segunda-feira, 25 de outubro de 2021

RELATOS PORTENHOS / LATINOS (96)


OS VINTE ANOS DA MARIA FUMAÇA PASSAM BATIDOS
Ouço reservadamente que, neste insólito 2021 comemoração, dessas merecedoras de toda pompa e contentamento está passando batida, algo assim, como "é melhor fingir que a data não existe, pois seremos cobrados pela inércia de nada fazer pelo seu retorno". É o caso do projeto Ferrovia para Todos e consequentemente o de seu carro-chefe, a pomposa e ilustríssima composição férrea da Maria Fumaça. Ela já foi a coqueluche da Secretaria Municipal de Cultura de Bauru, abrilhantando movimentadíssimos passeios e hoje, está esquecida, relegada praticamente ao abandono dentro do espaço da Estação da NOB, interditada em algo ainda muito mal explicado.

Nestes 20 anos deveriam ser enaltecidos, também quem possibilitou que tudo ocorresse, o ex-prefeito, já falecido, Nilson Costa, pois foi em sua administração que os recursos e a vontade política para idealizar o Projeto e tocá-lo em frente se deu. Este seria também o momento para fazer uma justa homenagem para Geraldo Pires, o Geraldão maquinista, pois este esteve à frente, conduzindo a composição pelos seus anos mais nobres. Alex Gimenes Sanches, José de Jesus Dias e Luiz Carlos, o trio de ferro que iniciou tudo e por anos levou aquilo tudo no braço e hoje o fazem nem se sabe como. Estes todos merecem uma festança nessa cidade. Porém, pelo visto, nada disso vai ocorrer, pois na atual administração, nada foi feito e não será, para trazer de volta aos trilhos e recolocando em movimentação uma das maravilhas desta cidade.

Num momento quando a Cultura bauruense dorme em berço esplêndido, tendo com uma brilhante sacada ter sido cutucada, "Silêncio, a Cultura dorme", esquecer desta data é só mais um detalhe de todo o aviltamento que vem ocorrendo lá pelos lados da Cultura pública municipal, entregue nas mãos de pessoas com o propósito de estancar o que já foi feito e de não lutar por mais nada, cumprindo o que a ela é determinado pela atual gestão, castradora, limitadora e destruidora. Com mentalidade fundamentalista no comando das ações este é o destino de tudo o mais lá pelos lados de algo que um dia já foi grande, fez barulho, soltou fumaça pela aí, mas hoje, cria mato no seu entorno, teia de aranha em suas engrenagens. Foi para isso que Bauru elegeu a novíssima (sic) incomPrefeita Suéllen Rosim? Com ela, pelo visto, continuaremos sem ouvir o apito da Maria Fumaça, nos chamando para passeios pelos também hoje abandonados trilhos urbanos desta cidade, cada vez mais "Sem Limites".

OBS FINAL: Tem outra pessoa merecedora de toda homenagem. Geraldão, o eterno maquinista no imaginário popupar dos frequentadores a amantes do Ferrovia para Todos, levou seu filho para ajudar a limpar a caldeira da Maria Fumaça e este pegou amor pela coisa. Entrava dentro da fornalha e saia de lá com outra cor, com fuligem da cabeça aos pés. O danado pegou tanto amor pelos trens, algo inesquecível em sua vida. Falo de Markinhos Pires e também do neto do Geraldão, na época um menino de un cinco, seis anos, que de tanto estar junto da Maria Fumaça pegou amor inquebrantável por aquilo tudo. Não sei seu nome, mas gostaria de se Geraldo e Neia tiverem fotos de ambos lá com os trens, postassem aqui, pois se a gestão atual da Cultura não se lembra dessas coisas, nós jamais esqueceremos.

PERSONAGENS SEM CARIMBO - O LADO B DE BAURU (970) - SEU CHICO E OS SALGADOS NA BEIRADA DA PISTA
Tempos atrás produzia textos contando algo dos personagens bauruenses, um por dia e os mantive até chegar perto do milésimo. Tinha mais folêgo, disposição e ruava mais. Hoje pela manhã, fui atrás de comprar algo que falta lá pra reforma do Mafuá e na frente do estabelecimento comercial, um destes senhores que vale a pena contar algo do que faz, como faz e dos motivos de ali estar. Rememoro algo que fiz por tanto tempo e se forçar a barra, chegarei em breve no milésimo.

FRANCISCO MENDES DOS SANTOS é este senhor das fotos, 64 anos, aposentado, cuja renda é insuficiente para conseguir manter suas despesas a contento. Trabalhou até a chegada da pandemia na empresa GDSUL, ali na continuação da avenida Elias Miguel Maluf, depois da vila Dutra. Saiu da empresa e dela não conseguiu se afastar. Seu filho o vendo em casa ali no Santa Cãndida, reclamando da vida e das dificuldades, deu a ideia deles dois, sua esposa fazer salgadinhos e ele ir vender todo dia na porta da empresa onde trabalhou por tanto tempo.
Mora ali perto, umas oito quadras, conversou com a direção e não viram problemas na sua presença ali com o bagageiro aberto e todo dia, de segunda a sábado, das 8 às 12h ou até quando durar a quantidade que traz pronta. Desde ano e meio atrás, já criou o ponto, ficou conhecido e ali permanece. Foram trinta anos trabalhando com gesso, conhece todos na firma e outros tantos na região, tanto que hoje diz rindo: "Permaneci perto do que sempre fiz, só que agora vendendo salgados". A esposa prepara tudo com antecedência, acorda cedo, assa tudo, abastece os isopores e se posta na lateral da empresa para mais uma manhã de labuta. Impossível alguém passar pela pista e não vê-lo. Tem um parceiro que nunca o abandona, um cão preto, de uma casa logo ali adiante, que ao vê-lo chegar, se aproxima e ali permanece até quando liga o carro para ir embora. Ou seja, ele não permanece sózinho nem sequer por um minuto.

O CAROÇO DA AZEITONA
A foto da bandeja é do Confiança Nações, mas a oferta de "caroços de azeitona" não é exclusividade deles, mas de todos mercados, quiçá do país inteiro, oferecendo nestes tempos de crise, ossos com pelanca, couros de animais, pedaços antes inaproveitáveis, mas agora, únicos a preços baixos, remota opção para os ainda querendo dar um gostinho diferenciado em sua alimentação e sem recursos para nada além.


NOROESTINOS BAURUENSES VÃO PARA ARARAQUARA ACOMPANHAR O NOROESTE
Gostaria imensamente de estar junto destes, como já o fiz inúmeras vezes ao longo de minha vida e se ainda me for permitido, farei algumas outras, pois isso também me move, o fato de poder se deslocar e acompanhar de perto, junto de outros tantos, os percalços deste time, o do meu coração, o glorioso e centenário Esporte Clube Noroeste. Perdemos hoje, 2 x1, mas ainda temos uma chance, na próxima quarta, quando o jogo será em Ribeirão Preto. Eu já fiz muito disso e ao ver a foto com estes todos, bate não só saudade de tempos idos, como me acende um fogo interno, algo a me dizer ainda possuir alguma lenha para queimar, não só nestes embates, mas em outros tantos, inclusive os políticos.

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