MUDAR? SAIBA BEM PARA ONDE...
Benjamin Netanyahu, o primeiro ministro israelense foi um dos que descaradamente marchou em Paris, junto de outros líderes mundiais naquele fatídico dia, onde muitos, mesmo atuando em seus países contrários à liberdade de expressão, teceram loas contra o ocorrido no Charlie Hebdo. Nesse dia ele aproveitou e incitou os judeus franceses para irem morar em Israel. Esse retorno tem um nome: Aliya (ascensão). Quase um mês depois, após outros atentados contra judeus na Europa estende o convite para todos os judeus residentes na Europa. Em 2014, mais de sete mil desses voltaram para Israel, sendo que em 2013, pouco mais de três mil. Leve em consideração que, 51% dos ataques racistas na França são antisemitas.
Observe o outro lado da moeda. Muitos desses retornando não levaram em consideração algo muito simples. A realidade interna hoje em Israel é cruel para qualquer tipo de oposição à política governamental capitaneada pelo ultraconservador Netanyahu. Percebam se a troca foi mesmo boa ou não. Judeus europeus estão trocando o antissemitismo europeu pelo racismo israelense. Mais do que perceptível hoje em Israel a demonização de qualquer posicionamento dito de esquerda ou mesmo mais liberal. Os que o fazem são comparados a colaboradores nazistas querendo destruir o país. E daí minha pergunta: A mudança vale a pena? A situação na França e em boa parte da Europa pode não estar boa, mas a liberdade ainda é usual. Em Israel ela não mais existe. Eis o dilema para os que pensam em voltar.
Isso posto, me volto para algo ocorrendo aqui no Brasil. Quando vejo esses movimentos todos pregando a deposição da presidenta, a volta do regime militar, um poder absoluto ao STF (mesmo ele cada vez mais favorecendo uns poucos), apoio irrestrito para o novo presidente da Câmara dos Deputados, o híperconservador Eduardo Cunha, me pergunto: ALGUÉM CHEGOU A COGITAR ONDE ISSO TUDO PODERÁ NOS LEVAR? Que o PT é corrupto e age como todos os demais partidos, inegável. O sistema todo está podre, carcomido e consumido. A demonstração é pela substituição de um maléfico por outro da mesma linhagem, talvez até pior. Prevalecendo o que se ouve, sente e vê, algo piorado desponta no horizonte. O país, com certeza, vai ficar mais excludente, preconceituoso, com predomínio da “cretinização coletiva” e acirramento do ódio de classes. Pior impossível. É isso que querem os na rua? Na verdade, o objetivo está definido: sacar o PT do poder. Sacam o que está pronto para assumir o posto no lugar desses? Nem tanto, ou melhor, nem todos sacam. Muitos vão na valsa. Eu particularmente abomino isso. Prefiro lutar pelo socialismo como substituto, mas isso, pelo visto, está fora de cogitação. Não luto por Dilma e pelo PT, mas para que tudo não piore mais. Retrocesso nesse momento é o que menos necessitamos. Perder tudo o que foi conquistado e às duras penas, pior ainda. Esse meu forte e único motivo para me manter distante desse barulhinho pipocando das ruas, um OVO DE SERPENTE que pode ser abortado ou ser chocado. É quase a mesma coisa do israelense vendo a situação atual da Europa e pensando se volta ou não para Israel. Adoraria estar nas ruas mas outro tipo de transformação. Topas?
Um comentário:
Henrique, ah meu antigo amigo de tantos almoços, viagens incríveis, calorosos debates, o querido professor do Alfinete, que tempos belos eram aqueles hein?? Saudades...
Ninguém vai derrubar a Dilma assim como não se derrubou o FHC em 99 quando fomos pedir sua cassação várias vezes lembra?? Para cassar um presidente, não basta maioria simples, é preciso dois terços na câmara e no senado, esquece meu, essa discussão é mais uma bobagem, isso serve para o sensacionalismo e desviar o foco, assim como a máscara caiu do FHC em 99, agora vem a tona toda a mesmíssima política do PT, onde o enforcamento maior dos trabalhadores se dará mais uma vez. A pressão das oligarquias é no sentido de acelerar mais ainda reformas no único sentido colonial moderno do neoliberalismo para o favorecimento destes.
Não leve em conta o que uma minoria de babacas gritam nas ruas, absolutamente ninguém dos detentores do capital iriam de encontro a novo golpe militar ou do velho conservadorismo, o próprio Bolsonaro é escrachado na imprensa, cara, o foco não é esse.
O PT que foi o partido nascido com as massas, perdeu elas e perdeu as ruas, quem pensava uma nação e com austeridade já rompeu há tempos com o partido, o PT morreu como partido de massa e de esquerda, está provando do mesmo veneno que os tucanos provaram.
É natural que as pessoas, que são totalmente despolitizadas, sem ideia do que ocasiona as mazelas da vida, pedirem por mudança, mas elas não tem direção e por isso se faz necessário o debate que tanto insisto e parece que essa cretinice coletiva que vc citou atingiu até os que outrora pensavam e muito, estou querendo debater política econômica, estratégia de investimento, produção, inclusão dos serviços sociais(saúde-educação-cultura), veja que não sai isso Henrique, vc e outros ficam agindo como xiitas do PT, pintando um país que não existe, exatamente como o FHC fez nas eleições de 98.
Retroceder só é possível quando se avança e o Brasil vai morrer porque não existe como nação soberana e estratégica, nenhum país seja qual for o regime, sobrevive com uma produção ridícula como a nossa, o Brasil é o único do mundo que garante ampla liquidez do rentismo, com juros generosos e risco zero, um país que deixa de fazer uma obra numa estrada para gera superávit primário para pagar juros da dívida e depois que a estrada está destruída vai gastar 20 vezes mais para recuperar, essa é a lógica. O Brasil importa 80% dos componentes químicos para fabricação de remédios que só encarecem com o câmbio alto, isso pq é um dos exemplos da falta de produção em nosso país, há muita coisa para ser debatida e pensada, mas não vai acontecer diante dessa insanidade que estou vendo diariamente. Cargo majoritário Henrique não é título de campeonato brasileiro.
Vc antes era professor de história, agora é jornalista tb, sua responsabilidade é maior hj, como historiador que vai formar opinião das pessoas, que precisa levar ao questionamento e não trabalhar com afirmativas vazias da cartilha do PT dizendo que há avanços, inclusão, mas não mostra os pontos técnicos, o PT está tentando uma sobrevida na base da pregação.
Acho que o Paulo Neves poderia pensar em fazer em futuras edições da semana latino-americana uma mesa para debater com os jovens, chamar umas 4 pessoas para um bom debate.
Pra fechar deixo uma pergunta para vc fazer a si em suas reflexões: Quanto tempo faz que não se atualiza em questões econômicas, políticas e sociais?? Com certeza verá o tempo perdido com essa turma. E Henrique, ter pessoas para tocar nossa consciência é melhor do que aqueles que elogiam demasiadamente, porque estes não provocam e sim trazem um certo conforto e a mente jamais pode ser confortada e sim eternamente confrontada.
Camarada Insurgente Marcos
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