Nessa semana a SMC - Secretaria Municipal de Cultura de Bauru, pelo que se sabe, cavando desesperadamente eventos para "chamar de meu", está mais do que empenhada em mostrar serviço e daí, por lá só se fala, ou melhor a secretária Tatiana Sá, repete isso em todos os lugares por onde esteja, "paz, paz, paz..." e daí vejo estar em curso de ontem, 20/07 até 25/07, domingo, a SEMANA MUNICIPAL DA CULTURA E DA PAZ. Fui conferir e de tudo, quase nada cultural, mas uma espécie de "salada mista", juntando alhos com bugalhos e na fermentação, a apresentação de um cardápio tentando abarcar variados temas. Confesso ter me interessado por um, o de hoje, quarta, 19h, "CSA - Comunidade que sustenta a agricultura: campo e cidade buscando a cultura do apreço", com Wagner Santos e Daniel Pestana Mota, da Associação Comunitária CSA Brasil.
Vou assistir a este e da miscelânea dos demais, saliento só o seguinte: Creio vivermos um momento da vida brasileira onde é praticamente IMPOSSÍVEL querer propor a Cultura da Paz, diante de tantas atrocidades, principalmente as cometidas por um desGoverno genocida, cruel e insano, com mais de 500 mil vítimas nos seus costados e se fingindo de morto, "isso não é comigo", comprando vacinas superfaturadas, numa caso de corrupção institucionalizada e escancarando o uso de armas, propagandeando também a violência na solução de tudo. Pior que tudo, com a nossa atual incomPrefeita Suéllen Rosim, fundamentalista até não poder mais, apoiando em tudo as ações do capiroto, daí, minha pergunta, a que não quer calar: como falar em Cultura da Paz no meio disso tudo? Que loucura é essa? Nunca vi isso em realização da Cultura municipal, essa a primeira vez e se estiver errado me corrijam. E mais, desconheço alguma outra cidade com programação pública destinada a isso e com envolvimento e levando no bojo o nome Cultura. Precisamos urgentemente de CULTURA.
Adoraria viver num mundo em plena paz, onde pudéssemos nos compreender e entender um ao outro, mas cada vez menos está sendo possível. Eu não vivo fingindo estar tudo bem, pois sei que nada está bem. Não dá para florear as coisas e tratar de temas sendo que ao meu lado o couro come. Daí, acho bom a gente tentar fazer as coisas para e pela paz, mas com os olhos bem abertos e sintonizados da existência de uma luta bem ao nosso lado, já nos chamuscando a roupa. Paz, paz, paz e o grandão continua humilhando e sacrificando o pequeno, o poderoso pisando no fraco, as decisões sendo tomadas de cima pra baixo, o capiroto ainda solto e aprontando das suas, o isolamento social sendo ignorado em plena pandemia, enfim, cansei de tapar o sol com a peneira.
"Si vis pacem, para bellum", ditado em latim diz algo disso tudo: se quer paz, prepare-se para a guerra (geralmente interpretado como querendo dizer paz através da força — uma sociedade forte sendo menos apta a ser atacada por inimigos). A frase é atribuída ao autor romano do quarto ou quinto século, Flávio Vegécio. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, ou seja, não sejamos simplistas. Louvar a paz e fingir que está tudo bem é uma merda e o contrário idem, pois almejamos a paz, mas antes dela se fazer presente, se faz necessário cumprir certas etapas e dentre elas, talvez algumas guerras. Ou não? Escrevo isso tudo e penso na atual gestão municipal e, consequentemente, da Cultura e me pergunto: falta algo mais dentro da programação do que vejo em curso lá pelos lados do pessoal pensante e pulsante atuando nas hostes culturais. Sei existirem muitos querendo botar os bofes pra fora e não ficar só nesse lero-lero, pelo que vejo não irão caminhar nem um passo. Vamos começar a andar? Pra quando? Amanhã já é tarde demais. Desculpe, mas nesse momento, enxergo isso tudo como jogada de crente, onde falam de paz mas com arminha na cabeça, fazendo o sinal característico conhecido de todos nós. Tem uma máquina de propaganda por detrás disso tudo e se deixar, ela nos engole.
Já escrevi aqui e volto a repetir. Fosse com João Dória, o governador não se dariam por satisfeitos e estariam neste momento fazendo um escarcéu dos diabos, movendo céu e terra, falando horrores pela Velha Klan, programa 360º da 96 Fm e também pelas vozes do Zeca Diabo, do SinComércio, mas como a decisão é do capiroto, o mentor de ambos, Bolsonaro, nem podem gritar alto e falar grosso. Se dão por contentes e agora tentam enfiar goela abaixo da população bauruense ter sido tudo uma retumbante vitória. Quatro leitos e ainda como PROPOSTA. Dou muita risada, mesmo ciente de que a coisa é mais do que séria, pois se as vagas Covid diminuíram, as demais continuam com filas enormes. Bauru está se tornando a Terra da Piada Pronta. Entendam algo, as vagas propostas pela União são exclusivas para Covid, mas estas não são mais necessárias, pois a rede pública já está dando conta do riscado e se vier mesmo as tais quatro, seriam para UTI Covid e não para a necessidade da cidade no momento, a para outras especialidades, o motivo das filas.
O bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco, BAURU SEM TOMATE É MIXTO, como já é sabido, tem motivo de sobra para produzir enredos múltiplos e variados nesta cidade, dita e vista como sem limites, mas cada dia mais se especializando na temática surreal da PIADA PRONTA. Essa só mais uma delas, balde cheio para proposituras e marchinhas...
PELEZINHO E AS RUAS DE BAURU – NOSSO MAIS IMPORTANTE “LADO B”*
* Finalizo um livro sobre algo sobre o motivo principal de minha escrita, o LADO B e, creio ter encontrado o personagem principal, abrindo o livro, daí procuro fatos e fotos dele. Aqui mais duas que irei juntando para formatar a apresentação do que estou escrevendo. Peço ajuda para quem tiver algo mais, favor me enviar:
HISTÓRIA 1 - Em 12 de agosto de 2012 publiquei em meu falecido Blog do Garoeiro, do Jeferson Barbosa da Silva, um belo artigo de Zarcillo Barbosa sobre a Última Hora. Veja o trecho em que ele escreveu sobre o Pelezinho:
"No dia 15 de abril de 1964, pouco antes do horário de fechamento da redação, às 22 horas, o “comando de caçadores de comunistas” invadiu a sucursal de Bauru. Só havia o jornalista Laudze Menezes e o fotógrafo Celestino Distefano no plantão. Ambos já falecidos. A ação da FAC foi planejada como um assalto militar de surpresa. Saltaram de um caminhão, encapuzados e armados com machadinhas e revólveres. Enfiaram sacos de aniagem na cabeça dos jornalistas, amarraram os dois e os trancafiaram no laboratório fotográfico. Enquanto isso depredaram as instalações e máquinas de escrever a machadadas, fugindo em seguida no mesmo caminhão.
Avisado pelo motorista de táxi que prestava serviços à redação, cheguei logo depois. Morava bem perto. Cerrei as portas. Descobri o telefone em meio a bagunça e chamei a polícia. Levaram mais de uma hora para vencer a distância de três quarteirões que separavam a redação da Delegacia de Polícia. Alegaram que não achavam a chave de ignição da viatura.
O mais indignado era “Pelezinho”, um negro cambaio que pintava quadros e era figura muito popular pelo seu ódio à Polícia.
Ele gritava em frente a redação: “Eu sou comunista. Venham me prender”. “Eu sei quem foi”. Foi a única prisão efetuada. Deu trabalho. Quase arrancou pedaço da mão de um PM com uma mordida.
Meses depois Pelezinho sumiu. Disseram que foi morto por policiais e enterrado em cova clandestina".
HISTÓRIA 2 – Esse relato está no livro “Tipos Populares de Bauru”, do jornalista Correia das Neves, 1971 e dentre os tantos tipos descritos por ele, circulando pela Bauru daqueles tempos, eis algo sobre Pelezinho:
Gosta de cantar sambinhas, esforçando-se por imitar o Nelson Gonçalves. Gosta também de pintura. De tempos em tempos, faz, nas calçadas das residências do centro da cidade, exposições de seus quadros. Não pinta bem, mas pinta...
Houve um tempo em que um dos seus divertimentos era assustar moças nas vias públicas, imitando o latido de um cão.
Agora, escolheu uma profissão: vendedor de bilhetes de loteria. E, assim, vai vivendo esse interessante tipo popular de Bauru”.
OUTRA LEITURA – Vale muito a pena a leitura do texto acadêmico “EXCLUSÃO E NEGRITUDE EM BAURU: LEMBRANÇAS DE PELEZINHO”, dos professores Fábio Paride Pallotta e William Henrique dos Reis Carneiro, onde no resumo inicial do artigo: “Na década de 1970, a cidade de Bauru vivia das aparências e propagandas do regime militar instituído pelo Golpe Civil Militar de 1964. Sob a aparente calma institucional e normalidade social, a cidade também vivia sob a “tolerância racial” com a população negra representada na “aceitação” de um personagem urbano: Pelezinho. Negro, com problemas de locomoção, provavelmente sequelas de uma paralisia infantil, corcunda, um “Quasímodo” bauruense. Alegre, entregador de jornais, travestido nos carnavais, mas na verdade um excluído social, aceito na sua negritude devido a aparente alegria e aceitação da sua condição. Sem mais nem menos desaparece Pelezinho. Devemos conhece-lo para conhecer as condições de negritude e exclusão social na década de 1970, em Bauru”. Para ler o trabalho na íntegra acessem: https://unisagrado.edu.br/.../Exclusao_e_negritude_em...
OBS.: As charges aqui postadas foram retiradas do trabalho acadêmico aqui citado e representam dois famosos personagens, Leleco e Alarico, da coluna O Papo do Dia, do Diário de Bauru, quando na charge de apresentação, ao fundo a imagem do corcunda Pelezinho, transitando pela rua Primeiro de Agosto. A charge é de Aucione Torres e está inserida em seu livro, Chargeando, 1980.
Diante da paradeira generalizada, tudo tendo como culpa a tal da pandemia, que tudo emperra, segura, atravanca, adia e impede de acontecer, eis um algo mais muito sentido pelos bauruenses, o fim do Projeto Ferrovia para Todos, cuja atividade era das mais auspiciosas na cidade, capitaneada por gente como este guerreiro da foto, o servido público municipal, entendido em trens como poucos, Alex Sanchez, que já foi de tudo por lá, desde maquinista da composição da Maria Fumaça, artífice, limpador de caldeira, como também diretor de divisão, mas hoje, deve estar muito entristecido, pois diante da nova realidade e administração, não se vê sendo movido uma palha para devolver a movimentação, antes tão pujante, deste projeto de real significativo para Bauru. É pra chorar!
Eis o link para leitura de algo mais sobre o trabalho de Alex Sanchez: https://www.facebook.com/photo?fbid=659642304065782&set=a.233149883381695
PELEZINHO E AS RUAS DE BAURU – NOSSO MAIS IMPORTANTE “LADO B”*
* Finalizo um livro sobre algo sobre o motivo principal de minha escrita, o LADO B e, creio ter encontrado o personagem principal, abrindo o livro, daí procuro fatos e fotos dele. Aqui mais duas que irei juntando para formatar a apresentação do que estou escrevendo. Peço ajuda para quem tiver algo mais, favor me enviar:
HISTÓRIA 1 - Em 12 de agosto de 2012 publiquei em meu falecido Blog do Garoeiro, do Jeferson Barbosa da Silva, um belo artigo de Zarcillo Barbosa sobre a Última Hora. Veja o trecho em que ele escreveu sobre o Pelezinho:
"No dia 15 de abril de 1964, pouco antes do horário de fechamento da redação, às 22 horas, o “comando de caçadores de comunistas” invadiu a sucursal de Bauru. Só havia o jornalista Laudze Menezes e o fotógrafo Celestino Distefano no plantão. Ambos já falecidos. A ação da FAC foi planejada como um assalto militar de surpresa. Saltaram de um caminhão, encapuzados e armados com machadinhas e revólveres. Enfiaram sacos de aniagem na cabeça dos jornalistas, amarraram os dois e os trancafiaram no laboratório fotográfico. Enquanto isso depredaram as instalações e máquinas de escrever a machadadas, fugindo em seguida no mesmo caminhão.
Avisado pelo motorista de táxi que prestava serviços à redação, cheguei logo depois. Morava bem perto. Cerrei as portas. Descobri o telefone em meio a bagunça e chamei a polícia. Levaram mais de uma hora para vencer a distância de três quarteirões que separavam a redação da Delegacia de Polícia. Alegaram que não achavam a chave de ignição da viatura.
O mais indignado era “Pelezinho”, um negro cambaio que pintava quadros e era figura muito popular pelo seu ódio à Polícia.
Ele gritava em frente a redação: “Eu sou comunista. Venham me prender”. “Eu sei quem foi”. Foi a única prisão efetuada. Deu trabalho. Quase arrancou pedaço da mão de um PM com uma mordida.
Meses depois Pelezinho sumiu. Disseram que foi morto por policiais e enterrado em cova clandestina".
HISTÓRIA 2 – Esse relato está no livro “Tipos Populares de Bauru”, do jornalista Correia das Neves, 1971 e dentre os tantos tipos descritos por ele, circulando pela Bauru daqueles tempos, eis algo sobre Pelezinho:
“Leonel Batista, o Pelézinho, é um preto corcunda, moço e muito dado a gracejos. É natural de Bauru. Tem um defeito na espinha: ora, anda arcado para a frente; ora, anda arcado para trás. Conta-se que um médico da cidade propôs para lhe consertar o defeito físico, porém teria que ele que ficar muito tempo imobilizado, deitado no leito, com um colete de gesso. Recusou a oferta, alegando que não podia ficar muito tempo em tão incômoda posição.
Gosta de cantar sambinhas, esforçando-se por imitar o Nelson Gonçalves. Gosta também de pintura. De tempos em tempos, faz, nas calçadas das residências do centro da cidade, exposições de seus quadros. Não pinta bem, mas pinta...
Houve um tempo em que um dos seus divertimentos era assustar moças nas vias públicas, imitando o latido de um cão.
Agora, escolheu uma profissão: vendedor de bilhetes de loteria. E, assim, vai vivendo esse interessante tipo popular de Bauru”.
OUTRA LEITURA – Vale muito a pena a leitura do texto acadêmico “EXCLUSÃO E NEGRITUDE EM BAURU: LEMBRANÇAS DE PELEZINHO”, dos professores Fábio Paride Pallotta e William Henrique dos Reis Carneiro, onde no resumo inicial do artigo: “Na década de 1970, a cidade de Bauru vivia das aparências e propagandas do regime militar instituído pelo Golpe Civil Militar de 1964. Sob a aparente calma institucional e normalidade social, a cidade também vivia sob a “tolerância racial” com a população negra representada na “aceitação” de um personagem urbano: Pelezinho. Negro, com problemas de locomoção, provavelmente sequelas de uma paralisia infantil, corcunda, um “Quasímodo” bauruense. Alegre, entregador de jornais, travestido nos carnavais, mas na verdade um excluído social, aceito na sua negritude devido a aparente alegria e aceitação da sua condição. Sem mais nem menos desaparece Pelezinho. Devemos conhece-lo para conhecer as condições de negritude e exclusão social na década de 1970, em Bauru”. Para ler o trabalho na íntegra acessem: https://unisagrado.edu.br/.../Exclusao_e_negritude_em...
OBS.: As charges aqui postadas foram retiradas do trabalho acadêmico aqui citado e representam dois famosos personagens, Leleco e Alarico, da coluna O Papo do Dia, do Diário de Bauru, quando na charge de apresentação, ao fundo a imagem do corcunda Pelezinho, transitando pela rua Primeiro de Agosto. A charge é de Aucione Torres e está inserida em seu livro, Chargeando, 1980.
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