O MELHOR LUGAR PARA LEITURAS VARIADAS É O TRONO MATINAL
Por volta das 6h já estava em pé e o melhor lugar para colocar as leituras em dia nesse horário é pegar tudo o que está atravancando a mesa e dirigir-se garbosamente com o calhamaço para o banheiro. Antes do banho e mesmo da higiene pessoal, nada como aquela sentada no vaso sanitário e dali só sair quando a maioria das leituras já tiver sido saciada. Repeti a dose hoje e confesso, sentei no dito “trono”, acredito que por volta das 5h40 e só levantei 7h10. Acho que bati o meu record do ano e isso se deve ao fato de ter levado coisas mais do interessantes para esse divã particular, solitário lugar de contemplação e meditação. Confiram algo do que li hoje enquanto meu intestino funcionava (e quanto mais lia mais ele funcionava).
Na última edição da revista Piauí, abril 2014, li algo que acreditava não ter coragem para fazê-lo, um texto do diretor de redação da Folha de SP, o indefectível Otavio Frias Filho, que resolveu produzir um catatau de nove páginas intitulado “A Voz da Direita”, sobre a trajetória de um prócer da mesma, o ex-governador carioca Carlos Lacerda, dito “O Corvo”. A leitura foi interessante, tenho que confessar, mas num certo momento o capo da Folha sacou uma contra o próprio patrimônio, não me restando nada além de risos e escárnio. “Há quem considere o jornalismo dos nossos dias engajado, parcial, faccioso, mas a imprensa do século passado não somente incidia nesses atributos, como costumava ostentá-los com desenvoltura. As apurações eram mais levianas, as reportagens eram opinativas, os jornais tomavam partido acintosamente e admitiam pouca ou nenhuma divergência em suas páginas”. Leiam aqui:http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-91/vultos-da-republica/o-tribuno-da-imprensaNão deu outra, como já estava na posição adequada, soltei um “barro” em justa homenagem à Octavio Frias Filho. Se em pé estivesse, correria riscos. Daí fui em busca de algo mais ameno, pois meu intestino não estava preparado para defecações variadas e múltiplas de forma contínua, estando satisfeito com o resultado obtido em homenagem a tão original pessoa.
Terminei a sentada lendo o editorial da última Carta Capital (digerido mais facilmente, sem maiores engulhos), “A tentativa de ser víbora”, do Mino Carta e lá algo a me consolar. Primeiro quando ele responde uma pergunta feita por ele mesmo “Por que alguns recalcados insistem em me caluniar?”, sobre algo pelo qual também sou acometido quando faço uma contundente denúncia, sempre aparecendo um gaiato para me espezinhar sobre particularidades da minha vida privada. Deletei um bestalhão que tentou fazer isso na semana passada, desviando o foco do publicado e por fim, Mino declara algo pelo qual também tive que ser obrigado a seguir: “Tive que inventar meus empregos”, disse ele. Como pedir emprego para donos de escola, redes de consumo, instituições denunciadas em meus escritos se quero continuar tendo a liberdade de continuar escrevinhando de forma libertária? Daí fui ser camelô (ou caixeiro viajante, como queiram) na vida. Leiam aqui: http://www.cartacapital.com.br/revista/794/a-tentativa-de-ser-vibora-133.html
Depois, percebi que se continuasse perderia hora. Fiz o que tinha que ser feito, tomei meu banho, escovei os dentes, penteei os cabelos, tomei meu café e fui à luta sem pedir licença. Na luta continuo até agora, 20h15 e sem horas para terminar a contenda. Amanhã tem “vaso”, ou melhor “trono”, novamente. Me diga aí, o que leste no trono hoje?
Circulando pela cidade vejo no vidro traseiro de um veículo a minha frente algo anunciando a vinda de PEDRO LIMA em Bauru. Fico todo pimpão, pois conheço o vozeirão do Pedro desde os tempos quando atuava no grupo vocal Garganta Profunda e tenho dele aqui no mafuá o CD “CARIOCA” (Independente, 1999), que gasto de tanto ouvir. Fui ver melhor e quem vem cantar aqui não é o Pedro que conheço e sim outro, um que me dizem ganhou esse último The Voice (o que engambelou o talentoso do Dom Paulinho Lima), um tal de Bigode Grosso. Entusiasmo arrefecido, saco do CD do original e autêntico PL e ficarei a ouvi-lo aqui hoje enquanto trabalho vendendo meus caraminguás via internet. Além do “Carioca”, foi lançado dele o “Mestiço” e mais recentemente um só com temas sobre futebol, o “Futebol Musical Brasileiro Social Clube. Fui ver pelo google e quase nada desse, o do vozeirão e uma enxurrada do outro, o do The Voice. Leiam isso: http://mpbnet.com.br/musicos/pedro.lima/index.html e lá mesmo clicando numa indicada linha dá para ouvir ele cantando “VÓ DE AÇUCAR”. Vozeirão, não? Aqui algo mais dele: http://teatropedia.com/wiki/Pedro_Lima. Não se deixe enganar, Pedro Lima é um só, o que veio primeiro, esse outro, que deveria ter escolhido outro nome, um bocadinho longe da qualidade vocal do primeiro, o original. Nesse site a seguir da Rádio UOL (http://www.radio.uol.com.br/#/artista/pedro-lima/21686) dá para ouvir várias músicas cantadas por ele, clicando no botão ligar no nome da música, mas não se deixe enganar, vá direto no do vozeirão, esqueça os do álbum “Se você diz não”, pois são do outro. Tristeza por não encontrar por lá nada do CD Carioca, mas, enfim, ainda bem que existe a possibilidade de comparação e quando feita, nem penso duas vezes, fico com o do VOZEIRÃO GROSSO, o autêntico e único, que infelizmente não estará em Bauru nos próximos dias.
Um comentário:
Henrique
Pelo amor de dios, até tu Brutus, confessando leituras dinâmicas no vaso? Produção estomacal acelerada quando algo mais pernóstico e mais lenta quando algo mais a seu gosto. Um intestino funcionando de acordo com comandos cerebrais do intelecto. Voce3 se inova a cada escrito e dou minhas risadas aqui na distante São Paulo. Não conte para ninguém, mas moro num apartamento pequeno e tem dias que as mesas todas estão cheias e nã odá nem para colocar um jornal ou livro em cima delas e daí o único espaço onde posso ler é sentado no vaso.
Aurora
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