sexta-feira, 31 de julho de 2009

DIÁRIO DE CUBA (34)

SANTIAGO DE CUBA E O QUARTEL MONCADA
Às 6h30 (19/03/2008) chegamos em SANTIAGO DE CUBA, uma bela cidade, cheia de histórias sobre a vitoriosa revolução e com algo a mais, sua rica musicalidade. No terminal nossas mochilas já se encontravam no portão de desembarque. Ainda estava um tanto escuro lá fora e fomos direto a um dos taxistas oficiais. A saída para fora do prédio do terminal e o adentrar em mais uma cidade é sempre contagiante, pois é o primeiro contato com seu povo. Gosto dessas aproximações. Muitos nos oferecem hospedagens e até meios de transporte alternativo. O trajeto é relativamente curto, umas quinze quadras e a chegada no local que nos abrigaria pelos próximos quatro dias, o Hotel LA LIBERTAD.

Cansados da viagem e da noite mal dormida, queríamos um longo banho. Não gostamos do apartamento e prontamente trocam para outro mais aconchegante. Sempre um bom atendimento. O horário de adentrar o hotel seria 14h, mas fomos instalados sem nenhum problema às 7h00 no apartamento 211, sem nenhum adicional. Gostamos do hotel, muito parecido com alguns de nosso interior, simples e aconchegante. Algo um tanto estranho foi o chuveiro, um modelo antigo, onde a água não jorra sobre nossas cabeças e sim numa peça de mão que não está fixa. Foi uma luta, num espaço apertado, ter que primeiro molhar o corpo, colocar o mesmo no aparador e depois ensaboar e ir repetindo isso. Cansou um pouco. E saia pouca água. Afinal, nem tudo é perfeito, nem em Cuba.
Saímos para o primeiro reconhecimento das ruas às 9h30, após uma breve olhada em "la carta" (cardápio). Decidimos comer algo na rua. A primeira iniciativa é encontrar o famoso QUARTEL DE LA MONCADA. No caminho nos deparamos com o suntuoso Hotel Santiago e dentro dele um guichê da CUBATUR. Conhecemos Vivian, uma simpática cubana e praticamente deixamos acertado a hospedagem dos últimos dias em Havana. Voltaremos à tarde para sacramentar o pagamento. Atravessando a avenida, algo hilário, um cubano se aproxima com a pergunta característica: "Que necessitas?". É um sujeito prestativo e nos oferece um acompanhamento em três idiomas (Inglês, espanhol e italiano). Não queríamos que nos acompanhesse, mas informa algo precioso, o caminho para o famoso Quartel. Vou tirando muitas fotos pelo caminho.

Num tom ocre, o quartel impressiona pois ainda mantém sua parede frontal toda perfurada das balas da famosa invasão de Fidel e dos revolucionários. Logo na entrada do Museu do Quartel, uma surpresa das mais agradáveis. Conhecemos ALBERTO SÁNCHEZ BELTRÁN, 75 anos e ele nos acompanha por um bom tempo contando as histórias do assalto ao quartel, dos combates e do período de consolidação do novo regime. Conheceu pessoalmente Che e de sua fala extraí algumas frases marcantes: "Hoje a revolução é muito mais difícil. Aprendemos a combater desde o nascimento até a morte. Tive só filhas, todas engenheiras. A revolução abriu caminho para todas estudar e se superarem. Muitos governos tem melhores condições que as nossas, podiam nos ajudar e não o fazem. O capitalismo não se conforma com os milhões que possuem. Querem sempre mais".

Ficaríamos ali por muito mais tempo, mas também queríamos conhecer o museu por dentro. Foi uma visita indescritível, mais pela emoção que senti na reação do Marcos ao ficar próximo de peças que compuseram a história da revolução. Percorrer aqueles corredores, junto dos monitores e ir tomando conhecimento de cada detalhe da luta que transformou a vida de um povo, dando a guinada que humanizou o país foi comovente. Algo sentido em todo o país foi ao sermos identificados. Brasileiros são muito bem recebidos. E aqui não foi diferente. Muita conversa sobre o Brasil.
Na saída outra surpresa, seu Alberto estava a nossa espera. Fez questão de mostrar um livro sobre a revolução em Santiago e sua foto de arma em punho. Queria nos mostrar um monumento famoso na cidade. Não tivemos como recusar tão garboso convite. Saímos a caminhar, ouvindo suas histórias. Um longo caminho, que ele fez todo a pé, muito falante, nos mostrando locais que não teríamos oportunidade de conhecer. O seu relato fica para o próximo Diário.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

UMA ALFINETADA (57)

MORTADELA: UMA PAIXÃO NACIONAL
O brasileiro adora comer mortadela, mas odeia que os outros fiquem sabendo dessa sua preferência. Escondido, no conforto do seu lar, todos degustam a tal mortadela, comendo-a de todas as formas; pura, com limão (num botequim, acompanhada de cerveja é ótima), com pão, enroladinha com queijo ou seja lá como for.

Quando nos perguntam sobre o assunto, vem a negativa, a fuga e o não costume em confirmar o gosto por alimento tão sem refinamento. “Imagine eu gostar de mortadela”, é a resposta. Não adianta despistar, a mortadela é uma das preferências nacionais. E além de tudo, possui um precinho convidativo. Muitos a renegam, porque gordurosa, pode elevar os índices de colesterol, mas mesmo assim, é inevitável o apelo daquele cheirinho inconfundível. Sigo desrespeitando a recomendação médica.

Isso mesmo. O cheirinho é mais do que peculiar. Bastou tocar para ficar impregnado. Comendo então, é a certeza de que o cheiro irá lhe acompanhar pelo resto do dia. Todos à sua volta irão saber que a degustou. Mas, como não é fácil resistir, mesmo com aquele complexo de culpa, enfrentamos garbosamente todas as conseqüências. A esposa é a primeira a evitar uma aproximação, pelo menos enquanto persistir o cheiro.

Falou-se muito que ela era feita de carne de cavalo, mas nem isso impediu sua popularização. Comprava-se às escondidas, no meio das compras do mês. O pedido de fatiamento era solicitado quando da padaria em dia de pouco movimento. Nunca deixei de comer mortadela. E como ela é gostosa. Dizem que em excesso é indigesta, mas como tudo em excesso é indigesto, não dou à mínima. Uma tentação.

Quero, nesse momento, externar minha declaração de amor a injustiçada mortadela. Uma rejeitada que na intimidade todos adoram, tanto que foi merecedora dessas linhas. Por falar nisso, acabo de ficar com uma vontade louca de comê-la e como não tenho em casa, serei obrigado a parar de escrever e ir até a padaria mais próxima em busca de tão precioso tesouro. Continuo escrevendo depois...

Obs.: Quero ir postando aqui meus velhos textos publicados n’O Alfinete de Pirajuí, como esse, meu 18 texto para aquele jornal, que saiu na edição impressa de 26/08/2000. Ela, esse objeto do nosso desejo já sofreu preconceito, hoje nem tanto, pois está tão refinada quanto um bom presunto. Na foto maior, uma comparação que recebi via internet, com um destaque para a fotinho e a pergunta: "Você reconhece essa morena?". Eu pensei bastante e errei. Era ela, a mortadela.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

BAURU POR AÍ (20)

NOSSA BANDA EM APRESENTAÇÕES MEMORÁVEIS EM SERRA NEGRA E TATUÍ
A Banda Sinfônica Municipal de Bauru esteve em dois eventos memoráveis nos últimos dias e isso precisa ser enaltecido à quinta potência. Adoro divulgar tudo o que tem sido feito pelo competente pessoal lá do Automóvel Clube. Mesmo diante de adversidades mil, o trabalho musical prossegue por lá e a Orquestra, a Banda e até variados Quartetos andam divulgando a proposta musical de Bauru por todos os lugares onde recebam convites. Os dois últimos merecem destaque e uma divulgação especial. Na cidade de Serra Negra, a apresentação brilhante resultou em gravações que já estão até no no Youtube (http://www.youtube.com/watch?v=nU-4AvxLuWA). A segunda apresentação foi no dia 25 de julho no Teatro Procópio Ferreira em Tatuí, a cidade da Música, onde no V Curso de Férias (para instrumentistas, compositores e regentes de bandas), a Banda participou do Evento "Coreto Paulista", levando o nome de nossa cidade onde jamais esteve. Muitas pessoas agora sabem que Bauru possui um sério trabalho na área musical. Quem esteve a frente de ambas as apresentações foi o maestro e regente Roberto Vergilio Soares, um abnegado batalhador de tudo o que acontece no meio musical relacionado ao poder público municipal. Palmas para ele e toda sua grandiosa equipe. Não me canso de presenciar apresentações de nossa Banda, pois sei da seriedade do trabalho desenvolvido nos bastidores. Aplaudo em pé todos, pois merecem.

O CASO DA GRIPE A E UM ALARMISMO IRRESPONSÁVEL:
O jornal Folha de S. Paulo estampou em manchete no último domingo (19) que a chamada gripe A, apelidada de gripe suína, “deve atingir ao menos 35 milhões no país em 2 meses” e no texto da matéria vai ainda mais longe: diz que poderá infectar até “67 milhões de brasileiros ao longo das próximas cinco a oito semanas”. O jornal usou projeções estatísticas feitas para outras doenças e em outras circunstâncias para se chegar a estes números absurdos. O jornalista foi alertado sobre esse erro e, mesmo assim, o jornal publicou a falsa informação. Esta conduta criminosa deveria render uma multa pesada para o jornal e a demissão sumária do jornalista e editores que incentivam este tipo de manipulação. Segundo o Ministério da Saúde, em 2007 (não há dados consolidados sobre 2008), morreram no Brasil mais de 42 mil pessoas vítimas de doenças respiratórias como pneumonia e gripe comum. Até ontem, em todo o mundo, o número de pessoas que morreram em decorrência da gripe A não chegava a mil. Segundo a União Européia, 843 mortes em todo o mundo e cerca de 167 mil casos já registrados em laboratórios. Ou seja, não há motivo nenhum para se acreditar que a nova gripe se transforme numa pandemia letal como foi no passado a gripe espanhola. Por que então a mídia insiste no tom alarmista? Fazer uso político de um problema de saúde pública pode ser uma das explicações. Afinal, já vimos este filme antes, no início de 2008, quando a mídia anti-Lula percebeu que poderia usar o aumento dos casos de febre amarela como argumento para torpedear o governo. Naquela ocasião, o pânico disseminado pela irresponsabilidade da imprensa levou milhares de pessoas a se vacinarem sem necessidade. Algumas pessoas morreram vítimas dos efeitos colaterais da vacina. Agora, percebe-se por parte de alguns jornais e jornalistas a mesma disposição de fazer uso político de um problema de saúde pública, levando desinformação à população que acaba lotando os hospitais e postos de saúde, prejudicando ainda mais o atendimento médico que já é precário na rede pública. O trabalho das autoridades sanitárias está sendo feito de forma responsável e ágil. Não pode ser prejudicado pela irresponsabilidade e pelas picuinhas políticas de setores da mídia que se alimentam de escândalos e alarmismos.
Obs.: Obrigado amigo Wellington Leite pelo envio desse texto. Repudio gente que torce pelo quanto pior melhor. Esses não valem nada.

terça-feira, 28 de julho de 2009

FRASES DE UM LIVRO LIDO (28)

A COMPLETA LEI DE MURPHY, ARTHUR BLOCH, COM MILLÔR E JAGUAR
Ontem foi dia de ir com meu pai buscar seus insumos (medicamentos de sua diabetes) num Posto de Saúde daqui de Bauru. Ficamos por lá quase duas horas e devoro um gostoso e despretensioso livrinho, muita coisa em voz alta, eu e ele rindo como dois bocós. Ótimo passatempo para não prestar atenção na demora no atendimento. O livro, lido de cabo a rabo foi esse aí (1997 - 208 páginas). Separei algumas frases:
- Deixadas à sua sorte, a tendência das coisas é ir de mal a pior.
- É impossível criar qualquer coisa à prova de erros - os idiotas são muito inventivos.
- Se você está se sentindo perfeitamente bem, não se preocupe. Isso sempre passa.
- Se uma coisa chegou ao seu pior, é porque você não sabe o que o espera.
- Quando um trabalho é malfeito, qualquer tentativa de melhorá-lo piora.
- A confusão só não reina, como também governa.
- Todo mundo tem um planejamento absolutamente perfeito que resultou num puta fracasso.
- Depois que se abre a lata de sardinhas, a única maneira de reenlatá-las é numa lata maior.
- Se mais de uma pessoa é responsável pelo erro de cálculo, nenhuma é.
- Lei do impaciente: A outra fila anda sempre mais rápido.
- Não há limite para o ponto em que as coisas ruins podem chegar.
- Quando o dr Roberto diz que nem morto faria, pregue bem o caixão.
- Ninguém consegue falar mais do que o cara que não entende nada do assunto.
- Aqueles que mais defendem a moral são os que menos entendem do riscado.
- Chama-se de funcionário todo sujeito que não funciona.
- Se há um trabalho difícil, entregue-o a um preguiçoso - ele descobrirá o meio mais fácil de executá-lo.
- Para conseguir um empréstimo é fundamental você provar que não precisa.
- Os computadores não merecem confiança, porque os seres humanos merecem menos ainda.
- Sempre dá zebra. Exceto quando você aposta nela.
- Roubar idéias de uma pessoa é plágio; de muitas é pesquisa.
- Todo papel confidencial acaba esquecido na máquina de copiar.
- Se você ficar parado por muito tempo em qualquer lugar, dá início a uma fila.
- O aumento da inteligência do planeta é evidente: a população está crescendo.
- A probabilidade de você cruzar com um conhecido aumenta quando você está com alguém que não quer ser visto.
- Se ganhar ou perder é questão de vida ou morte, você perde.
- Se você está em dúvida se deixou o ferro elétrico ligado, deixou.
- O livro que você acabou de comprar por 20 reais, vai descobrir amanhã por 3, em qualquer banca.
- Se todos os participantes de um concorrência oferecem o mesmo preço, pode chamar a polícia.
- Basta ser popular pra ficar impopular.
OBS.: As frases grafadas em vermelho são uma justa homenagem a uma equipe que atua no comando de algo muito sério na cidade. Ouço de alguém que por lá vigora uma "unanimidade": incompetência total e absoluta. E o barco segue afundando no redemoinho criado por eles mesmos.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

UMA CARTA (32)

CRISE DE HONDURAS
O golpe militar e um governo ilegal persistem em Honduras. Muito a se lamentar. Na última sexta, em Editorial publicado no Jornal da Cidade, com o título acima, o professor da USC, Ney Vilela tenta demonstrar que tudo foi feito com embasamento legal. Não me segurei nas calças e enviei uma resposta para o JC, publicada hoje. O texto do Ney pode ser lido clicando a seguir e minha carta, logo abaixo:

Carta publicada hoje, 27/07/2009 -Crise de Honduras II
No editorial do JC de sábado, 25/07, “A crise de Honduras”, o autor, o professor de História Ney Vilela, rema contra a maré. Primeiro, algo meio que inconcebível, um professor de História defendendo golpes militares e dando voltas para tentar fundamentar sua pífia argumentação. Faz um arrazoado histórico até com certa procedência, mas quase no final do texto, algo repulsivo, quando diz: “ acho que Zelaya é um canalha oportunista”. De onde tirou isso? Talvez de sua convicção ideológica contrária a preceitos democráticos, ligada umbilicalmente ao neoliberalismo. Quer dizer que quando um país possui uma Constituição produzida por uma elite minoritária, nenhum governo legalmente eleito pode propor sua alteração? Pode e deve, devendo isso fazer parte do compromisso com a mudança, com a renovação e com o espírito democrático. Pelo visto o professor Vilela defende governos de uma minoria, em detrimento da participação da grande maioria da população, a massa dos desvalidos. Ensinar História dessa forma é o mesmo que jogar sujeira para debaixo do tapete. Na qualidade de ex-aluno da USC, quando tive aulas com professores muito responsáveis de sua missão educacional, repudio de forma veemente o que li, ainda mais porque o texto foi publicado no mesmo dia em que os mandatários de todos os países componentes do Mercosul, reunidos no Paraguai, haviam se posicionado coletivamente contrários ao golpe de estado. Foi uma pisada e tanto na bola.

domingo, 26 de julho de 2009

UM COMENTÁRIO QUALQUER (48)

REFLEXÕES NUM DOMINGO CHUVOSO, NOROESTE PERDE, BOLSO ESTÁ VAZIO...
Hoje é um dia mais do que especial para Cuba e a sua rebeldia diante de um mundo capitalista e cada vez mais injusto, cruel e insano. A resistência emanada de uma pequena ilha, plantada em pleno mar do Caribe, quase na porta de entrada do Império do Capital (meio decadente é verdade, mas atuante). Outro dia fiquei impressionado ao assistir trechos do documentário do Michael Moore, gravados em Cuba. Ele levou doentes norte-americanos para conhecer Cuba. Todos eles tinham enormes dificuldades, principalmente financeiras para serem atendidos pelo sistema de saúde dos EUA. Eram tratados mal e porcamente no seu país, pois não tinham dinheiro suficiente para bancar o tratamento, por lá todo pago. É impressionante ir verificando a fisionomia de cada um quando constatavam que em Cuba os medicamentos, nos EUA tão caros, eram todos gratuitos em Cuba. A linda constatação do filme é de que o grande mal que Cuba causa ao resto do mundo, o motivo de tantas críticas estava exposto ali naquele momento: lá não se mercantiliza a saúde, a educação, a cultura, o transporte, nada. Nada disso gera lucro e isso incomoda. Sintam flashes disso retirados do Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=7ncoFQdBIvU (Existem versões com legendas em português). Lembro tudo isso, pois hoje, 26/07 o Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba promove o Dia Nacional da Rebeldia Cubana, na sede Nacional da Educafro. A atividade será composta por um ato-político com a presença do Cônsul de Cuba, Carlos Trejo Sosa, e da Consulesa da Venezuela, Doris Theis, e uma apresentação musical do grupo cubano SANDUNGA. Se soubesse disso com maior antecedência, lá estaria. Ainda mais porque acabo de retornar do campo do Noroeste, onde ele perdeu para um time juvenil, formado por reservas e garotos do Mirassol por 1x0. Estou de cabeça inchada.

Por fim duas coisas bem locais:
1) Lendo o JC de 24/07, algo na página 4 chama minha atenção: "O presidente do Convention Bureau de São José do Rio Preto e ex-secretário do Desenvolvimento Econômico e Negócios de Turismo, Márcio Sansão, visitou Bauru. (...) Ele lembrou do processo de desenvolvimento do Trem Caipira naquela cidade: "Foi Bauru que nos apresentou a Maria Fumaça. O município foi muito importante no projeto"". Fiquei de peito estufado ao ler isso, pois Sansão reconhece o que fizemos pelo projeto daquela cidade, quando abrimos as portas do daqui de Bauru, o Ferrovia para Todos, tendo oportunidade de conhecer algo já atuante e em pleno funcionamento. Fizemos isso, durante os 4 anos que estivemos à frente do setor de Patrimônio Cultural e o resultado desponta nessa espécie de reconhecimento. O Projeto de Paraguaçu Paulista, sendo refeito após incêndio, também contou com o apoio e incentivo do de Bauru. Isso tudo é muito gratificante.

2) O deputado Vicentinho (PT-SP) estaria em Bauru na última sexta. Seu vôo não conseguiu pousar na cidade. Aeroporto novo, dito em alto e bom som como de "padrão internacional", nada desce quando garoa na cidade (ou um cachorro faz xixi na pista). A instrumentação, ainda não implantada, poderia muito bem ser feita nessas ocasiões, pelos idealizadores da mudança para aquele bucólico lugar, quando lá da pista ficariam gesticulando com tabuletas de aviso. Ele não veio e dessa forma, não conheceu a Estação da Paulista e de Tibiriçá, motivo de uma emenda do orçamento no valor de R$ 195 mil, para auxílio no restauro e reutilização daqueles espaços. A verba, que quase foi perdida, foi conseguida na "bacia das almas", pelo esforço do prefeito Rodrigo, indo até São Paulo e conseguindo oficializar documentação que Secretaria Municipal de Cultura tinha prazo até março 2009 para providenciar. O importante é que o dinheiro vem e algo poderá ser feito de imediato naquele espaço, que já respirou muita ação cultural. Torcemos para que isso volte a contecer.
Obs.: As duas fotos são de Bauru na sexta, tempo fechado, garoando, todos sem guarda-chuvas nas ruas e aeroporto fechado para balanço, ou melhor, aguardando saída do sol.

sábado, 25 de julho de 2009

COLUNA NO JORNAL BOM DIA (30 e 31)

AUTENTICIDADE - publicada na edição de 18/07/2009
Meus escritos por aqui refletem muito do que ouço nas ruas. Num longo papo com um amigo do peito, ele estava um tanto entristecido com o andar da carruagem. “As pessoas se desacostumaram com gente autêntica. Hoje falta a arte, falta referência, tipo a que representou John Lennon para toda uma geração. Não interpreto a vida, vivo a vida real e isso dói”, foi seu desabafo. Fiquei matutando e com aquilo por dentro. O mundo atual está mesmo pasteurizado, tudo embaladinho e pronto para consumo. E tudo o que foge disso, causa espanto, pavor e até repulsa. O discurso ouvido é quase todo a mesma coisa, como se todos pensassem e agissem da mesmíssima forma. E como fugir disso? E como querer ser do contra com tudo conspirando contra? O amigo citou Lennon. O músico, segundo ele, geraria problemas falando e pensando da forma espontânea como fazia. Causaria medo pelo simples fato de espalhar entre seus fãs aquele modo de pensar e agir. E no futebol, seria possível hoje em dia alguém com a cabeça de um Sócrates ou de um Afonsinho? Nem um jornal no estilo do saudoso "O Pasquim" acho que é mais possível. Imagine um repórter com a verve do personagem Ernesto Varela a fazer perguntas indiscretas e certeiras para um ministro no estilo do Gilmar Mendes. Acham isso possível? Praticamente impossível. Um Che Guevara circulando pela América de arma em punho não seria mais um revolucionário e sim, um guerrilheiro do mal. Cadê os autênticos de hoje. Está difícil citar alguns poucos. Isso também me dói.

CULTURA MORA NO SESC - publicada na edição de 25/07/2009
Na enquete do BOM DIA de 21/07, a pergunta: “Você gasta dinheiro com cultura?”. Dos quatro questionados, nenhum tem por hábito freqüentar com regularidades locais tradicionais de cultura na cidade. Para a grande maioria, em primeiro lugar vem o problema dos custos, depois pouco tempo, família e até uma falta de interesse. Dou meu pitaco no assunto. Bauru possui um local privilegiado quando o assunto é atividade cultural, o SESC. Freqüento desde meus tempos de adolescente, praticamente tive minha formação cultural por lá. Nessa semana foram exibidos dois filmes cult, em dias alternados, show na quarta, quinta e sexta, para todos os gostos, menos para aqueles considerados de “desgosto musical” (termo que uso para os serta-bregas, mela-cuecas, axés apelativos e afins). No domingo mais dois shows e teatro infantil. Bato cartão, virei figurinha fácil. Vou e arrasto os amigos. Querem saber quando gastei? Nada, pois tudo é grátis. Só não vai quem não quer. Vivemos uma situação mais do que privilegiada no quesito de diversidade cultural, pelo menos no SESC. Em tempos de vacas magras na Cultura junto ao poder público municipal e afins, o SESC dá as cartas e comprova o quanto foi importante lutar pela permanência de verbas federais na instituição. Lá são otimamente empregadas. Só não vai quem não quer ou quem vive dando desculpas para deixar de fazer as coisas. Eu ando com minha vida cheia de correrias, igualzinho a todo mundo, mas disso não abro mão. A Cultura mora no SESC.

Comentário sobre o SESC e o show de ontem, 24/07, com os Hammond Grooves:
Falar bem da programação do SESC é chover no molhado, ainda mais num dia molhado como o de ontem. Lá é tudo de bom e pode ser resumido numa frase ouvida da Camila, a colunista do BOM DIA: "Que seria de nós e de Bauru se não fosse o SESC?". Estaríamos no mato e sem cachorro, minha cara. Voltei ontem pela terceira vez na semana lá e dessa vez presenciei o melhor show da semana. O trio, acompanhado de um órgão Hammond B3 original (cria variados timbres em tempo real), tocado por Daniel Latorre, guitarra pelo bauruense Daniel Daibem e bateria por Wagner Vasconcellos. Tocam uma mescla de soul, bossa, samba, jazz e coisas do rock'n roll. Além do som diferenciado do órgão, para mim o mais importante foi conhecer o trabalho do Daniel, filho dos queridos Ana Maria e Isaias Daibem, lá presentes, na fila do gargarejo, como pais corujas que são. Que show gostoso, vibrante do começo ao fim e com o astral do Daniel, comandando as falas. Ele, que apresenta semanalmente na Eldorado FM, o "Sala dos Professores" (http://www.radioeldorado.com.br/fm/buchanans/apresentador.asp) e deu uma entrevista muito boa para o Jô, quando conseguiu algo inusitado, deixar o apresentador de boca fechada na maioria do tempo. Sintam como foi: http://www.youtube.com/watch?v=-QzXuatCIwg . Repito sempre: O SESC é a casa da Cultura em Bauru.