sábado, 11 de janeiro de 2014

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (261 e 262)


OS CARICATOS E A INTELLIGENTSIA publicada hoje, 11.01.2014
Acho que até já contei isso aqui, mas o momento é oportuno para repetir a dose. Não existe no Chile esse medo dos daqui em se afirmarem categoricamente como: “sou de direita”. Aqui sim, se borram. Lá, o sujeito já te fala na lata que é direita e você sabe muito bem com quem está falando, o que ele pensa, como age e coisa e tal. A falsidade nesse quesito inexiste. Aqui, poucos se assumem como de direita. Alguns dizem aos quatro ventos: “Esse negócio de direita e esquerda já acabou. Vivemos novos tempos”. Não acabou, tanto que a velha luta de classes continua não resolvida e comendo solta (e frouxa). Na imprensa existem alguns cumprindo o papel de “direitistas caricatos”. São os que enxergam o país governado por Dilma caminhando a passos largos para o comunismo, Lula é representante dos vermelhos, o MST a encarnação tupiniquim das FARCs e qualquer ação da Comissão da Verdade puro revanchismo, barata provocação. Lunáticos, tomando homéricos sustos quando o vento assobia mais forte. Esses não provocam medo algum, pois não escondem o que pensam, mesmo cheios de invencionices provocadas pelo exacerbado receio de qualquer transformação social. São transparentes, pregam resistência armada e botam a família como escudo para tudo. Não existe quem os façam pensar diferente. Perigosos mesmos são os que se dizem moderados, não assumindo o lado onde se encontram. Em seus textos uma dubiedade confusa e contraditória. Dizem-se modernos, avançados, mas lá no fundo a propriedade privada é intocável, Cuba é mesmo um perigo e só o PT é corrupto. É a chamada intelligentsia, eminência parda do ocultismo, intocáveis sumidades. Tudo o que escrevem torna-se letra morta, o mais é terra arrasada. Discordar desses é levar bordoadas, vindas dos mais diferentes lugares. Seleto grupo degendarmes do neoliberalismo, nele dando até leves estocadas. Ironia barata, tudo para fazer charme. Não mais conseguiriam viver sem ele. Esses os perigosos, muito piores que os caricatos. Raposas em pele de cordeiro.

O MEDO DO MEDO QUE DÁpublicada dia 30.12.2013
Papel aceita tudo. Como tenho lido bestialidades nos últimos tempos. Muitos são movidos por um cego ódio, impedindo-os de enxergar um palmo diante do nariz. Deve ser muito ruim viver obcecado por algo e não conseguindo fazer do seu gosto o de todos, ficar destilando baboseiras, tentando convencer outros do seu débil e caolho jeito de enxergar os fatos. Ontem cruzei com um amigo num corredor comercial e falávamos sobre uma dessas imperfeições da vida, a de que, à medida que envelhecemos, nos tornamos mais medrosos. E mais, acomodados passa-se a repetir os refrãos e chavões do status quo, transformando-se num conservador de mesa de restaurante (nem bar frequenta mais). Eu tento ao meu modo e jeito fazer exatamente o contrário, tento me tornar mais corajoso, esgrimo mais, cutuco os dragões, espezinho com minha enferrujada lança todos os moinhos à minha frente. Eu com mais de meio século de vida li mais, adquiri mais conhecimentos, construí algo, juntei coisas, botei um filho no mundo, contraí dívidas, solidifiquei amizades, trilhei árduos caminhos, consegui à duras penas que alguns me enxerguem como alguém decente e ainda vou ter medo de me posicionar contra poderosos, arbitrariedades, mandarins e cagadores de regra? Quando era mais jovem, lá pelos meus 20 anos, todos os dentes, podia ser considerado um sujeito apresentável, era dado também a papagaiadas. Um chefete da época sentou na minha mesa e ficou grosseiramente demonstrando seu poder e força. Virei o copo de cerveja na sua cara e dei-lhe as costas. Nessa semana, eu arcado pelo peso dos anos, comendo uma pizza com gente querida, vejo diante de mim, em pé e na porta, numa interminável fila um desses que vê tudo de errado nos do outro lado e nada no que faz. Demorei ainda mais nas garfadas, sorria-lhe, pois previa que a minha mesa seria a dele. Ele teve que esperar o pobre diabo aqui até não poder mais. Depois disso, vejo-o escrevendo ainda com mais ódio. Está doente o coitado, implacável na sua injustiça. Vivemos de provocações.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mas também são caricatos os que se dizem de esquerda e colocam ainda o PT como tal. No fundo esses é que estão desmoralizando nossa ideologia.

Camarada Insurgente Marcos Paulo

Mafuá do HPA disse...

DO MEU FACEBOOK SOBRE O TEXTO DOS CARICATOS:

Ricardo Coelho concordo em número, gênero e grau
Ontem às 20:20 · Curtir

Marta Caputo Esse negócio de direita e esquerda não acabou, Henrique. Aliás, tendo a História como perspectiva, essa polaridade mal começou e está o longe o dia de seu fim. Assim como o neoliberalismo, apesar dos solavancos, que continuará sua sanha genocida por todo o Planeta. Mas, com todo o respeito, desonestidade mesmo são os esforços dos militantes que querem fazer a geral crêr que o PT é de esquerda, hoje em dia.
há 22 horas · Curtir

Henrique Perazzi de Aquino O que existe dentro do PT são resistentes militantes, todos de esquerda, esses um conforto para a continuidade da luta. Os partidos hoje no país são um fiasco, mas existem muitos bons militantes em alguns deles e se as siglas atuais estão todas contaminadas, continuo aliado aos que realmente são de esquerda. Cara Marta Caputo, a luta continua e caa vez estamos em número mais reduzido.
há 22 horas · Curtir · 1

Marta Caputo Ai, sim. De pleno acordo. Bom fim de semana, Henrique.
há 22 horas · Curtir

Marta Caputo P.S: Só uma obs: não existe nenhum conforto para a continuidade da luta. Alias, muito pelo contrário.
há 22 horas · Curtir

Henrique Perazzi de Aquino O que temos que nos unir é contra a hipocrisia reinante hoje. O que o STF está fazendo é um massacre para integrantes somente do PT, livrando todos os outros criminosos, larápios, corruptos de siglas aliadas ao neoliberalismo. Não que o PT não o seja, ...Ver mais
há 22 horas · Curtir

Bruno Emmanuel Sanches heheheheh... credito essa confusão boa parte também a (in)consciência política, Henrique Perazzi de Aquino. Não se sabe o que pensa, apenas reproduz oralmente o que se diz sem ter uma pitada de reflexão sobre.