Tem pessoas que são iluminadas assim por nada, não precisam fazer força nenhuma, mas a luz própria irradia de forma candente por tudo quanto é lado e jeito. Quando essas pessoas, mesmo com esse surreal dom, não o utilizam para ficar se vangloriando em gratuitas exibições e agem no decorrer de suas vidas com uma naturalidade sui generis, essas são ainda mais iluminadas. Poucos são assim e hoje, aqui e agora, o que fui coletando de um privilegiado no quesito bonança, perseverança, criatividade e profissionalismo.
JORGE ROBERTO EMILIANO, ou só Emiliano, ou como alguns diletos amigos o chamam, Baiano, essa singular pessoa, 56 anos no lombo, um brilhante artista, grande figura humana, nascido em Araçatuba, porém com sua vida toda construída por aqui é mais do que especial. Percebam na diversidade do que faz, verdadeiro coringa, arteiro da arte. Completo é pouco para definir essa generosa pessoa. Diria quase completo, pois a cada dia busca um algo novo e as novidades pululam dentro de si. Trabalha em várias frentes, ora com as mãos sujas de barro, ora empunhando um soldador, cabeça girando nos180º, antenado com tudo à sua volta, alucinado pelo que faz, dedicação total, sem nunca perder a fleuma e a ternura. Vive lá no seu refinado canto na vila Giunta, junto da Lila e de três filhas, no ateliê mais paparicado da cidade. Conhece fundição em bronze, soldas, monotipias, trabalhos em gesso, quadros, esculturas, um original outsider, desses fora dos grandes salões, porém cheio de fiéis clientes. “O processo criativo dele é muito particular, aliás, semelhante ao meu, não acreditamos muito em inspiração. Somos mais técnicos Vamos e fazemos movidos pela necessidade, lembro que nos anos 90, crise econômica braba, éramos os únicos artistas pobres da Cia de Artistas, um grupo de artistas contemporâneos que chacoalhou a arte da cidade. Às vezes, pintávamos quadros de flores bem bregas, com nomes meio diferentes e vendíamos em uma molduraria que havia na 1º de agosto, pegávamos a grana, separávamos uma parte para o supermercado e enchíamos a cara com o troco...”, revela o amigo Silvio Selva. Silvio diz mais: “Ah e foi o Baiano que um dia me disse: ‘suas mãos não tremem, você não pode fazer esculturas, você DEVE fazer esculturas"’ e foi assim que comecei a fazer esculturas...”. Outro muito importante na carreira de Emiliano é o industrial Zé Canella, lembrado por uma frase recolhida assim ao léu, dita tempos atrás e expressando bem o que vem a ser esse emiliano jeito de tocar sua vida: “Puta artista modernoso, sô!”. É que ele pinta e borda.
Explicando: “A Cia de Artistas foi fundada por Ivelize de Agostinho, Yara Martini, Gisele Aidar, Walter Mortari, Emiliano e Carlos Fernandes. Depois da experiência da Galeria Grafitti que era da Yara. Ficava ali, logo atrás do cemitério da saudade, um enorme galpão. Eu entrei quase no final dela. Um sonho que virou fantasia...”, revela Silvio Selva.