terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
CENA BAURUENSE (130)
A CENSURA E A DISCRIMINAÇÃO – PARTICIPI E PERUANOS
Caso 1 – O caso do vereador que tentou censurar o PARTICIPI. Voltou atrás por causa da repercussão. Depois tentou se dizer ultrajado pela forma como foi retratado na charge. Também não deu certo. A charge é precisa, registro cirúrgico da situação. E aí um algo mais. Giovani, diretor do portal de notícias sofre uma intimidação em uma praça pública. “Ou para ou vamos parar contigo”, lhe disseram. Uma coisa não possui elo de ligação com a outra, mas acontecendo tudo ao mesmo tempo, preocupa. Da capitulação do vereador até essa intimidação, eis um novo capítulo. O que terá publicado o portal para merecer o dedo na cara? Ontem, 2/2, com uma MANIFESTAÇÃO ocorrendo no recinto da Câmara Municipal de Bauru o coletivo repúdio à tentativa de censura, uma bela tomada de posição contra desmandos autoritários. A presença de professores do curso de Jornalismo da Unesp foi decisiva para deixar explícito o quanto de autoritarismo e pedantismo no evidente ato arbitrário, estancado no seu nascedouro. Barrando isso agora, ótimo. Se quietos, a censura estaria estabelecida e imposta. Giovani levanta outra séria questão: “A reação do vereador com o Participi ocorreria na mesma intensidade se do outro lado estivesse o Jornal da Cidade ou a Auri-Verde, mídias estabelecidas na cidade?”. Claro que não. O ato de ontem foi ótimo para expor que, mesmo pequeno, o Participi não está só. E é exatamente dessa forma que devem ser as ações dos interligados pela busca da informação, a verdade factual dos fatos. Uma justa e necessária união de interesses em comum, valores, posições. O caso é uma espécie de divisor de águas na questão da informação na cidade. O autoritarismo mostrar suas garras de várias formas e jeitos, mas a reação deve ser também imediata, pronta e contundente. Foi o que ocorreu.
Caso 2 – O caso dos estudantes peruanos anglicanos circulando pela cidade, grupo com mais de cem jovens, vendendo livros sobre alimentação saudável. Recebi uma dessas jovens no meu portão antes do final do ano. Era sua primeira visita, fato que muito me orgulha. Havia chegado somente a alguns dias na cidade. Confesso, a tratei inicialmente com certa preocupação, pois demonstrou querer entrar para conversar. Permanecemos diante do portão, debaixo de uma árvore. Aquilo me inquietou, daí a instiguei na conversa. Ouvi tudo o que tinha para me dizer. Disse que queria resolver meu problema de saúde e chegou no livro vendido. Achei caro, quatro parcelas de R$ 50 reais. Não comprei, mas continuamos conversando, ao ponto dela querer me presentear com um livro da sua igreja. Dei-lhe R$ 15 reais. Contou detalhes de onde veio, do trabalho, de suas férias e de onde estava hospedada. Aquela latina no meu portão foi algo encantador e ao mesmo tempo entristecedor. Vê-la ali, tão nova, muito simples, roupa puída, sem recursos, mas já rodando o mundo, tão longe de casa me despertou a mais alta admiração. O motivo de sua vinda, atraída por um grupo religioso, esse de certa forma me desapontou, pois o vejo limitador, cerceador de possibilidades. Queria até fotografá-la, mas não o fiz. Achei que a identificando, poderia lhe causar problemas. A inicial desconfiança estava totalmente dissipada. Tomamos água juntos e falamos sobre seu país e o período de férias onde realiza esse trabalho. E agora tomo conhecimento da bestialidade humana e de todas suas possibilidades, quando os associaram com sequestradores de crianças, sendo alguns quase linchados. LAMENTÁVEL. Meu total repúdio à qualquer forma de discriminação para com eles, todos com carinhas de nativos indígenas, pele bem escuras, o que sabemos, nesse país aumenta os riscos do ser humano passar desapercebido. Meu único senão nisso tudo é pelo fato de gente tão jovem sair pela ái vendendo ideias religiosas mundo afora. Queria vê-los circulando pelo continente, sem lenço e sem documento, como o fez CHE GUEVARA, ora com sua motocicleta, ora a pé.
RESUMO DA ÓPERA: Em questão, a espiral do silêncio e a força de um boato.
OBS.: Na primeira foto, do Participi, o professor Juarez Xavier e o advogado Hermann Schroeder Junior, com a boca vedada, no protesto de ontem na Câmara. Na segunda, alguns dos jovens peruanos vendendo livros nas ruas de Bauru.
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