MORTES E AMEAÇAS DE – VIVER É PERIGOSO DEMAIS
Cito alguns casos aqui e ali, esporádicos, contraditórios, nada a ver um com o outro, sem nenhuma relação, todos de quem continuam na labuta.
ROQUE FERREIRA escapou por pouco. Seu amigo de longa data, 20 anos de estreita convivência ideológica não teve a mesma sorte. Para quem está vivo basta isso. Atravessar a rua com a devida desatenção e no exato momento em que um carro se despinguela rua abaixo. No descuido, pronto, a cruel fatalidade. Lá se foi um e por pouco também o outro. Como não ficar triste pelos que se vão dessa forma? Impossível.
Um garotão numa festa, mineiro de Passos e estudante em Bauru, HUMBERTO MOURA FONSECA, 23 anos, bebe todas e mais algumas e acaba com sua vida num coma alcóolico. Quase duas mil pessoas no mesmo embalo. Tão banal o estímulo desse tipo de competição. Tão banal uma vida que se vai tão cedo. E a família, investindo na vitória do filho, recebe o telefonema faltal: teu filho morreu. E tudo é interrompido bruscamente. Passar a mão na cabeça dos responsáveis só amplia cada vez mais o problema. Basta de impunidades.
O opositor russo ao atual governo Russo BORIS MEMTSOV atravessava uma ponte perto do Kremlin e foi eliminado, corpo crivado de balas. Outros tantos que tentaram denunciar ou se opor ao atual czar tiveram o mesmo destino. Lá, ser opositor é mais do que um perigo. Esse foi só mais um, outros virão, basta ousarem mais do que o permitido. Talvez esse não soubesse ter ultrapassado o seu limite. O algoz assume para si a gloriosa missão de investigar e esclarecer tudo. Ruas cheias em protesto, todos de bocas mais do que fechadas.
Um garotão numa festa, mineiro de Passos e estudante em Bauru, HUMBERTO MOURA FONSECA, 23 anos, bebe todas e mais algumas e acaba com sua vida num coma alcóolico. Quase duas mil pessoas no mesmo embalo. Tão banal o estímulo desse tipo de competição. Tão banal uma vida que se vai tão cedo. E a família, investindo na vitória do filho, recebe o telefonema faltal: teu filho morreu. E tudo é interrompido bruscamente. Passar a mão na cabeça dos responsáveis só amplia cada vez mais o problema. Basta de impunidades.
O opositor russo ao atual governo Russo BORIS MEMTSOV atravessava uma ponte perto do Kremlin e foi eliminado, corpo crivado de balas. Outros tantos que tentaram denunciar ou se opor ao atual czar tiveram o mesmo destino. Lá, ser opositor é mais do que um perigo. Esse foi só mais um, outros virão, basta ousarem mais do que o permitido. Talvez esse não soubesse ter ultrapassado o seu limite. O algoz assume para si a gloriosa missão de investigar e esclarecer tudo. Ruas cheias em protesto, todos de bocas mais do que fechadas.
As circunstâncias da morte do promotor argentino ALBERTO NISMAN continuam nebulosas. Ele denunciou algo surreal, sem nenhuma comprovação, em plena efervescência de uma brutal campanha eleitoral, volta às pressas de uma viagem à Europa e aparece morto. O Serviço de Inteligência argentino é desfeito pela presidenta, sem confiança nenhuma nos agentes, divididos entre apoio e odienta oposição a ela. O suposto acordo que seria a contrapartida da morte, o beneficio ao Irã nunca existiu, como muitos sabiam ser o promotor manipulado pela embaixada norte-americana. O propósito dessa morte favorece muito mais a oposição e esses se agarram, com apoio da mídia na imposição da quase impossível tese do envolvimento presidencial. Eleições à vista e um país dividido causam mortes e mortes.
Em Guadalajara, no México a professora de Comunicação ROSSANA REGUILLO é viva voz das insatisfações do seu povo diante de um Governo cada vez mais nas mãos de gente inescrupulosa e perigosa. Milícias tomam conta do país e mesmo assim ela clama em voz alta. Não quer ver seu país vergado diante das iniquidades ligadas ao crime. Paga o preço pela ousadia. Recebe seguidas ameaças por ter ultrapassado um tal limite no que faz e como faz. O mundo universitário latino clama em sua defesa, mas lá em seu país ela não sabe direito a quem pedir proteção.
Um jovem baiano levanta a voz contra as injustiças da Polícia Militar da cidade onde mora. Denuncia os abusos e crimes cometidos por esses, 11 mortes banais sem esclarecimento, muito menos sendo apuradas. ENDERSON ARAÚJO publica texto numa revista e passa a ser perseguido. Os mesmos que eliminaram 11 estavam em sua cola. Ele é pobre, sem recursos, cansado de presenciar injustiças no local onde mora, o bairro de Sussuarana e até então publicava suas denúncias num blog, o Mídia Periférica. Teve que sair da cidade e hoje está em lugar incerto e não sabido, do contrário, uma hora dessas faria parte de mera estatística.
Poderia me estender mais e mais. Assunto não me falta. Amigos se vão e fotos de artistas recém falecidos povoam as redes sociais. Hoje mesmo mais um se foi, Zé Rico, um sertanejo da velha cepa. Ontem um antigo roqueiro bauruense, o cabeludo Luiz Gustavo de Almeida. Gente sendo ameaçada, atropelados, atirados em fundos de poços, morrendo em camas de hospitais ou mesmo tendo que fugir com a roupa do corpo para não serem eliminados. Tudo isso faz parte desse nosso instigante dia a dia. E nós no meio disso tudo.
3 comentários:
Avalanche!!! Mas o movimento dessas "pedras" gera energia, que nos dá força para continuar vivendo, lutando e, por que não, amando os que estão a nossa volta...
Ivy Wiens
Henrique
Temos que continuar lutando pelo benefício da maioria, sempre !!!
Coaracy Domingues
Segue o bonde...
Antonio Carlos Pavanato
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