sábado, 9 de outubro de 2021

BEIRA DE ESTRADA (142)


ELIMINAÇÃO DE EVENTOS GRATUITOS EM BAURU*
* Meu 34º texto para o semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, edição nas bancas a partir de hoje:

Já cansei os leitores deste semanário com os desmandos da atual administração municipal bauruense, denominada jocosamente como “novíssima” (sic), pela forma como conseguiu vencer o pleito eleitoral. A novidade deu com os burros n’água, como se diz de um jeito bem popular. O bauruense padece e nesta semana aqui na cidade mais um capítulo do baú de maldades despejado sob os costados da população. Ocorre na Câmara dos Vereadores uma Reunião Pública da Comissão de Esportes, Cultura, Lazer e Turismo e nela discutidos exclusivamente a Agenda Cultural proposta pela SMC – Secretaria Municipal de Cultura. A prefeita Suéllen Rosim havia se comprometido de participar, entrou no ar de forma virtual, sentiu o clima e fugiu rapidamente, demonstrando menosprezo e também receio de ser interpelada pelo que sabia iria ali ocorrer.

Sobrou para a secretária Tatiana Sá e não deu outra, xabu, saindo do controle. Na demonstração dos eventos, nenhum deles ocorrendo neste ano, com a justificativa da pandemia como justificativa. Já em 2022 algo terá que ocorrer, mas pelo visto nada ocorrerá. É mais do que sabido que, Tatiana não possui autoridade para discutir o assunto, uma vez que a decisão de bloquear e nada fazer é algo tomado pela alcaide e disso não abre mão. Suéllen como empedernida bolsonarista, segue rigorosamente os ditames de seu mentor e assim sendo, a Cultura está indo pras cucuias também em Bauru. Sua fala ocorre só para deixar claro, como numa fratura exposta o fim dos eventos gratuitos na cidade, ou seja, os bancados pelos cofres municipais.

O vereador Marcos de Souza, presidente da Câmara cita cinco destes: Carnaval, Aniversário da Cidade, Parada da Diversidade, Exposição Agropecuária e Futebol Amador. Em todos, participação decisiva dos cofres municipais. Uns mais, outros menos, mas algo em todos propiciando uma diversão, entretenimento de forma gratuita e com incisiva injeção de recursos públicos. Para a população mais carente da cidade, aqueles que já inexiste lazer, agora mais essa, nada gratuito bancado pelo erário público. A pergunta que não quer calar é: qual a política cultural da alcaide para a cidade? Depois dessa nenhuma. Impossível não juntar a prática bolsonarista com a ocorrendo em Bauru. Em tudo são muito idênticos. É assustador o momento vivido pela cidade, outrora ponta de lança de tanta ação cultural e hoje, no fundo do poço e com parte considerável da população apoiando, incentivada pela onda conservadora vigorando pelos quatro cantos do país.

A vereadora Estela Almagro PT, a mais crítica diante do posicionamento beirando o fascismo da atual administração é incisiva quando se pronuncia: “A mensagem passada é clara. Eu não quero Carnaval aqui em Bauru, não quero Parada da Diversidade, não quero Cultura. Fingem que querem, anunciando algo pífio, para depois dizer ter proposto algo, mas os organizadores não quiseram fazer”. O imbróglio contra as manifestações culturais bauruenses está mais do que firmado e em execução. Durante a pandemia a única receita que os artistas tiveram na cidade foi oriundo da Lei Aldir Blanc, nada mais. Muita conversa fiada e editais que não funcionam e não saem do papel. Muita promessa e nada de concreto, aliás a atuação dos investidos de cargos na Cultura Municipal até agora apresentaram proposta beirando a indecência. Sucateamento em curso e com a cara da prefeita e seus asseclas, todos já carimbados com os piores que já tivemos.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História (www.mafuadohpa.blogspot.com).

"TE IMPUSERAM OUTRA CULTURA E VOCÊ NÃO PERCEBEU"
Só pude assistir a Reunião Pública da Cultura na Câmara dos Vereadores realizada dois dias atrás, no dia de hoje e diante da secretária da pasta apresentando o nada como realização para os quatro anos, com corte de recursos e estagnação no setor. A atual administração pública municipal já decidiu estancar a Cultura em Bauru e daí impossível não se lembrar de um samba de NELSON SARGENTO, o AGONIZA MAS NÃO MORRE. Está no LP "Sonho de um sambista", 1979. A Cultura resistirá e assim como o samba, não morrerá. Eles, os destruidores é que irão um dia embora e assim como disse Mario Quintana, "nós passarinhos".

Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=GaSfqESq50w
"Samba, Agoniza mas não morre,/ Alguém sempre te socorre,/ Antes do suspiro derradeiro./ Samba, Negro, forte, destemido,/ Foi duramente perseguido,/ Na esquina, no botequim, no terreiro./ Samba, Inocente, pé-no-chão,/ A fidalguia do salão,/ Te abraçou, te envolveu,/ Mudaram toda a sua estrutura,/ Te impuseram outra cultura,/ E você não percebeu,/ Mudaram toda a sua estrutura,/ Te impuseram outra cultura,/ E você não percebeu./ Samba, Agoniza mas não morre,/ Alguém sempre te socorre,/ Antes do suspiro derradeiro./ Samba, Negro, forte, destemido,/ Foi duramente perseguido,/ Na esquina, no botequim, no terreiro./ Samba, Inocente, pé-no-chão,/ A fidalguia do salão,/ Te abraçou, te envolveu,/ Mudaram toda a sua estrutura,/ Te impuseram outra cultura,/ E você não percebeu,/ Mudaram toda a sua estrutura,/ Te impuseram outra cultura,/ E você não percebeu".

UMA DOAÇÃO PELO JORNALISMO
Justamente quando completa 15 anos de existência, na edição 181/outubro 2021, algo auspicioso para a imprensa brasileira é anunciado pela revista Piauí:

O jornalista, escritor e cineasta João Moreira Salles fez um gesto que um dia as esquerdas com algum dinheiro, se saírem da guerra do WhastApp com o Carluxo, poderão copiar.
Joãozinho, como é conhecido, fez uma doação para que a revista Piauí crie um fundo. Um instituto fará a gestão dos recursos, para que a revista se sustente, sem o risco de fechar.
Ele se afasta do envolvimento direto com a sustentação da revista por ele criada, e a publicação passa a ter vida própria.
Ah, eu sei que dirão: mas o cara é herdeiro de um banqueiro. Sim, é e fez a doação.
Não importa se é rico. Importa que ele enfiou a mão no bolso e doou. Sabem quanto? R$ 350 milhões.
Sim, R$ 350 milhões. Em nome da sua paixão pelo jornalismo, nos 15 anos da Piauí.
Não precisa ter R$ 350 milhões para ajudar a sustentar um projeto. Precisa apenas ter a vontade de participar de uma ideia em nome da informação.
Quantos capitalistas ditos progressistas, de todos os tamanhos, poderiam ajudar a sustentar empreendimentos de esquerda e não se mexem?
O Brasil já teve mecenas que ajudaram na construção do jornalismo de combate no tempo da ditadura.
O mais conhecido foi o industrial Fernando Gasparian, fundador do jornal Opinião e de outras publicações que peitavam os militares. Também foi dono da Editora Paz e Terra.
Hoje, não temos um Gasparian para ajudar a peitar o fascismo bolsonarista, e os jornais ditos alternativos sofrem para seguir em frente, enquanto são boicotados pelos algoritmos de gugals e feices.
(Na área de comentários, o texto em que João Moreira Salles explica a mudança na gestão da Piauí e a criação do fundo.) Do Moisés Mendes

UBAIANO É O CARA - 81 DE IDADE E 51 DEFRONTE FUNDAÇÃO/UNESP
Este imponente cidadão de 81 anos é o famoso Ubaiano, o da lanchonete defronte o campus da Unesp Bauru, espécie de guardião das imediações e laterais externas da universidade, eterno defensor dos estudantes passados, atuais e futuros, espécie de porto seguro para todos que lhe pedem abrigo e orientações diante do mar revolto. Ele estará no próximo domingo, 10/10, às 10h no 66º Lado B - A Importância dos Desimportantes, bate papo semanal com este mafuento HPA. Vamos juntos?
Eis o link da chamada, gravação de cinco minutos:
https://www.facebook.com/henrique.perazzideaquino/videos/379424203886620

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