segunda-feira, 31 de julho de 2017

BAURU POR AÍ (142)


O MOMENTO DE MAIOR EMPOLGAÇÃO DA FESTA DE ANIVERSÁRIO DE BAURU NO VITÓRIA RÉGIA
A Roda de Samba ao velho estilo do Cacique de Ramos, comandado pelo toque da palma da mão. Algo que há quase uma década começou de forma insipiente, um convite feito inicialmente para os integrantes do grupo Quintal do Brás, hoje é a grande coqueluche de tudo o que rola ali no parque Vitória Régia na Festa de Aniversário de Bauru. Um dos que agitam e reúnem aquela imensidão de sambistas de Bauru e região é o Ivo Fernandes. Quem nunca foi, quando lá estiver vai se surpreender e para quem já conhece, difícil não querer voltar. Uma grande mesa ali no gramado e no seu entorno esse congraçamento de possibilidades. Indico, recomendo e só não vou estar, pois acabei vindo participar de um Congresso Acadêmico um tanto distante, mas estarei com os ouvidos atentos, pois sei que a rapaziada faz algo tão grandioso que, o som acaba chegando por aqui. Se fosse vocês todos não perderia essa festança por nada deste mundo. O mais, bem o mais da festa é legal, mas nada se compara com essa reunião de sambistas a fazer história no aniversário de Bauru. Eles sempre se superam e são o uó do borogodó deste e de todos os aniversários em praça pública. Podem convidar os artistas que quiserem, mas no frigir dos ovos quem se sobressai, quem agrada mesmo é o samba praticado pelos daqui mesmo, pratas da casa e com um público cativo. É o que tenho para indicar da festa:
https://interiorcultural.com.br/2017/07/27/aniversario-com-roda-de-samba-em-bauru/

Duas citações a merecer destaque do que se viu nas ruas em Bauru dia 01/08:

1.) "Enquanto seguimos pesadamente na luta em oposição a um governador que ordena a PM a dar porrada em Professor, espancar alunos, organiza a PM mais assassina do MUNDO! que corta verbas de diversas faculdades Inclusive de Medicina, onde torna precário o sistema de várias Escolas Estaduais, e diversas universidades, O Mesmo do desvio de Verba da merenda! o mesmo Governador que tentou movimentar a reforma do ensino médio, e reprimiu brutalmente os que lutaram contra.Nos fizemos coro contra esses.
Mas infelizmente la dentro tinha os lambe bota, tirando foto com o cara que não faz mais que a obrigação. É como uma vez me disseram: Quem ta com os pobre é os que vivem sua realidade, os que não vivem a mesma realidade querem usar os pobres.", Matheus Versati.



2.) "VIOLÊNCIA POLICIAL NO VITÓRIA RÉGIA - Um grupo de policiais militares comandados pelo tenente Freiras com violência exacerbada para conter um indivíduo que segundo eles causava problemas no evento. Este Tenente Freitas mostrando um profundo despreparo, sem nenhum motivo me agrediu empurrando-me. No que perguntei qual a razão. De forma covarde se afastou e mais uma vez fui agredido verbalmente pela PM Priscila, a PM loirinha que na foto cuida do cachorro, me dirigindo palavras de baixo calão, vai tomar no "C". Este tipo de atitude é que faz com que o descrédito da instituição aumente cada dia. O comportamento deste tipo de servidor público é que mancha toda a corporação. Amigos documentaram a agressão gratuita de policiais brancos", Roque Ferreira.


domingo, 30 de julho de 2017

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (41)


HOJE NÃO FUI NA "FEIRA DO ROLO" DE BAURU, MAS NA DE "SAN TELMO" DE BUENOS AIRES - PLACAS, AVISOS E MENSAGENS
Minha forma de fotografar a famosa feira, já por mim retratada em anos passados. Hoje, preferi atacar dentro de minha área de estudo, a folkcomunicação e como as muitas mensagens ali encontradas são passadas adiante. São comerciantes e seus recados nas vitrines, empregados e escritos à mão com papéis improvisados nas paredes, placas explicativas, etc. Eis alguns, algo doloroso em uns, em outros, só uma dica para não ultrapassar barreiras. Enquanto a chuva não veio, foi o que fiz nas ruas. Eis alguns dos registros.


sábado, 29 de julho de 2017

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (40)


NAS RUAS DE BUENOS AIRES
Nas ruas, tanto daí, como daqui, muitas pessoas dormindo nas "calles", com sofás, colchões, fogões, cobertas, os apetrechos que ainda os ligam a algum mundo de dignidade. A diferença, ainda existente, entre os daqui e os daí, principalmente da capital paulistana é que, o prefeito de Buenos Aires não joga água fria neles e nem manda colocar fogo em quem resiste e conseguiu um lugarzinho para escapar do frio embaixo de viadutos. São muitos por aqui e clamam por algo para comer. Como não se sensibilizar diante de uma mão estendida em sua direção? Quem passa indiferente são os já doentes, contaminados por um regime onde uns conseguem vencer e a maioria permanecerá, mais e mais, sem condições. O neoliberalismo é excludente até a medula, como até as pedras do reino mineral sabem e nunca ao menos tentará resolver os problemas destes. O que farão, mais e mais é apertar-lhes a corda no pescoço. A insensibilidade que grassa aí, grassa aqui. Impossível, para os ainda sensíveis deste mundo, passear, de divertir. Como querer flanar por esse mundo com tanta iniquidade predominando na cabeça dos atuais governantes desta nossa América Latina? Temer e Macri dando claras demonstrações do esgotamento de um sistema a privilegiar cada vez mais uma minoria. Progarmas sociais estão em baixa em regimes desta natureza. Como é triste ir se deparando com essa enorme diferença entre uns e outros. Uns com tanto e ostentando, outros com quase nada e expostos como chagas pelas ruas, ocupando todo e qualquer espaço onde ainda consiga ao menos estender seus corpos.
Como não se sensibilizar com cenas como essa?

sexta-feira, 28 de julho de 2017

UM LUGAR POR AÍ (97)


SESC É ESPELHO DO QUE VIRÁ PELA FRENTE – ADEUS TRABALHO FORMAL
Estive no SESC Bauru nos últimos dez dias por três vezes. Três impagáveis shows. Deles, o que tenho a dizer é que são ótimos em tudo, inclusive no preço. Porém, nem tudo é perfeito. Escrevo esse texto os usando como exemplo do que viceja hoje no país, a precarização da mão de obra do trabalhador. Conversei aqui e ali, assuntei e constatei o que já sabia: o SESC foi o balão de ensaio de tudo o que está hoje sendo oficializado como a nova forma do trabalho assalariado no país. Quem um dia conseguiu ser empregado do SESC, muito bem, coloquem as mãos para o céu, isso não mais existe hoje. Todos os novos empregos são temporários e repassados ao SESC através de empresas terceirizadas e todos os instrutores, para toda e qualquer atividade ali realizada são PJ – Pessoa Jurídica. Empregado registrado com carteira assinada e tendo o SESC como contratante, pelo visto, nunca mais. Não existe como me divertir totalmente diante de shows belíssimos como presencio ali, sem me preocupar com a situação do trabalhador que vejo atuando nos seus bastidores.

Próximo 19/8, volto ao SESC, inevitável, para um show com Hermeto Paschoal e, novamente, o confronto, de um lado o artista e shows que marcam época, do outro, a insipiente relação trabalhista tendo ali seu local de exemplificação mais rápida de como deverá ser o país daqui por diante. Olho para esse cenário e entristecido constato e pergunto: como essas pessoas ingressando hoje no mercado de trabalho conseguirão se aposentar? A maioria não o conseguirá. O trabalho temporário como oficializado não permitirá períodos seguidos com carteira assinada, pois as interrupções serão inevitáveis e cada vez maiores. O que foi sancionado sem vetos pelo golpista Michel Temer com a reforma trabalhista, já em curso, fere de morte todo um arcabouço jurídico de proteção ao trabalho e coloca o trabalhador numa verdadeira sinuca de bico. Ou se submete ou se submete? Aceita ou viverá no desemprego, na informalidade e sem conseguir também ao menos contribuir com a Previdência.

O SESC é o maior exemplo. Com todas as transformações ocorridas na legislação, empregados formais devem ser todos substituídos por falsos autônomos e por falsas pessoas jurídicas, eximindo o tomador do serviço do pagamento de direitos antes garantidos, como férias, 13º salário, além de afastar processos na Justiça do Trabalho. Tudo foi precarizado, pois o trabalhador passa a ser, a partir de agora regulado por contratos de trabalho temporário, parcial e intermitente. A insensibilidade para o empresariado possui um nome, modernidade. Dizem não ser mais possível manter o emprego como dantes e agora, comandados por insensíveis entidades de classe terão diante de sai várias opções para baratear o custo da mão de obra. O trabalhador para se aposentar terá diante de si 25 anos de contribuição para ter acesso à aposentadoria parcial e 49 para a integral. Diante das interrupções, quem conseguirá contribuir e por fim, quem conseguirá se aposentar? Poucos, pois sequer terão a garantia de trabalharem o suficiente para conseguir um salário mínimo. A dignidade do trabalhador foi jogada na lata do lixo.

Esse o sombrio futuro deste país. Não adianta tergiversar e tentar me explicar do contrário. Prefiro ficar com a explicação de um Juiz do Trabalho logo que o tema veio a baila: “Se o trabalhador ao menos soubesse o que está sendo tramado contra ele, já teria virado essa mesa”. Não virou, se danou e agora, ou resigna-se ou busca formas de se organizar e reverter isso com um novo Governo, onde com um novo Congresso possam apresentar modificações na Constituição, do contrário, sem tirar nem por, estamos mesmo voltando para a condição de Colônia, antes de Portugal, hoje as multinacionais e o sistema financeiro. E a pergunta que não quer calar e vai piorar a situação até para o empresariado apostando nas modificações é: com o trabalho precarizado certamente se inviabilizaria o consumo interno e como esses pensam em vender mais se deixaram o povo à míngua? O SESC, infelizmente é ponta de lança nesse processo e sendo usado como teste para tudo o mais. Não deixarei de continuar frequentando seus eventos, mas me solidarizo com a situação de todos aqueles que lá me atendem, pois enxergo além do que vejo e sei que são o puro reflexo de um país andando para trás. Se ser moderno é fazer isso com o trabalhador, já ando com saudades da situação de antanho. Éramos felizes e não sabíamos.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

RETRATOS DE BAURU (203)


VANDERLEI, O PORTUGUÊS, FERROVIÁRIO SEMPRE EM ESTADO DE ALERTA
Ontem mais uma lição. Conto primeiro dela e depois descrevo quem a propiciou. A luta a favor do trabalhador é sempre cheia de encantos mil. Dos desencantos e decepções é melhor nem tocar, para que a decepção com esse mundo não exceda os limites do tolerável. Lá ontem no embuste que foi a expulsão do Paulinho, do antes de luta Sindicato dos Bancários mais uma lição entre os presentes ali na calçada e conclamando sua solidariedade para o sindicalista ferido pela traição. Um senhor, aposentado tempos atrás, sem acesso às redes sociais, toma conhecimento do fato pelo boca a boca e faz o que sempre fez a vida inteira, me diz numa conversa informal, para lá se dirigiu e foi prestar seu apoio de companheiro para outro igual a ele. Não era bancário, mas de luta e também segundo me diz: “Como não atender a um chamado desses e deixar de vir defender um irmão na luta e precisando de apoio e solidariedade? Vim e me coloco à disposição para a luta”. Comovente vê-lo falando sobre isso de não conseguir permanecer em casa quando um igual a ele está em perigo.

VANDERLEI é ferroviário da hoje extinta Noroeste do Brasil. Lá na lida o chamavam de PORTUGUÊS e o apelido o acompanha desde então. Suas histórias de resistência, greves, trabalho madrugada adentro e a luta inclemente por melhores salários para sua categoria e todas as demais é dessas que te faz sentar e ficar ouvindo, lições de uma vida inteira, contadas por quem sempre foi protagonista da história. Bauruense, mas deslocado pelo Sindicato dos Ferroviários, atuou por décadas no trecho férreo entre Três Lagoas a Campo Grande, no Mato Grosso. Percebe-se ser desses, sem muita teoria, mas com a prática e a sapiência de saber muito bem o lado onde deve estar e se posicionar. Desses que não muda de lado nem que a vaca tussa. Um bravo, na acepção da palavra. No ajuntamento de gente a defender Paulinho, quando da montada artimanha que o defenestrou do Sindicato, lugar onde atuou uma vida inteira, de forma íntegra, soberana e altaneira, lá estava Português, desses que, para ali se dirigiu, sem necessidade de ser convocado, pois isso para ele é algo inerente à sua linha de pensamento e ação. Vem e está sempre em lugares assim por pura convicção. Quando ficou sabendo, também já conhecendo o Paulo, imediatamente deixou tudo o mais de lado e foi lá se juntar a outros com a mesma disposição. E quando ocorreu um confronto, não arredou pé e com seus 70 anos, se postou na linha de frente. Levou um esfregão no braço e permaneceu sangrando por bom tempo, mas dali não saiu até sua missão estar terminada, ou seja, ficou até o fim, um dos últimos a ir embora. E assim foi, é e continuará sendo sua vida, construída na luta, perseverante e altaneiro, desses briosos, que qualquer um encara e sabe ser dos inflexíveis. Hoje, quando enalteço a resistência da qual participei de forma modesta ontem, ressalto ele, alguém a dignificar qualquer luta. Se todos fossemos como ele não levaríamos golpes e mais golpes nos costados.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

ALFINETADA (158)


DESENCONTROS DE ECONOMISTAS E AS LEIS DO MERCADO – DE COMO FALI POR SEGUIR CONSELHOS DIÁRIOS DE UM DESSES*
* Esse texto sai também publicado como 10º na edição virtual d'O Alfinete, da vizinha Pirajuí

O país sob comando dos golpistas não consegue encontrar saídas palatáveis para nada, mas economistas aliados ao que lhes impõe as tais Leis do Mercado, continuam insuflando as massas para outro lado. Dizem, apregoam descaradamente que, algo está sendo feito e que o país volta a querer caminhar, sair do atoleiro e uma luz sendo observada no final do túnel. Será? Claro que não? No meu caso, venho publicamente confessar algo e mais do que preocupante. Fui confiar num economista, um que escreve no jornal e fala num programa de rádio. Foi a pior besteira de minha vida.

O cara diz e escreve regularmente que, o país está se safando, está voltando a respirar e eu acreditei. Apostei minhas fichas e cheguei a investir tudo o que tinha como reservas no que ia ouvindo. Hoje, passados poucos meses não tenho mais nada, perdi tudo e o cara continua dizendo que tudo vai bem, que falta pouco, que esse dia de luz chegará, mas só agora, quando perdi todas minhas economias percebi o embuste. Essa tal de lei de Mercado não é para mim, o povo, aqueles que juntam com grande esforço alguma economia e sim, para uns poucos, aqueles que abandonaram investir dinheiro em produção e trabalho e hoje, o fazem só em aplicações. Esse me parecem ganham dinheiro e nós, o restante do povo, nos danamos.


Mas o que ouvia e lia era para todos nós, como se pudéssemos acompanhar a loucura dos que pararam de investir no país e hoje só investem em ações disso e daquilo, pouco se lixando para a grande massa de desvalidos. Me danei e faço aqui minha mea culpa. É o que dá crer piamente no que diz um economista, um que está a serviço desse tal de mercado e não do grosso das massas. Como fui cair nessa? Mas a fala dele era tão bonitinha, fala tudo tão certinho, escreve com todas as vírgulas no lugar correto, achei que estava realmente me orientando a sair da crise.

Hoje enxergo, o desemprego foi obra das teorias e práticas do ajuste que desajusta. A maioria dos economistas, todos muito alinhados defendendo isso que chamam de leis de mercado e não entendia muito bem, estão todos à mercê da lâmina afiada que vem cortando, sem dó e piedade, os postos de trabalho e as esperanças. Desdenham do sofrimento da população de uma maneira vil. Hoje, os vejo como espertalhões e não estão nem aí com o o sofrimento dos cidadãos de carne e osso, lançados no torvelinho da insegurança e do desespero. Estão a serviço da minoria que oprime a maioria, quando falam só o fazem para enaltecer aquilo tudo a beneficiar quem os mantém com bufunfudos vencimentos.

Para esses,os empregos brotam do chão. São formadores de opinião da pior espécie, míopes e impulsionadores da desgraça coletiva. Propagandistas das reformas trabalhistas e previdenciária, apresentadas como salvação da lavoura, antes de uma séria discussão, sendo portanto, os responsáveis pela destruição da base industrial da economia brasileira. O tal Mercado parece ser mais importante que tudo o mais. Nós não valemos nada para eles e nos enganam a cada instante, a cada nova fala. Muito da indústria do passado já não existe mais, vai sendo moída, enquanto esses corvos afirmam o contrário. Os empregos desapareceram e não voltarão como antes, enquanto persistir esse incentivo ao arcado como solução para tudo. Criamos sim, empregos em outros países e desestruturando os daqui, tudo incentivado por esses bocas moles.

E por que mentem descaradamente na nossa fuça? Eu já perdi o que tinha por acreditar nesses bestiais. No discurso bonitinho que possuem engambelam os incautos, como eu, e depois, descaradamente, dizem nada ter a ver com isso. Mas hoje sei, perdi tudo por não enxergar o que estava diante dos meus olhos e não queria crer, os espertalhões estão nadando de braçada diante de todos nós, os bocós. Portanto, quanto cruzar com um desses, engomadinhos, fala fácil, puxando saco de poderosos, atravesse a calçada e apresse o passo. Eles são bons de conversa e te enganam que é uma beleza.


MAIS SEIS ARTIGOS PUBLICADOS NO MESMO O ALFINETE, ANO DE 2005:
Edição 344 – nº 268 – Racista, eu? De jeito nenhum... – 15.10.2005
Edição 345 – nº 269 – Caímos na arapuca muito facilmente – 22.10.2005
Edição 346 – nº 270 – Gente do Lado de Cá 10: Fernando, do Templo – 29.10.2005
Edição 347 – nº 271 – Mentira, foi tanta mentira que você contou... – 05.11.2005
Edição 348 – nº 272 – De que lado você está? – 12.11.2005
Edição 349 – nº 273 – Embates, revezes, confirmações e até sugestões – 19.11.2005

terça-feira, 25 de julho de 2017

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (116)


PRIMEIRO TOMARAM O SINDICATO DOS BANCÁRIOS, AGORA EXPULSAM PAULINHO – DIA 26 VAMOS DEFENDÊ-LO
Primeiro uma explicação. O PSTU, que por décadas esteve à frente do Sindicato dos Bancários de Bauru e região era até bem pouco tempo o partido político no comando de sua Diretoria. Não querendo se associarem à militantes de outros segmentos de esquerda (como a própria CUT, petistas e quetais), abriram a guarda e propiciaram na última eleição a entrada de militantes sem nenhuma bandeira de luta. Ganharam novamente mais um mandato, mas perceberam logo a seguir terem entregue o sindicato para a oposição, agora unida, em maioria e contra eles. Ou seja, de lá para cá estão todos enfurnados num inferno astral de dar gosto. A bola da vez é o militante de reconhecida luta, o Paulinho, aquele bravo guerreiro que todos vêm defronte as agências bancárias nas manifestações e com o caminhão de som do sindicato. Isso tudo está prestes a ter fim e por um simples motivo: aqueles que hoje estão à frente do sindicato, encurralaram todos os do PSTU na parede e o próximo ato será expulsar das fileiras de sua diretoria os ainda alinhados com as "velhas" bandeiras de luta. Vejam o MANIFESTO recebido ainda a pouco e, pela amizade e honestidade de luta demonstrada pelo Paulinho ao longo de décadas de incessante luta, faço questão de reproduzir e espalhar. Dia 26/7, amanhã, quarta é dia de irmos todos lá para a frente do Sindicato dos Bancários repudiar o que pretendem fazer com o bravo Paulinho:

“Carta aberta em defesa da moral de um trabalhador e lutador bancário Paulinho (Paulo Sergio Martins), bancário, atual diretor do Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, direção do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado - Liga Internacional dos Trabalhadores (PSTU-LIT) da cidade de Bauru-SP está sendo covardemente atacado e perseguido politicamente pela direção majoritária do Sindicato dos Bancários de Bauru e Região, a qual convoca uma assembleia da categoria bancária para expulsá-lo da entidade sindical. Essa pauta que se baseia em questões burocráticas não justifica sua expulsão, na realidade, tem o objetivo de varrer do Sindicato àqueles que lutam permanentemente em defesa dos direitos dos trabalhadores bancários e que se posicionam contra os ataques dos banqueiros e dos governos que ano a ano exploram e oprimem a classe trabalhadora e a juventude. É público que Paulinho sempre esteve presente ativamente nas greves bancárias, em apoio às mobilizações populares, ao movimento estudantil, ao movimento de combate às opressões e dedica parte de sua vida em construir uma sociedade justa e igualitária. Nesse sentido, é visível que o ataque covarde à figura de Paulinho significa claramente um ataque a todos/as os/as lutadores/as. Por isso se faz um chamado urgente para que organizações nacionais e internacionais, partidos, movimentos, coletivos, pessoas de esquerda e a própria categoria bancária se solidarizem em defesa de sua moral, participando da Assembleia do dia 26/07, quarta-feira, às 18h, no Sindicato dos Bancários de Bauru (Marcondes Salgado, 4-44, Centro) e denunciando essa perseguição política que se faz dentro de um sindicato que é um símbolo histórico de luta e resistência no país. Toda solidariedade ao Paulinho! Em defesa dos trabalhadores que se organizam e lutam!”.

Eu, mesmo divergindo do PSTU na forma como agem e promovem a luta em defesa dos trabalhadores, me coloco à disposição para estar ao lado do Paulinho. Vamos nessa?

ESSA AQUI VAI COM LOUVOR PARA TODOS OS "BABACAS" AINDA INSISTINDO QUE NÃO HOUVE GOLPE
Aquele bando de verde-amarelo nas ruas, ou eram muito babacas em acreditar no que lhe impunha a TV ou todos estavam ali cientes de que a intenção era só uma, derrubar Dilma, acabar com o PT e depois se lambuzar com a festança de deixar os piores deste país tomarem conta de tudo. Se ainda existe alguma dúvida, ela começa a se desmanchar com declarações como essa. A História já os julgou: o povão de verde-amarelo nas ruas ajudou a cravar a estaca no peito do trabalhador brasileiro e devolveu o país à sua época de Colônia, regime escravocrata. Você ainda tem dúvida disso?

segunda-feira, 24 de julho de 2017

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (101)


MAFUÁ É PROCURADO PARA DENÚNCIA SOBRE IRREGULARIDADES NO JARDIM BOTÂNICO
Sou procurado na sexta aqui no mafuá por antiga conhecida: "Henrique, como faço para enviar uma denúncia de forma anônima para a Tribuna do Leitor do JC?". A partir daí ela me deixa a par do assunto e lhe digo que, eles não publicam nada anônimo, mas se quiser pode enviar para os e-mails do jornal e solicitar apuração na denúncia, o que poderia gerar matéria. Me diz ser um caminho muito longo e pede para que publique pela minha via sua carta em anexo, algo que faço neste momento, primeiro em consideração a tão considerada pessoa. De minha parte, conto com as explicações dos envolvidos para dirimir todas as dúvidas e da parte da denunciante, confirma ter em seu poder placas dos veículos e mais detalhes de sua denúncia, prontas para serem divulgadas se forem necessárias. Vamos à carta recebida:

"JARDIM BOTÂNICO E O POÇO DE VAIDADES
Conforme anunciado pela mídia em 2015, o Jardim Botânico perfurou um poço profundo em suas terras procurando assim maior autonomia no abastecimento de água, bem dispensável, além do sol, para o cultivo das plantas. No entanto, em várias das minhas visitas ao JB notei o uso indevido desse bem tão precioso. Meus filhos há anos participam do programa “Férias no Botânico”, época de alegrias e amizades para eles. Levando-os pela manhã ou buscando-os à tarde, notei funcionário utilizando um lava jato amarelo para lavagem de carros.
Pensei fossem viaturas públicas, mas as cores dos veículos e as placas desmentiam isso. Conversando com um dos funcionários indaguei se a água disponível era tratada, a resposta afirmava que em todas as torneiras do recinto jorrava água limpa, tratada e clorada do referido poço. Disse ainda o funcionário que para regar as plantas utilizava-se água da lagoa do zoo.

Imaginem, usaram meus impostos para perfurar um poço, cuja água limpa lava carros particulares e às plantas resta a água suja do lago. A esses funcionários eu diria para serem corretos e lavarem seus carros com água e luz da casa deles, aliás, usem balde como fazemos nós em casa. O fato é que em um único fim de tarde, observei quatro diferentes carros sendo lavados (tenho placa, cor e marca desses carros). Um único funcionário lavou dois carros ao mesmo tempo. Ele ganha dinheiro fazendo isso? E com o meu imposto?

Com a palavra, o Prefeito, a Secretária do Meio Ambiente e o Diretor do JB.

PS.: Uso o anonimato para que meus filhos continuem com suas férias no Botânico na diversão e alegria.

Obrigada".

domingo, 23 de julho de 2017

MÚSICA (150)


A FELICIDADE É TOCAR A VIDA PELAS REBARBAS: "A ÚNICA QUE EU SEI"
Por enquanto é isto, Estevan, o sanfoneiro dono do Bar do Barba, na ENCRUZILHADA da Feira, limite entre a Feira do Rolo e a feira tradicional dominical do centro de Bauru SP, num arroubo de felicidade sai detrás do balcão e se arremessa diante de todos os amigos do lado de fora da choperia da feira e ali toca e canta com todos. Cliquem no link a seguir e desfrutem deste inenarrável momento de puro êxtase:

sábado, 22 de julho de 2017

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (145)


A VELHA, SUA PROMESSA, OS FRANGOS E OS QUEIJOS – HPA PACIENTEMENTE ESPERA, O TEMPO QUE FOR NECESSÁRIO
Essa história eu não poderia deixar de contar aqui. Fiquei remoendo com os meus botões sobre a melhor forma de passá-la adiante sem ferir a imagem de tão boníssima pessoa no meu portão. Tentei e se ocorreu algum deslize, me crucifiquem, pois réu confesso, sou merecedor de padecimentos sem dó e piedade. Semana passada, mais precisamente sexta-feira, 14/07, por volta das 11h toca a campainha aqui no mafuá. Corro para atender e do lado de fora das grades uma velhinha, com aquele jeito mais agradável deste mundo;

- Bom dia, meu filho, poderia falar com sua esposa?

- Sinto muito, estou só, eu e meu cão. O que deseja?

A partir daí uma longa história e a tenho relatado a diversos amigos durante esses dias. Ainda crendo piamente no desfecho mais apropriado como desenlace, fechamento com “chave de ouro”, conto como o fato se sucedeu. A senhora dessas fotos, se identificando com nome e referências, 84 anos, se apresenta como moradora de um pequeno sítio, lá nas imediações do bairro Gasparini, estrada Bauru/Marília, família de procedência italiana (“minha família possui hotéis na Itália e na região do largo do Paissandu, em São Paulo”). Contou do lugar onde vive, um sítio e ali, ao lado do marido, criam muitos animais, desde galinhas, porcos e algumas vaquinhas. Plantam também e assim tocam a vida, com os filhos já criados. Para sua tristeza, uma das filhas adoeceu e ela, desesperada, fez uma promessa pelo seu pronto restabelecimento:

- Eu não preciso pedir esmola, tenho tudo o que necessito, mas fiz uma promessa. Sou católica (perguntou se eu religioso e para não desapontá-la mudei logo de assunto), frequento aqui o Santuário de Aparecida e pedi aos santos todos que, se ela ficasse boa, sairia pedindo esmola em exatas dez residências, dez pessoas. Ela foi se recuperando e hoje está boa e agora, cumpro minha promessa.

Chora comigo no portão, eu inebriado com seu relato. A questiono sobre sua idade e sair por aí. Me diz sempre ter andado muito de ônibus e quando vem à igreja, aproveita para visitar as casas e concluir sua promessa, a qual não pode deixar de cumprir, religiosa que é. Procuro pela minha carteira e, infelizmente, justo naquele dia, quase nada, pouca coisa, algo em torno de uns R$ 18 reais (se tivesse R$ 50, R$ 100 a teria dado). Ofereço a ela e insiste que faz isso, por causa da promessa e que ninguém sabe, algo só dela e dos santos. Mais envergonhada ainda me diz que, nunca havia feito pedido semelhante a um homem, pois sempre se dirige às mulheres das residências, mas me achou tão simpático. Chegou a contar algo mais de sua vida, fico gratificado e a conversa se prolonga:

- O que são esses cartazes na área de sua casa?

Explico o que venha a ser o mafuá, as cadeiras para nossos encontros e da faixa “Fora Temer”. Ele diz entender da dureza desses tempos, das dificuldades todas, dinheiro cada vez mais excasso. Trocamos confidências sobre os malefícios dos golpistas nos cravando a estaca no peito. Por fim, ela num gesto de retribuição, me oferece algo mais:

- Gostei demais do senhor e quero lhe propor algo, mas não quero que se magoe. Lá no sítio crio muitas galinhas e também faço queijos. Na segunda vou trazer pro senhor três galinhas e dois queijos para que use nos encontros aqui realizados.

Agradeci, disse não ser necessário, ela insiste, disse que, se trouxer pago por eles. Ela diz que não poderá aceitar mais dinheiro de minha parte, enfim, aceito e assim ficamos. Peço para tirar umas fotos, ela permite, mas diz que seu marido, o italiano, é muito ciumento, bebe e se souber que andou tirando fotos por aí, vão acabar discutindo. Por fim tiro, ela sorri, eu admirado, já seu fã. Queria beijá-la na despedida, mas fiquei só na vontade, uma pena da qual me arrependo.

Hoje, sábado, 22/07, se passaram mais de uma semana do ocorrido e estou desolado com meu inquilino, parede meia aqui com o mafuá. Eu, como sabem saio muito, pouco fico por aqui e ao sair o deixo sempre tomando conta da casa e atento para receber os frangos e os queijos. O danado é relapso, sai muito e por causa dele, tenho absoluta certeza, minha amiga já deve ter passado várias vezes por aqui e não encontrando ninguém, volta para seu sítio com minha prenda na sacola. Estou desolado, culpo meu inquilino e creio que ela voltará, insistirá até me reencontrar. Muitos riem de mim, nem dou bola.

Essa linda história só pode ter um final, feliz como o do país quando se livrar desses cruéis e insanos golpistas. Hoje, amanhã e pelos próximos meses, permanecerei em vigília aguardando seu retorno, o que devolveria todas minhas esperanças de que esse mundo é mesmo de uma lindeza sem fim. Tenho comigo, essa senhora, representa para mim, a versatilidade e ousadia, tão necessários nesses tempos bicudos, para ir driblando as adversidades e conseguindo, dia após dia, sobreviver. A admiro muito, mas muito mesmo. Quero fortemente abraçá-la no reencontro, seja onde for, aqui no meu portão ou trombando, sem querer, por uma rua qualquer desta cidade. Ela foi a coisa mais linda que me apareceu no portão nos últimos tempos. Estou apaixonado por ela e sua história.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (122)


O QUE ME TOCA SÃO OS SENSÍVEIS DO TRAÇO - UM TRABALHO ACADÊMICO ENVOLVENDO REP E HENFIL NA ARGENTINA
Miguel Rep, um desses com suas tiras diárias para o melhor jornal diário da América Latina, o Página 12 (também com problemas financeiros, pois quando são assumidas posições ao lado do povo e dentro de um governo neoliberal como o de Macri, os anunciantes somem e o jornal tenta sobreviver da ação dos seus leitores).
Eu coleciono as tiras do Rep. Montei uma pasta só para ir colecionando e ainda não contei pra quase ninguém e o faço publicamente agora, pela primeira vez. Viajo pra Argentina dia 29/7 (fico em Buenos Aires com Ana Bia Andrade até 5/8) e estarei apresentando um trabalho acadêmico no Congresso de Design exatamente sobre a obra de Miguel Rep e Henfil, um argentino e um brasileiro, ambos com a mesma pegada, essa sensibilidade pelos das "calles", pelos que tentei denominar de "invisíveis" no meu mestrado, mas fui chamado a atenção por gente que admiro, como o professor Juarez Xavier, me dizendo que "são mais do que visíveis, são é IGNORADOS", o que concorda minha orientadora Maria Cristina Gobbi.

Lá em Palermo, numa universidade privada, tive aprovado um trabalho junto com a professora carioca Ana Rebello (tem trabalhos lindos sobre a ação dos cartunistas ao longo do tempo e no momento devora um livro sobre o assunto, escrito por Maringoni Gilberto e emprestado a ela por mim). Vamos juntar esses dois sensíveis do mundo do traço e descrever num Congresso bem abrangente, envolvendo gente do desenho e do design de toda América Latina, mostrando como isso é possível, o que os move e desse toque para tratar desses temas tão envolventes.
Tive o prazer de tempos atrás conhecer pessoalmente Rep em seu estúdio em Buenos Aires e do encontro publiquei um texto sobre ele, apresentando-o para os leitores de Carta Capital. Não consigo mais ficar sem toda manhã abrir o site do Página 12 e salvar a tira dele em uma pasta específica, como fazia com as charges do Henfil no Jornal dos Sports, nas revistinhas que publicava e hoje, por tudo o que encontro nas redes sociais. Já fiz isso também com o Maringoni, dos áureos tempos quando do lançamento do Caderno 2 do Estadão (hoje uma merda), tempos do Emediato no comando da coisa e um privilégio de ver uma pá de gente do traço ali valorizada. Guardei e tenho até hoje as tirinhas do amigo bauruense Maringoni aqui guardadas, como tenho de todos os que possuem essa sensibilidade por enxergar os tais ignorados.

Escrever deles é a forma que encontro de denunciar essa vergonha presenciada nas "calles" de todas nossas cidades. Espero rever logo mais o Rep lá na Argentina e conseguir transmitir algo das minhas intenções na ousadia de escrever sobre esse tema tão instigante. Rep, Henfil, Maringoni e tantos outros sabem muito bem ser impossível ser feliz num mundo onde exista tamanha diferença social. A cada tira dele sobre esse tema eu vou solidificando essa minha escolha por escrever, mais e mais, sobre esses das ruas e, dessa forma, tentar dar meu quinhão de contribuição para ir dando toques aqui e ali, mudando a forma como muitos ainda deixam de querer enxergar o que está ali diante dos olhos de todos.
Obs.: Escrito num momento em que uma vereadora de Bauru apresenta um projeto para transportar animais em ônibus públicos, mas nunca se importou com o preço das passagens, como o passe aos idosos está sendo dificultado, como esse serviço é deficitário nos lugares mais distantes da cidade, etc. Adoro os animais, tenho um inseparável cão ao meu lado, mas abomino os que adoram somente eles e pulam por cima dos mendigos nas ruas.
HPA - escrevendo e escrevendo

SEXTA É DIA DE DIVULGAR A CAPA DA NOVA EDIÇÃO DE "CARTA CAPITAL" - UM SALVE TAMBÉM PARA BRASILEIROS E CAROS AMIGOS
Ela sai nas bancas paulistanas hoje, mas chega à bancas bauruenses só no domingo pela manhã. Ouço a historia contada pelo jornaleiro, meu amigo Gustavo Mangili de que ela já está nas cidades no sábado à tarde, por volta das 15h, mas nesse horário a distribuidora se encontra fechada e não atende mais as bancas, daí sua distribuição pode ser feita a partir das 3h da manhã de domingo, quando chega o funcionário para começar distribuição de jornais e revistas no domingo. Um dia é muito para uma revista semanal, mas tudo bem, domingo pela manhã em todas as bancas da cidade. Na capa desta semana algo mais sobre os altos custos para o país em continuar mantendo um desGoverno como o de Temer, comprando tudo e todos à sua volta para poder continuar respirando. E da intempestiva ação do juiz Sergio Moro, acertadamente comparado aos inquisidores da Idade Média. Ler é o melhor remédio para não se permitir ser enganado. A melhor revista semanal deste nosso mundo segue sua sina e tenta sobreviver, com a ajuda dos seus leitores.
O diário argentino, o melhor jornal diário da América Latina, o Página 12 segue na mesma sina, com dificuldades financeiras, pois a cada dia despontam aqui e ali os sinais da implacável perseguição aos que defendem minimamente os questões sociais e a causa da maioria da população, a do povo. desaparecem os anunciantes e pipocam as dificuldades. A saída são essas campanhas de valorização da boa leitura, imprescindíveis, principalmente nesses tempos onde a verdade dos fatos é distorcida ao bel prazer por uma imprensa cada vez mais dominada pelos interesses das minorias, que as sustentam. Carta Capital um alento, diante de um mar de mediocridade. Caros Amigos padece do mesmo mal e só resiste graças à ação dos Nabucos (Araí e seus irmãos) e a revista Brasileiros, tão linda e límpida, obra inicialmente pensada por Ricardo Kotscho e hoje sob o comando do brilhante jornalista e fotógrafo, Hélio Campos Mello entra no terceiro mês sem conseguir chegar às bancas e nem sei se vai mais conseguir (resistem pela forma virtual). Carta Capital resiste como pode e (toc toc toc), segue sendo a luz no final do túnel da imprensa brasileira. 

quinta-feira, 20 de julho de 2017

DIÁRIO DE CUBA (87)


VOCÊ NÃO SAIU DE CASA ONTEM À NOITE? PERDEU, AGORA SÓ PELAS FOTOS E VÍDEOS
Uma banda uruguaia no SESC Bauru, tudo gratuito, numa área interna descoberta, um palco montado e o povo cantando e dançando uma música pouco conhecida de todos nós, interioranos paulistas e brasileiros. A real possibilidade de conhecer algo diferente, música regional de outro país, o Uruguay, aquele que produziu o presidente mais bonachão desse sisudo e hoje um tanto chato planeta, o Mujica e também a primeira terra deste mesmo planeta onde ontem começaram a revender maconha para consumidores em farmácias e assim frear a ação do tráfico.

A banda, "CUATRO PESOS DE PROPINA" existe faz tempo, mas aposto que quase ninguém daqui havia ouvido falar. Eu nunca e me encantei. Adoro a música brasileira, gosto de uma pá de músicos aqui da terrinha, minha aldeia bauruense. Toda vez que o amigo Luiz Manaia Ralinho está se apresentando com seu agrupamento caribenho, com canções dançantes latinas eu compareço, pois é lindo a malemolência do ritmo e da versatilidade propiciada aos músicos. Deliro, como ontem, quando viajei com os jovens uruguaios, num ritmo que junta tantos outros e algo só deles, uma batida, e uma empolgação, um toque de baquetas bem peculiar. Entendi pouco das letras, mas muito dos títulos das canções. Comprei CDs e os colocarei à exaustão aqui pelos lados do mafuá, pois trabalhando com esse ritmo ao fundo, minha mente se excita, ferve e acredito, produzo melhor.

Daí escrevo isso aqui, sobre sair de casa num dia frio e ir presenciar algo que, certamente não se repetirá tão cedo. Esse produtor, o paulistano Felipe França Gonzalez, montou uma firma que é a razão de sua vida, a Difusa Fronteira e traz cantantes do sul do país, todos com a pegada desse grupo, algo novo, desconhecido de todos nós. O que esse cara faz é maravilhoso, pois possibilita um intercâmbio, ele traz até nós aquilo que a gente hoje não consegue mais, que é ir conhecer lá na fonte essas coisas todas.Todos os shows que o SESC tem trazido de gente lá do sul do nosso mundo, desde Uruguai, Argentina, Chile e outros é tudo obra desse Felipe. Eu não me canso de parabenizá-lo pelo que faz e também dessa frutífera parceria com o SESC. Se não fosse ele não teria tomado conhecimento de tanta gente boa que ele já trouxe para Bauru. E o público adora, pois em todos a casa estava cheia.

Ontem, com aquele frio todo, numa área externa tinha um bom público. Quem não saiu de casa perdeu e só vai ter oportunidade de ver outra coisa de igual teor numa próxima atração propiciada pelo Felipe e com a parceria do SESC. Bauru já foi terra de passagem de latinos, quando o trem da Noroeste funcionava e a cidade fervilhava de gente latina pelas suas ruas, pois éramos o elo com a Bolívia e com a América Latina. Hoje não mais. Estamos mais isolados e, consequentemente, tristes. Ir ver essas novidades latinas é de um encantamento inenarrável, indescritível e quando posso, vou em todos. Ontem, com Ana, a companheira dando aula e não podendo dirigir, a levei à escola e fui ao show, ficando atento ao toque do celular, para correr buscá-la. Torcia para a aula se prolongar e deu para assistir ao show quase inteiro. Me antecipei, procurei pelo produtor, o Felipe e comprei alguns CDs deles antes do show começar. E durante o tempo que por lá passei, fiz quatro gravações de partes do show. Vou reproduzí-las durante o dia para quem não foi tocado para lá estar, fiquem agora se remoendo da grandiosidade perdida.

Despejo esse escrito junto das poucas fotos lá tiradas e servem como exemplo para a gente continuar aproveitando os bons momentos ainda desfrutados pelo SESC, o espaço que, confesso, deu uma substancial contribuição para a minha formação musical, pois desde muito cedo tenho visto por lá gente que não teria conhecido se não fosse através deles. Sou adepto da rua e de suas maravilhas e ontem, mesmo com frio, volto para casa reconfortado com tudo o que presenciei. O pessoal do "CUATRO PESOS DE PROPINA" é realmente ótimo, a batida deles é diferente da produzida pelos grupos brasileiros e, só por isso, merece ser ouvida, curtida, entendida... Enfim, música é mais que ótimo.

Coo poderia escrever tudo isso e não postar um mísero link para degustação generalizada dos que não conhecem a banda. Eis o link: 
https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/1771890032840998/?permPage=1 

HPA- Ainda em estado de deleite e êxtase, ops, desculpe, gozei nas calças...

MARCO AURÉLIO GARCIA
Ex-assessor especial da Presidência da República nos áureos tempos de Lula e Dilma.
Tinha uma adoração mais do que especial pela sisudez disfarçada dele, um sábio, desses tipo que a gente consulta pra tudo, inclusive sobre questiúnculas internacionais, sua especialidade.
É desses que deixam um vácuo sem fim dentro da gente, dessas pessoas imprescindíveis para dar o pitaco final num monte de dúvidas.
O que dizer que um senhor que sempre carregava um livro junto de si e quando existia um tempinho livre, por menor que fosse, abria sua bolsa, sacava o danado e o lia aonde estivesse.
A foto dele lendo teve essa legenda na época: "Marco Aurélio Garcia passou cerca de um hora e trinta minutos no Aeroporto Santos Dumont, no Rio, durante a tarde de anteontem por conta da crise aérea, segundo o jornal “O Globo”. Ele conseguiu embarcar para Brasília apenas hoje. No aeroporto, Garcia leu “Os Farsantes”, livro de 1966 do inglês Graham Greene sobre o Haiti durante a ditadura de François Duvalier. O escritor resumiu o país como uma “república de pesadelos”.".
Esse é um dos que sempre admirei demais da conta.
Baita sujeito.
Baita tristeza ao saber de sua morte.