sexta-feira, 9 de julho de 2021

ALFINETADA (205)


QUE FERIADO É ESTE QUE SÓ SÃO PAULO COMEMORA? E AGORA, NESTE MOMENTO, NEM FERIADO EXISTE MAIS, POIS TUDO ESTÁ MAIS DO QUE ABERTO E OFERECIDO, ESCANCARADO
Sempre nesta data a mesma ladainha. As comemorações ocorrem e o povo paulista é induzido a crer que São Paulo lutou para se ver livre das amarras getulistas que oprimiam os interesses deste varonil estado da federação e daí, a luta para ser, fazer e acontecer de forma livre e soberana. Ledo engano. Enfim, enganados somos até hoje e, pelo visto, seremos sempre. Na maioria das lutas ocorridas neste país, por detrás interesses inconfessáveis. Neste do feriado de 9 de julho só mais um destes momentos. O povo, como sempre, se engajou e foi à luta, comprou a ideia e pagou o preço com seu corpo na frente de batalha, mas por detrás de tudo, as oligarquias paulistas tramavam – tramam até hoje, com outros nomes, FIESP, CIESP, enfim, movimentos empresariais e quetais – se desvencilhar do governo federal, criando algo novo, que de novo não tinha nada, mas seriam eles os condutores. Sairíamos da condução de mando de um para adentrar a de outro, sem que o povo pudesse ousar pensar em ter alguma participação. Se ganhamos ou perdemos, no frigir dos ovos, creio que a oligarquia paulista seja até mais cruel e insana que a que combatia, daí se hoje estamos mais que ruins, poderíamos estar até mais piores.
Nossas lideranças empresariais não pensam em projeto de país, nação altaneira, soberania nacional, nada disso. Pensam somente nos seus negócios, nos seus altíssimos lucros e benesses. Ouço, leio e vejo todo ano gente falando aos borbotões sobre o dia de hoje, mas sem tocar na ferida, essa mais do que exposta, a de que o paulista foi mera massa de manobra em 1932. Querer discutir o tema, só louvando nossos bravos guerreiros, sem ao menos ousar tocar nessa ferida mais que exposta é mentir, falsear com a História. 1932 continua muito mal explicada, mal contada e mal entendida. Enfim, nem feriado existe mais, pois em Bauru, coração do estado paulista, tudo aberto e sob as bênçãos dos próceres que a dirigem com o mesmo tacão autoritário de outrora. Mudamos muito pouco. Na mente dos que se intitulam e exercem o jugo de “donos do poder”, continuamos na mesma. Hoje, quando me deparo com essa quantidade de bandeirolas do Brasil pelas janelas dos prédios e casas da cidade, expondo algo bem distante do que seja na verdade patriotismo, a nítida percepção de que, as mentes continuam convulsionadas, desviadas do sentido lógico e atuando no modal “sem controle”. Se luta e muito por causas distantes do que precisamos, necessitamos e as fazemos por interesses de outros, quase sempre de uma minoria privilegiada, sábia em saber fazer e conduzir nossa perdida cabeça. Por enquanto, sem possibilidade de reparo, muito menos conserto.

NECESSIDADE DE REESCREVER A HISTÓRIA - VERDADE DOS FATOS NEM SEMPRE ESTÁ COM OS VENCEDORES OU COM O QUE ESTÁ PUBLICADO
Quero aproveitar esse modorrento dia de feriado para escrever algo sobre como ainda ela, a História é interpreta, contada, repassada e difundida. Hoje é uma data dessas que, se nada for feito, a mentira vai se prolongar e continuará sendo difundida como a verdade dos fatos. Que raios de revolução é essa que comemoramos hoje? – do povo paulista, diga-se de passagem. Isso já cansou, mas continuamos a fazê-lo. Na maioria dos lugares, como mantra, o paulista comemora algo surreal, eivado de inverdades. Que o paulista – o simplão, o zé povinho, o massa de manobra – foi à luta, ou mesmo à guerra não tenho a menor dúvida, mas que seus descendentes continuem apregoando que o foi para se libertar, isso já passou dos limites. E por que, mesmo com todas as evidências, por onde leio algo, em aproximadamente uns 60%, o reforço da bravura dos paulistas contra as injustiças do governo federal da época, na pessoa de Getúlio Vargas? Isso já é doença. Custa assumir que o paulista foi massa de manobra de uma elite cruel e insana, a mesma cujos descendentes não mudaram uma vírgula no modo de agir e enganar incautos?

Tem uma legião de novos historiadores, vertentes novas, tudo isso em campo, batendo um bolão, mas a mentira continua prevalecendo. Contar a verdade é algo que deveria fazer parte do currículo de todos, mas não é assim que a banda toca. Falo por mim, estava começando a escrever a biografia de grande personagem daqui de Bauru e após entraves, discussões e desencontros, de comum acordo desisti. Primeiro, por não estar numa posição confortável, pelo gosto que adquiri ao personagem em não poder contar tudo conforme de fato ocorreu, depois pelo desinteresse dos familiares, percebendo meu incomodo, não falamos mais do assunto, ou seja, abortamos o projeto. Existem muitos que escrevem de acordo com as circunstâncias e se pagos, o fazem só para enaltecer o lado belo da coisa. Nada contra, mas historiador fazendo isso é o fim da picada. Sartei de banda. Continuo respeitando o personagem e ponto final. Não existia nada de tão aviltante na história que escrevia, nada tão diferente de tantas outras da época e mesmo de agora, mas quando me vi na encruzilhada, o que aprendi nos bancos escolares e me foi passado pelos meus pais pesou mais alto.

Confunde-se muito isso de memorialista e historiador. Não que um minta e o outro fale a verdade. Não tem nada a ver uma coisa com outra. Em ambos pode ter muito das duas coisas. Vai de como cada um encara isso de contar a verdade de fato. Certa feita, o memorialista mais conhecido destas plagas, seu Gabriel Ruiz Pelegrina me disse, numa das idas à sua casa: “Tem coisas que não posso contar. Melhor, não podia, mas hoje, com a passagem do tempo, hoje na terceira geração, preciso contar o que sei”. Ele, infelizmente não fez isso. Não deu tempo. Ele sabia muito e floreou em muitos dos seus escritos. Não tocou na ferida, na fratura exposta e perdemos a oportunidade, pois gente como ele, que tinham de memória algo dos primórdios de Bauru, creio se foram todos. E muita coisa, alguns tentam hoje desvendar, decifrando charadas. Isso de não contar tudo o que sabe é delicado.

Muitos possuem laços indissolúveis com os donos do poder local, os tais dos “forças vivas”, sabem tudo o que fizeram, como construíram suas fortunas e se omitem, pois possuem vínculos, em alguns casos benefícios pessoais e daí, quem sai perdendo é a verdade dos fatos. Na história das cidades brasileiras isso é algo vivo, presente e de difícil manejo. Essa dita “revolução constitucionalista de 1932” é surreal, talvez um ícone das grandes mentiras ainda a ser totalmente desvendadas, cidade por cidade, caso por caso. Aqui em Bauru, por exemplo, seria bom entender como se seu o aliciamento, o convencimento da população para doar joias e mesmo se engajar na luta. Quem incitava quem? Leio hoje, que muitos dos poderosos dão nome para ruas, pimpões, mas na maioria possuem um belo “telhado de vidro”. Um dos tantos casos é o do hoje nome da praça da Estação da NOB, Machado de Mello. Foi sanguinário personagem, eminente matador de índios. Fruto de sua época? Sim, não menos assassino por causa disso. Não se faz necessário derrubar seu busto lá na praça, mas contar o que fazia, como fazia, a serviço do que e de quem, isso sim. Enfim, sento nesta final de tarde, começo de noite e penso nisso tudo e assim o feriado – com a cidade inteira aberta – se finda. Amanhã poucos falarão dos motivos dessa data, mas ela é uma das tantas inquietando escrevinhadores e vasculhadores do passado

PIOR QUE A FALA DO CAPIROTO É A CARA DO BAURUENSE ASTRONAUTA E MINISTRO, RINDO DA SITUAÇÃO
Não me canso de repetir: não existe um só que atuando junto de Bolsonaro não seja tão pérfido quanto ele. São todos farinhas do mesmo saco. Irrecuperáveis.

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