para nos tirar... Enfim... Sobrevivi... Saí da cidade para ser artista... quantos terão mais que sair? Até hj?

Eu adoro os Shoppings, eles me contratam com ótimos cachês... Fiz inúmeros trabalhos no Bauru Shopping, com grandes e valiosos amigos artistas (reconhecidos) mas também já me joguei no calçadão para o meu bom e velho chapéu... Mas Bauru não pode... Manifestação artística no calçadão, pode se não tiver chapéu... Complicado né...

Julio Hernandes

Anônimo disse...

Complicadissimo.. sem chapéu é sem comentários...me enoja ver esse "controle".
Bruno Lopes

ArabeAlli disse...

Caro Henrique, esta é apenas a pontinha do iceberg. Como tudo no Brasil tem dono, e o dono nunca é o povo brasileiro, o calçadão tb tem dono, e o dono não é a população bauruense. É meia duzia de tres ou quatro, que exercem ali os seus mandos e desmandos, amparados pelo poder de plantão (e o poder sempre esta de plantão para estes). Em Bauru desde os índios, como no Brasil desde os portugueses, a propriedade do solo sempre esteve nas mãos das elites, que fazem uso dele como bem lhes aprouver. A tal lei 6269/2012 nada mais é que uma descrição pomposa para as rédeas do poder dos que pensam mandar tão afinados que são com a Tradição, com a Ordem e com a Propriedade.

duiliodukadesouza disse...

Meu amigo/irmão Henrique:

É bom lembrar que o Calçadão é uma herança daquele nefasto governo do pingo vermelho no "i" azul - Izzo.

Lembremos também, que o primeiro a quem se titulariza "dono" de Bauru foi Franciscato, chefe de um grupo, que por sinal ainda "manda" na cidade - via JORNAL DA CIDADE (criado em 1967, como porta-voz desse grupo), Rádio FM 96, e EXPRESSO DE PRATA (monopólio do transporte intermunicipal, principalmente Bauru-São Paulo-Bauru).

Sem nos esquecermos de que depois de Franciscato-prefeito, (1969-1973), dos que vieram posteriormente, a saber: Edmundo Coube, (1973-1977), Osvaldo Sbeghen, (1977-1983), Tuga Angerami (1983-1988), Izzo Filho, (1989-1992), Tidei de Lima, (1993-1996), Izzo/Nilson, (1997-2000), Nilson Costa, (2001-2004), Tuga, (2005-2008), Rodrigo Agostinho (2009-2012) e Rodrigo Agostinho, (2013…), NENHUM DELES fez opção preferencial pela liberdade do povo trabalhador. Liberdade de ir e vir. Liberdade de expressar o pensamento. Se se fez muito foi proselitismo, demagogia pura! Exemplo está aí nessa tal Lei do Calçadão. Nas atitudes abusivas de poder ou policialescas de alguns empresários, autoridades públicas administrativas e também de políticos, contra as atividades organizadas pelos trabalhadores e estudantes, bem como dos festeiros da cidade que buscam por justiça, liberdade e respeito.

Então, meu caro Henrique, digo-lhe que você foi feliz em abordar essa temática, pois abriu a possibilidade de se escancarar algo que há muito devia ser escancarado: as áreas públicas transformadas em capitanias ou feudos por leis antidemocráticas, anti-povo . E a resposta que temos que dar é: “lei, ora a lei”! A LUTA É QUE DEVE FAZER A LEI.

Abraço do
duilio duka de souza zanni

Anônimo disse...

Forte abraço guerreiro.

Gaspar Moreira

Mafuá do HPA disse...

QUERO DAR UMA EXPLICAÇÃO PARA A RADIALISTA MARIA DALVA:

Agradeço ter se sensibilizado com esse tema e tê-lo reproduzido em seu programa diário, ontem pela FM 94, noticiário da hora do almoço.

O fez lendo parte desse texto do blog, que enviei diretamente para os órgãos de mídia local. Acredito ter sido a única a fazê-lo, pois viu no tema algo que realmente necessite de discussão e novas deliberações pelo Legislativo Municipal. Enxergou mais, dos malefícios de leis proibitivas e excludentes em locais públicos.

Percebi alguma confusão no que disse e te explico.

O Mafuá do HPA é o nome do meu blog pessoal, onde posto tudo o que me vem à cabeça, meu modo de agir e pensar.

O Guardião, denominado de super-herói bauruense é criação do desenhista Leandro Gonçalez, com pitacos meus nos temas publicados no blog. Gonçalez criou um gibi para suas ações, devendo lançar o número 2 esse mês e aqui no blog em duas inserções mensais foca em temas bauruenses.

O Guardião é usado aqui no blog para expressar a opinião coletiva de forma contundente dos problemas locais. É o que foi feito nesse texto. Um super-herói preocupado com os problemas de sua cidade e pronto a defendê-la, extrapolando de ações meramente no campo das Histórias em Quadrinhos.

Agradecemos a sensibilidade de focar o tema e nos citar.

Atenciosamente

Henrique Perazzi de Aquino - pelo blog Mafuá do HPA

Anônimo disse...

BOM DIA! Realmente existem pessoas que se acham no direito de tomar conta de tudo e, se bobearmos elas tomam posse e depois querem usucapião das coisas públicas também. São pequenos grupos que se auto intitulam os "DONOS" de tudo pelo fato de possuírem um pouco mais de dinheiro do que os outros mas, que não se esqueçam do início, de como começaram até chegar onde chegaram e que não se esqueçam também que BAURU é bem anterior a todos eles...

Usucapião Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Usucapião (do latim usucapio, ou "adquirir pelo uso") é o direito que um cidadão adquire por possuir coisa móvel ou imóvel como se fosse sua, contínua e incontestadamente, decorrente do uso por determinado lapso temporal.

José Luiz Schubert