domingo, 22 de fevereiro de 2015

CARTAS (137) e AMIGOS DO PEITO (101)


A TURMA DE UM BLOCO SÓ – MARCÃO ENTRA NA POLÊMICA e ALGO SOBRE TÃO DIFERENCIADA PESSOA
Primeiro a carta publicada hoje na Tribuna do Leitor, Jornal da Cidade, ainda sobre a polêmica Ladeira e Tomateiros:

“Tenho acompanhado nesta Tribuna a movimentada discussão gerada por uma carta do Carlos Ladeira, a qual sempre tem terminado nas já manjadas brigas entre tucanos e petistas. Com exceção da missiva do Silvio Selva, que com seu brilho de sempre procura manter a sensatez sem adentrar nessa polêmica rinha, já não é de agora que diante da provocação de um percebo a falência do debate político brasileiro.

Virou um grande ringue de UFC, cada um alivia o seu lado da corrupção e ataca o do outro, se um acusa “Petrolão”, outro já devolve com “Trensalão” e por aí vai e não se chega a lugar algum, é um tal de quem roubou mais, se tem tomate ou não tem, bobagens, e como se corrupção fosse justificável em qualquer nível. O Estado Brasileiro está em pandareco, o gasto público corrente é reprimido por conta dessa maluquice em se gerar superávit primário monstruoso para pagar juros da dívida pública e fazer a folga do rentismo. Não se vê mais um debate para se pensar a nação, projetos, fazer com que isso chegue às ruas e levem as pessoas a questionarem a sociedade, temos uma juventude que ficou órfã de grandes referências e nesse vácuo das ideias acabamos vendo jovens estupidamente pedirem a volta dos militares, a direita sempre foi burra no Brasil, salvo raras exceções, e a esquerda ficou acéfala, visto que hoje é quase impossível levar um debate sério e profundo.

Da direita nunca esperei nada, mas quando vejo gente que sempre foi ligada à esquerda, como o vereador Roque Ferreira e o professor Henrique Perazzi, pessoas que sempre admirei e tive grande amizade, hoje um pouco menos, caírem na provocação do Ladeira, que sempre foi um conservador, e responderem no mesmo nível em levar essa briguinha do “ah, mas fale dos roubos do seu partido também”, mostra o quanto ficou raso o debate, inexistente, chega a dar dó ler artigos desses senhores que têm amplo espaço na imprensa, gastarem suas linhas nessas picuinhas e entoando os mantras das cartilhas partidárias.

E isso se estende para as redes sociais, onde o pau come mais ainda, voltamos ao comportamento tribal, cada um com sua claque e ai de quem criticar. O país queimou sua inteligência e quem pagará, como sempre, diante de tantas mazelas e irresponsabilidade será o povo.

Na real, todos eles deveriam dar as mãos e no próximo carnaval descerem a avenida num bloco só, se merecem”
. Marcos Paulo Rezende

AGORA MINHA REFLEXÃO:
 
O Marcão entrou na polêmica criada pelo Ladeira e o Bauru sem Tomate é Mixto. Ufa! Ainda bem. Adorei. Ele não quer e dá o seu jeito para que alguns que ainda admira não se deixem levar pelo canto da sereia. Na verdade, com sua crítica, ele muito nos auxilia. Outro dia me perguntaram em off se ele existia de fato ou não seria o meu alter ego. Seria ótimo se o fosse. Até gostaria de ter um. Penso na ideia. E quem disse que Marcão não o é? Para muitos, infelizmente, ele existe e é de carne e osso. Um resistente, talvez o último dos moicanos bauruenses. Puro como a outrora límpida água do rio Bauru dos seus primórdios. Vive numa penúria de dar gosto, tudo por não se vergar. É único no que faz. E faz bem feito, um verdadeiro pensador, na acepção da palavra. Possui hoje os pés muito mais no chão do que a imensa gana de articulistas e ditos pensadores dessa cidade. E me dá toques homéricos quando me percebe tentado a elogiar pessoas, atitudes e instituições enfronhadas na defesa do stabelichment. Confesso algo. Tem momentos em que escrevo meus textos pensando em algo assim: o que o Marcão irá achar disso. E daí piso mais fundo no acelerador. Suas críticas publicadas hoje na Tribuna do Leitor do Jornal da Cidade não me ofendem nem um pouco. Adoro seus toques. Sei que essa burra dicotomia entre tucanalha e petralha não leva ninguém a nada saudável, aliás, até nos aproxima, sem mesmo nos darmos conta disso. Ele sacou isso lá atrás e quer nos ver em algo mais amplo, criticando esse projeto, o contexto todo onde estamos inseridos, ele todo podre e sem saída. O reducionismo de hoje o incomoda. Adorei vê-lo voltar a enviar cartas para o Jornal da Cidade. Que o Jabbour lhe abra as portas para mais e mais incursões. Ajudaria em muito a melhorar o nível dos escritos atuais.
Agora escrevo algo para ele: Marcão, a bordoada foi maravilhosamente assimilada. Gostei demais da conta. Tentarei a cada nova reflexão fugir desse reducionismo, dessa burra dicotomia, afinal o Brasil que quero ver triunfar não cabe nem em um, nem no outro modelo (parecidos ou iguais?). Continue assim, nos chamando na chincha quando necessário. E quero cada vez mais te ouvir, hoje um dos poucos ainda sensatos e isentos. Uma das melhores cabeças que sei, continuam em atividade no meio dessa barafunda dos tempos atuais. Obrigado, é o que tenho a lhe dizer mais uma vez. De você eu ouço tudo e assimilo também quase tudo, meu grande irrefutável amigo. Ele bem sabe que não somos iguais ao lado de lá, mas quando nos vê caindo no jogo barato e pueril, chuta forte nossa canela. Dói um pouco, mas não posso nem reclamar. Algo mais do que necessário. Outro que está na mesma linha é meu filho, HA, 21 anos, ambos pensando juntos em se debandarem para a Islândia, desiludidos com essa nossa nação, cada vez mais perversa, insensata e cruel. Como melhorar isso tudo aqui para que ambos continuem por aqui? Como? Me ajudem.

OBS.: Para quem não acredita que o Marcão exista, eis a definitiva prova, fotos dele quando no final de Janeiro nos encontramos casualmente na rua e subimos juntos (eu, ele e meu filho) para prestar apoio à censura que queriam impor ao portal Participi. Ele viaja pelo mundo virtual, mas se recusa a ter facebook, para ele, um reduto que nada acrescenta e mais desmobiliza, do que mobiliza. Prefere seus livros.

7 comentários:

Anônimo disse...

Abro a Tribuna de hoje e vejo alguém me chamar de "brilhante". O Marcos Paulo, que não conheço pessoalmente, mas respeito por suas firmes posturas, se junta ao rol dos ingênuos que acham interessante o que falo. Um dia vão se tocar que sou um falador de bobagem...

silvio selva

Henrique disse...

ALGUNS DOS COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:


Paulo Pantaleão Rapaz, isto sim é raridade, ver o Marcão no face é quase como achar uma lenda urbana mítica, bom ver que ainda existem pessoas racionais!
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Rosangela Maria Barrenha Uow
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Rosangela Maria Barrenha Dorei
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Dalva Aleixo Dias Isso! Colocou a conversa no eixo certo!
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Margarida Mendes Esta sua cronica é um exemplo personificado da qualidade que tanto nos falta hoje em dia: "segurança" conquistada pelo agir consciente do saber vivo não cristalizado, que não se ampara nas bengalas do consenso do já sabido e tem a coragem de rever rotas e corrigir posições. Grata pelo exemplo!
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Lazaro Carneiro Carneiro Marcão! Marcão! qual a luz que te ilumina? seria seus grossos livros com foto de barbudos na capa? ou ainda suas camisetas vermelhas?seria sua barba e seus cabelos desgrenhados a lá sierra maestra?porque o erro e a ignorância das pessoas comuns te incomoda?o que o impede de ser igual a nós que gostamos de levar vantagem em tudo? o que nos trava o olhar que não enxergamos o mesmo mundo? afinal qual a luz que te ilumina?
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Roque Ferreira "Uma grama de ação vale mais do que uma tonelada de teoria". Engels.
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Anônimo disse...

Henrique, tudo o que escrevo é para levar as pessoas ao questionamento, jamais peço para acreditarem nas palavras pois não sou pregador e por isso cobro tanto dos que podem fazer uma crítica com um amplo debate.

Silvio Selva, sempre enxergamos brilho em nossos ídolos, mesmo que por ventura eles possam dizer bobagens, fazer o que...vejo brilho em ti, artista do underground brasileiro :)

Lázaro, o chapéu do caipira que leu Nietzsche ilumina minha cabeça.

O Roque gosta de frases, eu tb, porém gosto de destrinchá-las, uma grama de ação só é possível depois de uma tonelada de teoria, afinal suas próprias ações são pautadas por teorias, agira sem antes pensar é fracassar na certa.

Camarada Insurgente Marcos

Henrique disse...

Mais dois comentários via facebook:

Daniel Pestana Mota Fico imaginando a quem serve a tal crítica “isenta”. Argumentos teóricos, do tipo “vamos olhar por cima” podem servir no máximo pra autoajuda! Quando há uma guerra – ideológica e de informação- em curso (e isso há desde que o mundo é mundo), ou se está de um lado ou se está de outro, e ainda que alguns façam pose de neutralidade, acabam servindo muito bem à um deles.
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Henrique Perazzi de Aquino Daniel, também me preocupo muito com isso. Entendo todos os argumentos do Marcos, mas o vejo muito teórico e na frase postada pelo Roque, mais uma evidência disso. A teoria é sempre ótima, mas a prática mais importante ainda e ela não é tão fácil como na teoria. Veja Cuba, com seus erros e acertos. Como não continuar com ela? Sempre estarei. 50 anos de embargo não são fáceis e no caso dos que botam o bloco na rua aqui e fazem algo prático, a mesma coisa. A contra revolução é cada vez mais forte e impositiva, violenta e cruel. Daí quando muitos me vêem não espezinhando Dilma e seu Governo com a faca sangrando, eis o motivo. Não quero um retrocesso e sei que isso ocorrerá de qualquer forma com esse movimento em curso, propondo algo para dia 15/3. Não é nem de se poscionar de um lado ou do outro. O que eu não quero é ver tudo perdido e o neoliberalismo predataório assumindo tudo. Que o Governo precisa optar por um dos lados isso evidente e devemos instigar para sua opção para o lado dos interesses das massas, do trabalhador. Nessa luta estou inserido.
41 min · Curtir · 2

Henrique disse...

Após o comentário do Marcos no face, eis mais alguns comentários, ampliando o debate:

Daniel Pestana Mota Há quem goste de estereótipos, há que não goste. Tudo é válido e à todos devemos respeitar. Mas aindo prefiro o "chão da vida", com todas as suas contradições!
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Roque Ferreira Henrique Perazzi de Aquino Daniel Pestana Mota, eu não sou muito adepto de alguns debates em redes sociais, por conta da banalização. O GOVERNO DILMA: Vive o que podemos chamar de "tempestade política perfeita", ou seja, a burguesia se utiliza de todas as formas de pressão inclusive a agitação do impeachment Dilma para que o governo faça mais e mais concessões. Dilma não é o problema, pois o impeachment a retiraria da presidência, mas o governo continuaria com Temer e o próprio PT, cuja direção faz um discurso aparentemente de esquerda , mas dá seta a direita. Outra coisa muito importante, é que os trabalhadores não são estúpidos, mesmo criticando duramente as medidas do governo, não farão nenhum movimento para trazer de volta os que já foram. De fato é uma guerra, e a saída para o governo Dilma e a direção do PT seria propor a ruptura. Fazer pagar pela crise os riscos e não a classe trabalhadora. Por isso é muito importante cada dia mais os militantes, lutadores se vincularem à classe trabalhadora, ajudá-la a e organizar e combater por seus direitos. Este maniqueísmo estabelecido hoje nas discussões em nada ajudam a classe a avançar. Não tenho nenhum compromisso em defender o governo com as medidas que vem adotando, porém isso não nos leva a inflar os argumentos e praticas dos setores mais conservadores. Temos que nos preparar sim para uma guerra, e nossas armas devem ser neste momento o combate contra as medidas antipopulares do governo Dilma. Isso possibilita a construção na prática e com base em questões concretas da unidade necessária da classe para manter seus direitos e avançar. Quantos que usam as redes sociais tiveram o cuidado de fazer uma visita ao acampamento dos trabalhadores e trabalhadoras da Ajax? Lá está se dando de fato a luta de classes real.
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Henrique Perazzi de Aquino Gostei Roque, sua resposta me contempla. Eis o motivo pelo qual não saio da cancha de luta e me mantenho contrário a tudo o que vejo em curso.
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Anônimo disse...

Não dá para debater questões importantes do país quando voltamos novamente ao ponto de partida da crítica que fiz.

Sempre existe um lado e o meu sempre deixei claro qual é, onde procuro sempre me aprofundar, amadurecer para a realidade não fugir de vista. Sou livre de qualquer fanatismo e paixão cega.

Esse debate não acontece porque pessoas sentem a necessidade de defender sectariamente algo como ovelhas da igreja, onde o único consciente dos atos é o pregador que manipula as ovelhas. Eu deixei de ser ovelha há tempos e pregador jamais serei, sou livre de qualquer vaidade ideológica, não quero afirmar nada a ninguém, ou que venham a me seguir, quero provocar um questionamento nas pessoas, isso é o que sempre fizeram os meus grandes ídolos e pensadores da vida.

É muito fácil falar em "prática" quando se está pendurado no céu, O Engels foi citado acima, no entanto a maior prática dele e do Marx foram justamente da teoria entender as relações sociais, gerar esse conflito no indivíduo para aí sim dar base a uma luta.

Isso que o Roque escreveu, faz 12 anos que repete isso, e antes de prosseguir, Roque, irei travar embates e críticas sempre que necessário contigo e com o Henrique, não tenho o menor problema em dizer o quanto vocês já me ensinaram e me fizeram gostar verdadeiramente dos dois, porém é triste ver como o Henrique se comporta hoje como ovelha da igreja petista e vc como um pregador.

É muito bonito, simpático, audível como música, falar em guerra de classes, romper as alianças e tudo o mais que vc sempre repete, porém a realidade das pessoas em seus cotidianos passa longe disso. Vc é um erudito, mas não deixe o ego ficar maior que sua erudição, por que quando fala em aproximação da classe, unir militancia, isso não significa que passa tudo por vc, como se fosse o centro da esquerda regional, cada pessoa tem sua forma e tempo para colaborar, vc fala que vai na Ajax e pede para os outros irem tb, só que nem todos tem essa condição, vc é privilegiado pois é pago para esse trabalho e não estou te condenando por isso não, mas vc pode ir muito além disso e é óbvio que o discurso, o debate está errado e procure aprender algo tb com quem aprendeu contigo, esse tipo de frases de efeito não colam no povo, eu encontrei no calçadão outro dia com trabalhadores da }Ajax que faziam uma passeata por FGTS e salários atrasados, conversei com alguns e a situação de desespero por necessidade de contas vencidas e alimentação, se faz urgente no momento uma instrução e luta jurídica antes de qualquer outra coisa e discurso. Ouvi gente dizer que vc sugeriu ocupação da fábrica, se realmente sugeriu isso, deveria ser o primeiro a invadir lá e enfrentar as consequencias, porque novamente. antes de qualquer luta mais aguda essa pessoas tem necessidades urgentes e eu não vou ficar bancando o profeta diante destes.

continua...

Anônimo disse...

Entenda que entre os aspectos que envolvem o comunismo, um deles é ser uma ciência social, entendermos um processo e daí diante de uma realidade saber para onde seguir, vc fala de classe como se o operariado fosse o mesmo da Rússia no começo do século 20, embora as bases de exploração sejam as mesmas, existem variantes, modernizações no rótulo, essa classe além de não ser homogênea como antes, vc tem grande parte dos trabalhadores com cosnciência e aspirações como do patrão, muito menos uma consciência de classe, é preciso levar fatores em conta como o boom de informação, era melhor lidar coma classe antigamente homogênea e sem informação(que era um problema), mas hoje vc tem uma explosão de informações alienantes para o povo onde a única globalização são os padrões aspirados de consumo, que são referidos à felicidade, a aceitação de grupo, questão tb da superpopulação, se não levarmos isso a público, para um amplo debate onde estaremos questionando os reais problemas das pessoas de uma forma atual e que elas se sintam observadas em seus anseios e aí sim partirem para uma mobilização onde se possa subir lentamente degrau por degrau, porque senão entramos numa piração ideológica, grave, que não discute isso e não chega nesses anseios populares, pense nisso, estou aberto ao debate de ideias, faça uma reflexão, pois vc vai acabar perdendo mais apoio na esteira do declínio do PT e vc por sua austeridade não merece ser confundido com os bandidos que tomaram conta do partido.

E Henrique, neoliberalismo é um só, não tem o predatório e não predatório, fique do lado da nação e reative o seu pensamento que sempre foi ótimo e ativo e não do lado do governo que é igualzinho aos tucanos, não se trata de espezinhar, não banquemos os palhaços, o problema não é o protesto do dia 15, ninguém será derrubado, a questão é por que cada vez mais pessoas compram essa ideia?? O erro está no governo, e não importa que lá esteja, precisamos discutir os pontos cruciais da nação e não estamos conseguindo porque perceba que novamente vc voltou para os mesmos clichês de sempre, "impedir a volta dos piores" e bla´bla blá, não existe contra-revolução se não há uma revolução em curso e falando nisso, revolucione a si próprio primeiramente e assim outros farão o mesmo e novas possibilidade poderão surgir.

Camarada Insurgente Marcos