PAPO
DOMINICAL DE QUANDO O ROTO DISCUTE SOBRE O ESFARRAPADO
Domingo à
noite, aqui por onde ando nessa semana, reunimos uns amigos em torno de uma fumegante
churrasqueira e entre todos os papos que rolaram no entorno de brasas, fumaça e
carnes, um acabou por prevalecer na boca dos comilões por mais tempo: a
endemica corrupção que acomete o Brasil. Lastimável, mas entendível a posição
ocorrida nessa semana do Judiciário suiço, que analisando o imbróglio do indiciamento
de Ricardo Teixeira e João Havelange, acabou por sacramentar que não havia
tomado providências antes, pelo simples fato de que fatos iguais ao ocorrido
eram corriqueiros no Brasil, faziam parte de nossa rotina, habituê. Simples
assim. Vergonha para alguns, mas nada mais do que uma constatação, doída, porém
real. Nos enxergam assim. O que mais
foi discutido pelo grupo foi o fato de aqui no Brasil o roto espezinhar o
esfarrapado, mas praticar de forma oculta algo pior do que o denunciado. Meu
pai sempre me disse para desconfiar dos moralistas, pois esses escondem os
piores segredos. Dito em feito com Demóstenes e tantos outros. A revista veja (minúscula mesmo) se dizia caçadora de corruptos, mas faz, fez e continuará fazendo acordos espúrios com alguns de nossos mais conhecidos corruptos e corruptores. O PT criticava
tanto o que ocorria no país, mas quando no poder caiu de boca no mesmo erro.
Imperdoáveis, pois se diziam impolutos e diferentes. Hoje quem os criticam,
como Serra e FHC, praticaram o mesmo em passado recente e no mesmo nível, como o denunciado na
Privataria Tucana e na compra de congressistas no período tucano no poder
federal.
Não existe
muito o que discutir sobre o tema, só constatações e nas observações evidências
de que a corruptela está mais do alastrada. Tudo à nossa volta envolve pequenas
formas de propina, subornos, facilitações, benefícios e benesses. Uma pouca
vergonha que vai do mais baixo ao mais alto escalão. Poucos, mas poucos mesmo
escapam de estar incluídos no rol dos praticantes de algo em benefício pessoal.
“Tá tudo dominado”, diriam muitos. E é isso mesmo, desde aquelas campanhas de
arrecadações de agasalhos, quando uns separam os melhores para os seus e os
demais distribuem aos necessitados até os casos grandiosos de propinas para
obtenção de altos negócios. Ninguém escapa de estar envolvido numa questão de
favorecimento pessoal. Não se iludam, pois vivendo onde vivemos, enfronhados
até a tampa nessa sistema excludente e onde o vil metal é o deus, não existem
os que vivam como ilhas isoladas de tudo e todos. Atire a primeira pedra quem
não tiver cometido algum ato desabonador. Impossível, pois o envolvimento é
quase que compulsório, automático e via de regra na maioria das ações do dia a dia. Daí os suíços estarem com a
razão quando nos cutucaram. Tem gente que não aceita a pecha, mas ela cola em
todos: SOMOS CORRUTOS, VIVEMOS EM ESTADO DE PLENA E CONSTANTE CORRUPÇÃO.
Contestar é possível, mas negar impossível. Para os que vierem apontando o dedo
e querendo se mostrar diferentes, fácil demonstrar por A + B que são também
farinha do mesmo saco. Vivendo onde vivemos, da forma como vivemos, com as
influências todas, impossível ficar de fora desse balaio. Ações como as do
casal de mendigos que devolveram os vinte mil reais são cada vez mais raras,
mas acontecem. Ontem mesmo sai cedo para comprar pão numa padaria aqui na
esquina, dei vinte reais para a atendente, nota nova, lisinha, peguei o troco e
já estava saindo, quando ela me chamou e disse que não havia percebido, mas
entregado duas de vinte, uma meio que colada na outra. Ficamos nesses casos
agradecendo de montão por algo que deveria ser o normal, natural, mas todos
sabemos hoje passou a ser exceção. No estado que vivemos a devolução passou a
ser a própria anormalidade.
OBS.: As charges corrupteladoras e corruptelantes são de autoria do Gilmar, Angeli e Kemp e foram todas gileteadas da internet, com a devida citação da fonte.
OBS.: As charges corrupteladoras e corruptelantes são de autoria do Gilmar, Angeli e Kemp e foram todas gileteadas da internet, com a devida citação da fonte.
Um comentário:
É VERDADE, CRITICAMOS O ERRO ALHEIO, MAS NÃO ENXERGAMOS OS NOSSOS PRÓPRIOS, QUE SÃO IGUAIS OU ATÉ PIORES QUE OS CRITICADOS.
Paulo Loureiro
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