sexta-feira, 30 de novembro de 2012

BAURU POR AÍ (76)

OS ARQUIVOS COMPROMETEDORES DO HOSPITAL DE BASE – POSSO VÊ-LOS?
Repercute muito Bauru afora algumas contundentes declarações de bauruenses sobre situações vividas aqui na “Capital da Terra Branca”, onde na mesma semana seus “donos” colocaram as manguinhas para fora e estão a encostar até o prefeito e seus 82% de votação na parede, sem dó e piedade, tudo para não perder privilégios garantidos por usucapião. Seriam os mesmos, os “donos” (expressão usada pela jornalista Maria Dalva, da 94FM), os que contribuíram decisivamente para que o Hospital de Base de Bauru chegasse a uma situação de fundo de poço? Quarta, 28/11, numa audiência pública a debater a questão da Saúde Municipal, mais uma declaração, essa repercutindo por todo estado. Novamente a médica TEREZA PFEIFER (funcionária da AHB/Hospital Base) e novamente da tribuna da Câmara de Vereadores fala algo e com maior contundência do que a maioria dos nossos “nobres edis” teria coragem para fazê-lo: “Esta reunião é vergonhosa, pois não há representantes do governo estadual. Eles tiraram o c_ da seringa. (...) Estamos segurando a vida dos pacientes pelo fio do cabelo, e ainda vamos sair com uma mão na frente e outra atrás. (...) A Famesp só entrou na jogada depois que o prefeito disse que queria assumir o Base. E isso aconteceu para que o hospital continue sendo usado como moeda de troca política”. E por fim algo ainda mais e algo que precisaria ser levado em consideração, principalmente pelo Ministério Público: “Os arquivos do Base podem ser comprometedores para o estado...”. Se bem entendi, quando o avião cair, se alguém encontrar sua caixa preta e decodificar o que nela está contida, com certeza o que encontrará será nitroglicerina pura para o Governo do Estado de São Paulo. É isso mesmo?

Numa semana onde um sr Pitbull, bauruense foi notícia nacionalmente por manter em cárcere uma amante e ser preso no dia do nascimento do seu filho, depois um entregador de jornais ser sugado por um buraco numa calçada bauruense, acredito que o que mais será alardeado será esses repetidos escândalos na área da saúde pública estadual e cujo interesse de investigação ainda se mostra pífio. Por quê? Usando expressão de Maria Dalva pergunto: Será que isso também incomodaria os tais “donos da cidade”?
OBS.: A foto ao alto é minha e tirada da última página do jornal BOM DIA Bauru, edição de ontem.

REFRESCANDO A MORINGA – Diante de tanta bagunça, disputa entre donos e vassalos, prejudicados e ofendidos, perseguidos e beneficiados, súditos e anárquicos, algo de bom está a acontecer em vários locais diferentes nessa noite, no mesmo horário, 20h. No primeiro, plenário da Câmara Municipal de Bauru, a entrega do Prêmio “Zumbi dos Palmares” para Gilberto Truijo (um digno e bravo guerreiro na defesa dos Direitos Humanos), Marilza Aparecida Souza e José Cosme “Baté” (representante de uma das famílias mais tradicionais do distrito de Tibiriçá). No Sindicato dos Bancários, ali na rua Marcondes Salgado, mais um SindBar, dessa vez com Classic Trio. E por fim, no SESC, show instrumental com o octogenário Sérgio Ricardo, de inesquecível lembrança, estará se apresentando com seus filhos e músicos, relembrando sucessos como “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “Zelão”, Nosso Olhar” e “Poema Azul”. NO Saudosa Maloca, que havia interrompido os shows, o retorno com Neto Amaral e Desirée Sgarbi. Escolhi o do Sérgio Ricardo, por tudo o que representa o compositor para nossa MPB e por querer vê-lo firme, forte e atuante e do alto dos seus 80 anos. Amanhã, sábado, 01/12, 20h30, na Oficina Cultural Glauco Pinto de Moraes, na rua Amazonas, um show gratuito e imperdível com um SEXTETO bauruense da pesada, “Nelson Rodrigues em veros e notas”, Fernando Lima (baixo), George Vidal (violão), Ralinho (bateria), Roger Pereira (piano), Denise Amaral (voz) e na assistência NÓS TODOS, OS AMANTES DA BOA MÚSICA. No domingo pela manhã, 10h, Jardim Botânico, show de encerramento do projeto Música no Botânico, com SAULO LARANJEIRA, um show-man como poucos no mercado e o seu "Assunta Brasil"' (http://www.saulolaranjeira.com.br/shows.html). Se os credores quiserem me encontrar estarei assinando mandatos nesses locais. 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

PRECONCEITO AO SAPO BARBUDO (53)

QUEM MANDA NA CIDADE NÃO VAI DEIXAR... JÁ PEDIRAM A BENÇÃO?
Não me peçam para fazer aqui a defesa desses condomínios fechados, morada de gente abastada e gostando de viver apartado dos problemas fora dos seus altos muros. Circulo por alguns e só critico contundentemente os que hoje estão se instalando de forma forçada em áreas de preservação ambiental, vergando leis, passando por cima de nossa vegetação típica, o cerrado. A esses minha severa e contínua crítica, sem perdão.

Ontem ao abrir os jornais, uma manchete estava na capa do JC, “Prefeito suspende a aprovação de loteamento de Alphaville em Zics”. A princípio achava que poderia ser um impedimento por causa de estarem querendo se instalar em áreas de proteção e iria aplaudir a iniciativa. Ao tomar conhecimento dos reais motivos, fiquei estarrecido em constatar como toda cidade possui mesmo “donos” e quando seus interesses são contrariados, fazem de tudo (e mais um pouco) para reverter algo até já dado como certo. O prefeito Rodrigo vetou um projeto que estava tramitando há mais de um ano pelas áreas técnicas da Prefeitura e usou uma justificativa das mais preocupantes para brecar tudo: “motivos de segurança jurídica”.

Na hora do almoço ouvi pela voz firme e precisa da jornalista MARIA DALVA o que me faltava para entender tudo: “Já havia sido alertada da existência de donos nessa cidade e não acreditava que seriam capazes de impedir a comercialização do loteamento Alphaville em Bauru. Mas foram e o que existe mesmo são interesses contrariados. Não tentem nos fazer engolir o que não passa na garganta”. Hoje, voltou a carga: "Não vou perder tempo em analisar tramitação de nada porque está claro que interesses foram contrariados. A imoralidade é que está dando as cartas nesse assunto. Estão ao invés de atender aos interesses da coletividade, o fazem para interesses escusos. Aí se desenrola a trama. Alguns vereadores entram de gaiato, mas outros sabem muito bem o que estão fazendo". Não existe outro entendimento: o prefeito foi pressionado pelos descontentes e suspendeu a aprovação do empreendimento.

Décadas atrás trabalhei por dois anos em Jaú e a cidade não saia daquilo, denominavam de cercado, pois ouvia que os usineiros e os mais ricos não queriam nada além do viessem deles para a cidade. Achava um absurdo e hoje entendo que aquilo que ocorria lá, ocorre por todo quanto é lugar dentro do sistema capitalista. As cidades parecem ter donos, pois assim se acham e assim tomam atitudes. O meu protesto não é pela aprovação em si deste ou daquele novo empreendimento. Acompanhei o quanto foi difícil fazer alguns digerirem o empreendimento do Shopping Boulevard, que hoje é inaugurado. Vejo isso ocorrer também no empreendimento do conjunto habitacional junto aos trilhos, na Pedro de Toledo, ao lado da estação da Sorocabana. Quando a iniciativa não parte “deles” (quem seriam esses?), tudo é feito para barrar, impedir, cercear, bloquear... Eta joguinho sórdido e sujo esse e depois, alguns desses criticam a corrupção que acontece aqui e ali, como se isso não fosse algo tão predatório quanto. Aves de péssimo agouro...

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

UM LUGAR POR AÍ (32)
AGORA BAURU TEM DOIS SHOPPINGS E NENHUM MERCADO POPULAR: POR QUE?
Adoro ambientes populares, com cheiro diferente dos provenientes de shoppings. Confesso frequentar todos, mas prefiro os mercados populares. Bauru até hoje tinha um shopping, o BAURU SHOPPING lá nos Altos da Cidade. Vou mais lá pelos cinemas, assim como ao ALAMEDA QUALITY CENTER. Pelo mesmo motivo irei ao BOULEVARD SHOPPING, na confluência das Nações com a Marcondes, o novo que estará sendo inaugurado amanhã em Bauru. Não me peçam para fazer footing por seus corredores, pois fujo disso como ao diabo da cruz. Nesse novo, mais perto de casa, umas oito quadras, não há como negar a valorização da região e a felicidade de alguns moradores das proximidades. Fico contente em olhar aquela imensidão numa área até então degradada, esquecida e ver ainda em pé a chaminé da fabrica da Antarctica, que precisa ainda ser recuperada e preservada, não só mantê-la, mas dar-lhe uma vida saudável, criar algo novo no seu entorno. Ficaria linda com uma estação de trem ao seu lado, onde a composição da Maria Fumaça lá parasse, mas isso não ocorreu por receio de alguns, preciosismo diria. Essa novidade que chega deve trazer borbotões de gente nas imediações e nem me atrevo a passar por ali esses dias, pois deve estar um transtorno sem fim.
Isso é uma coisa. Ouço dizer que existem projetos para construir em Bauru mais alguns shoppings e que lá perto dos condomínios dos Villagio, será levantada uma praça de alimentação a atender seus moradores. Olho isso tudo e noto a falta de mais alguma coisa e sei bem o que é. Conto algo aqui sobre um Mercado Popular que visitei por duas vezes, ano passado e nesse, o de San Telmo, no coração de Buenos Aires. Ele não é diferente de tantos outros existentes mundo afora. Já citei vários aqui. São lugares mais modestos, com box encostados uns nos outros e cheirando produtos, frutas e verduras, principalmente. Num de São Luís, visitado em setembro o cheiro era de peixe, noutro o cheiro predominante era de molhos e ervas. No Mercadão de São Paulo o que prevalece é o do sanduíche de mortadela. Lá no Mercadão de Madureira, subúrbio do Rio tem de tudo e acho que o predomínio dos cheiros são o das especiarias. Em Curitiba tem um mercadão lindo no meio da cidade e fervilha de gente, pois está ao lado de um terminal de ônibus urbano. Em Barcelona fui a um com muitos açougues, o La Boqueria, lindo pelo colorido das frutas espalhadas por quase todas as bancas. Aqui na região tem muitas cidades que já possuem seu mercado e em todas uma imensa reunião de gente circulando de uma forma diferente da feita nos shoppings. O público é diferente, o ambiente é mais popular, menos chique, sem os rapapés de um shopping e com um cheiro mais de povão.
Essas fotos todas que publico aqui são lá do Mercado San Telmo em Buenos Aires. Viajem por elas e sintam a comparação que quero estabelecer. Tem pastelaria ao lado de açougue, tem loja de antiguidades ao lado de banca de frutas, tem loja de quinquilharias junto de um restaurante e muito mais, tudo junto e misturado. É algo assim que falta em Bauru. Locais nós temos e a maioria deles está sem utilização no momento. Em alguns existem projetos para aproveitamentos futuros, mas tudo incerto e não sabido. Olho todo domingo para aquele barracão lá junto do largo onde ocorre a Feira do Rolo, junto a rua Júlio Prestes e vejo que ali seria um Mercadão dos mais interessantes. Existe um projeto de transformar o prédio em memorial da Indústria, mas a captação de recursos está caminhando em passos de tartaruga e o prefeito poderia dar um xeque-mate nos seus idealizadores: Ou se agiliza tudo ou vou transformar tudo num Mercado Popular, integrando-o com as duas feiras ali existentes e contribuindo decisivamente para a revitalização do centro da cidade. Com um impulso de sua parte tudo poderá se viabilizar e a cidade ganhará um novo point, esse voltado para suas camadas mais populares.
A edificação onde está localizado o Mercado de San Telmo não difere da maioria de outras idênticas mundo afora. Quase todas estão em prédios que outrora estiveram ocupados por outros empreendimentos, sendo reaproveitados e da melhor maneira possível. É lindo verificar isso, a estrutura de cada um, o reaproveitamento ocorrido, a readequação para as novas instalações e o funcionamento ocorrendo de uma maneira a engrandecer e valorizar as pessoas e suas histórias. Cada um desses lugares possui uma rica história, um pertencimento só seu, algo que quem está presente sente no ar, no jeito em que tudo está disposto. Uma vida mais do que própria. Não me chamem de velho, arcaico ou qualquer outro nome, mas adoro estar em lugares assim, sentar numa mesa qualquer, sentir o clima, curtir o burburinho, abrir um jornal, ler suas páginas e viajar com olhos fechados. Não troco isso por nenhum shopping, nem desses novos, com cheiro de tinta nova ainda no ar.
Agora que já temos dois shoppings, com bom público em ambos, acho que chegou a hora de empreendermos uma luta para consolidar na cidade um MERCADÃO POPULAR. Citei o prédio do armazém ali na beira dos trilhos e leio que a Estação Central ainda não possui algo totalmente definido. Vamos todos pensar juntos e instigar a administração pública a transformar prédios desocupados, ociosos em algo produtivo. No Poupatempo foi feito isso e ficou lindo. Por que não algo assim onde antes foi o Martins Machado, ali na Araújo Leite? Ou naquele prédio onde foi um mercado, depois uma igreja ali perto da Pedro da Toledo? Pensando um pouco (e rapidamente), logo teremos boas ideias e congestionaremos o prefeito com planos mirabolantes que transformarão essa cidade em algo mais palatável. O que lanço aqui é só um BALÃO DE ENSAIO, mas que ele não fique só na vontade e disso tudo possamos ainda em pouco tempo inaugurar mais um centro de grande movimentação, dessa vez popular.
OBS.: A primeira foto é a do Boulevard Shopping de Bauru, tirada pelos seus executores e as demais, todas tiradas por mim, são de um belo exemplo de Mercado Popular, o de San Telmo, Buenos Aires, Argentina.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

COMENTÁRIO QUALQUER (105) 

HOJE TEM DE TUDO: BELCHIOR, FELA, GHIRARDELLO, BANDA IMPERIAL E ARENA

1.) DEIXEM O BELCHIOR EM PAZ – Publicado na coluna semanal do Ricardo Fela, Bom
Dia Bauru, 22/11/2012 – cliquem a seguir para ler o texto na íntegra:
http://www.redebomdia.com.br/blog/detalhe/14755/Deixem+o+Belchior+em+paz . Esse texto
está do jeitinho como trato o assunto. Em cima da pinta, sem tirar nem por. Dias desses fui taxado aqui no blog de “bêbado” só porque postei uma foto minha comemorando uma vitória do Norusca (com os olhinhos revirados). Antes um pouco, fui também chamado de “vagabundo, desocupado”, por uns que não tendo argumentos para debater fizeram o mesmo que o deputado Pedro Tobias costuma fazer com seus detratores quando acuado, o acusa de tudo e mais um pouco. Fez isso certa vez com meu amigo Duílio Duka, chamando-o de “ter várias esposas”, como se isso fosse argumento para rebater críticas sobre sua atuação. Aqui no blog o que não falta são alguns de vez em sempre tentarem me sacanear com acusações do tipo, “seu comunista”, como se isso fosse algo pejorativo. Para mim é elogio é dos bons. Fiz questão de postar o texto do Fela só para demonstrar que o bom mesmo é discutirmos coisas sérias, fundamentadas e quando alguém sai do prumo e caio nessa de besteirar sobre a vida pessoal de alguém, o melhor mesmo é jogá-lo para escanteio. Belchior continuará sendo um dos meus ídolos e ainda mais agora, sabendo que não perdeu o velho estilo de levar a vida como um bom “rapaz latino-americano”.

2.) UMA HOMENAGEM - Atuei por quatro anos presidindo o CODEPAC (2005 a 2008) em Bauru e sucedi a NILSON GHIRARDELLO, então professor de  Arquitetura da Unesp e também dirigindo um Núcleo de Documentação da extinta RFFSA, parceria da universidade com a ferrovia, em espaço acoplado ao Museu Ferroviário (hoje tudo já é acervo do Museu). Ali algo único na história da ferrovia, toda a documentação funcional dos ferroviários ligados à Noroeste do Brasil. Aprendi a gostar dele e da forma franca como trabalha. Ontem fui junto de Ana Bia dar um abraço quando de sua posse no Guilhermão, quando estava galgando mais um degrau em sua carreira acadêmica. É agora DIRETOR DA FAAC, a Faculdade de Artes e Comunicações da Unesp Bauru. No seu discurso cita Confúcio e Shakespeare e seu vice, o professor CARBONE cita Fernando Pessoa e Nietzsche. Outra professora cita Peter Burke e Eduardo Galeano e enfatiza que a universidade ganha muito quando pluralista e a desmerecer o pensamento único (essa excrecência que praticamente obriga todos a seguir no mesmo caminho como manada), além de ser o palco de congraçamento e não de disputas e concorrências. Vibrei com as citações (quem cita isso tudo e da forma como foi feita só pode ter uma bela atuação) e vislumbro algo de grande valia na gestão do amigo Nilson. Na foto a mesa com ele numa das pontas. 

3.) DICA PARA AMANHÃ – Quem perder é a mulher do padre! Quarta, 28/11, 21h, pela bagatela de R$ 10 reais quem toca amanhã no SESC é a ORQUESTRA IMPERIAL, um ajuntamento dos mais ecléticos e que a princípio poderia considerar insólito e quase impossível, tal a diversidade de músicos. Vou para lá requebrar num dos ritmos mais bailantes do planeta e para presenciar algo que incentivei durante a semana. Um dos que retorna à Bauru é o baterista Wilson das Neves, sumidade no que faz, 70 e lá vai fumaça de idade e quase os mesmos anos de estrada. Ele tocou quando na mocidade, no Rio de Janeiro, com o Nino, o baterista hoje radicado em Jaú e quero estar presente no momento em que ambos se reencontrarem mais de quatro décadas depois.

4.) MAIS UM DE DIREITA - Leio que a ARENA, o partido de direita, que englobava tudo o que era favorável ao nefasto regime militar pode estar voltando e nas mãos de alguns jovens. Li, reli e não entendi direito, afinal, de direita já existem muitos, pois o PSDB, o DEM, parte do PMDB, do PSB, do PDT, do PPS e até do próprio PC do B e do PT estão afinados com o neoliberalismo e jogando todas suas fichas na economia de mercado. E qual a novidade? Nenhuma, só fogo de palha e coisa de quem aposta no retrocesso desse país. Ao invés de lutarmos para sair o mais rápido possível desse regime excludente e conservador, eis que desponta algo bem com a cara do Tea Party norte-americano. Laerte, meu chargista sempre de plantão produziu algo que é a pá de cal para quem prega linha mais dura do que a que vivemos.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

MEMÓRIA ORAL (131) 

O PRIMO POBRE VENCEU ESSA - O RETRATO NU E CRU DOS AMORES A DOIS TIMES DE FUTEBOL, UM CENTENÁRIO E DO INTERIOR, OUTRO, DE EMPRESÁRIO E DA CAPITAL. 

Domingo, 25/11/2012, capital do estado mais populoso da federação e depois de uma de suas noites mais violentas (onze mortes espalhadas pela cidade), a cidade amanhece e algo respira “competições esportivas”. De um lado, no bairro de Interlagos, logo depois do almoço a decisão do campeonato mundial de Fórmula 1 2012. Na beirada do rio Tietê, a colônia lusa está apreensiva com seu time e reunida para torcer (e rezar, dedos cruzados), com a Portuguesa ameaçada de rebaixamento. No estádio do Pacaembu, após muitas sentidas manifestações, os palmeirenses expõem sua incontida ira ao rebaixado time do coração e num outro local, no tradicionalíssimo campo do Nacional Atlético Clube, estádio Nicolau Alayon, fundado em 1938, na Barra Funda, beirada dos trilhos e defronte centros de treinamentos de dois dos mais famosos times de futebol brasileiros, o do São Paulo e Palmeiras, acontece uma emocionante final esportiva, movimentando outro tipo de público.

A entrada pela movimentada rua Comendador Souza começa a apresentar uma desproporcional movimentação para uma manhã dominical e isso já a partir das 9h. Crianças chegam em ônibus trazidas por uma das agremiações, o Audax Esporte Clube e ocupam toda a parte coberta do estádio, sendo recebidas com a distribuição de bandeiras e recebendo o treinamento de instrutores devidamente preparados para a recepção, bancados pela direção de nada menos que a do empresário Abílio Diniz. Uma gestão profissional que está a encantar meninos espalhados Brasil afora e que nesse ano, com seu time profissional chega à decisão da Copa Paulista, um torneio inventado pela FPF – Federação Paulista de Futebol para movimentar os times de futebol paulistas, principalmente do interior, para que não permaneçam parados no segundo semestre. “Não resolve o déficit de nenhum clube, mas movimenta e o único alento é uma vaga para o campeão, o direito de disputar a Copa do Brasil do ano seguinte”, explica um dirigente de um famoso time interiorano, que prefere não ser identificado e ali presente em busca de revelações. 

Essa uma das movimentações. Do outro lado, ocupando um espaço muito maior, quase toda a área descoberta do estádio chegam aos borbotões torcedores de um tradicional time interiorano, o Esporte Clube Noroeste, da cidade de Bauru, 350 km da capital. Fundado em 1910, passou por altos e baixos em sua história e nesse últimos anos, após dez anos de relativa calmaria administrativa, quando foi administrado por Damião Garcia, um bauruense fanático por futebol, dono da Kalunga, hoje octogenário e que no meio do torneio, dois meses atrás decide que não mais continuará investindo um valor de aproximadamente $ 400 mil reais mês na manutenção de suas despesas. Foi um choque e sentido não só pelo time, cidade, como seus torcedores. Daí nasceu uma união pouco vista, até com contribuição de alimentos imediatos para sua cozinha, florescendo uma força extra, que impulsionou todos para uma nova postura, dentro e fora de campo. Do descrédito inicial, tendo depois a garantia dos salários pagos até o final do ano, foi buscada uma força lá junto aos “deuses do futebol” e o time chega impávido e colosso à final do campeonato. “Para um time que iria fechar as portas em dois meses, fomos longe demais e provamos que nem tudo está perdido”, conta um dos torcedores na porta do estádio, o jovem, Bruno Lopes, 33 anos, um fanático torcedor que montou chapa e enfrentará o pleito para renovação da diretoria, marcado para o próximo 04 de dezembro. 

Situações antagônicas. Ambos até bem pouco tempo eram raras exceções dentro do futebol paulista, onde a maioria dos times apresentam sérios e profundos problemas financeiros. No Audax, criado desde o início como algo inovador, revelador de talentos e voltado para o atendimento do lado social das empresas ligadas ao grupo Diniz. No Noroeste, um cada vez mais difícil mecenas bancava tudo, sem muitas explicações de valores e apresentação de balancetes, mas o time havia mudado da eminente catástrofe para a navegação em águas serenas. Com a torneira sendo fechada, o bicho começou a pegar e a nau começou a fazer água. Surgiram três chapas tendo torcedores à frente e uma terceira via se apresenta com novos empresários querendo investir no segmento futebol. “Bauru vive dois momentos hoje, com o Bauru Basquete, um time a disputar a liga principal desse esporte e bancada por empresários locais e o Noroeste, uma espécie de irmão pobre, sendo um quase renegado. Sabe aquilo da classe abastada escolher um segmento e olhar pouco para outro. Seu Damião bancou tudo sozinho até agora e quando sai, tudo volta à estaca zero”, diz Cesar Meleiro, bancário aposentado e fanático torcedor, desses a acompanhar o time em dias de chuva e sol, “na alegria e na tristeza”, como gosta de apregoar. 

A final teve duas partidas. Na primeira, realizada em 17/11, o Noroeste ganhou em casa por 2 x 1 e depois disso foi feita uma campanha de peso na cidade, capitaneada pela Sangue Rubro, a única torcida hoje existente, com 26 anos de estrada e sina de persistência no amor a esse time, que outrora havia sido um imponente clube, mas hoje restringe-se suas atividades no futebol, em várias categorias. Ali no estádio via-se o resultado do empenho, quando aproximadamente 500 pessoas se acotovelam na área destinada a eles. Além dos seis ônibus vindos de Bauru (um pago pelo time só para trazer esposas e parentes dos jogadores), muitos residentes em São Paulo e algo pouco visto em outros estádios. “Descobrimos existir um time varzeano na capital, o Noroeste, na Zona Oeste e eles estão aqui conosco, com faixas e muita gente. Junto deles, integrantes das torcidas organizadas do Grêmio Barueri, do São Bento de Sorocaba, do Santo André, do São Caetano e até gente de Americana. Sempre gostamos dessa integração e hoje comprovam como é possível sermos todos amigos, mesmo sendo adversários algumas vezes”, conta José Roberto Pavanello Silva, um dos seus líderes.

De um lado as crianças gritando (e muito), junto de pais e gente ligada aos supermercados da rede da família Diniz. Do outro, uma massa inflamada representando os sonhos dos tradicionais times interioranos paulistas. Ali dava de tudo, até um torcedor vestindo as roupas de Papai Noel, outro ilustre a envergar as cores vermelhas como vestimenta. A alegria foi geral, pois o time não se intimidou por estar no campo do adversário (esse alugado para mandar os jogos do Audax) e em número maior, viu o elenco jogar sempre para a frente e pressionar do início ao fim. Aos 20’ do segundo, o camisa 11 Diego entrou na área e fez o gol da vitória, em algo inebriante, como uma espécie de redenção a sanar todos os percalços vividos até então. Um bandeirão sobe, toma conta da arquibancada e a festa não teve mais hora para encerrar. Nela até os abnegados funcionários do Audax se juntaram, inclusive às crianças e numa espécie de congraçamento se uniram para o levantamento da taça, que pela segunda vez vai para Bauru (havia ganho anteriormente em 2005). “Eu sou de Penápolis, moro na Barra Funda e não perco jogos dos times do interior, aqui e no campo do Juventus. Vim pela saudade que me dá e por não encontrar esse clima nos jogos dos grandes”, conta o aposentado Rafael dos Santos, juntando-se à massa no final da contenda. 

Pouco depois do meio-dia, estádio já vazio, restavam jogos nos vários campos locados pelo Nacional, sempre cheios, local de movimento e concentração de boleiros, famosos e anônimos. Os bauruenses curtiram esse clima até não mais poder, felizes da vida. Sabiam que o time estava sendo desmontado ali naquele momento, técnico para um lado, craques para outro e eleição em dez dias. Tudo incerto e não sabido, mas cheios de esperança. Por volta das 18h, os ônibus começam a chegar de volta à Bauru e na entrada da cidade permanecem aguardando o que traria os jogadores campeões, o que ocorre depois das 19h. Na espera, numa fila no início da avenida Getúlio Vargas, o point da dita "modernidade" da cidade algo surreal, quando esse bando de gente envergando vermelho em suas vestimentas assusta alguns moradores de condomínios na região. “Que seria isso? Será o MST querendo ocupar os Altos da Cidade? Ah, é o Noroeste, mas ele jogou hoje, onde foi? Nem sabia”, foi algo ouvido por alguns torcedores e recebido com certa dor, demonstrando existir uma explícita divisão de gostos e preferências entre as classes sociais bauruenses. E olha que o jogo havia sido transmitido ao vivo por dois canais de TV e por duas emissoras locais de rádio.

Carreata até a sede do time, percorrendo mais de dez km, com muitos carros surgindo ao longo do percurso e uma festa na sede da torcida bancada em sua maior parte por um fanático torcedor, mais conhecido por Uau-Uau, proprietário de uma barraca de lanches e cachorro quente dentro do estádio e atuando de forma ambulante em eventos. “Esse, mesmo pequeno comerciante está sempre presente. Outros, muito grandes, viram às costas e assim toca-se o barco. Já ouvi que um dos nossos craques está sendo contratado nesse momento pelo Audax, que tem bala na agulha”, diz outro torcedor, de forma anônima e com um copo cheio de chopp à mão. Dessa forma o Noroeste e o Audax encerram suas atividades no ano de 2012 e na manhã seguinte o presidente da FPF, Marco Polo del Nero recebe logo pela manhã a visita da Polícia Federal em sua residência, indicando que algo não anda lá muito certo no seu ramo de negócio e, consequentemente, na própria entidade presidida por ele.
ALGO DA INTERNET - OU FORA DELA (64) - Texto representa post de 25/11/2012

UM DOMINGO LONGE DA INTERNET E MAIS PERTO DAS COISAS SENSITIVAS DA VIDA
AMIGOS NOVOS E ANTIGOS - Às 4h da manhã um banco de loucos noroestinos embarcam em 5 ônibus com destino à capital para assistir Noroeste x Audax, final da Copa Paulista, no campo do Nacional, beirada dos trilhos paulistanos. Assistam pela TV, rede Vida/rede TV e nos vejam todos felizes, curtindo um domingo diferente. As mulheres e alguns podem dizer: "Ah! Esses homens e seus divertimentos! Futebol, bah!". Nem aí com isso, procuramos todos tirarmos proveito do que ainda podemos desfrutar de bom e saudável nessa vida. Nos vemos na volta e cheios de histórias (algumas estórias também) para contar. Na foto, eu e o Pavanello, da Sangue Rubro (foto está na capa do facebook dele) numa outra excursão pelo interior paulista atrás desse mesmo Noroeste. Com os abracitos do HPA (texto postado 3h20 de 25/11)

AMIGOS NOVOS E ANTIGOS - Domingo, ontem, 25/11 foi um dia atípico e maravilhoso. Viajei para Sampa junto dos amigos da Torcida Sangue Rubro e presenciamos a vitória do Noroeste (1 x 0 no Audax no tradicional campo do Nacional - estádio centenário) e tornar-se BI CAMPEÃO da Copa Paulista (ganhou vaga na Copa do Brasil 2013). Saímos 4h30 de Bauru e retornamos 18h. Na sequência uma carreata vermelha assustando a Getúlio Vargas (alguns pensaram que pudesse ser o também vermelho MST ocupando os Villagio) e culminando com uma desta diante da sede da torcida organizada, essa varando a madrugada (cerveja bancada pelo empresário e noroestino Uau-Uau). Esqueci de tudo o mais. O ajuntamento de bauruenses e afins na capital foi algo indescritível e a vitória mais ainda (defendo a tese de que só fomos campeões por tudo o que aconteceu ao time com a saída da família Garcia, acabando por dar mais força e unindo o grupo). Conto a saga toda num post hoje até o final da tarde no blog do Mafuá e um algo mais desse domingo, que precisaria ser repetido nos demais: Permaneci 24h distante das coisas internéticas e isso faz um bem mais do que danado para qualquer ser humano (texto postado 6h05 de 26/11)

sábado, 24 de novembro de 2012

ALFINETADA (104)*
* continuo hoje reproduzindo meus textos publicados doze anos atrás n'O Alfinete, semanário de Pirajuí SP, nos tempos de direção de Marcelo Pavanato. Mais três na sequência:

A INVASÃO DAS GRANDES REDES DE SUPERMERCADOS (19)publicado edição 85, de 14/10/2000
Grandes redes de supermercados estão invadindo as médias e grandes cidades, reabrindo o debate sobre o estabelecimento de regras para conter, ou pelo menos compensar o avanço indiscriminado das grandes corporações do ramo varejista. O que se presencia aqui em Bauru são concentrações que trouxeram benefícios, mas também muitos problemas. A velocidade do processo de consolidação das redes supermercadistas tem surpreendido. Claro que todos nós somos defensores da livre concorrência, mas fica também evidente que o setor precisa de regras. Acredito ser necessário alguns cuidados, com a criação de mecanismos nacionais antitrustes. Essa chegada dos gigantes do ramo, vem com grande publicidade. Anunciam em alto e bom som trazerem um aumento significativo no número de empregos, que possuem um poder de barganha elevado junto aos fornecedores e que os preços são mais baixos. Será que é tudo isso mesmo? Temos que analisar o outro lado da questão. Enquanto esses gigantes do ramo chegam com muita pompa, muitos pequenos comerciantes se veem com as calças na mão. É o início de um verdadeiro inferno astral, pois mesmo que tentem não conseguirão ter os mesmos atrativos do gigante concorrente. Como eles chegam atendendo todos os segmentos do comércio e a maioria dos pequenos comerciantes é segmentada, como padarias, açougues, bazares, lojas de miudezas, armazéns, etc, ficam num verdadeiro beco sem saída. Aí começamos a escutar aquele papo de quem não se moderniza tende a fenecer. Quem não acompanha a modernização tende a estagnação. Será que é só isso? Fica outra pergunta: Como um pequeno, com restrito poder aquisitivo, pode querer fazer frente a um gigante, muitas vezes, multinacional com irrestrito poder financeiro? O buraco é muito mais embaixo. O reflexo é imediato em toda a economia local. A resistência do pequeno comerciante não é muito grande. As portas vão se fechando rapidamente e quando se percebe estamos todos nas mãos dessas corporações. Se, por um lado, se ganha mais empregos dentro da cidade, de outro perdemos muitos outros. Fica difícil avaliar quem perde mais. Pior que tudo é a constatação de que todo o ganho auferido não mais fica na cidade. Tudo é transferido imediatamente para a matriz da empresa. Discute-se hoje meios de compensar essa perda, com a imposição pela construção de creches, investimentos no meio ambiente etc. A questão é muito polêmica. Basta observar quantas portas estão se fechando na cidade nos últimos tempos. Os reflexos não ficam somente na cidade. Observem quantas pessoas saem de Pirajuí todas as semanas, somente para efetuar suas compras nas grandes redes de Bauru. Essa invasão mostra o potencial de poder aquisitivo regional, também sendo explorado e sem analisar quem ganha e perde com isso tudo. Valeria mesmo a pena continuar incentivando irrestritamente esse esquema? A sociedade começa a discutir esse assunto, certamente acaloradas de ambos os lados. E você, de que lado está?

PARA O HOMEM COMUM A LEI FUNCIONA (20) publicado edição 83, de 30/09/2000
Ainda quando era ministro, o já falecido Serjão, das Comunicações disse certa vez, que os jornalistas e o povo em geral não tem um projeto de felicidade. Claro, não possuíam um emprego como o dele. Outro ministro, o também ex, Adib Jatene, foi mais verdadeiro: “o homem do povo não tem amigos no poder”, disse ele. E agora, se me permitem, digo: aqui embaixo onde vivemos não só não temos amizades estratégias, mamatas e privilégios, como estamos sob o estrito jugo da lei. Aqui embaixo a lei funciona e com rigor. O empresário dos aviões não paga o banco estadual que quase faliu. E continua em céu de brigadeiro. O deputado não paga seu financiamento a módicos juros. E tudo fica como dantes. Experimente o cidadão, o homem comum embaralhar-se em suas contas domésticas e ter um único cheque devolvido. Será imediatamente atirado na marginalidade, sua conta será fechada e o cheque especial cassado. Pagará compulsoriamente taxas extravagantes. Aqui embaixo estamos sujeitos a todo tipo de exigência (afinal somos mesmo pessoas suspeitas e mal intencionadas). Em certos hospitais, o paciente em vias de ser operado tem que assinar um termo de responsabilidade que é um libelo de culpa. É obrigado a inocentar previamente o hospital (portanto, se houver um culpado será o paciente) por qualquer problema que lhe acontecer (a morte, eventualmente). Até mesmo para o caso de contrair infecção hospitalar. O autor dessas linhas já foi obrigado a assinar um desses documentos de prévia condenação. Era de um plano de saúde, desses sabidamente interessados não no lucro – jamais -, mas em beneficiar a sociedade com exemplar atendimento de saúde. Nos termos, se a pessoa que eu dizia ser minha dependente não fosse realmente minha dependente, eu me confessava desde já culpado pela falsa declaração. Mais ou menos como obrigar um suspeito de assalto a se responsabilizar pelos assaltos que porventura venha a cometer. A comparação está equivocada: sem dúvida eu era um suspeito. Como sou suspeito ao entregar uma folha de cheque no caixa de um supermercado qualquer. Esse simples ato desencadeia uma frenética investigação. Menos nos bancos, que são mais práticos: não aceitam cheques.

TEM SACI NO PEDAÇO (21)publicado edição 86, de 21/10/2000
Andaram acontecendo algumas coisinhas durante a semana que se encerra, me despertando para algo que já parecida extinto: a criação de sacis. Isso mesmo, sacis, aquelas criaturinhas pequenas, safadas e ariscas. Pude constara que os sacis resistem e continuam espalhando suas artes por aí. Tudo começou após uma chuvarada e alguma neblina. Bem em frente minha casa, aqui em Bauru, tem um terreno baldio todo gramado, com duas árvores. A maior delas, fica bem em frente minha casa, é daquelas choronas, cujos galhos quase chegam ao chão. No começo da noite achei estranho uma agitação nos galhos. Chegando perto me deparei com aquela criaturinha de gorro vermelho, negrinho, sentado num galho, com uma perna só e um cachimbo apagado no canto da boca. Assustei, mas permaneci firme e tentei puxar conversa. Não foi possível e, enquanto não ofereci perigo, ficou lá se expondo com aquela carinha de arteiro. Quando fui chamar os de casa ele sumiu na noite. Incrédulos, não acreditaram na minha “história”. Veja só  se eu seria capaz de inventar algo assim. Ainda mais porque no dia seguinte ouvi pela vizinhança comentários de peças de roupas com nós pelos varais, latas de lixo reviradas na porta das casas, cachorros com lacinhos nos rabos e outras artes bem próprias dos sacis. Comecei a me interessar pelo assunto. Pesquisei, li a respeito, consultei especialistas e descobri que aqui, bem pertinho, na vizinha serra de Botucatu, existe um grande criadouro de sacis. Lá, a vegetação íngreme da serra propicia a fácil proliferação da espécie, pois eles gostam muito de mato fechado, ar puro e riachos límpidos. Botucatu já é considerada a terra dos sacis. Lá, a criação é tão intensa que até criaram a ANCS – Associação Nacional dos Criadores de Sacis. O negócio é dos mais organizados, porém, não muito rentável, tanto que já possuem até endereço na internet – www.ansaci.com.br. Turma grande, tem desde carteiros a professores universitários. Gente de conversa mansa, prosa comprida, pois o assunto é muito rico em detalhes. Todos criadores recebem um kit, com carteirinha e tudo, mas tem de comprovar a existência da criação. Eles dão todas as dicas, acompanham tudo desde o início. É uma trabalheira, mas a gente pega gosto e não quer parar mais. Há riscos no começo, ficam mais dóceis e amigos com a passar do tempo. Dizem que todos acabam se acostumando com suas estripulias, todas muito divertidas. Andei pensando muito sobre o assunto e cheguei  a conclusão de que outra região muito propícia, onde os sacis vão se sentir em casa é aí em Pirajuí, na Estiva. Por ser terra de violeiros, muita paz, onde a vida corre mansa, longe das agruras de cidade grande, os sacis procriarão com facilidade. Queria perguntar para o Levi Ramiro, que deve ser um entendido no assunto, se ele já botou os olhos em sacis. Se ainda não o fez, não sabe o que está perdendo. Dá até para sair uma lindona moda de viola sobre o assunto.

OBS final: Todas as fotos postadas à direita foram tiradas por mim ontem na final do Boxe Feminino e Masculino, Ginásio de Esportes do Fortaleza, vila Falcão, penúltimo dia dos Jogos Abertos do Interior Bauru 2012.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (47)

O CULPADO DA CRISE NO HOSPITAL DE BASE É O PT DE BAURU
As manchetes dos dois jornais de Bauru não escondem o fato. No Jornal da Cidade de hoje, 23/11 lá está: “HB poderá fechar na próxima quinta-feira” e no Bom Dia de ontem, 22/11: “Base cada vez mais perto de fechar”. O que nenhum dos dois faz e de forma contundente é fazer uma demonstração por A + B de quem poderia de fato e de direito ajudar e retribuir tudo o que foi feito em seu nome. E mais que isso, essa pessoa é possuidora de muita culpa pela situação ter chegado ao estado atual, da falência múltipla de órgãos, faltando somente desligarem os aparelhos para ser decretado sua morte, a de fato e de direito. Esse nome está por detrás de uma sigla estigmatizada de várias formas na cidade, PT.

Guardião, o super-herói de Bauru, um que não tem receio de apontar-lhe o dedo indicador nessa hora, pois o faz baseado em fatos irrefutáveis, declara em alto e bom som, de forma contundente e sem medo de processos, admoestações, perseguições ou até sofrer uma espécie de patrulhamento. 

“O maior culpado pela crise vivida pelo Hospital de Base de Bauru e, consequentemente toda a Associação Hospitalar de Bauru tem nome e sobrenome. Trata-se de um dos PTs de Bauru, PEDRO TOBIAS. Enumero os motivos todos, que já estão na boca do povo e precisam ser levados a todos. Vamos a eles:
- É médico;
- É radicado aqui, mora na cidade, bauruense por adoção;
- Foi eleito para defender as coisas daqui;
- Trabalha no Hospital de Base;
- É deputado Estadual;
- É líder do seu partido, o PSDB na Assembleia Legislativa do Estado, o mesmo que governa o estado há quase 20 anos;
- É amigo pessoal do governador Geraldo Alckmin, ambos do mesmo partido;
- Montou a estrutura da Associação Hospitalar de Bauru, que administra o Hospital de Base;
- Indicou todos os hoje acusados de corrupção dentro da estrutura da AHB, todos ligados ao PSDB;
- Conhece como poucos todo o processo degenerativo ocorrido;
- Vem participando de soluções paliativas, como recebimento de dinheiro público para saldar valores vencidos e inadiáveis;

- Participou do anúncio de que o Estado de São Paulo assumiria por intermédio da FAMESP a direção do hospital;
- Não permitiu que o prefeito de Bauru prosseguisse em sua iniciativa de municipalizar o hospital, sob a alegação de que o Estado paulista o faria;
- E mais alguns itens que me esqueço nesse momento, mas conto com a ajuda de todos para alencar junto a esses.


Pior que tudo isso é sua omissão nesse momento. Cadê o deputado? Cadê o homem que sempre promoveu cirurgias emergenciais para suas clientes, em atendimentos que o alavancaram como um paizão? Cadê o homem de Bauru, que nesse momento crucial se esconde dos holofotes? Cadê o homem público que não ajuda em nada no esclarecimento dos
escândalos que levaram o Base e a AHB à bancarrota? Cadê sua ajuda para resolver de vez o escândalo quejá é sabiamente denominado como Mensalão de Bauru? Ele sumiu. Ele está virando as costas para Bauru. Só ele e o governador poderão resolver isso tudo. Criaram uma situação de SOLUCIONÁTICA, mas estão fugindo do pau, abandonando a nau, quando essa já faz água. O dia fatal está chegando e deixando uma solução para os últimos momentos, estão massacrando os funcionários, os assistidos pelos hospitale toda Bauru. Sim, por tudo isso, a culpa cabe a ele. O mais sensato seria nesse momento ele vir a público e explicar todo o processo, tudo o que foi prometido e não cumprido, tentando restabelecer sua combalida credibilidade. É O MÍNIMO ESPERADO POR TODOS", foi seu pronunciamento.

E mais não disse. E mais não precisa ser dito. O questionamento feito pelo Guardião é o de toda Bauru. Continuamos todos aguardando o seu reaparecimento, mas até quando poderá ocorrer essa espera?

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (43)

NO TEMPO DE EXCELÊNCIA DO DAE TEVE ATÉ DIPLOMA DE OPERÁRIO PADRÃO
Não faz tanto tempo assim. Em 1985, o DAE – Departamento de Água e Esgoto homenageava seus funcionários de várias formas e uma delas era com o mérito de OPERÁRIO PADRÃO. Naquele ano o homenageado foi APARECIDO LEME DA SILVA e na apresentação da premiação lá consta: “mecânico e exerce função perigosa, no setor de troca e reparação de redes hidráulicas pesadas desta Autarquia Municipal”. Os funcionários eram reunidos e os homenageados recebiam uma diplomação num dia de festa e reconhecimento. 
Cidão, como era conhecido recebeu o seu título numa pasta azul, letras do seu nome gravadas em dourado, com um índice previamente preparado dos itens onde foi reconhecido. São eles: Identificação, Apresentação, Vida Familiar, Vida Funcional, Vida Comunitária e Documentação Pessoal. Nascido em 1941, entrou no quadro do DAE em 1960, fez vários cursos internos de aperfeiçoamento e até algo de sua vida pessoal é relatado, o de mancar de uma perna, por causa de acidente de moto (fato que não o atrapalhou na execução funcional). Na parte onde é valorizado consta ter confeccionado vários equipamentos, adaptado outros, montado outros tantos, demonstrando sua criatividade e interesse na facilitação do trabalho diário
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“Durante uma crise de abastecimento devido a trincas no reservatório R1, conseguiu efetuar uma ligação direta da adutora de 14 polegadas para a bomba, que passou a injetar direto na rede”, conta como mérito seu no ano de 1974. Em 1978, Cidão montou um guincho específico em cima de um caminhão agilizando a descida das bombas em buracos abertos nas ruas. Em 1982 adaptou uma perfuratriz para facilitar retirada de bombas d’água e ano seguinte foi o idealizador do portão elétrico na entrada do prédio do DAE. No ano da homenagem “projetou e montou uma roçadeira para ser adaptada ao trator deste Departamento, utilizada nos serviços de capinação”. O definiram assim: “todo problema que surge, o mesmo procura encontrar uma solução definitiva ou provisória, sempre pronto a atender este Departamento em caso de necessidade”.

Ele fez parte de uma geração de ouro do DAE, um tempo que deixa muita saudade em todos, tempo onde o servidor era mais valorizado, reconhecido e atuava cheio de orgulho. O presidente da época, na primeira administração do prefeito Tuga Angerami era Arlindo Figueiredo e o diretor de Recursos Humanos, Paulo Eduardo Martins Neto. Paulo, 66 anos, é ex-vereador, funcionário aposentado do DAE (como Procurador Jurídico), proprietário da Gold Auto Escola e lembra muito bem do Cidão. “Eu implantei o café da manhã no DAE, o Refeitório e o Sistema de Produtividade. O Cidão foi um exemplo e merecia ser reconhecido e nós fazíamos isso para valorizar o quadro. Foi um super-torneiro, fazia peças, criava e nos ajudou muito. Hoje quando um funcionário comete uma infração ele é só punido. Nem sei se investigam dos motivos, como está o seu local de trabalho, ambiente, quanto tempo trabalhou nos últimos tempos. Quando ele dobra o horário, permanecendo 20 horas numa emergência ninguém lhe diz nem mais um muito obrigado. No meu tempo foi instituído uma Portaria de Elogio, isso quando exercia o cargo de Secretário da Administração do DAE”, relembra Paulo. Sua mágoa transcende isso tudo, por ter atuado numa época onde o DAE era visto e reverenciado como excelência e hoje, infelizmente, perdeu muito disso. “Hoje tem muito cargo de comissão lá dentro, gente sem conhecimento técnico. Não conhecem nada e são colocados lá por vereadores, algo que ajudou o DAE a chegar à situação atual”, conclui.

Cidão fez parte de uma época vitoriosa, muita gente continua fazendo o mesmo que ele lá dentro, mas ofuscados, não valorizados, até menosprezados. Esse diploma de Operário Padrão já não existe mais, aliás, nem recebem um mero elogio, isso para os que ainda carregam a autarquia nas costas, seus operários da lida diária. Paulo Eduardo é um dos que olham saudosos para o passado e sabem que nem tudo está perdido, mas para reverter tudo, se faz necessário uma mudança radical de rumos, propósitos, condutas e tudo começa com a valorização do funcionário, como dantes era feito e hoje não mais. De detalhe em detalhe chega-se à situação atual.
OBS.: Esse texto tem a única intenção de ser um TOQUE, para o ressurgimento (ou seria renascimento?) do DAE. Aparecido, o Cidão é meu tio, irmão do meu pai.