* Este post corresponde ao de domingo, onde me retirei e flanei pela aí, sem nada postar por aqui e nem em qualquer outro lugar.
Depois de doze anos penando na AIII e AII do Paulistão, o glorioso e centenário Esporte Clube Noroeste volta para a 1ª Divisão do futebol paulista. Justamente no momento mais insólito, quando só conseguiu a classificação em 8º lugar e na bcia das almas, após uma contundente vitória de 5 x 1 contra o Taubaté - estava presente. Vejam como são as tais injustiças e maravilhas do futebol, os dois times que chegaram por último dentre os oito classificados para a fase seguinte, Velo Clube em 7º e Noroeste em 8º, pois bem, estes sobem e ganham a classificação. Agora, já garantidos na AI disputarão a final. O noroestino está mais do que acostumado com adversidade e muita coisa desencontrada no quesito bastidores de seu futebol profissional e assim, quando ninguém mais estava disposto a criticar, eis que, ele ressurge das cinzas, renasce e derrota o 1º colocado até então, o São Bento de Sorocaba e depois, a Portuguesa Santista, com dois empates, mas ganhando sua classificação nos pênaltis e na casa do adversário, numa manhã de domingo, com jogo transmitido pela TV aberta, a Record, 11h da manhã e com a cidade um tanto parada, como se a espera de algo previsto, porém, chegando não como algo arrebatador, conquistado com um belo campeonato, mas com a construção de resultados, nessa fase de mata-mata. Ganhamos empatando e subimos, ou seja, a ficha pode cair, voltamos para a AI. E agora? Em primeiro lugar, gosto de futebol e o sigo, levando em conta algo ouvido de Roque Ferreira num dos dias no estádio, quando lhe perguntei sobre os desmandos nas hostes administrativas do clube, a condução de seus dirigentes. Ele, me disse: "Henrique, se for levar em conta isso, não vai mais torcer pelo seu time. Torça sem olhar para este lado, pois do contrário, nem estaria aqui". Aprendi a lição e assim torço, para o Noroeste, o Corinthians e hoje, para os mais fracos dentro do quesito futebol. Alguém aí em sã consciência poderia estar totalmente feliz com a condução do Palmeiras pela sua presidente, pelo que faz para tocar sua vida profissional. São vitoriosos, porém, referendar a bestialidade do rentismo hoje vigente vai além do permitido por qualquer ser pensante e pulsante. Na verdade, torcem e festejam vitórias, sem levar em conta seus bastidores. Isso ocorre mundo afora, pois como me disse outra pessoa, que não me lembro quem: "Futebol não é brincadeira, custa caro e vale tudo, portanto não é para nós. Para nós, torcedores, resta torcer". Toco o negócio de torcer pro time do meu coração e de minha aldeia com este espírito. E assim, no dia de hoje, sou mais um dos seres felizes, contentes e rindo à toa.
Queria até ter ido para Santos com a torcida, mas resisti e não coloquei meu nome na lista. Perdi a festa no campo de luta. Vi o jogo pela TV e, pasmem, pela Record, que abomino. Permaneci com o rádio ligado no Jornada Esportiva e na voz de Rafael Antonio e de Jota Martins, estes lá no estádio. Empatamos no tempo regulamentar e depois, com os dois pênaltis errados pelo adversário e todos os batidos pelos noroestinos convertidos, chegamos novamente à 1ª Divisão. Fui para a sede da Sangue Rubro, eu e Ana, trocamos abraços com uns poucos e depois procuramos um lugar para comer. Com o Totó fechado, rodamos a cidade e baixamos no Convívio, ao lado de Claudio Lago e Luzia Siscar, sua esposa. Por lá, uns poucos noroestinos, mas em todas as abordagens, a felecidade estampada no rosto de todos. Depois, voltei para casa, não acompanhei o retorno da torcida e dos torcedores que forma pra Santos. Fiquei em casa, ruminando algo da vitória, ainda muito triste com a perda do grande Ziraldo no dia de ontem e pensando no futuro, no dia de amanhã. Enfim, teremos condições de enfrentamento com tudo o que existe hoje já consolidado dentro da AI, com a estrutura atual? A grana que vai chegar é maior, muito maior, mas será ela suficiente para tocar e ter um time à altura, em condições de se manter no lugar agora conquistado? Depende de quem detém atualmente as chaves do cofre noroestino e se vai estar disposto a colocar grana no negócio. O último que fez isso foi Damião Garcia. Este gastou muito e nem sei se conseguir reunir de volta o investido. Cláudio Amantini que o diga. Este fez e aconteceu dirigindo o Noroeste, folclórico e gastador, atuando às escondidas de seus filhos, que se soubessem tudo o que foi ali "enfiado", creio eu, o internariam.
Volto aquela inquietante pergunta inicial: E agora? Sim, estamos nas mãos de uma diretoria, não muito diferente de todas as outras que já estiveram à frente do Noroeste. Inesquecível se lembrar de um que, quando podia vender o goleiro Válter com algum lucro pro Noroeste, o fez para si mesmo, ou seja, comprou o jogador a troco de compromissos inadiáveis e vencendo naqueles dias. Ou seja, o clube pagou alguns boletos e na sequência, o jogador foi vendido para outro, creio que antes de ir pro Corínthians - hoje no Cuiabá. O lucro ficou para quem mesmo? Hoje, evidentemente continuarei torcendo e muito, indo ao estádio, como todo palmeirense o faz mesmo com a atual presidência, etc. Porém, não tem como tapar o sol com a peneira, toda diretoria é bolsonarista e pior que isso, o atual injetor de grana mensal nos cofres do time é intransigente defensor e apoiador de Suéllen Rosim, a atual mandatária, fundamentalista e querendo, neste momento, privatizar a água e esgoto num projeto conhecido por todos como uma "carta branca" para fazer o que quiser com o dinheiro público. Isso tudo tem a ver com o futuro do Noroeste? Sim, tem tudo a ver. Temos agora pela frente um 2º Semestre com, provavelmente uma Copa Paulista, criada para encher linguiça e depois, ano que vem, no máximo três meses de AI. Neste momento, o time vencedor começa a ser desmontado e não podia ser diferente. Os jogadores precisam trabalhar e atuar. A maioria deles, com algo mais positivo em seus currículos estarão atuando pela aí, enquanto por aqui, deve ocorrer reuniões e mais reuniões, enfim, o time do ano que vem deve ser muito mais convincente do que o deste ano. Na torcida, como sempre.
SEMPRE EXISTIRÁ UM ALGO MAIS PARA DIZER E ESCREVER DE ZIRALDOEu ainda não assimilei o golpe. Estou ainda meio zonzo com a perda do velho Zira. Olho para meu espelho e a imagem que vejo de mim, com o passar dos anos é a de alguém envelhecido - não em barris de carvalho -, cheio de dores e nem sempre pronto para os embates que ainda virão vida afora. O pavio anda curto e quando diante de um embate, perdi aquela fleuma para enfrentar as advsersidades. Nem sei se isso tem alguma coisa a ver com a perda do Ziraldo, mas ao sabe que se foi, penso em tudo isso e muito mais. Dói muito. Senti o mesmo no dia em que tomei conhecimento do falecimento de Leonel Brizola. Aqui em Bauru, perder Isaías Daibem, Milton Dota, Roque Ferreira e outros, também doeram muito. Talvez isso tudo é por saber que, as peças de reposição estão deixando a desejar, ou seja, as agruras daqui por diante serãp cada vezz maiores e sem estes para se posicionar ao nosso lado, dispostos a tudo.
Eu fui acompanhando o fim do Pasquim com baita dor dentro de mim. Vibrava a cada ida nas bancas e vendo a capa da semana, queria logo ter o jornal junto de mim. Levá-lo para casa, fazer a leitura de cabo a rabo, era de certa forma reverenciar Ziraldo e tudo o mais ali encontrado. Fizeram baita falta quando se foram, mesmo tendo sido preparado, pois a publicação definhava. Depois veio o Pasquim 21 e a Bundas. Em todas o bom Ziraldo fazia e acontecia. Era destes, que faziam loucuras, ia verdadeiramente à luta para colocar nas ruas publicações como todas nas quais esteve envolvido.
Imaginem o inenarrável prazer sentido por mim quando meu amigo Fausto Bergocce, certa feita, creio que em 2012, numa das idas juntos ao Rio de Janeiro, fizemos um tour pela casa de alguns mestres do traço, Nani, Mariano e por fim, Ziraldo. Subi o elevador ali na lagoa Rodrigo de Freitas com o corasção pulsando, pois estaria diante de um monstro sagrado. E fomos tão bem recebido, me contou histórias vivenciadas em Bauru e nos deixou bastante a vontade em seu estúdio. Ele tinha seu estúdio num andar do prédio e noutro sua casa. Sempre procurei deixar o Mafuá, o original e agora o Dois, com a cara e identidade do que vi ali no do Ziraldo. Uma grande mesa de trabalho, no caso dele de desenho e espalhados em cima, dos lados e nas estantes espalhadas pelos cômodos, desenhos de todos os jeitos e possibilidades. Eu espalho o que venho fazendo, lendo, ouvindo e também escrevendo. Sou uma cópia mal concebida do Ziraldo.
Tudo o que ia saindo dele ao longo deste anos eu procurei comprar. Fui muito além do Pasquim. Tenho uns cem ainda comigo, além da coleção completa do Pasquim 21. Dele tenho todos os livros que vi sairem tendo seu nome por detrás da obra. Dentre todos os pasquineiros, cada qual escolhe um de sua preferência. Tinha Aldir Blanc como o grande mestre na escrita, mais do que Ivan Lessa e mesmo, Fausto Wolff. O pasquim foi campeão de ótimos do traço, desde Jaguar, Zélio, Claudius, Henfil, Millor, os Carusos, Nani, Reinaldo, mas nenhum representava para mim o mesmo que Ziraldo. Daí a dor intensa, dilacerante e a me arrastar por estes dias, sem eira nem beira, sem rumo e tateando pelas paredes para não cair. O baque foi duro, sentido. Estou ainda desorientado e nem sei se voltarei mais ao normal - creio eu já estou fora do normal faz tempo.
Este mais um desabafo depois do passsamento do Ziraldo. Quando melhorar escrevo mais. Hoje, ando perdido, a escrevinhar besteiras e bobagens, pois a mente insiste em funcionar com avarias, pela metade. Com o tempo devo me reencontrar, mas por enquanto nem a vitória do Noroeste, meu time do coração, subindo novamente para a AI, depois de 12 anos desencaminhado me fez reavivar a alegria.
Obs.: Nas fotos algo do que tenho no Mafuá Dois de Ziraldo.
"ZIRALDO E O MOMENTO VIVIDO... - O NÃO MUDAR DE LADO UMA VIDA TODA
Tempos atrás, eu e Fausto Bergocce estivemos no Rio, mais precisamente na casa/estúdio do Ziraldo (amigo do Fausto, ambos cartunistas de mão mais que cheia, fomos lhe levar nosso livro) na Lagoa Rodrigo de Freitas. Ele nos recebeu maravilhosamente bem, mostrou seu acervo, conversou muito e algo que não me sai da memória é a defesa que ele fez dos governos do PT, Lula e Dilma. Ele enxergava (e continua enxergando da mesmíssima forma e jeito) maravilhosamente bem o que estava sendo feito e nenhum outro Governo o havia sequer tentado. Fausto, que era critico desses Governos tentou argumentar, mas capitulou diante do que Ziraldo dizia, com uma propriedade enorme e em seu reduto, seu lar e local de trabalho. Nos calamos, ouvimos tudo. Eu concordando, incentivando a falar mais e mais. Vejo que Ziraldo, hoje com seus 84 e poucos anos continua o mesmo de sempre, lúcido e esgrimando sua lança contra os verdadeiros dragões da maldade desse país. Ele, como mesmo diz, escolheu um lado para estar e outro para criticar e, assim como eu, justifica (e bem) estar do lado certo. Estou com Zira, o velho Zira que tanto amei (amor eterno) dos tempos inesquecíveis do Pasquim (colecionei e guardo alguns de recordação até hoje), envelhece como todos nós, mas se mostra aroeira pura. Toda vez que o vejo, primeiro em reverência ao meu amor pasquineiro que nunca me abandonará, depois por ter, assim como ele, feito escolhas na vida e não ter mudado de lado. Posso criticar o lado em que me encontro, chamar a atenção para erros cometidos, deslizes, gafes, desmandos dos do lado que defendo, mas nem por isso vou me bandear para o lado do inimigo. Eu nasci assim, fazendo a defesa de um dos lados da questão e acredito que a solução para esses só ocorrerá quando os do do lado que escolhi fizerem de fato o que tem que ser feito para que o povo, a massa trabalhadora, os miseráveis, os despossuídos tenham vez e voz. Ziraldo enxerga isso e diz algo sobre isso na sua fala, que faço questão de compartilhar aqui e agora, nesse começo de domingo", publicação de 2016, no blog Mafuá do HPA.
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