domingo, 28 de novembro de 2010

FRASES DE UM LIVRO LIDO (42)

O CERCO AO COMPLEXO DO ALEMÃO, O VASCULHAR CASA A CASA E UM LIVRO LEMBRANDO OUTRO CERCO HISTÓRICO
Manhã de domingo, 10h, estou trabalhando aqui no mafuá e com ouvidos ligados na transmissão ao vivo feita pela Globo News, da ocupação policial, histórica por sinal, no Complexo do Alemão. Desvio os olhos do trabalho quando percebo que a transmissão intensifica as ações de confronto. Não gosto da exposição feita pelas TVs, principalmente a Globo, mostrando pessoas da comunidade sendo entrevistadas e até uma carta sendo lida, com a letra de uma senhora de idade sendo exposta. O receio é devido ao abandono que essas comunidades ficaram expostas esses anos todos e hoje, com a polícia ali presente, a tranqüilidade será mantida? Eles por ali passarão e permanecerão, ou tudo isso é algo momentâneo? Tomara que o tal do sistema implantado pelo atual governo carioca, com a UPP – Unidade de Polícia Pacificadora não seja só algo bonito para ser visualizado, sem solução de continuidade. Outra coisa muito importante é que todo esse intenso trabalho de retirada da criminalidade naquela região, não seja somente uma substituição, com a expulsão dos traficantes e sua substituição pela milícia. Ambos danosos, talvez a milícia, de pior variante.

Com a ocupação consolidada, vejo que a ação da polícia é a da vistoria casa por casa, ou seja, estão vasculhando tudo minuciosamente (“A ordem é que cada casa seja vasculhada. Estamos batendo beco a beco, casa a casa. Todas as casas serão revistadas. Os moradores sabem que nós viemos para libertá-los”, ouço de policiais no comando). Sabe o que me lembra isso? O cerco feito a Luiz Carlos Prestes, quando o governo de Getúlio Vargas o caçava no bairro do Méier, também no Rio. O bairro cercado e com a polícia indo de casa em casa, até encontrar o refúgio de Prestes e sua esposa, Olga Benário. Os motivos são bem distintos, no passado político, represália pelo movimento comandado por Prestes tentar derrubar o governo, hoje outro, com área dominada por marginais sendo reprimida. Olga foi presa naquele momento, sendo posteriormente enviada para as mãos dos nazistas. Esse cerco me faz buscar um livro lido por mim no ano de 1989 e depois em 1997. É o “O cavaleiro da Esperança”, do escritor Jorge Amado, escrito em 1942 (tenho uma edição do Círculo do Livro, 1989, 358 páginas). Qualquer dia transcrevo aqui as frases mais impactantes que grifei do mesmo. Hoje, quero só reproduzir algo sobre dois momentos do livro. Primeiro como Prestes e Olga vêem o Rio do alto de uma casinha no morro e depois o cerco e a detenção desses “elementos verdadeiramente perigosos”, afinal queriam outro governo. Vamos a esses momentos:

“De cima do morro viam-se luzes da cidade. Era lindo o Rio de Janeiro, curvas de lâmpadas elétricas bordeando o mar verde onde o luar irrompia prateado. O rumor da vida da cidade, buzina de autos, gritos de vendedores de jornais, a sirene de uma assistência, o ruído de bondes superlotados, vozes longínquas de homens, a gargalhada distante de uma mulher, chegava todo esse rumor de vida até seus ouvidos e eles pararam por um instante a subida, para aboserver esse sopro de vida que o vento trazia da cidade” (pág. 275), mostrando uma visão do Rio de cima de um dos seus morros.

“Cercam a rua por completo, ante o assombro do subúrbio do Méier. Prendem todos aqueles que passam pela rua ou tentam atravessar a linha de policiais. Parece uma guerra, homens invadindo um cidade inimiga. Ninguém diria que iam prender apenas um homem. (...) os investigadores vão de casa em casa, assustando as famílias, varejando os lares, até que entram na casa onde Luiz Carlos e Olga falam do filho por nascer. O tira aponta a metralhadora contra o peito de Prestes, mas encontra o peito de Olga na defesa da vida do marido. (...) Não houve força capaz de arrancá-la do lado do seu marido. (...) Agarrada a Luiz Carlos, nada os pode separar. Foi assim, que naquela noite de março de 1936, Olga Benário Prestes salvou, para o povo do Brasil, a vida de Luiz Carlos Prestes. Na noite de sua prisão, na mesma noite em que ela lhe disse que ia ter um filho” (pág. 291), mostrando o que é um cerco policial casa a casa.

A única analogia possível é essa. Ambos cercos policiais feitos em bairros suburbanos cariocas. Não me digam que faço apologia a isso ou aquilo, longe disso. São situações distintíssimas. Lembrei-me da anterior, pela checagem casa a casa e a transcrevo aqui. Que o Rio vivencie um outro momento, é tudo o que desejo, para a cidade mais linda que já vislumbrei na vida. Torço por isso, como torço por um Brasil longe de todo tipo de marginais (inclusive os políticos e os oriundos do predatório capitalismo selvagem).

OBS.: Outro livro, melhor, uma trilogia, "Subterrâneos da Liberdade", do mesmo Jorge Amado, com os títulos "Agonia na noite", "A luz no túnel" e "Os ásperos tempos", citam o mesmo cerco, tanto à casinha no Méier e ao Partido Comunista, sob o comando de Luiz Carlos Prestes. Um internacional, retrata outro famoso cerco, o "A História do Cerco de Lisboa", do Saramago. Meras analogias que faço nesse momento.

14 comentários:

Anônimo disse...

Henrique

E voce acredita nos governantes cariocas que renegaram Leonel Brizola? Tio Triza tira um sarro em todos eles nesse momento...

Pascoal - RJ

Anônimo disse...

Não haverá vencedores

MARCELO FREIXO


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Pode parecer repetitivo, mas é isso: uma solução para a segurança pública do Rio terá de passar pela garantia dos direitos dos cidadãos da favela


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Dezenas de jovens pobres, negros, armados de fuzis, marcham em fuga, pelo meio do mato. Não se trata de uma marcha revolucionária, como a cena poderia sugerir em outro tempo e lugar.
Eles estão com armas nas mãos e as cabeças vazias. Não defendem ideologia. Não disputam o Estado. Não há sequer expectativa de vida.
Só conhecem a barbárie. A maioria não concluiu o ensino fundamental e sabe que vai morrer ou ser presa.
As imagens aéreas na TV, em tempo real, são terríveis: exibem pessoas que tanto podem matar como se tornar cadáveres a qualquer hora. A cena ocorre após a chegada das forças policiais do Estado à Vila Cruzeiro e ao Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro.
O ideal seria uma rendição, mas isso é difícil de acontecer. O risco de um banho de sangue, sim, é real, porque prevalece na segurança pública a lógica da guerra. O Estado cumpre, assim, o seu papel tradicional. Mas, ao final, não costuma haver vencedores.
Esse modelo de enfrentamento não parece eficaz. Prova disso é que, não faz tanto tempo assim, nesta mesma gestão do governo estadual, em 2007, no próprio Complexo do Alemão, a polícia entrou e matou 19. E eis que, agora, a polícia vê a necessidade de entrar na mesma favela de novo.
Tem sido assim no Brasil há tempos. Essa lógica da guerra prevalece no Brasil desde Canudos. E nunca proporcionou segurança de fato. Novas crises virão. E novas mortes. Até quando? Não vai ser um Dia D como esse agora anunciado que vai garantir a paz. Essa analogia à data histórica da 2ª Guerra Mundial não passa de fraude midiática.
Essa crise se explica, em parte, por uma concepção do papel da polícia que envolve o confronto armado com os bandos do varejo das drogas. Isso nunca vai acabar com o tráfico. Este existe em todo lugar, no mundo inteiro. E quem leva drogas e armas às favelas?
É preciso patrulhar a baía de Guanabara, portos, fronteiras, aeroportos clandestinos. O lucrativo negócio das armas e drogas é máfia internacional. Ingenuidade acreditar que confrontos armados nas favelas podem acabar com o crime organizado. Ter a polícia que mais mata e que mais morre no mundo não resolve.

Anônimo disse...

Falta vontade política para valorizar e preparar os policiais para enfrentar o crime onde o crime se organiza -onde há poder e dinheiro. E, na origem da crise, há ainda a desigualdade. É a miséria que se apresenta como pano de fundo no zoom das câmeras de TV. Mas são os homens armados em fuga e o aparato bélico do Estado os protagonistas do impressionante espetáculo, em narrativa estruturada pelo viés maniqueísta da eterna “guerra” entre o bem e o mal.
Como o “inimigo” mora na favela, são seus moradores que sofrem os efeitos colaterais da “guerra”, enquanto a crise parece não afetar tanto assim a vida na zona sul, onde a ação da polícia se traduziu no aumento do policiamento preventivo. A violência é desigual.
É preciso construir mais do que só a solução tópica de uma crise episódica. Nem nas UPPs se providenciou ainda algo além da ação policial. Falta saúde, creche, escola, assistência social, lazer.
O poder público não recolhe o lixo nas áreas em que a polícia é instrumento de apartheid. Pode parecer repetitivo, mas é isso: uma solução para a segurança pública terá de passar pela garantia dos direitos básicos dos cidadãos da favela.
Da população das favelas, 99% são pessoas honestas que saem todo dia para trabalhar na fábrica, na rua, na nossa casa, para produzir trabalho, arte e vida. E essa gente -com as suas comunidades tornadas em praças de “guerra”- não consegue exercer sequer o direito de dormir em paz.
Quem dera houvesse, como nas favelas, só 1% de criminosos nos parlamentos e no Judiciário…


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MARCELO FREIXO, professor de história, deputado estadual (PSOL-RJ), é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Nota do Juca Kfouri: A lucidez de Freixo é eloquente.

E note que, até agora, nenhum político foi preso pela operação policial.

Nem mesmo nenhum integrante das milícias que dominam os morros.

E o governador do Rio também não consegue dar uma explicação razoável para a mansão que possui.

Imaginar que o problema esteja naqueles pés-rapados que vimos em fuga é abusar da nossa ignorância.

Anônimo disse...

Parabéns à ação daspolícias unificadas no Rio de Janeiro. Nota dez para o que vi hoje. Hoje eu gostei e se isso vai ter solução de continuidade é outra coisa, mas hoje eles foram valorosos. Vibreio do lado de cá.

André Ramos

Anônimo disse...

E o papai noel existe. Se ele vai trazer o presente é outra coisa.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

Mafuá do HPA disse...

Una victoria apenas relativa

Por Eric Nepomuceno

Alrededor de las ocho de la mañana de ayer, unos 2500 hombres de las fuerzas conjuntas (Ejército, Marina y Policía Militar) avanzaron hacia la parte más elevada del cerro del Alemán, el Complexo de más de diez favelas que se mezcla en la zona norte de Río y que era –y es– considerado el principal polo del narcotráfico de la ciudad. No encontraron resistencia. Desde las ocho de la noche del sábado, cuando se agotó el plazo dado por la policía para que los narcotraficantes se entregasen, lo que hubo fueron tiroteos esporádicos, que atravesaron la madrugada.

Hay que conocer un poco de la topografía de la región para tener idea de lo que se trata. Las favelas del Complexo del Alemán se extienden por cerros y bajadas de una zona miserable y de abandono, que abarca más de un millón de metros cuadrados y abriga a por lo menos 50 mil personas que viven en construcciones pequeñas, erguidas en callejuelas angostas, con trechos de no más de metro y medio de ancho, donde mal caben dos personas. Las viviendas y todo lo demás –templos de sectas evangélicas, peluqueros, carnicerías, electricistas, panaderías, boliches– se esparcen entre partes planas y pendientes elevadas, entre plazoletas y espacios razonablemente amplios.

Cada tanto hay casas grandes, algunas con aspectos de bonanza (parrilla en la azotea, por ejemplo, o garaje para coches). Pero la casi totalidad es de construcciones precarias, agobiantes, mal terminadas, donde se hacinan familias enteras en espacios mínimos.

Hasta hace pocos días, por todas partes deambulaban muchachos en shorts, chancletas y fusiles en la mano. La zona era territorio libre de los narcotraficantes que imponían ley y orden, del toque de queda a los tribunales sumarios. Esos soldados del crimen circulaban en motocicletas (casi todas robadas), en pareja, o caminaban a gusto imponiendo temor y respeto. Ahora desaparecieron todos.

No ha sido la primera vez que el Alemán es declarado “territorio reconquistado”. La imagen de soldados con la bandera nacional en el pico del cerro puede agradar a cierta prensa y a las clases medias que viven en barrios lejanos. En 2007, por ejemplo, se vio exactamente la misma escena, siendo que en lugar del Ejército y la Marina los victoriosos eran integrantes de la Policía Militar de Río. Se quedaron un tiempito, luego se fueron, y volvió la normalidad del horror y del abandono.

Es razonable entender que ahora no se lanzó una operación nocturna de invasión y control del Alemán por temor a causar una mortandad incalculable de moradores inocentes. Pero, ¿dónde fueron a parar los tan mencionados 800 “soldados del tráfico”? No más de 60 se rindieron o fueron detenidos. ¿Y los demás? Ayer se comentaba que estaban todavía ocultos en escondites subterráneos, en la red de desagüe o mezclados con los moradores. De los capos, ninguno fue detenido. ¿Cuándo y cómo escaparon? ¿Y hacia dónde, si el área estaba totalmente cercada?

El secretario de Seguridad Pública de Río, José María Beltrame, hizo un resumen sincero. Dijo que lo más importante ha sido la reconquista del territorio. Todo lo demás –armas, drogas, dinero– es fácil (para los narcos) de reponer, dijo. Importa ahora no dejar que retomen el territorio.

Hay, sin embargo, preguntas incómodas: ¿hasta cuándo la cuestión del tráfico y su control sobre cerros y favelas será tratada bajo la óptica bélica? ¿Cuándo, en fin, el Estado asumirá sus reales responsabilidades y se lanzará a una operación social, de rescate de la ciudadanía, más allá de acciones militares? ¿Cuándo se cortarán los lazos entre la policía corrupta y los bandos de narcos?

En Río, ayer, se ganó una batalla. Importante por cierto. Pero la guerra sigue. Y es larga, muy larga.

ADORO REFLEXÕES DO ERIC - HPA.

Anônimo disse...

Não tenho a menor dúvida que todo jabá proporcionado nas favelas, após o Mundial e as Olimpíadas, estarão nas mãos de milicianos.

Abaixo um texto muito interessante sobre a situãção do Rio de Janeiro.
Acabei de ver do onibus uma imagem típica do tratamento dispensado pelo exército de Israel às crianças: Na calçada do Catete, bairro do Rio, próximo ao Centro, a guarda Municipal reprimia violentamente umas 6 ou 7 crianças negras e de rua que dormem no local. E a população assistia tudo calada. A idade desses meninos variavam de 8 a 13 ou 14 anos. O tratamento era na base da da violência e do ódio. Foi uma cena chocante! A guarda Municipal é treinada por assessores da MOSSAD. E, obviamente , entrou no clima e na onda levantada pelo Estado, através do seu governador.
O clima na cidade é de guerra aos pobres, desempregados, população de rua, etc... Tem especialistas credenciado pela academia falando, na Globo news, asneiras fascistas e exigindo leis que permitam a utilização das armas nestas ocasiões, ou seja estão fazendo campanha para que o Estado tenha mais liberdade para matar...
Esses acontecimentos me fez lembrar a declaração do Jobin, se não me engano no início do ano, que ,participando de um seminário em Israel, declarou em matéria no O Globo, que lamentavelmente nossas leis restringiam o espaço do êxito, como aquele que Israel tem tido contra os palestinos desarmados, classificado pelo nosso ministro, na matéria , de terroristas.

Bom, por favor leiam a matéria do professor abaixo, ela é esclarecedora.

CONTINUA...
ENVIADO POR PASCOAL MACARIELLO

Anônimo disse...

CONTINUAÇÃO...
Postado do Blog: somostodospalestinos.blogspot.com
A Guerra do Rio – A farsa e a geopolítica do crime

Cumprindo com compromisso de publicar notícias que não se encontram na grande mídia, divulgamos texto do professor José Claudio S. Alves, sociólogo da UFRRJ, sobre os acontecimentos no Rio.

Nós que sabemos que o “inimigo é outro”, na expressão padilhesca, não podemos acreditar na farsa que a mídia e a estrutura de poder dominante no Rio querem nos empurrar.

Achar que as várias operações criminosas que vem se abatendo sobre a Região Metropolitana nos últimos dias, fazem parte de uma guerra entre o bem, representado pelas forças publicas de segurança, e o mal, personificado pelos traficantes, é ignorar que nem mesmo a ficção do Tropa de Elite 2 consegue sustentar tal versão.

De um lado Milícias, aliadas a uma das facções criminosas, do outro a facção criminosa que agora reage à perda da hegemonia.

Processos semelhantes a estes foram ocorrendo em várias favelas. Sabemos que as milícias não interromperam o tráfico de drogas, apenas o incluíram na listas dos seus negócios juntamente com gato net, transporte clandestino, distribuição de terras, venda de bujões de gás, venda de voto e venda de “segurança”.

Sabemos igualmente que as UPPs não terminaram com o tráfico e sim com os conflitos. O tráfico passa a ser operado por outros grupos: milicianos, facção hegemônica ou mesmo a facção que agora tenta impedir sua derrocada, dependendo dos acordos.

Estes acordos passam por miríades de variáveis: grupos políticos hegemônica na comunidade, acordos com associações de moradores, voto, montante de dinheiro destinado ao aparado que ocupa militarmente, etc.

Assim, ao invés de imitarmos a população estadunidense que deu apoio às tropas que invadiram o Iraque contra o inimigo Sadam Husein, e depois, viu a farsa da inexistência de nenhum dos motivos que levaram Bush a fazer tal atrocidade, devemos nos perguntar: qual é a verdadeira guerra que está ocorrendo?


As ações ocorrem no eixo ferroviário Central do Brasil e Leopoldina, expressão da compressão de uma das facções criminosas para fora da Zona Sul, que vem sendo saneada, ao menos na imagem, para as Olimpíadas.

Justificar massacres, como o de 2007, nas vésperas dos Jogos Pan Americanos, no complexo do Alemão, no qual ficou comprovada, pelo laudo da equipe da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, a existência de várias execuções sumárias é apenas uma cortina de fumaça que nos faz sustentar uma guerra ao terror em nome de um terror maior ainda, porque oculto e hegemônico.

Ônibus e carros queimados, com pouquíssimas vítimas, são expressões simbólicas do desagrado da facção que perde sua hegemonia buscando um novo acordo, que permita sua sobrevivência, afinal, eles não querem destruir a relação com o mercado que o sustenta.

Deixamos de fazer assim as velhas e relevantes perguntas: qual é a atual política de segurança do Rio de Janeiro que convive com milicianos, facções criminosas hegemônicas e área pacificadas que permanecem operando o crime? Quem são os nomes por trás de toda esta cortina de fumaça, que faturam alto com bilhões gerados pelo tráfico, roubo, outras formas de crime, controles milicianos de áreas, venda de votos e pacificações para as Olimpíadas? Quem está por trás da produção midiática, suportando as tropas da execução sumária de pobres em favelas distantes da Zona Sul? Até quando seremos tratados como estadunidenses suportando a tropa do bem na farsa de uma guerra, na qual já estamos há tanto tempo, que nos faz esquecer que ela tem outra finalidade e não a hegemonia no controle do mercado do crime no Rio de Janeiro?

Sempre sobrará a massa arrebanhada pela lógica da guerra ao terror, reduzida a baixos níveis de escolaridade e de renda que, somadas à classe média em desespero, elegerão seus algozes e o aplaudirão no desfile de 7 de setembro, quando o caveirão e o Bope passarem.

FABI disse...

Olá Henrique

Muito boa essa matéria, porém me deixa muito triste ver a que ponto nós chegamos.
Isso me faz lembrar de uma frase:
" Nós colhemos o que plantamos"
E essa é a verdade do nosso país, um país que não cuida das suas crianças, que não dá educação, nem saúde, não dá moradia e nem saneamento básico, não lhes dá DIGNIDADE, e como agora eu posso julgar quando uma criança ou adolescente resolve entrar para o mundo do crime????
SE VOCE É CUMPLICE DE UMA INJUSTIÇA VC È TÂO CULPADO QUANTO QUEM A COMETEU!
Vamos ser honestos não se resolve mudando os traficantes de endereço, pois vc prende um e surgem mais dois.
O problema continua......

Fabi

Anônimo disse...

Prezado Henrique,
O que se viu a partir de quarta-feira da semana passada, foi o PODER PÚBLICO DIZER UM BASTA, a onda de criminalidade a que a cidade se viu exposta, por uma MALTA, ADREDEMENTE LOCALIZADA no morro da PENHA E FAVELAS CINCUNVIZINHAS. A hora não poderia ser outra, depois de tantos atos vandálicos praticados nos mais diversos pontos, como a querer desafiar o poder constituído, se achando (eles marginais) inespugnáveis. Agora diante dessa nova fase , o Rio experimentará situações melhores e de segurança, já devida a bom tempo. O que espero é que essas atitudes de vigilância não parem, e que TODAS as favelas sejam varridas, com a vassoura da repressão e da MORALIDADE, a fim de que os possíveis DELIQUENTES SAIBAM DE QUE LADO ESTÁ A FORÇA. Certamente, experimentaram o gosto amargo da presença em massa do poder do Estado e Federal.
Essa cidade voltará a ser MARAVILHOSA, como cantada em verso e prosa por tantos poetas.
Um forte e fraternal abraçito carioca.

Paulo Humberto Loureiro

Anônimo disse...

Olha me desculpem, as pessoas tem direito de opinar, mas que o façam observando fatos. Ver uma frase que "com a vassoura da repressão e da MORALIDADE", é demais, achar que essa operação e a policia do estado burgues, que é repressora sim, mas não com quem realmente deveria ser, é uma ação digna de aplausos e que vai mudar algo, é necessario refrescar a memória e lembrar que ações como essa vemos quase todos os anos e não se muda nada, pq essa tal varredura que pedem nas favelas seria muito mais útil se fossem feitas nos que são donos da grana, para começar na casa do governador do Rio, o fascista Cabral.
Mais consciencia gente, não entrem nessa onda sensacionalista da imprensa pq não é o caminho certo a seguir.

Marcos Paulo
Comunismo em Ação

FABI disse...

Acabo de ver uma reportagem onde moradores estão sendo tratados como bandidos, seus direitos como cidadão foram simplismente esquecidos pelos militares e policiais, pais de familia sendo agredidos diante de seus filhos, é assim que o governo quer colocar ordem e paz????? as pessoas não moram na favela pq querem elas moram pq o governo não lhes dá condição para uma moradia digna, mas eles são trabalhadores e pagam seus impostos e tem direito de serem tratados com respeito.
Nessa guerra não há mocinhos ou bandidos. Só vejo um povo trabalhador que sofre as mazelas de um governo corrupto e omisso.

Fabi

Anônimo disse...

A FARSA NOS MORROS DOS VENTOS EM PRANTOS
Ano passado tive a oportunidade de conhecer in loco toda a estrutura das milícias do tráfico no Complexo do Alemão no Rio. Era uma vontade que eu tinha há tempos, pois sempre achei necessário presenciarmos a vida real, as mazelas criadas em nosso sistema até para podermos aumentar o idealismo e sentir o amargo das milhões de vidas vitimadas diariamente pelo capitalismo.

Para mim faltava conhecer de perto o sofrimento de um povo dominado pelo capital dos traficantes, após meses de conversa com um camarada carioca que atua num grupo que procura ajudar e libertar crianças do meio do tráfico de drogas nas favelas e que atuam de forma sigilosa porque de outra forma já estariam "apagados" dos morros.

Confesso que o que vi foi a experiência mais aterrorizante que tive na vida, a sensação de ser morto passa a todo momento, fui escondido e o único camarada a saber era o Perazzi, onde o avisei sobre acaso ocorresse algum revés ele saberia onde eu estava e que providencias tomar, era um sábado a noite e o horrível baile funk comia solto no morro, e tudo isso bancado com o dinheiro dos traficantes e com todo apoio de um ridículo programa de TV chamado "Furacão 2000", crianças, isso mesmo crianças, faziam com fuzis nas mãos a "segurança" do pedaço. Você tem que agir da forma mais natural possível, como inserido fosse naquele meio, porque qualquer desconfiança, já era, como esse conhecido tem acesso livre no complexo, não tive problemas para adentrar o recinto, mas você passa por algumas "perguntinhas".

Gente, a estrutura ali é feroz, a população na sua grande maioria, são pessoas de bem, mas sem esperança, esquecidas por um estado fascista-liberal, vivem no terror diário, sabendo que suas vidas estão condenadas e podem a qualquer momento perde-las num piscar de olhos.

Sabendo como funciona, quem está por trás, o papel do estado que cria as bases para essa deplorável condição humana, me faz ficar mais revoltado com todo esse sensacionalismo midiático em cima dessa eterna guerra civil no Rio e no país todo, é de uma irresponsabilidade tremenda a forma que a imprensa trata o assunto, claro, ela serve aos interesses sabemos de quem, operações como esta, da policia repressora do estado burguês, onde só descem o porrete em pés de chinelo, para passar a idéia de que agora haverá controle, a paz virá, cenas forjadas para fotos como a do policial jogando bola com um menino da favela, tudo isso é uma farsa, querem passar a imagem como antes dos jogos panamericanos onde houve uma operação semelhante, de que providencias estão sendo tomadas para garantir a segurança da cidade para a Copa e Olimpiadas.

CONTINUA...

Anônimo disse...

Só que isso vai e volta, porque não se ataca o efeito de causa, se realmente existisse uma operação para acabar com essas mazelas, seria chamada de revolução, porque as primeiras prisões anunciadas seriam dos que regem o estado, quantos vereadores, deputados, governadores, juízes, empresários, banqueiros, promotores, desembargadores foram presos???? Nenhum, apenas violentos pés de chinelos que não resolve absolutamente em nada a questão, o governador fascista do Rio, Sérgio Cabral por exemplo, até hoje não conseguiu explicar a sua imensa mansão em terras fluminenses, e vamos achar que esses caras, assim como comentaristas patifes da burguesia são os pilares da verdade e da justiça?? É abusar demais achando que todos são ignorantes e caem nesta ladainha. Pensam que somos palhaços a acreditar nesse papo de "segurança garantida"?? O Rio tem mais de 1.200 favelas, o complexo do alemão possui apenas algumas dezenas destas, acham mesmo que está tudo sob controle???

Na verdade Cabral está querendo ser o "Rudy Giuliani" do Rio, o ex-prefeito fascista de Nova Iorque, republicano, que fez uma política de "segurança" onde usou da repressão para descer o porrete em pés de chinelos, vitimas do capitalismo, onde pobres, miseráveis e negros sofreram barbaridades, como o caso de um camelô negro que ao enfiar a mão no bolso em sua barraca para pegar dinheiro foi executado por policiais com 41 tiros, não havia arma em seu bolso, nem um mísero canivete sequer. Mas essa política fascista satisfez os abastados de Manhattan.

É incrível como copiamos e nos inserimos no sufocante contexto imperialista, e nos afastamos cada vez mais dos grandes e verdadeiros ideais latinos de libertação. A cada novo amanhecer presto cada vez mais as honras aos verdadeiros heróis e libertadores deste continente e do mundo, Che Guevara e todos os guerrilheiros mais do que nunca se fazem necessários ouvirmos os seus tiros de libertação.

Ah, e só outra coisa, cadê os políticos de "esquerda" que não falam nada de real nessas horas?? Que vergonha o exercito do país continuar a ser estruturado para servir este estado deplorável e fazer papelão aqui como está fazendo com o sofrível povo irmão do Haiti. Esses pseudo-esquerdas não tem mais cara para mostrar, porque estão com as "doações" da grana dos mesmos que comandam toda a barbárie capitalista, que tempos.

Morte ao capital!!!! Venceremos!!!

Marcos Paulo - Comunismo em ação