BAURU POR AÍ (98)

CAÍMOS, NOROESTE NA 4ª – COMO DOIS JAUENSES ME AJUDAM A SUPERAR ESSE TRISTE MOMENTO

Não me peçam para escrever nada sobre a consumação do rebaixamento do Noroeste ontem em Tupã: LUTO é a palavra exata para definir o que sinto. Escrevo hoje de um algo mais, na tentativa de me distrair e não escrever besteiras ou algo onde possa me complicar. Tentei ir além.

Certa feita fui convidado por universitários da Unesp Bauru para discutir questões relacionadas ao futebol e quando lá me declarei apaixonado não só pelo meu Noroeste, mas também por jogos variados e múltiplos pela região, a ida em campos como o do Oeste em Itápolis, o do Novorizontino, da Santacruzenze, do XV de Jaú, algo nostálgico e cheio de muito charme, alguns se mexeram nas cadeiras. No final do debate conheci alguns desses até então alunos, hoje já formados e atuando por aí. Um deles foi um jauense, TIAGO PÁTARO PAVINI, que na sua Jaú já apresenta um programa de debate esportivo via TVC. Desde então trocamos e-mails sobre o tema, ele falando do seu XV e eu do lado de cá desse Noroeste. Hoje, ambos na 4ª Divisão do Paulistão, com a diferença de que o time dele começa o campeonato agora e tem chance de subir para a 3º e o meu caiu ontem e só voltará a entrar em campo ano que vem, abril de 2005. Recebo dele dias atrás, quando ainda tínhamos algumachance esse recado por email:

“E aí meu amigo, tudo certo? Hoje o Norusca deu uma respirada no campeonato hein, tomara que escape! Estou lhe mandando esse email para conversarmos sobre um projeto. Eu e meu amigo Henrique Cézar estamos elaborando uma programa de televisão com o tema de esportes. Nele, trataríamos sobre as principais notícias dos clubes brasileiros, mas um dos nossos enfoques será o esporte local e regional. Pelo pouco que conheço você, percebo que o senhor é um exímio conhecedor e admirador do Noroeste, além, é claro, de grande torcedor haha. Gostaríamos que você compartilhasse de sua sabedoria conosco para nos auxiliar com esse programa. Podemos marcar uma reunião para conversarmos melhor? Qual seria o melhor dia para você? Aguardo a resposta! Um grande abraço!! - Tiago Pavini”. Aceitei e aguardo o que ele aprontará comigo na sequência.

Outro de Jaú, também ex-estudante de jornalismo da Unesp Bauru, hoje formado e cheio de gás é ESTEVÃO RINALDI PEREIRA, o GRAXA. Em 15/03 recebo dele um simpático email: “Olá, Henrique! Mando este e-mail com a versão finalizada de meu livro-reportagem. Gostaria de agradecer de coração pelo apoio e pelas suas informações que, com certeza, foram fundamentais para que o projeto fosse bem sucedido. A nota da banca foi 10! Caso tenha tempo, espero que leia e goste! Fiz esse livro pensando unicamente nos clubes e nas pessoas que se dedicam, sofrem, choram e riem em virtude dessa paixão que nos acompanha até o fim de nossas vidas. Um grande abraço, Estevão Rinaldi”.

Seu trabalho versou sobre times mais do que especiais na história do futebol, clubes denominados de pequenos ou intermediários do futebol paulista: XV de Jaú, Noroeste, Ferroviária de Araraquara e Juventus da Rua Javari. Encantadora e reveladora proposta. Chorei de verdade ao ler o seu trabalho de pesquisa, pois fiquei doendo de saudade de tempos idos, quando esses times tiveram administrações mais decentes, gente por detrás com amor e dedicação, jogadores que suavam a camisa por esses times, enfim, tento repassar em poucas linhas um pouco do que filtrei do seu trabalho. O trabalho se chama “Movidos a Paixão – Quatro Clubes. Quatro Lugares. Vínculos além do futebol”.

O livro do Graxa pode ser todo lido aqui:http://issuu.com/estevaoinaldi/docs/movidos_a_paix__o, com página a página sendo virada. Nas fotos mais motivos para muita nostalgia. Na de Bauru ressaltada as entrevistas com o Pavanello, o Fernando BH, Thiago Navarro e na comigo (citações nas páginas 106, 110, 115, 140, 142 e 177). Na página 177 é reproduzida uma declaração minha a demonstrar como vejo essa paixão pelo time de minha aldeia: “Sabe, eu sou movido por algumas coisas. Por idealismo e por coisas que eu gosto de fazer, e o Noroeste é uma delas. Acho que a vida da gente se torna alegre e movimentada desde que nós tenhamos lugares aos quais gostamos de ir. E o Noroeste para mim é isso. É um dos lugares onde eu me sinto bem, onde eu gosto de ir e encontrar pessoas que também têm o mesmo sentimento. Quando eu fico vários meses sem ir aos jogos eu sinto falta. Hoje, talvez, isso possa parecer besteira pra mentalidade de muitos. Podem falar: ‘Pô, o Noroeste? O cara gosta de ir lá? Tem tanta coisa mais gostosa’. Cada um tem uma opção. A vida das pessoas são construídas disso: de coisas que elas gostam de fazer e pelas quais elas têm amor e carinho ao longo do tempo. O Noroeste é uma das minhas”.

Recomendo a leitura do livro todo, mas logo no início na “Nota do Autor”, talvez uma explicação dos motivos todos desse desmedido amor e dedicação para algo bem próprio de sua aldeia, o seu time de futebol. Ele foi muito feliz nesse texto. Hoje, 06/04, com a consumação do rebaixamento do Noroeste para a 4ª Divisão, a mais baixa do futebol paulista, não quero ficar tecendo bravatas nesse rico espaço, já fiz muito disso, mas hoje estou mais do que ferido, condoído, meio dilacerado por tantos que dizem ajudar e só apunhalaram esses times todos, prefiro ficar com as reflexões que esses dois amigos jauenses me propuseram e é com elas que passarei esse triste domingo.

Obs.: Essa última ilustração, criação do Gustavo Duarte é a imagem que tenho aqui no meu  computador e ela permanecerá por aqui até o dia em que "VOLVEMOS!" de acordo.