FARID LAWI, UMA EXPOSIÇÃO E LEMBRANÇAS DE ALGUÉM QUE FEZ E ACONTECEU
Escrevi essa semana sobre os jornais locais, de sua utilidade e hoje ressalto só ter ficado sabendo de algo ocorrendo na cidade por causa do que li neles. FARID YUSUF ABU LAWI, artista plástico e agitador cultural de Bauru, falecido em 2002 estaria sendo relembrado numa ampla exposição no seu último local de trabalho, a USP. E lá fui, no horário marcado, 17h, saguão de entrada, na av. Octácio Brizola. Uma funcionária leu um texto em sua homenagem, relembrou um pouco da desconcertante história de Farid, de sua passagem ali pelo campus universitário, onde o reencontrei varias vezes comandando um espaço cultural, uma espécie de quiosque no meio da parafernália odontológica uspiana. Ele tinha seu local de trabalho numa espécie de oásis, encravado ali no meio. E ali recebia as pessoas. Conheci pouco do Farid antes dessa fase. Sei que fez e aconteceu, deixou seu nome marcado no cenário bauruense. Até hoje vejo gente a relembrar fatos, ocorrências, histórias, estripulias dele com certo carinho. É que ele foi ousado no que fez, um irreverente e inquieto. Um incomodado dentro do seu tempo. Produzia às pampas. Pintou de tudo e até poesia deixou registrada dentro de algumas de suas telas. Revi um bocadinho disso tudo circulando lá pelo saguão da USP. Li atentamente a apresentação do cartaz na entrada e no auto-retrato dele ainda jovem, sempre barbudo, já a definição do traço bem definido. Deslanchou depois e fez história. E o fez por não ser gado, não levava a vida bovinamente, enfrentava ela de peito aberto e não produzia somente para fins comerciais. Não produzia por encomenda. Esse diferencial é o que faz a família ainda ter tudo aquilo visto por lá sob seu domínio.
Queria ter perguntado como sua sobrinha conseguiu reunir aquilo tudo, mas não deu tempo. Ela falou do prazer em reunir o acervo e a funcionária no microfone disse algo, dentre tudo, talvez o que mais me marcou. Farid não era uma pessoa estrela, mas não era de um gênio totalmente fácil, dócil. Era ele e pronto. Uma frase ali registrada faço questão de passar adiante: “A vida inteira estarei fazendo arte, seja como for, seja instruindo ou executando. A minha realização não há dinheiro no mundo que pague”. E numa tela outra, mais contundente: “Não importa que não me suporte; AMO-TE!”. Tem outra, numa outra tela: “Eu te amo acima de todas as coisas, de todos os atos, de toda omissão, acima dos Homens, acima do acima, além de mim e de qualquer deus: assim... eu te amo!”. Era um arteiro, um amoroso arteiro. Alguém ainda um dia irá me explicar o motivo dele colocar uma lágrima em quase todas suas telas e desenhos. Virou marca registrada, que não sei decifrar. Algo que para mim é até desnecessário. Mera curiosidade de um leigo admirador.
Na lembrança guardada dele, além da pintura, fez belas poesias e tem algo que me penitencio por não ter tido o prazer de presenciar: o teatro. Dizem, e ouço sempre isso por aí, que foi um inovador, principalmente no “Atos atônitos de uma paixão” (1992). Pois bem, de tudo o que vi ali, das homenagens prestadas pela USP, talvez a mais significativa ainda possa surgir quando ousarem fazer um documentário sobre sua trajetória, inclusive com suas imagens. E quem melhor do que a USP para liberar recursos para essa finalidade. Lá estavam José Carlos Pereira e Ruy Cesar Camargo Abdo, com cargos de comando na USP e deles poderia partir a iniciativa de algo nesse sentido. Seria esse um ótimo motivo para voltarmos até lá e novamente reverenciar mais um bocadinho do que Farid nos proporcionou ao longo de sua trajetória. Aguardo ansioso esse dia, pois o recurso existe e imaginem se algo nesse sentido precisasse ser feito com ele decidindo. Moveria céu e terra para conseguir seu intento. Pois que façam algo dele.
10 comentários:
Caro Henrique, seu trabalho
Henriquece nossa memória.
parabéns por seu blog, que nos atualiza sobre os fatos importantes de Bauru e região. Mesmo distante, acompanho e me emociono.
Esta exposição do Farid é uma homenagem merecida! Fomos contemporâneos em algumas ações culturais... Lembro com saudade.
um abraço!
HENRIQUE,
lembrei muito dele.
Traabalhou comigo na Fundaçào Projeto Rondon, quando foi internado pela 1a. vez.
Seu irmão fez Geografia e hoje está na TV PREVE.
Gostei da lembança.
Abs.
MURICY
Primor, como sempre Henricão... Fiz uma pequena homenagem ao nosso Camarada Oswaldo Penna no meu blog, gostaria que desse uma olhadela,
http://traczine.blogspot.com/2010/11/mestre-penna.html
att,
Ivan Menezes
ola Henrique sou carolina lawi,
parabens pelo seu blog adorei, e em relaçao a pergunta que voce fez, quando meu tio faleceu ficamos com todas as obras e entao tive essa iseia de fazer a exposição para homenagia-lo, pois ele foi um pai pra mim eu o amava muitoo e nada melhor do que expor o que ele mais amava que era a arte, obrigada pela postagem adoreiii
abraçosss
caro HENRIQUE
Até quando vai essa exposição?
Que horários eles abrem, pois queria ver as obras do Farid.
Era só aquele dia?
Bela iniciativa de reunir tudo dele. Essa sobrinha tem preciosidades que precisam ser expostas em outros lugares.
Gilson
RESPONDENDO:
Caro Gilson:
Essa te respondo consultando os jornais. A entrada é franca e o horário de visitação vai das 8h às 19 hs. O endereço é Alameda dr Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75 vila Universitária, Bauru. Ela estará aberta até o dia 7 de dezembro.
cara Carolina Lawi:
Que bom que tenha gostado. Eu também gosto muito do Farid. Espalhe o texto para os seus e vamos aguardar que a USP se manifeste sobre as idéias lançadas aqui. Imagine um documentário sobre a trajetória do Farid? Lindo, não. Mantenha contato pelo meu email, o mafuadohpa@gmail.com .
Que acha de oferecer essa exposição para outros lugares e espaços?
HENRIQUE - DIRETO DO MAFUÁ
Olaaa, entao eu acho uma otima ideia se voce possuir alguns contatos podemos realizar em outros lugares, e quanto ao documentario estarei a disposição meu e-mail é carol_lawi@yahoo.com.br qualquer novidade voce me manda e-mail...
abraçoss...
HENRIQUE
Saiba que sua mensagem aos diretores da USP chegou a quem de direito. Basta eles tomarem tento e levarem a coisa adiante. Cutucando as estruturas se desacomodam... Tudo por Farid.
Laércio
respondendo ao Laércio:
não cutuquei ninguém de forma indelicada.
o fiz na forma de um toque.
não fui agressivo e nem conheço os diretores da USP citados aqui.
mas acho sim, que com um empenho deles e demais gente daqui algo poderia ser feito.
é só querer.
foi o que fiz.
também acho que com alguns cutucões alguns procedimentos são apressados.
aguardemos
Henrique - direto do mafuá
ola, sou carolina lawi, estamos vendendo as obras do acervo dele, pois como são muitas obras e nao temos espaço para deixar, e corre o risco de se deteriorar, se voce puder divulgar e alguem tiver interessado é so me mandar e-mail, carol_lawi@yahoo.com.br
atenciosamente
carolina lawi
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