sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

AMIGOS DO PEITO (219)


EU AMO A RUA

VESTI A VELHA CAMISETA "EU AMO A RUA" E FUI INTERPELADO DUAS VEZES HOJE EM DISTINTOS LOCAIS DE BAURU
Essa camiseta com a estampa de emanharados gatos elétricos e lá no alto a famosa frase do cronista do século passado, João do Rio, "Eu amo a rua" é parte integrante do dia da efetivação de meu mestrado em Comunicação Social sobre os "invisívei midiáticos". Gosto muito dela. Dei de presente para alguns dos citados por mim quando do trabalho, Carioca da Banca, Adilson da Banca e Maria Inês Faneco, a empresária pipoqueira. Além deles, os integrantes da banca receberam e uma ficou comigo, peça única, guardada com todo carinho. vez ou outra a escolho para envergar e sair pela aí. Foi o que fiz na última sexta. Fiquei o dia todo com ela no peito e em duas ocasiões, me perguntaram sobre o significado dela. Conto algo aqui.

Entrei todo pimpão na Lojas CEM, da rua Primeiro de Agosto e quando no caixa, a simpática moça que me atendia quiz saber disso de "amar a rua", algo para ela bem significativo. Por sorte, a fila não estava grande, pois perdemos bem uns dez minutos, entre seus questionamentos e eu encantado pela possibilidade de diálogo advindo do significado da estampa de minha camiseta. Ela quiz saber detalhes do que fiz quando do mestrado e dos personagens que me utilizei. Falamos muito sobre estas pessoas que, estão por todos os lugares, as vezes nem os observamos, mas todos possuidores de boas e contundentes histórias. "Todos nós temos algo para contar e deixar registrado, né!", ela me disse, ou seja, foi a deixa para o papo ir se prolongando ad aternum e não fosse ela, num dia de trabalho e eu, na correria da arrumação um dia antes de bater asas e cair no mundo, teríamos sentado num botequim e prolongado o papo. Ela, muito sensível, disse também observar muito estes mais simples, renegados na vida. Diz que ali, junto ao Calçadão estão vários deles e se propõe a citar alguns, a maioria já retratados por mim. Deu uma baita vontade de pedir seu fone, mas não o fiz, pois fomos praticamente obrigados a interromper a conversa, pois o mundo não havia parado diante do que estávamos ali proseando. Sai dali maravilhado e ciente de que, o que levamos no peito, pode chamar muito a atenção e da observação de outrem, surgir papos inolvidáveis. Foi o que aconteceu.

O dia estava mesmo para novidades e ela vieram quase na sequência, quando parei no posto de combustível para abastacer o carro. Deixei o frentista, amigo de longa data, ali junto do carro e fui comprar uma besteirinha na loja. Não é que a moça a me atender invocou com a camiseta. De cara me olhos olho no olho e disse ter gostado muito. Respondi também gostar muito e daí por diante a conversa fluiu maravilhosamente. Também por sorte, não tinha muita gente na lojinha e ela, mesmo atendendo outras pessoas se pôs a falar algo mais, após ouvir de onde veio a ideia da camiseta e do meu interesse em ficar registrando histórias colhidas das ruas. Ela se encantou e me disse que, se fizesse o mesmo teria inúmeras, pois ali diante dela, acontece de tudo e mais um pouco. Salientou não ter facilidade para escrever, mas se fosse para me contar, o faria com riqueza de detalhes. Comenta que um senhor passando todo dia por ali com sua bicicleta, só para carregar o celular, sentando do lado de fora e lendo um livro enquanto aguarda. Conta ter um dia ido falar com ele e ouviu algo que a maravilhou. É isso, me disse, "os invisíveis possuem relatos tão marcantes e a partir daqui, detrás do balcão de dconde me encontro, os vejo, os entendo e se tivesse mais tempo ficaria ouvindo seus relatos uma boa parte do dia".

O maravilhamento de minha parte foi pela camisate ter sido notada e a partir dela ter surgido tanta boa conversa. Este o encanto da vida e também a me envolver - dos pés à cabeça. Eu sou um recolhedor de histórias e para tanto, ando com um caderninho de anotações junto de mim, pois com a cabeça sempre a mil, preciso muito de algo para me recordar do que vivenciei e só com uma breve anotação, tudo volta à mente. Do contrário, sem uma anotação, tudo por se perder e já no dia seguinte, tudo se perdeu e a história se foi. Eu, que não quero me desvencilhar delas, anoto tudo, no papel que encontrar pela frente, depois os guardo no bolso e no final do dia, coloco tudo na mesa de casa e vou vendo uma sequência para as escrevinhações. De hoje em diante, vejo como fazer mais umas duas camisetas iguais a essa, pois ela me fez ganhar o dia. Via a RUA!

ALGO DO DE GRÃO EM GRÃO
"Bom dia, dia.
Estamos há poucos dias do Natal, e espero que a gente consiga fazer uma linda entrega.
Ontem fiquei pensando em números, quantidades e me emociono ao saber que durante esse ano que está nos finalmente, levamos aproximadamente 45 toneladas de alimentos. 45 mil quilos de comida, esperança, alento, afeto e solidariedade.
O De grão em grão não é meu e não sou eu. Somos muitos, centenas de pessoas, muito além do pequeno grupo que está na tal linha de frente. Muita gente boa e anônima que pensa no próximo.
Costumo dizer que em cada ação existem muitos corações e muitas mãos. Digo também que não existe pequena doação. Tudo agrega, soma. Só é possível essa partilha juntando tudo que chega.
Sábado dia 23, nessa hora, estaremos entregando o que conseguirmos juntar até lá.
Tem bastante coisa e ainda falta, mas acredito, que mais uma vez, nesses últimos dias, a multiplicação irá acontecer.
A partir de segunda irei todos os dias em nossa sede, para receber as doações e para começar a preparar a entrega.
Precisamos de mãos. Das que doam, alimentos, dinheiro e força de trabalho. Precisamos de cada um, de cada grão.
Traga sua doação na Cussy Júnior 3-40, centro. Doe através do pix 14991324759, e ligue nesses número para informações", Tatiana Calmom.

obs.: Passo pelo Sindicato dos Ferroviários, na rua Cussy Junior e lá me deparo com essas abnegadas "meninas", todas desenvoltas a montar o que será entregue para a população carente no próximo sábado. Estão diante do que receberam de doação e do que conseguiram arrecadar, em campanhas feitas e realizadas com o devido sucesso. Elas conseguem, pois na continuidade do que fazem, já demonstraram a seriedade e eficiência de um trabalho mais do que necessário. Muitos chegaram com doações naquele momento, como o professor Roberto Magalhães e Marcos Paulo Resende, o Marcão, a maioria fazendo questão de permanecer anônimos. O ar respirado ali naquele lugar é eivado de esperança, nunca de resignação, mas também de luta, perseverança, despreendimento, resistência e abnegação. O "De Grão em Grão", idealizado por Tatiana Calmon é tudo isso e muito mais.

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