quarta-feira, 27 de outubro de 2021

COMENDO PELAS BEIRADAS (109)


O TRATORAÇO DE SUÉLLEN E SALLES É A PONTA DE UM FIO DA MEADA QUE SE PUXADO... - O CASO É MAIS GRAVE DO QUE PODERÍAMOS SUPOR
Já entrou para o folclore desta cidade - anedotário de falácias e promessas nunca cumpridas -, dita e vista como "Sem Limites" a promessa do então ministro do Meio Ambiente, o predador Ricardo Salles, poucos dias antes de ser defenestrado do poder. Quando por aqui, prometeu um trator para a cidade e hoje, ao ler a coluna do sério jornalista Luís Nassif, vejo que os desdobramentos dessa história vão muito além do que imaginava.

Suéllen é ré confessa. Tinha problemas pendentes com a grana do fundo partidário, na candidatura a deputada estadual, em 2018, encheu o processo de prestação de contas com documentação falsa, e ficou se mancando. O TRE de SP debulhou, mentira por mentira, a papelada e apresentou a fatura verdadeira para ela quitar. Enrolou por anos, até que botaram-na no Cadastro Geral dos Inadimplentes da União - CADIN - sob ameaça de cassação.

No apagar das luzes, três anos depois, ela assumiu a sua dívida por causa do negócio mal ajambrado, pediu o DARF, e pagou. Ainda assim, basta a gente dar uma olhada no portal do TRE-SP para verificar que o processo 0605982-84.2018.6.26.0000 acha-se aberto, com seu último andamento - conclusos para decisão - datando de 27.09.2021. Só que, aparentemente, Suéllen Rosim não aprendeu nada. Tanto que fez questão de alardear como algo festivo e promissor a visita do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a Bauru.
Na falácia midiática entrava um presente: era um grande trator, novinho em folha, que o ministro da serra elétrica doaria à cidade.

Fazendo exatamente o mesmo que o TRE-SP fez na falsa prestação de contas de Suéllen, o TCU encontrou dezenas de irregularidades no "pacote do tratoraço" da prestação de contas de Salles, e suspendeu tudo, até segunda ordem.

Foi-se o "trator" cujo valor haveria de merecer cobertura com notas fiscais frias, indo o recurso equivalente, sabe-se lá para onde. Pois bem, leio, agora, no Jornal GGN, de Luís Nassif: "Cerca de 30 políticos enviaram seus pedidos de verbas para a compra superfaturada do tratoraço de Ricardo Salles".
Eis o link: https://jornalggn.com.br/.../cerca-de-30-politicos.../
É, na fria letra do Código Penal, ORCRIM!!! Organização Criminosa!

Não seria o caso de alguém entrevistar a prefeita Suéllen about e saber de fato qual a participação dela no imbróglio? Ela, que demonstrou morrer de amores pelo Salles, precisa explicar para a cidade dos motivos de andar em tão mal companhia e ficar atrás de gente que, no frigir dos ovos, denigre mais e mais a reputação desta cidade. Diante de tudo, como tecer algumas linhas elogiosas para a mesma? Impossível...

VIDA MUITO DURA
Anteontem queria presentear uma amiga pelo seu aniversário. Ela mora só, ela e os filhos num bairro nas franjas da cidade. Nem sei como ela ficou sabendo de minha intenção e antes que tivesse gasto qualquer centavo numa lembrança, liga e deixa recado: "Agradeço seu interesse pela minha pessoa e pelo presente que iria ganhar. Me antecipo, envergonhada, mas ciente de minhas reais necessidades no momento, te peço encarecidamente, se for mesmo gastar algo comigo neste momento, não me dê presente algum. Faz três dias que terminou o gás de cozinha aqui em casa e fiz no quintal fogão de lenha. Fui catar pedaços de lenha na região onde moro, perto da rodovia Bauru Marília. O que preciso mesmo é de um botijão de gás. Passe aqui, pegue o botijão e tenha certeza, será o melhor presente que estarei recebendo". Ela não é a única, muito menos a última no desespero nestes tempos cruéis, insanos e ver pessoas se apossando de caminhões de lixo em busca de resto de alimentos já não representa novidade. Não éramos assim, mas ficamos assim. O genocida presidente acelerou o processo de desgraça deste país.

MISÉRIA
"Eu moro num bairro pequeno, numa cidade de porte médio, no interior do estado de São Paulo. Hoje é dia que a coleta de lixo passa recolhendo o lixo das casas, e os lixeiros fazem uma pilha em cada esquina para facilitar a coleta quando o caminhão passa. Pois bem, quando cheguei do trabalho, desci no meu ponto de ônibus e fiquei, no máximo, uns 20 minutos conversando com uma amiga do trabalho, na frente da casa dela, antes de tomar meu rumo. Por coincidência, a casa dela é de esquina, de frente para um desses montinhos que é feito com o lixo das pessoas. Só nesse intervalo de 20 minutos, devem ter passado pelo menos 3 ou 4 pessoas revirando o lixo, em busca de comida. Saíram todas decepcionadas, porque não havia nada aproveitável, já que provavelmente outras pessoas vieram antes e acabaram levando o que naquele lixo havia de "comestível".

Digo isso porque assim funcionam os sintomas: se numa situação marginal, num bairrozinho de uma cidadezinha do interior, é possível visualizar com nitidez a miséria que sonda o nosso tempo, e que leva pessoas a revirar o lixo, uma em sequência da outra, que dirá a dinâmica geral da sociedade brasileira? Só sei que eu nunca vi nada parecido com isso antes. Este é, sim, um momento de solidariedade, de amor ao próximo, de altruísmo, para tentar reparar, à nossa maneira, as carências do nosso semelhante. Mas é, acima de tudo, um momento de ódio, de desprezo pelas condições atuais, de estranhamento, de um "eu não me reconheço nisso". Momento de saber canalizar esse ódio, essa potência negativa em detrimento de transformações que produzam uma nova cena, mesmo que elas demandem violência no processo. Porque não há violência maior do que um estado no qual o outro precisa, para garantir a própria subsistência, buscar o que comer no lixo alheio", Leonardo Rodrigues.

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