domingo, 8 de julho de 2012

FRASES (91)
COMO SERIA BOM SE FALASSEMOS TUDO E A TODOS...
Hoje, domingo, 08/07, circulo pela Feira do Rolo e trago entre quatro livros comprados na Banca do Carioca, o “AS PALAVRAS DE SARAMAGO”, um “catálogo de reflexões pessoais, literárias e políticas, elaboradas a partir de declarações do autor recolhidas na imprensa escrita”, numa seleção feita por Fernando Gómez Aguilera. Volto lendo o livro pela rua e logo nas primeiras páginas, uma a me tocar. “Eu sei o que é, sei o que digo, sei por que o digo e prevejo, normalmente, as consequências daquilo que digo. Mas não é por um desejo gratuito de provocar as pessoas ou as instituições. Pode ser que se sintam provocadas, mas aí o problema já é delas. A pergunta que faço é por que é que eu hei de calar quando acontece alguma coisa que mereceria um comentário mais ou menos ácido ou mais ou menos violento. Se andássemos por aí a dizer exatamente o que pensamos – quando valesse a pena -, teríamos outra forma de viver. Estamos numa apatia que parece que se tornou congênita e sinto-me obrigado a dizer o que penso sobre aquilo que me parece importante”, José Saramago - 2008. Eis um motivador, talvez o mesmo que me faz batucar diariamente textos e mais textos.
Nem sempre temos coragem suficiente para dizer o que as pessoas deveriam ouvir. Minha mãe era assim, não perdia a oportunidade. Cheguei a criticá-la por causa disso, mas por não perder a oportunidade, exercia na plenitude o que Saramago quis dizer com sua frase. Eu tento e hoje, com meus escritos desfiro alguns desses pitacos. Na quinta, 05/07, fui com a Ana assistir o “Baile do Simonal”, onde os dois filhos do Simonal, o Simoninha e o Max de Castro. Foi uma noite das mais agradáveis, cantamos todas, estado de espírito mais do que ótimo e entre os dois, a confirmação de que Simoninha é mesmo muito mais swingado que o irmão. E o show do Upiano já comentado ontem por aqui. Ontem, sábado, 07/07, dois eventos noturnos e alguma desilusão. No primeiro, leio numa notinha de duas linhas na Agendinha do JC, uma indicação para o show de VOLUZI VIDAL, GEORGE VIDAL, ROGER PEREIRA, FERNANDO LIMA E SILVIO ALBUQUERQUE, na escola musical Clave de Sol, a partir das 21h30. Fazia frio e chovia, eu e Ana fomos prestigiar o proporcionado pelos amigos George e Célia. Com um atraso de hora e meia, Voluzi cantou e me encantou. Eu somente a tinha visto nos shows dos irmãos Caruso e nesse dia, após vários desencontros, presencio o encontro dos dois irmãos. Gente que insiste em proporcionar algo de diferente, mesmo na deficiência, merecem elogios e aplausos. Eles fazem e proporcionam um produto de ótima qualidade. Isso é mais do que bom. A nota perniciosa da noite é para o local seguinte. Fomos conhecer o BAR NAPOLEÂO, lá na Bernardino de Campos, que bomba todos os dias. Chegamos (eu, Ana, Kyn e Mariza Basso) depois da meia-noite. Nada a reclamar da cerveja gelada, dos quitutes bem feitos e de um bom atendimento, mas é que presenciei o desenlace da tal luta de UFC, que ocorria ontem à noite entre o brasileiro Anderson Silva e um rival norte-americano. Ainda vimos o final de um show com o músico Issac, tocando a nata da MPB, mas a música se finda para dar lugar aos socos e pontapés. Fiquei encolhido no meu canto, de costas para a TV e presenciando o êxtase que a grande maioria dos presentes ficou quando o vale-tudo esquentou na tela. Homens e mulheres de braços levantados, reverenciando a luta, o massacre do adversário como se estivéssemos em plena arena dos leões da Roma antiga. Bestialidade pura. Não gosto e não me peçam para escrever bem dessa imundice, que alguns insistem em denominar de esporte. E no final, bem diferente do estilo musical antes do massacre televisivo, um DVD com um sertabrega  (ou seria sertanojo?) de lascar os olhos e ouvidos. Pagamos a conta e fomos respirar algo mais palatável do lado de fora. Sei que existem lugares em Bauru para todas as tribos, mas quem incentiva essa rinha de galos na TV não pode reclamar quando presenciarem filhos espetando pais, bandido trucidando no assalto, etc. O bestial incentivo é claro, só não enxerga quem não quer.
obs: A ilustração da rinha é do Alarcon, sacado do Opinião, Folha SP e na parte superior e inferior, amostragem de como podemos e poderíamos ver esse mundo, na visão de REP, tiras do Página 12.

4 comentários:

Anônimo disse...

DIGA NÃO A VIOLENCIA. UFC NÃO É ESPORTE É VIOLENCIA COM O SER HUMANO.

GILBERTO TRUIJO

Anônimo disse...

Hoje mesmo revi trechos de uma entrevista do Saramago no roda viva. Abraços!

Fernanda Villas Bôas

Anônimo disse...

Sobre o UFC, me lembra bastante as passagens em que Orwell descreve Os Dois Minutos de Ódio diários, recurso inventado pelo Partido para que a população pudesse se "revoltar".
DIOGO ZACARIAS

Anônimo disse...

Meus amigos
Fui almoçar hoje fora de casa junto da família e na hora em que comíamos a TV Globo passava o jornal de Esportes. Todos estavam um tanto desatentos, mas a partir do momento em que a tv começou a mostrar as cenas da luta do Anderson, todos se voltaram para ela e tudo parou. Virou mania nacional torcer pelo cara e pelo tipo de luta que ele representa. Aquilo que vi foi para perder o apetite. Tudo isso foi insuflado pela TV e também não havia visto a narração do Galvão Bueno para a carnificina. É um horror ele torcendo numa mistura de Brasil e sangue, eliminação do outro até vê-lo prostrado numa poça de sangue. O que é isso? Como podemos qualificar isso? Não me passa pela cabeça gostar de algo assim. Deprimente a cena que presenciei.

Daniel Carbone