CHARGES ESCOLHIDAS A DEDO (67)
AS OBRAS INACABADAS E PARALISADAS EM BAURU – QUEM LEMBRAR MAIS UMA GANHA UM DOCE
Algo me chama a atenção na leitura da semanal Carta Capital (edição 7440, a matéria, “A república do atraso”, autoria dos jornalistas Gabriel Bonis e Rodrigo Martins. Simples, “Com graves falhas de planejamento, obras se arrastam por décadas e minam a expansão do PIB”. Pior do que a corrupção, segundo o texto, são os projetos mal feitos, pois geram atrasos e desperdícios. Tudo isso ocorre no país por problemas variados: interrupção no repasse de verbas, licitações suspeitas, indícios de superfaturamento, longas batalhas judiciais, em comum, graves falhas de planejamento, da elaboração até a fiscalização. Olha uma das conclusões: “Falhas nos projetos podem levar a aumentos substanciais no valor do empreendimento, que pode ficar sem recursos para sua conclusão”. No final de tudo, a derradeira conclusão: “O Brasil precisa planejar melhor” e uma pitada mais do que amarga para os municípios que recebem obras, sejam com verbas estaduais ou federais: “Os órgãos públicos responsáveis não acompanham adequadamente sua execução”.
Leio tudo pensando na minha aldeia, Bauru e nas obras paralisadas ou nem começadas. Assim de bate pronto lembro de algumas e as coloco no papel:
EMEI PINÓQUIO, ali pertinho da praça Luiz Zuiani, duas quadras do Cemitério da Saudade. Aquela escola foi um primor no passado e hoje, interrompida e com promessas mil de retomada.
EMEI NO BAURU 1 (ISAURA PITA GARMS), na sequência da Alberto Paulovick, depois do Mary Dota. Uma escola funciona linda e pomposa ao lado de outra só no esqueleto, mato alto crescendo entre as paredes, isso desde a administração do Nilson Costa.
ESTAÇÃO CENTRAL NOB, edificação comprada pela Prefeitura, vários projetos feitos e uma desculpa, faltava aprovação do Condhephatt. Hoje, sabe-se, falta mesmo grana.
ESTAÇÃO DA CIA PAULISTA, parte da grana de emenda parlamentar e outra de recursos próprios, isso o motivador da demora na execução de obra até com placa com valor sugerido.
ESTAÇÃO TRATAMENTO ESGOTO, uma no Gasparini, sempre inconclusa e outra, agora com grana carimbada do Governo Federal, promessas e nenhuma data sugerida no horizonte.
SHOPPING MAKSOUD, chaga exposta no centro de Bauru, particular, iniciada e paralisada por motivos particulares do investidor. Sem pressão, o piscinão de dengue resiste ao tempo.
VIADUTO INACABADO SOBRE TRILHOS, esse antológico e reduto de histórias da carochinha e do curupira, pois ninguém é o pai da criança, mas que algo de muito estranho por lá ocorreu, disso não existe a menor dúvida.
RECAPEAMENTO DEFINITIVO NA RODRIGUES ALVES, algo que vai e vem. Os eternos buracos são tapados e se destapam com a mesma rapidez. Fala-se em concreto pisos inovadores, mas o velho pixe continua e as ideias não saem do papel.
Ajudem-me aí, pois exemplos existem outros, outros e mais outros. Tudo o que a revista cita como exemplo estão aqui ocorrendo, um bocadinho em cada obra, uma justificativa em cada uma delas. Bauru é um pedacinho dessa imensidão chamada Brasil, sem tirar nem por.
Obs.: As charges foran todas gileteadas via internet e são meramente ilustrativas.
2 comentários:
Pois é Henrique, seu excelente texto me reporta aos primeiros anos da ditadura militar, quando um dos generais no comando do país resolveu criar os cargos em comissão no governo federal, para acomodar empresários da iniciativa privada no topo dos principais órgãos públicos sob a justificativa de que os funcionários de carreira, concursados, eram desprovidos de competência para planejar e gerir a coisa pública. Assim, foram criados os tais DASs (cargos comissionados no serviço público), que migraram para os estados e municípios. E, normalmente, são estes DASs, em sua maioria desprovidos de qualquer conhecimento de planejamento e gestão pública, contratados simplesmente por integrarem este ou aquele grupo político, os responsáveis pelo mau planejamento e gestão pública do nosso país (isto em qualquer instância, seja federal, estadual ou municipal).
Rui Zilnet
Henrique
Viaduto inacabado sobre trilhos - Uma vergonha para nós bauruenses. Soa como um monumento à incompetência. Todos que visitam a cidade pela primeira vez ficam espantados com a "obra". Parabéns pelo belo texto.
Vitor Ribeiro
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