sábado, 9 de fevereiro de 2013

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (213, 214 e 215) 

EU FESTEJO, TU FESTEJAS, ELE FESTEJA... texto publicado hoje, 09/02/2013

Eu sou daqueles que não consigo me aquietar durante o Carnaval. Irrequieto por natureza, nesse período fico ainda mais agitado. Festa com povo nas ruas é comigo mesmo. Estou sempre dentro, porém não bailo por bailar. Detesto esse termo muito utilizado hoje em dia, o “balada”. Sou do tempo da “boêmia” e dela não arredo pé. Não saio por aí curtindo qualquer coisa. As escolhas são pautadas pela sensatez. Tudo na vida precisa de certo critério. Ao menos tento agir assim, se consigo, são outros quinhentos. O Carnaval tão vilipendiado até bem pouco tempo, objeto de obscura perseguição, como sendo algo pernicioso, ressurge das cinzas e nesse ano, mostra-se revigorado e cheio de encantos mil. A presenciada abertura oficial com o Baile da Hípica foi magistral. A sempre útil Banda da Folia não abre mão, só marchinhas e sambas da fina-flor. Resultado, alegria incontida no salão. Um primor a preparação dos desfiles nas ruas. No Sambódromo, desde a festa da eleição dos reis da folia até o culminar com os blocos e escolas de samba, tudo cuidado nos mínimos detalhes. Salões conhecidos e muitos alternativos, festa por todos os lados. A ideia de dois grandes bailes populares, um no Mary Dota e outro no Jardim Ferraz foi primorosa, ainda mais na escolha do show com o Tropical Super Som, do polivalente Toninho, um que não mistura alhos com bugalhos e tocará o que nos move nesse período, o bom e necessário ritmo carnavalesco. Só e tão somente isso. Nas ruas e praças dois blocos em lugares e horários alternativos. O “Agora ou Nunca” saiu dia 2 e hoje, 12h o “Bauru sem Tomate é MiXto” (com X mesmo), mostrando que a irreverência pode e deve também ser feita com picardia, crítica social, pois festa não é sinônimo de alienação. Já do percurso, o Calçadão da Batista, na junção da explícita jocosidade com sua mais movimenta rua urbana, congraçamentos mil e a clara demonstração de que comerciário, consumidor e comerciante também devem ter seus dias de “refrigeramento”, afinal nem só de trabalho, consumo e lucro deve viver o ser humano. Festar é viver. 

TUDO JUNTO E MISTURADO
texto publicado dia 02/02/2013

A morte do colega do BOM DIA, o professor Chamadoira me faz refletir sobre esses adoradores de cultura, que leem andando nas calçadas, trombam em postes e caem em buracos. O máximo do padecimento são algumas escoriações no nariz e cortes na canela. Impossível não se lembrar do saxofonista Nicodemus tocando seu instrumento pelas ruas e caindo nas guias e sarjetas. Pequenos riscos. Um quarteto retornando de um encontro onde falavam de livros, poesias e escritores é assunto para mais de mil. Continuaram tricotando pela estrada afora e com o carro em movimento. Algo mais do que normal. Não contavam com um trevo pela frente e num descuido, algo fatal, dor imensa para todos, cruel desfecho. Com certeza, todos os quatro estavam entretidos, envoltos na áurea a cobrir os conversadores, batedores de desvairado papo e absortos nos assuntos os fazendo viajar se imaginando com os pés fora do chão. A volta à realidade está sendo dura para todos, principalmente os flanadores de letras e palavras. Não existe como voltar atrás. Guardaremos desse a prosa sempre saudável, objetiva, lúcida e cheia de citações, erudito sem pedantismo. Fácil sair do prumo conversando com gente assim. Dias depois quem partiu foi o militante político e professor de francês, o belga Tristan Dierczx, criado em Botucatu e que por anos agitou a política petista bauruense. Muitas histórias e uma delas conto aqui. Dia da posse do pastor Sakai Pinto como presidente da Câmara de Vereadores de Bauru; ele, eu e Ademar Aleixo nos municiamos com imensos cones de papel e sal grosso, num protesto contra o que sabíamos iria se instalar ali: a inocuidade política. Tachados por Marcelo Borges de “Os Três Patetas”, incorporamos o nome, servindo de elogio e incentivo para ações contra a escrachada pantomina. Ele sempre agia assim, comprava brigas, punha a cara para bater e provocava os perversos, se possível colocando-os contra a parede. E eu ia junto. Hoje ele se foi, um a menos para se postar frente à continuidade de gente que vem para fiscalizar, mas merecem mesmo é serem fiscalizadas. Na sequência chega o Carnaval e com ele a possibilidade de botar o bloco na rua, juntando poesia, protesto, jocosidade e cutucões, tudo junto e misturado. É o que tenta fazer o bloco “Bauru sem Tomate é Mixto” (com X mesmo), tropicando nas pernas, ironizando e botando os bofes para fora. Dia 09/02, 12h, Calçadão da Batista. 

ÓDIO ATRAVANCANDO AVANÇOStexto publicado dia 26/01/2013


Retranca quase total com discussões políticas na internet. Campo fértil para ações preconceituosas. Da boca para fora, avançadinhos, mas muitos praticam o jogo de interesse oposta à sua condição social. Isso sempre ocorreu no país. Não é de hoje que a classe média come frango assado e arrota peru. Sonham subir ao degrau de cima da escala social e mesmo não conseguindo, defendem os ideais propostos por esses como condição ideal de vida. Experimentem defender os movimentos sociais, ações do MST e percebam a reação. Execram a luta pela terra, rechaçam o que nosso maior e mais saudável movimento social produz. Repetem, ainda por cima, serem caso de polícia. Dignos conceitos de representantes da “casa grande” e quando
o assunto é o da “senzala”, não gostam de viverem misturados. O Bolsa Família é outro quesito. Programas de ação social aos menos favorecidos existem na maioria dos países ditos civilizados (só nos EUA que não). Na Alemanha, por exemplo, todo cidadão que vive à margem da sociedade recebe um valor mensal. Reduz a miserabilidade, inclui os excluídos, mas aqui, pelo motivo de não ter sido criado pelos que governaram o país nos seus primeiros 500 anos, virou assistencialismo. Dividir esse bolo dando um mínimo para os mais necessitados é programa inclusivo de caráter eminentemente social e qualquer um usando do seu bom senso deveria aprovar, mas aqui é repudiado. Os exemplos dessa rejeição refletem, infelizmente, um único motivo. Ações dos governos Lula e de Dilma são repudiados pelos que renegam justa partilha do bolo chamado Brasil. No fundo, são excludentes. Essa a democracia vigente, satisfazendo anseios só de uma malta. E olha que Lula fez pouco, aliou-se a lado retrógrado para chegar ao poder e dessas alianças, meteu os pés pelas mãos, mas não existe como não reconhecer que o país de hoje é infinitamente melhor daquele que encontrou. Reconhecer os avanços é um mínimo. Seria salutar algo mais além do feito por Lula, retroceder jamais. Visceral ódio de classe impede e atravanca os avanços.

Obs.: Nas fotos intrépitos arruaceiros, esses sempre de plantão, confeccionando o Estandarte do bloco "BAURU SEM TOMATE É MIXTO" e depois levando-s para sua primeira aparição, num programa internético de TV do Enxame Coletivo. Todos se salvaram, inclusive o estandarte que desfilará hoje pelo Calçadão da Batista, a partir das 12h, com sol ou chuva...

4 comentários:

Anônimo disse...

"um SUPER CARNAVAL na estréia do BAURU SEM TOMATE É MIXTO!!!"
Carlos Eduardo Martins

Anônimo disse...

Henrique... queria demais estar presente, por vcs e pra curtir o carnaval tbm ... mas cara, acabei de editar um vídeo agora, às 7:02 da manhã ... o cansaço bateu legal. Depois de 42 carnavais, o pique diminuiu. Aos vinte, eu estaria tomando um banho e me preparando ... kkkkkkkk ... tô velho, amigo
Paul Sampaio Chediak Alves

Anônimo disse...

"Eu e Tito adorariamos participar, mas amanhã, a nossa filhota Thayane e sua família, estarão retornando a Santa Cruz de la Sierra (BO) e queremos curti-los bastante. Aproveitem bastante. Ano que vem estaremos todos juntos nesse bloco - se Deus assim permitir. Grata e um bj no coração.
PS. Agradecido Henrique

Sandra Preira e Tito Pereira

Anônimo disse...

Henrique..fiquei sem internet nesses dias todos..mas valeu,sem querer estava na rua e vi..parabéns! continuem com ele no ano que vem ..precisamos resgatar os antigos carnavais. Eu adoro, sempre fui de sair em blocos, não aqui pq fiquei muito tempo morando fora, mas adorei a idéia.
Até a próxima! Abraços
Cpewlia Rosely Zani Tayar