sábado, 8 de fevereiro de 2020

CARTAS (210)


MAFUENTO HPA EM "CARTA CAPITAL"
Li na semana passada editorial de Mino Carta na melhor revista semanal do nosso mundo, Carta Capital, o "A lei do mais forte - Vigorou por 520 anos e o bolsonarismo é seu melhor interprete" e, além de ter adorado o brilhante texto, não me segurei nas calças. Extraio um trecho, dos mais significativos da leitura: "O Brasil é o único país do mundo que se presume civilizado em que vigorou, desde a descoberta até hoje, por 520 anos, a lei do mais forte. (...) O bolsonarismo escuda-se mais e mais no passado medieval, consagra os valores que caracterizaram a ação da casa-grande para manter o pé na senzala. (...)A história do Brasil oferece o roteiro da ação bolosnarista ou, se quiserem, daquela de quem é sempre o mais forte, guiado pela ideologia da selva. A América Latina tem heróis chamados Bolívar, San Martín, O'Giggins. Nós temos o Duque de Caxias, autor consagrado do genocídio paraguaio. Eles têm no seu passado sangrentas guerras de independência e revoltas corajosas. Nós temos uma independência conquistada à força, por obra de uma briga na corte portuguesa e despercebida pela população, desde sempre incapaz de reação, passivamente conformada. (...) Este nosso país infeliz paga pelos séculos de escravidão, a distingui-lo de maneira irrevogável e ao enjaulá-lo em uma medievalidade sem confronto no mundo de hoje e mesmo de ontem. Até parece que os nossos pensadores não conseguem entender a sua própria terra e encaram os fatos com fé futebolística".

Li, goste e enviei carta para seção Cartas Capitais da revista, saindo publicada na integra na edição agora nas bancas, nº 1092, conforme reprodução abaixo: "Ler o editoriais de Mino Carta toda semana é um alento neste país cada vez mais insano, doente e domesticado. Verdadeiras aulas de História do Brasil, como nesta última edição, quando compara ditos heróis latinos, todos envoltos em muita luta, sangue nas veias, batalhas envolvendo a participação popular e por elas ocorrendo, como Bolívar, San Martín e O'Higgins, quando por aqui se cultua quem destruiu uma então próspera nação, Caxias e o vergonhoso feito no Paraguai. Temos sim muitas batalhas, confronto épicos envolvendo participação popular, mas são pouco divulgadas, esquecidos pela história oficial, abafados por outros feitos, esses sim vergonhosos, dentre os tantos a denegrir nosso passado nada heróico, de muita resignação e subserviência. Não desmereço os embates onde já estivemos envolvidos, gente valorosa neles envolvida, como Zumbi, João Cândido, Carlos Marighella, Apolônio, Prestes e outros. Se não tivemos um Che Guevara, faltou-nos esse atrevimento heroico e revolucionário, mas não desmereço o já ocorrido, sempre levando em consideração o que Mino apregoa, quase sem sangue nas ruas, diminuta participação popular. O povo, sabemos, sempre esteve à parte de tudo, inclusive de saber o que der fato se passa no seu próprio quintal. Ler algo desse desabrido ideal de Mino, contido na revista sob sua direção, algo a nos motivar, incentivar a não desistir, continuar na lida. Carta Capital é hoje algo como a luz no final do túnel, um sinalizador a demonstrar que a luta, mesmo diante de tanta adversidade, ainda não está de toda perdida. Sigo com vocês enquanto forças houver".


CRÔNICA RÁPIDA DE NOROESTE 2 X 0 PAULISTA, AGORINHA MESMO
Deu pro gasto. Não foi um jogão de encher os olhos. O time, quarta vitória consecutiva na série AIII do Paulistão, invicto e líder isolado está por cima da carne seca. Beleza pura, mas hoje até fazer o primeiro gol estava devagar quase parando, num jogo onde não estava rendendo o mesmo dos anteriores. Choveu no começo da contenda e os torcedores, como eu, que estavam nas arquibancadas estavam preocupados em se esconder do vento forte e da inclemente chuva. Não vi o gol anulado e nem vi os dois gols do Noroeste. No primeiro estava com amigos debaixo de uma árvore do lado dos eucaliptos e no segundo, como estava do outro lado do campo e o gol foi numa muvuca dentro da área, onde a bola entrou por causa do bandeirinha que correu para o meio de campo. Chovia e poucos viram o gol. Na verdade, o que mais vi hoje no campo foram celulares ligados nas transmissões do jogo e revendo jogadas. O segundo tempo foi para passar o tempo. Melhoramos em campo, mas sem empolgação. O zagueirão deles foi expulso e o time soube levar o jogo até o final sem se arriscar. O gostoso foi estar ao lado de amigos na chuva, cada hora chegando mais gente e todos com a mesma brincadeira: "Hoje não preciso nem tomar banho, pois já tomei por aqui".
Choveu, todos debaixo das arvores 
O bom mesmo de estar no Alfredão, além de ver o time de nossa aldeia jogar e ser líder é rever as pessoas. Isso não tem preço. Melhor de tudo foi ouvir do jornalista Thiago Navarro ao final do jogo dizer algo sobre a participação da torcida: "As rendas desses dois jogos está levando o Noroeste adiante. A do jogo com o Marília pagou despesas em atraso com funcionários desde o ano passado. Colocou tudo em dia e a desse vai melhorar muito o caixa. Todos os jogadores estão se empenhando muito, ninguém tem salário alto e estão ganhando um bom bicho por vitórias. Esse um dos motivos do bom rendimento, o time está entrosado e souberam alinhavar isso dos salários com os bichos". Meu time é líder do campeonato e pelos pontos já ganhos nesses quatro jogos não cai mais e pelo visto, deve subir. Sonho já com a AII. Quarta às 19h30 tem Batatais aqui em casa. Lá estarei novamente, com Gilberto Truijo e Aurélio Fernandes Alonso, João Carlos Dias Moreira, Odil Oliveira Filho, Francisco Cardoso, Roque Ferreira, Arthur Monteiro Junior e outros, todos vermelhinhos, como eu.

OITO ANOS, OITO ESTAMPAS DO TOMATE NO BAR DO GENARO E UM ESQUENTA*
* Texto enviado para publicação edição deste sábado no Jornal da Cidade - Bauru SP.

O bloco carnavalesco Bauru Sem Tomate é MiXto, nascido e mantido para sair nas ruas e desdizendo de oficialismos, desce o Calçadão da Batista todo sábado de Carnaval, impreterivelmente (nem sempre dentro do horário) às 12h, saindo da praça Rui Barbosa até a Machado de Mello. Nele algo sempre chamou muito a atenção, a estampa de suas camisetas, sempre reverenciando o tema escolhido para a chacota anual, criação de um artista, se não bauruense, ao menos com vinculação com a cidade. A deste ano será seu 8º consecutivo ano e em todos, artistas escolhidos a dedo.

A ideia é reunir essas artes e na necessidade do bloco fazer um ESQUENTA, um prévio encontro, junta-se o útil ao agradável, ou seja, a festa e um a exposição relembrando tudo o que já foi feito. Oito cartazes com as ESTAMPAS e seus artistas. Tudo começou em 2013, com Leandro Gonçalez, depois vieram 2014 com Fausto Bergocce, 2015 com Junião, 2016 com Gilberto Maringoni, 2017 com Fernandão Dias (chargista do JC), 2018 com Greifo, 2018 com Mariane Santinello e 2020 com Silvio Selva. "O bloco prima pela irreverência, sempre tratando de temas locais, com bastante ironia, picardia e aquela necessária e mordaz injeção de humor em cima de temas mais que sérios do cotidiano bauruense", explica Henrique Perazzi de Aquino, um dos idealizadores do bloco e da manutenção da ideia de a cada ano ir renovando os artistas.

O Bar do Genaro, do também tomateiro (como se intitulam) Fabrício Genaro foi escolhido a dedo para a exposição, "Bauru Sem Tomate é MiXto - Todos os Carnavais", "primeiro por abrigar em seu recinto o espírito do bloco, do qual faço parte e na impossibilidade de comparecer na festa, por decisão de consenso, eles vieram até meu bar e aqui ocorrerá o furdunço festivo, com uma pitada gastronômica envolvendo tomate, mas isso já é surpresa", diz Fabrício. Com o lema, "A gente faz festa mas tá puto da vida", o bloco segue sua rotina, a de permanecer antenado com os acontecimentos do ano anterior na cidade e daí, uma comissão não muito rigorosa e eficaz, se reúne para decidir os temas a serem tratados no ano seguinte. Nesse encontro, além da exposição e da festa, serão também escolhidos o Muso (a) e Prêmio Desatenção, mais duas homenagens auferidas pelo bloco a personalidades bauruenses.

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