Essa a enquete, essa a pergunta que não quer calar, a que incomoda toda a categoria; quem ainda acredita e apóia o que vem sendo feito, ou melhor, o que tem sido deixado por fazer, o prometido e não cumprido?
Seria interessante ter um levantamento da classe artística até para saber o nível de agrado que Suéllen/Tatiana tem conquistado entre os artistas locais. Existirá ainda alguns acreditando, crendo ser possível algo salutar e realmente sendo feito pela Cultura ou tudo já cansou e o descrédito é generalizado?
Essa enquete é uma forma de sondar, medir as expectativas, verificar se o que já foi apresentado é suficiente ou exatamente o contrário?
Com a palavra a classe artística num todo.
Aguardamos o pronunciamento de tudo, todas e todos.
"Esse é o Zé, eu o conheço desde de minha juventude, ele sempre foi gentil, educado e respeitoso comigo e com as pessoas em geral, ele está doente, tem depressão e é alcoólatra, já usou outras coisas mas há tempos é prisioneiro da pinga, todos os dias ele fica nesta Praça sentado quieto, triste, ele fala a pinga me faz esquecer a dor, a fome, o frio, eu completo acrescentando: a desilusão, o descaso, a indiferença. Eu e a meire tentamos ajudar como conseguimos, um agasalho, um cobertor, uma conversa, mas é doloroso pensar que faça chuva ou frio, de noite e de dia ele está lá, ele tem família, pasmem, não conheço a família dele, ele fala que tem duas filhas, e esposa, ou ex, ele refere como "minha mulher" quando fala da esposa, e tem irmãs e outros parentes de acordo com relatos, eu sei que o alcoolismo é uma doença devastadora, devastou a vida do Zé, devasta muitas vidas muitas famílias, mas não consigo comprender alguém não ter compaixão de um alguém como ele, Doente. Ele se queixa que está com dor de ouvido, tentei convence-lo a ir comigo no PS, mas ele não aceita, ele quer apenas "morrer" ele me diz isso, e me fala: "não se importe com a minha dor, a minha dor é minha, eu preciso caminhar o meu caminho", e eu, infelizmente, não consigo não me importar, ou felizmente, então ao conversar com um rapaz que trabalha numa lanchonete da frente da praça, me ofereci para deixar pago um lanchinho todo dia pra ele ali, mas o moço foi de uma generosidade maior ainda, disse moça fica tranquila eu dou os lanches pra ele todo dia, darei, claro que esse ato me comoveu, e agradeci e saí de lá um pouco mais conformada pois, ao menos a questão da fome por hora estaria sanada, porém ainda ele continua lá no frio, na chuva, e pior, me relatou, que dia desses uma viatura da Guarda Municipal parou lá e o expulsou do local, ele se recusou então o chutaram e com agressividade o colocaram na viatura, levaram ele num bairro muito afastado daqui da Vila dos lavradores, levaram ele lá no Jardim brasil, e o deixaram lá, ele está com os pés sangrando, disse ser da violência que ele sofreu, eu sinceramente não consigo entender um fato desses, esse cara não incomoda ninguém, é doente de alcoolismo, mas só está ali esperando a morte chegar, como pode agentes públicos que deveriam proteger o ser humano fazer isso, eu não tenho provas, apenas relato aqui o dito por ele, com lágrimas nos olhos ele me contou essa possivel ocorrência , não consigo ter paz sabendo que tem tamanha crueldade, não consigo ter paz sabendo que uma pessoa que quando era produtivo servia para família e agora está miserável, é espezinhado dessa forma, ele não é vagabundo pois sempre o vi trabalhando, foi explorado, nunca o registraram, e o vício o levou ao estado atual, como é horrível ver essa situação, uma pessoa nesse estado não precisa ser julgada, chutada, judiada, abandonada, precisa ser acolhido, cuidado, sei que ele não vai durar muito nessa situação, ir embora desse mundo pra ele será um descanso mesmo, descanso do vício, do abandono, da indiferença, do desamor, e eu me pego aqui pensando na minha impotência diante de tudo isso e do quanto eu sinto por fazer parte dessa coletividade de coisas e situações que não vejo como mudar, tempos tristes, Zé, meu amigo Zé, o que você fez com você, o que fizeram e fazem com você, e o que deveríamos fazer, me perdoe Zé. Como você sempre me fala que sou boa eu te falo, não sou Zé, que tristeza", Rosana Zani, Botucatu SP.
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