sábado, 3 de fevereiro de 2018

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (48)


OURIQUES, O PRESIDENCIÁVEL DO PSOL EM BAURU E SUA IDEIA DE GOVERNAR ISOLADO DENTRO DO ATUAL SISTEMA

Nildo Ouriques, um dos prováveis candidatos à Presidência da República pela esquerda brasileira passou ontem por Bauru. Ele já havia estado aqui quando do OLA – Observatório Latino-Americano em 2007, algo inesquecível e grandioso dentre as realizações que marcaram época, feitos da Secretaria Municipal de Cultura que não me saem da memória. Como é bom a gente se deparar com alguém mais de dez anos depois e notar que ele não mudou nada, continua o mesmo inquebrantável de sempre. Esses são valorosos, os tais imprescindíveis neste insano e cruel mundo. Ele já sai ganhando nesse item, para mim dos mais auspiciosos.

Pois bem, Nildo continua dando aulas de Economia na Federal de Santa Catariana e um bastião da esquerda brasileira. Diante desse momento inusitado no cenário político nacional, quando a direita raivosa soube aproveitar os deslizes e botou todas as manguinhas de fora. Destituíram Dilma, estão prestes a prender Lula e o país antes soberano, com algum avanço social de reconhecida cepa sendo tudo jogado na lata do lixo. Diante de tanto retrocesso, o país tem pela frente uma ainda provável eleição e nela, um Lula com poder de fogo e junto a isso se formatando vários conjuntos representativos da esquerda. Nildo está inserido num deles, junto de Guilherme Boulos, assim como o de Manuela do PC do B. Ciro Gomes mais se bandeia pro lado dos sacanas do que do lado palatável que a gente ainda sonha pra viver. 
Quais as chances dessa esquerda conseguir algo sem Lula e o PT? Vale a pena culpabilizar Lula por tudo e tentar movimentar as massas sem ele? Qual a força representativa de cada segmento desses hoje junto as camadas populares? O PT deve mesmo ser deixado de lado? O PT deve se aproximar de todos, inclusive dos que o apunhalam? Essas são questões candentes nos debates internos dos grupos tentando neste momento formatar uma reação ao baú de maldades imposto ao país pelos golpistas e pela aceleração do neoliberalismo na sua forma mais predatória e insana.


Ouvi parte da fala do Nildo ontem em Bauru lá na Apeoesp, porém tive que sair sem presenciar o debate. Quero ouvir gravação completa de sua fala e hoje pela manhã leio a entrevista dada ao Thiago Navarro, do JC. Link a seguir: https://www.jcnet.com.br/…/presidenciavel-do-psol-propoe-ru…. E mais essa entrevista na TV Câmara: https://www.youtube.com/watch?v=cXesWOH5zUE. Vamos aos fatos, em como vejo o discurso do Nildo. Eu sou um utópico sonhador, ele também, mas vivo nesse encruado capitalismo e não posso tirar os pés do chão. Ele sabe que, não vai conseguir, se eleito, governar nesse sistema atual, sem fazer concessões. Adoraria que o Freixo tivesse sido eleito no Rio para colocar isso à prova. Ou ocorre uma revolução de fato neste país, ao estilo do que Fidel fez em Cuba, o que é algo de uma dificuldade perto do impossível ou conviver no covil de bandidos, te faz fazer acordos com estes. Lula fez, até bem sucedido na maioria, vide alguns belos projetos sociais ou não se faz nada. Não adiante vir com romantismo de que chegando lá vou enfrentar com a cara e a coragem, pois isso é lenda. O sistema é cruel e eles possuem a faca e o queijo nas mãos. Sejamos no mínimo sensatos.

Nildo quer governar isolado e isso, ele sabe, só após uma verdadeira revolução. Critica Lula pelas concessões, acordos e até desmerece os avanços, mas sabe que o país com Lula foi bem outro do vivenciado hoje. Ele também sabe que, se Lula for preso e um candidato mais à direita vencer o próximo pleito, a esquerda num todo estará danada. Estaremos sendo acuados, mais e mais, reprimidos e até suprimidos. Daí, mesmo com o belo discurso, não existe possibilidade de desmerecer Lula neste momento e de não contar com sua força política, inclusive a do PT e de todas forças progressistas. Se Lula junto do PT, mesmo formando essa massa com metade do país do lado deles estão perdendo o jogo, imagine sem esses e com a própria esquerda o hostilizando. Creio que, o melhor agora seria optarmos todos por uma eleição limpa, com todos disputando e quem da esquerda sair na frente, estar ao seu lado, unidos. Sendo Lula, ele eleito, toda esquerda não vai mas poder errar e vão poder vicejar novamente. Sendo um Bolsonaro, Alckmin, Meirelles, Huck, Dória ou qualquer um nessa linha, viveremos dias de perseguição nunca vistos.

No mais, o sonho de Nildo é o meu e de todos os ditos socialistas: um outro mundo é possível, mas como chegar lá diante de tanta força contrária? Que o bom diálogo flua dessas considerações.

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