NECESSIDADE DE REESCREVER A HISTÓRIA - VERDADE DOS FATOS NEM SEMPRE ESTÁ COM OS VENCEDORES OU COM O QUE ESTÁ PUBLICADOQuero aproveitar esse modorrento dia de feriado para escrever algo sobre como ainda ela, a História é interpreta, contada, repassada e difundida. Hoje é uma data dessas que, se nada for feito, a mentira vai se prolongar e continuará sendo difundida como a verdade dos fatos. Que raios de revolução é essa que comemoramos hoje? – do povo paulista, diga-se de passagem. Isso já cansou, mas continuamos a fazê-lo. Na maioria dos lugares, como mantra, o paulista comemora algo surreal, eivado de inverdades. Que o paulista – o simplão, o zé povinho, o massa de manobra – foi à luta, ou mesmo à guerra não tenho a menor dúvida, mas que seus descendentes continuem apregoando que o foi para se libertar, isso já passou dos limites. E por que, mesmo com todas as evidências, por onde leio algo, em aproximadamente uns 60%, o reforço da bravura dos paulistas contra as injustiças do governo federal da época, na pessoa de Getúlio Vargas? Isso já é doença. Custa assumir que o paulista foi massa de manobra de uma elite cruel e insana, a mesma cujos descendentes não mudaram uma vírgula no modo de agir e enganar incautos?
Tem uma legião de novos historiadores, vertentes novas, tudo isso em campo, batendo um bolão, mas a mentira continua prevalecendo. Contar a verdade é algo que deveria fazer parte do currículo de todos, mas não é assim que a banda toca. Falo por mim, estava começando a escrever a biografia de grande personagem daqui de Bauru e após entraves, discussões e desencontros, de comum acordo desisti. Primeiro, por não estar numa posição confortável, pelo gosto que adquiri ao personagem em não poder contar tudo conforme de fato ocorreu, depois pelo desinteresse dos familiares, percebendo meu incomodo, não falamos mais do assunto, ou seja, abortamos o projeto. Existem muitos que escrevem de acordo com as circunstâncias e se pagos, o fazem só para enaltecer o lado belo da coisa. Nada contra, mas historiador fazendo isso é o fim da picada. Sartei de banda. Continuo respeitando o personagem e ponto final. Não existia nada de tão aviltante na história que escrevia, nada tão diferente de tantas outras da época e mesmo de agora, mas quando me vi na encruzilhada, o que aprendi nos bancos escolares e me foi passado pelos meus pais pesou mais alto.
Confunde-se muito isso de memorialista e historiador. Não que um minta e o outro fale a verdade. Não tem nada a ver uma coisa com outra. Em ambos pode ter muito das duas coisas. Vai de como cada um encara isso de contar a verdade de fato. Certa feita, o memorialista mais conhecido destas plagas, seu Gabriel Ruiz Pelegrina me disse, numa das idas à sua casa: “Tem coisas que não posso contar. Melhor, não podia, mas hoje, com a passagem do tempo, hoje na terceira geração, preciso contar o que sei”. Ele, infelizmente não fez isso. Não deu tempo. Ele sabia muito e floreou em muitos dos seus escritos. Não tocou na ferida, na fratura exposta e perdemos a oportunidade, pois gente como ele, que tinham de memória algo dos primórdios de Bauru, creio se foram todos. E muita coisa, alguns tentam hoje desvendar, decifrando charadas. Isso de não contar tudo o que sabe é delicado.
Muitos possuem laços indissolúveis com os donos do poder local, os tais dos “forças vivas”, sabem tudo o que fizeram, como construíram suas fortunas e se omitem, pois possuem vínculos, em alguns casos benefícios pessoais e daí, quem sai perdendo é a verdade dos fatos. Na história das cidades brasileiras isso é algo vivo, presente e de difícil manejo. Essa dita “revolução constitucionalista de 1932” é surreal, talvez um ícone das grandes mentiras ainda a ser totalmente desvendadas, cidade por cidade, caso por caso. Aqui em Bauru, por exemplo, seria bom entender como se seu o aliciamento, o convencimento da população para doar joias e mesmo se engajar na luta. Quem incitava quem? Leio hoje, que muitos dos poderosos dão nome para ruas, pimpões, mas na maioria possuem um belo “telhado de vidro”. Um dos tantos casos é o do hoje nome da praça da Estação da NOB, Machado de Mello. Foi sanguinário personagem, eminente matador de índios. Fruto de sua época? Sim, não menos assassino por causa disso. Não se faz necessário derrubar seu busto lá na praça, mas contar o que fazia, como fazia, a serviço do que e de quem, isso sim. Enfim, sento nesta final de tarde, começo de noite e penso nisso tudo e assim o feriado – com a cidade inteira aberta – se finda. Amanhã poucos falarão dos motivos dessa data, mas ela é uma das tantas inquietando escrevinhadores e vasculhadores do passado
Não me canso de repetir: não existe um só que atuando junto de Bolsonaro não seja tão pérfido quanto ele. São todos farinhas do mesmo saco. Irrecuperáveis.
Eis o link da matéria de Carta Capital, "CAGUEI PARA A CPI, NÃO VOU RESPONDER NADA, DIZ BAOLSONARO": https://www.cartacapital.com.br/politica/caguei-para-a-cpi-nao-vou-responder-nada-diz-bolsonaro/?fbclid=IwAR2W4U-yCMhxI3kgBw4B9nWyax9oRd8quhoc4bLtbJSpMt5qxdcb_RCC9gI
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