MEU EX-CUNHADO (sic) ME FAZ HOMENAGEAR O MST E A LUTA CAMPONESA
Oswaldo tomando suco de laranja |
OSWALDO LUIZ OLIVEIRA é meu ex-cunhado (ex-cunhado dizem que é cunhado para sempre), foi casado com minha mana Helena, eletricitário aposentado e pai dos meus dois queridos sobrinhos, o Marcos e o João. Foi por anos um dos melhores interpretes de samba na cidade, nome feito na Mocidade Independente de Vila Falcão. Bebia um bocado, mas quando viu a viola em caco, deu aquele breque e hoje bebe só água e sucos (a prova está aí ao lado). Mas não ficou xarope, ficou um cara legal, mora sozinho lá na sua vila Falcão (quem mora lá se acha meio dono dela) e desde ontem está me perguntando se podia me enviar um texto sobre a formação do MST. Disse que sim. Pois, Oswaldo leu o tal no Almanaque Santo Antonio (Agenda MST), publicado em 1997, sentou defronte seu computador e batucou ele inteiro para mim, letra por letra. Depois de tanto esforço, tenho que reproduzi-lo aqui e o faço por um simples motivo. Quando me passa um texto assim, primeiro leu e deve ter gostado, depois demonstra algo muito legal, entender muito bem qual o verdadeiro papel do MST dentro do país e não fica reproduzindo baboseiras sem sentido, coisa de preconceituosos, reprodutores de inverdades e espalhadores de falácias mentirosas. Na verdade, esse texto também sai aqui hoje por outro motivo, em justa homenagem ao Dia Internacional de Luta Camponesa comemorado semana passada. Taí o tal do texto:
ELEMENTOS DA HISTÓRIA DO M.S.T. Origem: O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST – nasceu das lutas concretas que os trabalhadores rurais foram desenvolvendo de forma isolada, na região Sul, pela conquista da terra, no final da década de 70. O Brasil vivia a abertura política, pós-regime militar. O capitalismo nacional não conseguia mais aliviar as contradições existentes no avanço em direção ao campo. A concentração da terra, a expulsão dos pobres da área rural e a modernização da agricultura persistiam, enquanto o êxodo para a cidade e a política de colonização entravam em aguda crise. Nesse contexto surgem várias lutas concretas que, aos poucos, se articulam. Dessa articulação se delineia e se estrutura o Movimento Sem Terra, tendo como matriz o acampamento da Encruzilhada Natalino, em Ronda Alta-RS, e o Movimento dos Agricultores Sem Terra do Oeste do Paraná(Mastro).
Objetivos: O MST visa três grandes objetivos: a terra, a reforma agrária e uma sociedade mais justa. Quer a expropriação das grandes áreas nas mãos de multinacionais, o fim dos latifúndios improdutivos, com a definição de uma área máxima de hectares para a propriedade rural. É contra os projetos de colonização, que resultaram em fracasso nos últimos trinta anos e quer uma política agrícola, voltada para o pequeno produtor. O MST defende autonomia para as áreas indígenas e é contra a revisão da terra desses povos, ameaçados pelos latifundiários. Visa a democratização da água nas áreas de irrigação do Nordeste, assegurando a manutenção dos agricultores na própria região. Entre outras propostas, o MST luta pela punição de assassinos de trabalhadores rurais e defende a cobrança do pagamento do Imposto Territorial Rural(ITR), com a destinação dos tributos à reforma agrária.
Antecedentes Históricos: O MST não é algo novo na história do Brasil. É a continuidade das lutas camponesas, em uma nova fase. Durante a Colônia(até o final de 1800), os índios e negros protagonizavam essa luta, defendendo territórios invadidos pelos Bandeirantes e Colonizadores, ou unindo a luta pela liberdade com a da terra própria e construindo os Quilombos. No final do século XIX e início do nosso século, surgiram movimentos camponeses messiânicos, que seguia um líder carismático. São exemplares os movimentos de Canudos, com Antonio Conselheiro; do Contestado, com o Monge José Maria; o Cangaço, com Lampião, e diversas lutas regionalizadas.
Nas décadas de 30 e 40 ocorreram conflitos violentos, em diversas regiões, com posseiros defendendo suas áreas, individualmente, com armas nas mãos. Entre 1950 e 1964, o movimento camponês organizou-se enquanto classe, surgindo as Ligas Camponesas, a União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTABs) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (Master). Esses movimentos foram esmagados pela ditadura militar, após 1964, e seus líderes foram assassinados, presos ou exilados. O Latifúndio derrotou a Reforma Agrária. Mas entre 1979 e 1980, no bojo da luta pela redemocratização, surge uma nova forma de pressão dos camponeses: as ocupações organizadas por dezenas ou centenas de famílias. No início de 1984, os participantes dessas ocupações realizaram o primeiro encontro, dando nome e articulação própria ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST).
Estrutura: o MST está organizado em 22 estados da Federação. Em 12 anos de existência, quase 140 mil famílias já conquistaram terra. Grande parte dos assentados se organiza em torno de cooperativas de produção, que já somam 55 associadas às centrais ligadas à Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil(Concrab). A elevação da renda das famílias assentadas é realidade em muitos dos assentamentos, principalmente onde as agroindústrias são desenvolvidas. Pesquisa da FAO comprova que a média da renda nos assentamentos é de 3,7 Salários Mínimos Mensais por família. Onde as agroindústrias estão implantadas essa média sobe para 5,6 Salários mensais para famílias. Alem da preocupação com o aumento do poder aquisitivo, o MST investe na formação técnica e política dos assentados. O setor de educação é um dos mais atuantes, propondo ampliar o conceito de educação, para não ser sinônimo apenas de escolaridade. São mais de 38 mil estudantes e cerca de 1500 professores diretamente envolvidos neste projeto de uma nova educação, pela Unicef. Além dos cursos regulares, o MST promove cursos e atividades de capacitação beneficiando cerca de três mil pessoas todo ano. Entre estes cursos estão o de Magistério e o Técnico em Administração de Cooperativas, em nível de segundo grau.
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