sábado, 21 de fevereiro de 2015

FRASES DE UM LIVRO LIDO (88)


HPA, ENY DO BORDEL NA FOLHA DE SP DE HOJE E AS FOTOS DE OSCAR FARIA


O telefone toca aqui no mafuá na quarta, celular, quando ainda estava na recuperação da ressaca carnavalesca. Do outro lado alguém se identificando como Marco, jornalista da Folha de São Paulo. Disse ter descoberto algo sobre mim pelo google e me vendo como um dos “historiadores mais atuantes em Bauru” (será?), queria detalhes sobre a nossa mais famosa cafetina, ENY CESARINO. Sempre ela. Ufa!, que bom, falaríamos dela mais uma vez. O motivo era o relançamento do livro do Lucius de Mello, nova edição, “Eny e o Grande Bordel Brasileiro”, esse mês, com 408 páginas e muitos textos não só revisitados, mas acrescentados. Ele havia visto pela internet a movimentação na cidade, a questão das estátuas. A desproporcionalidade de uma da Liberdade, no trevo principal de entrada de Bauru, como se fosse uma espécie de portal e o trevo anterior, o mais famoso de todos, o da ENY, sem nada que lembre o lugar, além do letreiro ainda resistindo ao tempo, quase ao lado. Como se chama mesmo oficialmente aquele trevo? Ninguém sabe, ninguém viu. Pergunta se ainda existe o movimento para levantar uma estátua para a cafetina. Disse a ele que, infelizmente não, mas poderia ser retomado com a minissérie que a TV Globo deve gravar ainda esse ano. Ele não sabia dessa novidade e a incluiu em sua matéria.

Marco Rodrigo Almeida, seu nome. Ligou mais três vezes, conversamos até e lhe indiquei falar sobre o que ainda não foi contado no livro com um senhor mais do que instigante, OSCAR FARIA. Quem é esse senhor? Falo um pouco dele. OSCAR FARIA, aposentado como Gerente de Computação da Coca Cola, isso há mais de vinte anos. Um refinado senhor, muito comunicativo, alegre e cheio de boas histórias. Aos 82 anos, ainda dirigindo, enfrenta a oposição dos que querem que ele pare, mas ele insiste e foi lhe dado um salvo conduto até o próximo arranhão no carro. Em novembro passado estive em sua casa e me contou detalhes inebriantes do funcionamento do bordel comandado por Eny.

“Quem fez o livro não falou comigo e perderam boas histórias”, foi o que me disse. Saca de um monte de fotos, um Concurso lá realizado nos anos 60, o Miss Cabaré, quando foi não só um dos jurados, como algo mais. “Eu tinha entrada franca na casa dela. Não tenho vergonha nenhuma de dizer isso. Fui até padrinho de uma delas”, contou. Disse mais, mas isso tudo ainda pode ser devidamente resgatado por gente como o Lucius, ou mesmo o Marco, essa da Folha SP, interessados em registrar essas histórias. Ou até mesmo os roteiristas da TV Globo, querendo saber detalhes da casa para conseguir compor o cenário dentro da maior perfeição possível. Oscar é uma excelente fonte de informação, pois foi testemunha ocular da história. Assim é claro, como o livro do Lucius, fonte centralizadora de tudo o que existe circulando por aí.

A matéria da Folha SP sai publicada hoje com uma chamada na primeira página, “Ilustrada – Livro resgata cafetina que atendeu Jango, Jânio e Vinicius”. Na capa da Ilustrada a manchete é essa: “A casa das 30 Mulheres – Livro narra a trajetória da cafetina Eny Cesariano e seu bordel em Bauru, um dos principais do país de 1947 a 1983, história que vai virar minissérie”. Dei minha contribuição para composição do texto e de mim essa citação: “’Eny é um símbolo de Bauru. Ela merecia uma estátua, por tudo que representou para a cidade’, defende o historiador Henrique Perazzi de Aquino”. Oscar não foi citado, mas com toda certeza, deve ter rendido boas histórias, muitas delas picantes para a formatação final do texto do Marco. De minha parte, confesso, gosto muito de relembrar histórias como essas vividas lá pelos frequentadores do bordel da Eny. São pra lá de instigantes. O que mais me move, o fato de até hoje, uma parcela dessa ainda moralista Bauru renegar o bordel, mesmo tendo sido ele fonte de inaudita contribuição para infinitas causas sociais na época em que esteve aberto. Eny foi benemérita de carteirinha. Clicando a seguir o link para a leitura integral da matéria publicada hoje na Folha SP: http://www1.folha.uol.com.br/…/1592467-livro-narra-a-trajet…. As fotos todas são minhas e tiradas com seu Oscar e as lembranças de uma festa inesquecível em sua vida, afinal, naquele dia foi jurado. E me confessou: “Escolhi a vencedora, a mais bonita”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

Aqui na Grande SP onde dou aula e até entre meus alunos tenho suado a camisa para mostrar o que fato ocorre. A mídia influencia demais na opinião das pessoas e els se deixam levar. Não refletem mais. O trabalho para desmontar a cagada feita é imensamente maior. Continuo tentando.

Aurora

Henrique disse...

alguns dos comentários via facebook:


Fatima Brasilia Faria Ótimo seu texto Henrique Perazzi de Aquino, vou ler a matéria, conheci Eny pessoalmente, li o livro do Lucius e ouvi também algumas histórias de pessoas bem próximas à ela, merece estátua e muito mais.... e o trevo na rodovia, batizado carinhosamente com seu nome...
Ontem às 11:38 · Descurtir · 4

Marli Baccan Muito bom Henrique.. Afinal, Eny fez e continua fazendo parte da história de Bauru.bjo
Ontem às 12:37 · Curtir · 1

Marli Baccan
Ontem às 12:37 · Curtir · 1

Helena Aquino Já havia compartilhado o link da Folha que a querida Sonia Scaquetti me repassou mano querido ... vc completou o anterior .... beijos querido , vc como sempre mexendo com a puritanagem ...rsss..... será que existe esse termo ......rssss ...ñ sei ñ , mas se encaixou perfeitamente aqui ..... rsss
Ontem às 18:27 · Descurtir · 2

Cida Motha Parabéns Henrique Perazzi de Aquino!!!!! mto legal o seu interesse por personagens de nossa querida Bauru.Admiro seu trabalho de pesquisa como tbém sou fã de Luciano Dias Pires (Bauru Ilustrado). Abraços.
Ontem às 21:12 · Curtir · 1