sábado, 20 de abril de 2013

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (223, 224 e 225)

PAREI COM O CHOCOLATE – texto publicado edição 06.04.2013
Não via meu amigo Val há um bom tempo. Anteontem me aparece no portão de casa e a prosa estendeu-se por boa parte da manhã. Fico sabendo dos motivos de seu sumiço. Estava à trabalho pelo interior da Bahia, isso desde o começo do ano. Voltou cheio de histórias. Nem me lembro dos motivos de termos engatado no assunto da Páscoa. Num certo momento diz: “Não como mais ovos de Páscoa, aliás, mesmo gostando muito, decidi não consumir mais chocolate”. Levei um susto, pois também gosto muito da iguaria derivada do cacau. Sou praticamente obrigado a perguntar dos motivos. Ele me explica. “Trabalhei em várias cidades onde o cacau predomina na agricultura local e envolve uma elevada quantidade de trabalhadores. Todos há anos ali naquela continuada lida, colhendo-o de árvore em árvore e cada vez mais pobres, sem nenhuma esperança de melhorar de vida. Observei por dias a incessante e cansativa função e como é feita a sua remuneração”, começa seu relato. “Mas e daí, que isso tem a ver com não comprar mais chocolate, explica aí, Val?”, pergunto. Ele me diz tudo de uma só talagada: “Eu vi estampado na fisionomia deles a desesperança. Trabalham muito e ganham quase nada, enquanto uns poucos ganham os tubos, muito mesmo. Injustiça de doer a alma do cidadão. Gerações e gerações de trabalhadores sem nenhuma esperança. Em torno de R$ 2 reais dia por balaios e balaios de cacau, exaustivo trabalho para quase nada. Eu sofri ao lado deles”. Tudo começou a fazer sentido. “Como eu vou poder continuar comendo chocolate se a cada vez que pego um penso neles todos? O mais difícil foi convencer os de casa que o chocolate é fruto de muita exploração, a do homem pelo homem. Trocamos por outra coisa”, me disse. “Que outra coisa, Val, pois se for pensar por esse lado, não vai sobrar nada para colocar na sua mesa”, conclui. O cacau, sempre foi desde as revelações feitas pelos livros de Jorge Amado, só a ponta de um iceberg de muita ganância, insensibilidade, onde o ser humano nunca está em primeiro lugar. Esse o justo mundo que vivemos.

GRILLO, VALERIANO E EU NAS PARADAS – texto publicado edição 13.04.2013
Beppe Grillo fundou um agrupamento político na Itália, o Movimento 5 Estrelas (MS5E). Ele é um famoso comediante e agrupou em torno de um surreal fenômeno, o do grilismo. O perfil ideológico é conservador, tentando se declarar nem de direita nem de esquerda. O cara saiu vitorioso nas últimas eleições italianas, como o fiel da balança da governabilidade no país e se coloca acima dos partidos e contra estes. Pouco se sabe de suas reais intenções, mas o que se vê e muito é visto, porque tudo o que se passa nas entranhas do movimento circula pelas vias internéticas. O fato é que Grillo faz bem uso disso e nada de braçada diante dos que atuam distantes desses meios. Não sei avaliar se Grillo seria mais ou menos pernicioso para o processo em curso do que um Valeriano, por exemplo. O que sei é que ambos usam muito bem os instrumentos virtuais. Grillo pelo já exposto e Valeriano por divulgar a cada novo abrir de boca, seu pensamento, sua linha ideológica, sua forma como entende o diabalização da sociedade e na divulgação disso, muitos oponentes, porém muitos apoiadores. Ele amplia os descontentes e amplia pelo outro lado, os contentíssimos. São os dois lados da mesma moeda Eu tento fazer o mesmo com um blog bauruense, o Mafuá do HPA, gravitando à esquerda, porém com ação ainda restrita somente com os de minha aldeia. Não passo disso, pois não possuo o mesmo poder aglutinador de Grillo e de Valeriano, mas tento, insisto e resisto. Continuo indo em manifestações por onde elas ocorrem, sei da importância do povo continuar alerta, organizado e sempre a postos para fazer a grita no local dos fatos, mas sei também da importância de tudo hoje estar interligado com uma divulgação pela internet. De tudo, minha modesta conclusão. Será que ao batucarmos algo para os que estão do lado de lá dessa telinha mágica, estamos conseguindo fazer chegar a mensagem como a queríamos? O que falta para isso? Um amigão meu esteve aqui ontem, mudou-se para Botucatu e criou um blog para postar acusações contra os desmandos lá ocorridos. Fui olhar seu blog e não vi ali nada atrativo, nada sugestivo. Diante de tanta coisa vistosa, não pecamos pela falta de profissionalismo na apresentação? E por que não unir isso tudo? De bonito se vai ao longe, talvez mais rapidamente.

PADRÕES DE MANIPULAÇÃO – texto publicado edição de 29.04.2013
A eleição na Venezuela transcorreu dentro da normalidade até o momento em que Maduro, cuja votação esperava-se ser mais expressiva, ganhou com reduzida margem. Estranhamento? Poucos. Maduro não é Chávez, isso é ponto pacífico. O jogo lá sempre foi pesado e enraivecido, aliás, como aqui. Perder ninguém gosta, ainda mais por pequena margem. Daí algo ainda não muito bem esclarecido. Caprilles, o opositor, juntando na sua arca tudo o que seja contrário ao bolivarianismo, diz exigir a recontagem dos votos. Até aí, algo ainda natural. Nos bastidores essa naturalidade não existiu. O bloco direitista foi para as ruas, fez e aconteceu. Quis virar o país do avesso e com apoios externos conhecidos, EUA principalmente. Pessoas foram fuziladas em esquinas, carros e prédios incendiados por terem vinculação com o lado vencedor nas eleições. Estava mais do que claro estar em curso uma tentativa golpista. Felizmente abortada, mas os culpados ainda não devidamente identificados. A Venezuela tem lá sua divisão. Nela o lado bolivariano predomina. Algo mais ocorreu e ocorre não só lá, mas em vários lugares, inclusive no Brasil. Vivenciamos via informações retransmitidas pelos órgãos de comunicação uma total inversão da realidade lá ocorrida. Isso me fez lembrar-se de um livrinho lido anos atrás, o “Padrões de manipulação na grande imprensa”, ensaio do sociólogo Perseu Abramo. “Recriando a realidade à sua maneira e de acordo com os seus interesses político-partidários, os órgãos de comunicação aprisionam os seus leitores nesse círculo de ferro da realidade irreal, e sobre ele exercem todo o seu poder”, afirma. Vejo a maioria da mídia ressaltando exatamente o contrário do que aconteceu. O fato em si não importa mais, o que vale são as declarações, dela mídia, alheias a esses fatos. “Frequentemente, sustenta versões mesmo quando os fatos a contradizem”, conclui Abramo. A eleição foi limpa, sujo está sendo os que não respeitam o resultado das urnas e com ajuda da mídia, de lá e daqui, tentam mostrar que o que não ocorreu ocorreu.

RICK STONES, 53 ANOS HOJE E EM PLENA RECUPERAÇÃO – texto publicado ontem no meu facebook e que até o momento já teve 57 compartilhamentos: Tropeços na vida quem não os dá? Todos e durante vários momentos em nossas vidas. Alguns, dizem, são inevitáveis. Pisadas em falso, degringoladas, descaminhos, enfim, é realmente muito difícil caminhar na linha nesse mundo atual. Dizem que se assim o fizéssemos o trem nos pegaria. Por aqui, trem tem pouco (já teve muito), mas problemas pessoais os temos em demasia. Cada um administra o seu ao seu modo e maneira. Quando descobrimos que alguém querido está conseguindo dar a volta por cima e não se perder totalmente, uma alegria nos acomete de imediato e queremos logo abraça-lo de contentamento. LUIZ HENRIQUE FRANCO CARLONI é o nosso querido e conhecido RICK STONE, popular roqueiro bauruense, que tanto sucesso fez por aqui e em outra plagas décadas atrás. Ontem me foi lembrado de uma apresentação sua em pé, em cima de uma mesa do extinto Rock Drinks. Ele fez muito disso e sua fama corria estradas. Hoje está completando 53 anos e a alegria dos próximos dele é imensa, pois está conseguindo superar, com a ajuda de um intenso tratamento ambulatorial e apoio familiar aos tantos problemas vividos por ele nos últimos tempos. Está saindo do caos e já vislumbrando imensa luz no fim do túnel. Ontem, relacionou para sua sobrinha, Anna Julia (a foto dele é dela), as bandas onde se lembra de já ter tocado: Sexy Machine, Tuning Blues, Grupo Épiko (com Renato Sbeghen), Stone Blue, Rádio Comando (em 86, com Andrés Gassner) e as duplas com Carlão, Cálido Delírio e Pedra Azul. Tudo deve estar sendo revivido na memória de quem fez e aconteceu. Rick é merecedor de todo nosso apoio e consideração, pois foi grande, ilustre e inesquecível personagem dessa Bauru que resiste. A torcida, com certeza é para que, Rick complete esse ciclo em sua vida e volte a nos alegrar, sem excessos, exageros, mas sempre irreverente, mordaz, diferente e ousado.

6 comentários:

Anônimo disse...

Booom Dia Henrique!!
Acabei de ler esse texto e fiquei acabrunhada .Realmente é uma realidade triste dessas pessoas na Bahia,o sabor do cacau pra eles é amargo de muito suor e exploração pelo ganância do homem do nosso sistema capitalista.
Ufa ...! Acho que me empolguei!! Mas só pessoas sensíveis,com vc, pra relatar essas histórias,instigando o leitor a uma profunda reflexão.Parabéns!!!

MJ

Anônimo disse...

Henrique

Foi muito bom reviver algo do Rick Stone, pois sabíamos que ele não andava nada bom e que tinha até morado nas ruas. É de muita alegria para todos que gostam de sua música e do que representou para a música bauruenses. Rick é um revolucionário e saber que está dando a volta por cima, foi algo que muito me alegrou nesse domingo.

Obrigado pela notícia

Aurora

Anônimo disse...

Cinco motivos para torcer contra o Brasil nesta Copa das Confederações (e em todas as outras competições) 1. O patriotismo, nacionalismo e ufanismo são as ideologias mais desprezíveis do mundo. “Mas e quanto ao racismo e o fascismo?”, dirão alguns. Bem, o fascismo nasce justamente do cruzamento do racismo imemorial com o orgulho nacional do século XIX. patriotismo, ufanismo e nacionalismo são a antessala do fascismo. Nessa Copa, em especial, nunca vi uma abordagem tão belicista e ufanista, estimulados pela imprensa, a propaganda, a comissão técnica dessa seleção. Parece que estamos indo para a guerra. Pois bem, se vamos pra guerra, eu estou desertando desde já. “O patriotismo é o último refúgio de um canalha” Samuel Johnson “O nacionalismo é uma doença infantil; é o sarampo da humanidade” Albert Einstein 2. O Brasil é os Estados Unidos do futebol: a potência imperialista, gananciosa e supremacista. Quando se trata de futebol, os brasileiros sentem-se superiores, contam vantagem, querem ganhar sempre e em tudo. Nossa arrogância, preconceito e ganância futebolísticas deixam antever o que nós seremos no dia em que formos potência em alguma coisa realmente importante. E tome da ridícula rivalidade com a Argentina, da gananciosa ambição de vencer sempre, de se sentir melhor que todos os demais povos e países só porque temos mais títulos no futebol. 3. Não existe essa história de “a seleção representa o seu povo”. Balela. A seleção representa o Estado. Existem Estados sem povo, e povos sem Estado. Quem tem bandeira e representação na ONU, FIFA e COI são os Estados, não os povos. E o Estado brasileiro é um dos mais detestáveis dentre todos, controlado por uma elite abastada que vive à custa da espoliação, exploração, injustiça, violência. Corrupção, trabalho escravo, voto de cabresto, clientelismo, coronelismo, autoritarismo: isso (e muito mais) é o Brasil. Não serei eu a torcer para que esse Estado conquiste láureas e honrarias, mesmo que simbólicas. 4. O futebol é como um tumor cerebral: estupidifica e aliena. Enquanto houver uma bola rolando, o brasileiro esquece da espoliação e exploração acima mencionadas. Se você der ao brasileiro a opção de ter o padrão de vida sueco, e a seleção de futebol medíocre daquele país, o brasileiro vai optar por continuar miserável e craque de bola. Ainda que seja justamente a carência de motivos de alegria que torne o brasileiro tão dependente do futebol, será apenas quando superarmos essa obsessão futebolística que iremos progredir em termos políticos, sociais, éticos, etc. 5. Além de alienante, o futebol é irritante. Quanto antes acabarem os fogos de artifício, gritos e cornetadas, melhor. Vamos voltar à realidade e, quem sabe, fazer alguma coisa de útil com as nossas vidas
WANDER FLORENCIO

Anônimo disse...

Obrigado, Henrique por nos trazer notícias desse cara inesquecível. Ainda me lembro de uma impagável interpretação do Rick, no Armazén, de Satisfaction... Força aê, Rick!

Sergio Pais

Unknown disse...

Seria possível você passar seu Face por favor ?
Sou um grande fã do Rick Stones.
Aprendi tocar uma musica dos Stones com ele e um amigo dele pintou minha camiseta do Iron quando eu era adolescente.
Meu mail: fvb3107@gmail.com

Significa muito para mim reencontrá-lo.
Tnx !

Anônimo disse...

Como está o Rick Stone hoje?