quinta-feira, 25 de novembro de 2010

UMA CARTA (56)

REFLEXÕES EM CIMA DO BRASIL E O MUNDO DIANTE NOVO CENÁRIO, DILMA NO GOVERNO
Dilma assumirá o governo num momento diferente? O mundo estará mais problemático? Como navegar em águas não turbulentas? Refletindo sobre isso, recebi via e-mail (enviado para outras pessoas), em 02/11, um PEDIDO PARA REFLEXÃO do amigo radialista Wellington Leite (na foto, ele ao lado do poeta Lázaro Carneiro). Abaixo publico sua preocupação:

“Escrevo porque amanheci com uma pulga atrás da orelha e que tem me impedido de continuar minhas leituras pro mestrado. Assim, divido com vocês, querendo as respostas dos que sabem muito mais que eu. Li a entrevista do José Arbex na edição de setembro na madrugada de hoje. Eleitor do Plínio, ele fez duras críticas ao Lula e à Dilma - com as quais eu concordo na maioria. Mas a análise da política internacional que ele fez, na minha opinião, foi brilhante. Ele supôs um cenário caótico no futuro e o Brasil seria atingido seriamente, com aumento de inadimplência e diminuição do crédito, e com o PIG contra, uma provável situação de caos social. Os motivos para mais essa crise do capitalismo seriam mais ou menos os seguintes: em caso de quebradeira internacional, incluindo aí a Europa e o Euro, os países dominantes apelariam à guerra, como sempre. Confusão certa na região do Oriente Médio e Ásia. Corte do petróleo. Aumento das pressões conservadoras, etc. Como sei que em momentos de crise a direita costuma vencer eleições mais facilmente, as perguntas que faço são: imaginando que Dilma será nossa presidente, que não tem as habilidades do Lula, mas tem apoio político maior, como vocês imaginam essa situação no futuro? Dilma abriria as portas às reformas necessárias ou ficaria refém da desmobilização da esquerda dos últimos anos? Lula voltaria em 2014? Não sei se fui claro, mas por favor, enviem suas considerações. Não encontrei a matéria pra enviar aos que não leram, me perdoem. Abração!”. W.L.

Uma resposta despontou também via e-mail, a do também amigo, advogado Arthur Monteiro JR (na foto junto da esposa Lilian):

“Caro Wellington, tudo beleza ? É difícil de imaginar qual será a postura da Dilma diante das pressões que irão ocorrer, tanto dos aliados, como dos grupos de oposição, da esquerda e da crise internacional que deve continuar e talvez bater mais forte no país a partir do ano que vem. A princípio tendo a achar que ela dará continuidade à política econômica do Lula, talvez sendo mais facilmente pressionada pelos setores da direita que compõe o governo, até mesmo porque não tem o jogo de cintura, a experiência e o carisma do Lula. Também por este quadro pode ser que seja mais pressionável nos embates com setores mais progressistas que tentarão avançar, contudo, sou cético quanto a qualquer ilusão de que poderemos ter um governo mais à esquerda. Quanto ao possível apoio político maior também é profundamente questionável pois a maioria que possui no Congresso inclui ampla gama de parlamentares que a apoiaram mas defendem o interesse do grande capital, ligados aos grandes empresários, ao agronegócio e evangélicos. Na verdade hoje sinto que nem mesmo o PT, ou a maioria dos seus parlamentares tem interesse em fazer avançar qualquer proposta que esteja mais à esquerda, mais socializante ou que fira de alguma forma os interesses dos poderosos. Não sei se simplesmente trairam os compromissos que tinham quando eram oposição, acostumados com as benesses do poder ou ficaram refém da suposta "governabildiade". Um outro dado preocupante é a pressão que irá sofrer do PMDB. Uma coisa era ter um vice como José Alencar que pouca influência política teria no governo; outra é ter uma raposa como Michel Temer e um partido ávido de poder como o PMDB. Quanto ao Lula voltar, não acredito muito nesta hipótese, apesar de que em política a dinâmica é tão grande que em 4 (quatro) anos muita coisa pode acontecer e conforme a situação do governo até lá a candidatura dele teria que ser inevitável a garantir a manutenção do poder com o PT e seus aliados, mas a princípio acredito pouco provável sua volta porque seria um risco à imagem construída por ele e seu lugar na história. Acredito que provavelmente o Lula vai desfrutar agora do prestígio que alcançou como personalidade acima do bem e do mal, universal e já vem dando mostras disto como afirmou ontem no Estadão que pretende montar um Instituto e percorrer o mundo combatendo a fome, principalmente em países da África. Também acho que o quadro político partidário deve mudar um pouco depois das eleições ajeitando de forma mais clara os vencedores e alijando os perdedores. De qualquer forma o que é necessário e está ao nosso alcance é buscar uma unidade na esquerda para construirmos uma alternativa que possa fazer frente ao momento de refluxo que vivemos e a onda de conservadorismo e ao poder econômico que se sobrepõe aos interesses populares. Perdoe-me, mas responder assim de supetão foi meio difícil e muitas das afirmações que faço aqui talvez precisem de uma maior reflexão, que sabe até regada a uma cerva bem gelada. Vamos conversar ... abraços”. Arthur.

Reflexões são bem vindas.
UMA MÚSICA NO AR: Continuando a publicar algo sobre shows vistos no Rio de Janeiro, uma do mesmo já reproduzido aqui nesta semana, DIA 23/11. Curtam como puderem:

Um comentário:

Anônimo disse...

Henrique

tentei encontrar a entrevista com o Arbex no site da Caros Amigos.

econtrei, mas ela não está disponibilizada inteira.

só uma parte.

alguém aí que consiga ela inteira, disponibiliza aqui, para lermos a parte que deixou o Wellington preocupado.


também penso muito nisso tudo, mas vejo que estaremos em melhores condições perante o mundo com a Dilma do que com o Serra. Muito melhor, de igual para igual.

Aurora