sexta-feira, 18 de abril de 2014

DICAS (119)


DISCUSSÃO SOBRE COMUNICAÇÃO NA CUT E ALGO SOBRE O ‘BRASIL ATUAL BAURU’, JORNAL NOVO NA PRAÇA
Manhã de quinta, 17/04, algo me faz deixar o trabalho de lado, a oficina “Comunicação: O desafio do século”, no auditório da Central Sindical da CUT, ali na rua XV de Novembro. A abertura foi feita pelo secretário local da CUT, João Andrade e abaixo as opiniões de alguns dos que estiveram ocupando os microfones.

Roque Ferreira, ferroviário, sindicalista e vereador do PT: “Nossa sociedade é dividida em classe, explorados e exploradores. Necessário sempre identificar bem o que somos, onde estamos e para onde vamos. As palavras de ordem do ex-presidente Jango em 13/03/1964 na Central do Brasil são as mesmas de hoje, esse debate, portanto, permanece atual com novos conteúdos e cenários. Não devemos alimentar nenhuma esperança de que o conjunto da mídia vai ceder espaço para a classe trabalhadora, pois patrão é patrão e trabalhador é trabalhador. Essa disputa pautada na sociedade tem como foco a disputa de classe. O grande combate é destruir o sistema opressor que nos infelicita. Um convite a todos para dia 25/4, 19h, na Câmara, debate para enfrentarmos a campanha pela Maioridade Penal”.

Nei, sindicalista e da CUT Marília: “Em 514 anos de Brasil, completados dia 21 próximo, não podemos esquecer algo: quem antes fez tudo o que está sendo feito nesse país nos últimos anos? Transformação extraordinária nunca vista e daí ficam inconformados com o desenvolvimento ocorrido. Desenvolvimento é resolver problemas e criar outros. Com muita gente tendo seus carros, as estradas necessitam de ampliação, com mais gente viajando de aviões, claro os aeroportos necessitam de ampliação. Essa imprensa que aí está é uma vergonha e a minha verdade não é a verdade desses caras”.

Chicão Monteiro, sindicalista, eletricitário e dirigente da CUT regional Bauru: “Muitos de nós nos vemos repetindo os conceitos de pura lavagem cerebral repetidos pela mídia sobre maioridade penal: bandido bom é bandido morte, os direitos humanos defendem bandido, pena de morte para eles. A maior mentira dos últimos tempos, de tanto ser repetida já foi assimilada pela maioria da população. A ideia foi vendida e foi comprada. Nosso papel é debater essa lavagem feita na sociedade e em nós mesmos. Necessário elaborar uma política contrária. Primeiro de Maio não é uma data festiva e sim, comemorativa”.

Edvaldo Almeida, o Ed, jornalista, sindicalista Sindicatos dos Jornalistas SP: “Lutar contra o bom senso comum é remar contra a correnteza. Continuamos no dia a dia isolando as questões e a que toca os trabalhadores a focamos em separado. O marco Civil da Internet estabelece um mínimo de direitos focados em três pontos: Liberdade de Expressão, Neutralidade da rede e Direito a Privacidade. O direito de construir a si mesmo é básico, somos o que os outros vem na gente. Quero ter o direito de falar e não pagar mais por isso, sem ter minha opinião judicializada. Hoje deixamos tudo rolar na rede por que não existem outras opções. Eles ainda fazem quase tudo o que querem e aceitamos. (...) Hoje o problema não é você usar a roupa de grife, o problema é você ser pobre. O discurso que nos manteve do mesmo jeito por 500 anos precisa ser combatido. O Estado precisa sim e serve para regular a mídia, porque a disputa é muito desigual, sendo assim o garantidor de que nada saia do controle e as injustiças não ocorram. O Brasil mostrado por eles é o que eles querem que saibamos, não o que de fato existe, o mais justo. Tudo o que fazemos é criminoso aos olhos da mídia atual”.

Adriana Magalhães, psicóloga, bancária, sindicalista e responsável pela Secretaria Estadual de Comunicação da CUT: “Se não fosse as redes sociais os blogueiros não existiriam. Já que não temos espaço nos grandes meios de comunicação temos que criar os nossos espaços. Veja o caso dos Sem Terra. Nunca aparece o motivo da ocupação, qual o malefício do agrotóxico, nunca falam dos motivos das marchas e o tratam sempre como invasores, nunca como ocupantes. A mídia não mostra os dois lados da questão. A Rede Brasil Atual, ligada aos sindicatos da CUT foca tudo do lado do oprimido. Aqui existe de fato o jornalismo colaborativo, onde você filma o ocorrido, envia e é colocado no ar. Cenas do cotidiano, nossa luta diária, afinal quem produz esses programas são as pessoas. O Brasil Atual Interior é um jornal com concepção e pauta construída com os sindicatos, mas escrito por cada cidade onde circula, com os formadores de opinião de cada uma delas. Nos temas nacionais e estaduais a Rede contribui. São 5 mil os sindicatos filiados à CUT e essa nossa real experiência de esquerda para combater a hegemonia da mídia. Além disso, buscando criar uma Lei de Iniciativa Popular para a mídia. Estamos ajudando a construir a massa crítica para se fazer ouvido e se o país inteiro estiver mobilizado a mudança ocorre, do contrário não. Estamos promovendo a diversidade regional, mostrando que serviços essenciais de comunicação devem ser usados por todos e assim construímos um país mais democrático. (...) A história que está ocorrendo hoje nas ruas precisa ser de fato contada. Não dá mais para acontecer e ninguém ficar sabendo. Precisamos ter os nossos formadores de opinião, que não são os dos grandes meios de comunicação”.

O fechamento foi feito pelo Chicão, com um desfecho indicando os rumos para Bauru: “Trazer o debate para o chão da fábrica, para a gente, aqui e agora. Onde eu entro nessa?, essa pergunta. Assisto a TV Globo, Record, leio a Veja, JC, Folha. Continuo vendo a imprensa divulgar uma coisa que não existiu e criminalizando o movimento social. O termo invasão nas ocupações, a tal greve dos baderneiros vermelhos. Muito pouca gente fala bem da ação dos trabalhadores. Comunista é raça de bandido, ser socialista um crime. Invertem tudo e os papagaios de pirata repetem tudo. Se a veja publica algo, pode ter certeza, 90% não é verdade. O inverso é que é a verdade. Tente descobrir você mesmo a verdade dos fatos, daí temos que disputar a informação. No Brasil são mais de 22 mil sindicatos, 4 mil são da CUT e a gente se condena quando não se coloca. A chegada do jornal Brasil Atual é para disputar a informação na forma como é feita hoje em Bauru. É um rompimento de barreiras, criando um meio de comunicação próprio. Dessa forma começamos a disputar a informação no Brasil e como transformar uma oficina dessa em algo prático? Criando um meio nosso, daí o Brasil Atual Bauru.

Ed desfere uma frase bem demonstrativa desse momento atual onde o explorado se informa pelos meios do explorador: “É mesmo muito difícil tomar e ocupar o espaço do explorador”. Adriana lembra frase atribuída a José Genoíno e também bem a calhar para o momento: “Fortalecer e abrir rádios comunitárias é o mesmo que fazer a reforma agrária nos meios de comunicação”. O projeto foi lançado e uma meta, a de lançar a 1ª edição do Brasil Atual Bauru antes do 1º de Maio (toc toc toc). Começando desde já uma corrida contra o tempo. Oba! JORNAL NOVO NA PRAÇA E COM A VISÃO DOS DO LADO DE CÁ...

2 comentários:

Anônimo disse...

Henrique
Essa iniciativa tem algo a ver com o que vejo hoje no facebook, que acredito também não tenha sido lançado, o PARTICIPI?

Te vejo envolvido lá e envolvido aqui. É a mesma coisa?

Paulo Lima

Anônimo disse...

É meu amigo, caminhos cada vez mais distantes...Só nunca esqueça uma coisa, antes das palavras ecoarem aos ventos, antes de qualquer coisa idealizada, vem o caráter, o comprometimento e coerência com a ideia, um homem sem preço. Infelizmente, neste meio aí, muitos não diferem do outro lado, o vazio e o caráter acabam sendo os mesmos meios, para os mesmos fins.
Um comércio de gatos por lebres.

Camarada Insurgente Marcos