segunda-feira, 23 de março de 2015

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (115)


PERCEPÇÃO DE FATOS EXTRAÍDOS EM CONVERSAS OUVIDAS AQUI E ALI


1.) Na minha revista semanal preferida a Carta Capital , na última página o Retratos Capitais, sempre com uma foto de alguém ou situação despropositada. Na da edição 840, 11/03/2014 essa: “Versalhes à Venda – O resort urbano do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, na Cidade Jardim, em São Paulo, vai ser leiloado para amortecer parte dos 2,3 bilhões de reais que a falência do Banco Santos deixou. Lance inicial: 116,5 milhões. Tem 7,7 mil metros quadrados de área construída. Quase o suficiente para abrigar o ego do proprietário”. No meu mundo real, assistindo a última aula como aluno especial na Unesp da matéria ‘Matrizes Comunicacionais Latino Americanas’ e num certo momento a professor Maria Cristina Gobbi comenta sobre esses espaços gourmets e esses jardins suspensos que muitos levantam hoje em dia na sacada ou cobertura de suas luxuosas moradas. Uma amiga lhe pergunta o que acha. Sua sacada foi ótima, dessas para encerrar o assunto: “Não gosto. Não tem cobra”.


2.) Essas aqui fiquei sabendo depois do caso do universitário morto por beber além do permitido pelo seu corpo. Muitas histórias estão sendo contadas desse universo universitário. Duas delas ficaram registradas em minha memória. O pai pequeno agricultor mantém com muita dificuldade o filho numa república na cidade. Orgulhoso por mesmo à duras penas ter um filho cursando universidade. Certo dia é obrigado a vir até Bauru para resolver um problema com um fornecedor e resolve fazer uma surpresa ao filho. Chega no endereço e encontra uma bagunça generalizada, garrafas até em cima dos muros e o filho bêbado num dos cantos. A decepção foi tamanha que, informa ao filho estar indo naquele momento falar com seus professores. E vai. Relata suas dificuldades e triste demais por encontrar o filho doente, algo nunca visto até então. Informa estar tomando uma atitude para salvar o filho, trancando sua matrícula e o levando de volta para casa. “Se ele quiser continuar a seguir isso que vi, que faça, mas não terá mais nenhuma ajuda minha, nada. Ele vai é para a roça comigo, onde estará salvo”. E o levou de volta.

3.) Essa outra também muito triste e envolvendo também uma aluna da universidade. Muitos hotéis da cidade possuem uma espécie de catálogos de meninas que os clientes podem escolher e ter por alguns momentos em seus apartamentos. São os tais books. Tem também os muitos cartões, as dicas que os porteiros indicam para os frequentadores dos hotéis. Mais do que sabido que dentre essas muitas garotas, algumas são universitárias. Não se sabe como, nem na história que ouvi isso estava claro, mas o fato ocorreu dessa forma. O pai toma conhecimento que a filha se prostitui na cidade e que num determinado hotel existe até foto dela. Ele vem até Bauru, se hospeda no hotel e pede na portaria querer sair com alguma garota. Escolhe exatamente a filha e a fica aguardando. Ela chega e daí por diante o que ocorreu deve ter sido algo de um constrangimento do tamanho de um bonde. Desdobramentos houveram, mas não interessam. Interessam as histórias, bem ao estilo nelsonrodrigueano. Essa só mais uma delas.

4.) “Saio do mercadinho e em outro estabelecimento comercial próximo escuto um homem xingando a presidente. Palavras de baixo calão que estamos acostumadas a ler aqui e ali. Berrava que estava sem energia e ia perder produtos, clientes, enfim. _ "pleno domingo, dia que mais vendo, chego cedo e sem força" , malditos, por isso que esse país não vai pra frente, bandidos, ladrões, incompetentes, filhos da..... etc. Estava quase infartando, roxo, a veia do pescoço saltada, quando o vizinho falou, estranho "seu Joaquim", só tá faltando energia ai. Aqui tá normal, na farmácia normal, no mercado normal, será que o senhor não esqueceu de pagar a conta? Pensa num ser que vai do vermelho irado, ao branco fantasma em segundos....”, esse belo texto da amiga Tatina Calmon publicado ontem no seu facebook demonstra a quantas anda a atroz perseguição à presidente, culpada de tudo. Quando a ficha cai e temos que fazê-la cair cada vez mais, a percepção de que o bicho se é feio, deve-se também à mãozinha de cada um de nós.

5.) Meu amigo Agnaldo Silva, o popular Lulinha, continua andando “sem medo nenhum de ser feliz” com suas vestes tendo o emblema da CUT bem no meio do peito. Foi ao médico dia desses envergando sua costumeira camiseta e ao chegar na sala de espera, um senhor de idade começa as admoestações. Um insulto atrás do outro, algo do tipo: “E essa presidenta bandida, cachorra, ladra, até quando vai se segurar no cargo?”. Lulinha me diz da educação que lhe foi ensinada lá atrás pelos pais, inclusive os do respeito aos mais velhos e daí o maior motivo para ter se segurado. Esse incentivado ódio, culminando, por enquanto em algo provocativo, com a maioria prontos para o que der e vier na sequência. A indução a que foram levados, conduzidos como cordeirinhos, distorcendo tudo e favorecendo o pior estado de coisas que poderíamos ter. São Paulo na cabeceira dos descalabros do enxergar tudo com uma viseira, vesguice secular de quem se acha o condutor do universo. Quando vão engolir que um poste venceu deles todos juntos e pela segunda vez consecutiva? Nunca.

6.) Mais uma de outro amigo e essa para encerrar. Maurício Passos, até dias atrás era o provedor da Santa Casa de Pederneiras e funcionário da Câmara Municipal daquela cidade. Passa por aqui no mafuá semana passada. Papeamos sobre como a ferocidade da mídia conseguiu o seu intento de incutir em parte da população esse ódio que é deles na maioria da população. Sempre souberam incutir que outros façam por eles o serviço sujo, histórico isso, vide a tal Revolução paulista de 32. O interesse deles sendo praticado por aqueles que deveriam de fato combate-los. Ficamos por aqui até por volta das 20h e na hora de ir embora para num posto de combustível. O frentista vendo em seu carro um adesivo do PT (ele nem petista é, na verdade apóia Dilma e seus atos sociais contra tudo o mais visto por aí) inicia com ele uma discussão. Sim, discutem no posto. Preferiu não prosseguir a contenda, pois percebe claramente a cabeça feita por massiva propaganda via TV. Souberam fazer o serviço sujo, sem escrúpulos e da melhor maneira possível. E depois o ódio quem incute na população são os governistas. Quando vejo desvalidos apoiando interesses dos graúdos, a clara percepção de que algo de muito ruim nos espera nos próximos capítulos. Quero crer que ainda possamos reverter esse quadro. Não saberia viver num regima facista em pleno século XXI.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gosto de seus textos Henrique, pequenos retalhos que compõe de forma doce e poética a linda e imprevista colcha da vida.
É um exercício para mim compreender e aceitar certas reações. Penso porém que somos frutos das circunstâncias e dos microcosmos no qual fomos criados. Fico perplexa com certas atitudes mas caso tivesse eu tido as mesmas experiência do outro, não poderia estar encenando aquele mesmo ato? Muito poucas pessoas conseguem escapar do script pré-traçado imposto pela sociedade vigente caso não tenham tido a sorte de encontrar recursos dentro ou fora de si para ultrapassa-lo... Um abraço e boa semana!
Margarida Mendes