domingo, 16 de fevereiro de 2020

CARTAS (211)


MAFUENTO HPA NA TRIBUNA DO LEITOR, JORNAL DA CIDADE
"Já fomos muito melhores", por Henrique Perazzi De Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

Escrevo cartas para a Tribuna do Leitor desde há muito tempo. Guardo muito do que já me foi permitido publicar. Comparo os textos de antanho com o que vejo sendo publicado hoje e me estarreço. Já fomos muito melhores. Hoje uma turba de conservadores parece querer tomar conta de tudo e todos.


Opinam pelo retrocesso, jogam contra os interesses do país e do trabalhador, deslavados e descarados, não conseguem nem fazer um mea culpa. Enxergam nos nossos algozes, Moro, Bolsonaro, Dallagnol, Skaf, Doria, os salvadores da pátria. Uma doida inversão de valores e mesmo de opiniões.

Quando antes alguém apunhalando os ditos mais nobres ditames do mundo jurídico poderia ser merecedor de espaço e consideração? Hoje são endeusados, colocados num podium e beatificados. E ai de quem se volta contra esses "impolutos" cidadãos.

Falta reflexão nos atos, muitos emitidos sob o tacão do ódio de classe, permeando a perpetuação da exclusão social. Será já termos mesmo perdido aquele dom da compreensão, de enxergar sob sensíveis olhos todos os lados da mesma questão?

Quando algo contraria os interesses pelos quais o vetusto defende, dá-lhe grosserias, palavras de baixo calão e o total descalabro de mensagens homofóbicas, muito além de algo considerado conservador.

Sempre fomos e agimos assim ou pioramos com o advento Bolsonaro? Onde estavam esses que hoje desenxergam o que está mais que nítido diante dos olhos de todos, preferindo se auto apunhalar do que ter o país soberano de volta?

A Tribuna é o termômetro deste conflitante momento. Nela muito perceptível a mudança de postura. Quem frequenta esse espaço há décadas, como meu caso, não consegue esconder a desilusão com o hoje presenciado. O jornal continua possibilitando a publicação de opinião de diferentes vertentes, mas hoje predomina uma linha antes oculta, abafada e até então diminuta. Éramos mais plurais, conseguíamos fluir algum debate. Pioramos... e muito.

OBS. FINAL: Esse o texto publicado e a merecer de mim um algo a mais. A linha editorial do JC sempre foi a mesma, sendo criado e mantido para representar os interesses de parcela da elite local. Atuando em suas hostes, muitos valorosos jornalistas, esses fazendo de tudo e mais um pouco para algo a mais, em demonstrações de jornalismo coerente, sério e imparcial. Tarefa difícil, hercúlea, nunca abandonada. Valorizo esses todos, pois sei das dificuldades encontradas por esses dentro da redação. Não tenho do que reclamar quanto a ter minhas missivas publicadas. Sempre o foram, nunca censuradas e é claro, depois da publicação, na sequência a saraivada de críticas em outras missivas, pois o público consumidor do JC é da linha mais conservadora. Hoje tudo mais raivoso, recheado de intolerância, sinal dos tempos atuais. Gosto muito de sempre ressaltar a importância de muitos jornalistas que ali já estiveram ou ainda estão, tocando o barco e não deixando a peteca cair. Não reclamo da linha editorial do jornal, pois é do conhecimento de todos ele existir com uma finalidade bem específica, além do ideal jornalístico. Já disse mais de uma vez e aqui repito, o JC está inserido dentro da linha dominante massiva, sem tirar nem por, mas ainda publica textos como o meu e esse diferencial já não é mais permitido em jornalões como O Globo, Estadão, Zero Hora, revistas Veja e Isto É, rádio Jovem Pan, ops, digo Velha Klan... Isso vale muito, espaço valoroso e aqui ressaltado.


O CARNAVAL RESISTE, INSISTE E VENCERÁ A BATALHA CONTRA SEUS DESAFETOS

Um comentário:

Unknown disse...

Sua carta publicada foi um bálsamo nessa manhã. 👏👏👏👏👏