ENCONTREI O VERDADEIRO CARNAVAL E A QUARESMA
(Esse texto saiu publicado na edição do último sábado, 28/2, no jornal O Alfinete, Pirajuí SP. A maioria das fotos foram cedidas por Beto e Nádia Grandini, nos desfiles de rua, domingo de Carnaval)
Vamos por partes, como era a prática de “Jack, o Estripador”.
Pulei o carnaval e consegui me divertir sem aquela exaltação de procurar algo diferente somente nesses dias. Melhor que tudo, consegui encontrar o carnaval que queria e procurava. Sai num bloco aqui em Bauru, o “Amigos da Folia”, com mais de 100 pessoas e nele estivemos no baile de abertura da festa, no sábado. Naquele salão, nada além das marchinhas. Foi uma maravilha, pois não havia nada parecido com axé, serta-brega, bundinha na garrafa, funk ou mesmo pagode.
Já perceberam que os bailes onde predominam essa miscelânea já não contam mais com tanta gente. A procura mesmo tem sido pelos bailes tradicionais, tanto que, um clube daqui, já pensa em promover mais bailes iguais ao que fui. Isso é que é carnaval. Também saímos na rua, com o mesmo bloco e na chegada a surpresa. O caminhão de som não tinha CDs com nada específico de carnaval, só axé. Inconcebível isso. Se isso viesse de um clube, acho compreensível, só que nem passaria perto. Já, vindo do poder público, que é de onde deveria partir o exemplo de valorização do verdadeiro carnaval, algo meio que inconcebível. No carnaval é para serem tocadas músicas de carnaval, como marchinhas e sambas enredos. Fora disso, não é carnaval. Será que é tão difícil entender algo tão simples. Cada festa tem seu ritmo e trilha musical. Misturou, perdeu o valor. Qualquer órgão público promotor de uma festa carnavalesca precisa ter a sensibilidade para esses pequenos detalhes.
Por sorte havíamos levado um CD só com marchinhas e descemos a avenida cantando todas. Do contrário, desceríamos de boca fechada e a alegria que queríamos demonstrar não seria a mesma. Foi lindo olhar para o povão nas ruas cantando todas conosco. Todo mundo conhecia as letras. Não poderia ser melhor. Carnaval é isso, um congraçamento, festa popular, povo nas ruas. Aqui em Bauru, nenhum incidente foi registrado. Sete mil pessoas nas ruas ano passado e mais de dez mil nesse. O povo adora ir para as ruas, divertir-se e ser feliz.
Divido bem meus momentos de lazer e de contrição. Para ambos existe espaço. Faço questão de registrar o meu contentamento com o tema da Campanha da Fraternidade, que a igreja católica coloca nas ruas na quaresma. “Fraternidade e Segurança Pública”, tendo no cartaz uma frase de grande reflexão, “A paz é fruto da justiça”, ambos temas dos mais relevantes, afinal a violência urbana merece uma melhor discussão, envolvendo as péssimas condições dos presídios, a tortura, o trabalho forçado, as ameaças aos povos indígenas e a camponeses sem-terra e a impunidade como fatores de desrespeito aos direitos humanos. Se a discussão passar por aí, acertaram em cheio. Daí sim, participo também desse bloco.
Vamos por partes, como era a prática de “Jack, o Estripador”.
Pulei o carnaval e consegui me divertir sem aquela exaltação de procurar algo diferente somente nesses dias. Melhor que tudo, consegui encontrar o carnaval que queria e procurava. Sai num bloco aqui em Bauru, o “Amigos da Folia”, com mais de 100 pessoas e nele estivemos no baile de abertura da festa, no sábado. Naquele salão, nada além das marchinhas. Foi uma maravilha, pois não havia nada parecido com axé, serta-brega, bundinha na garrafa, funk ou mesmo pagode.
Já perceberam que os bailes onde predominam essa miscelânea já não contam mais com tanta gente. A procura mesmo tem sido pelos bailes tradicionais, tanto que, um clube daqui, já pensa em promover mais bailes iguais ao que fui. Isso é que é carnaval. Também saímos na rua, com o mesmo bloco e na chegada a surpresa. O caminhão de som não tinha CDs com nada específico de carnaval, só axé. Inconcebível isso. Se isso viesse de um clube, acho compreensível, só que nem passaria perto. Já, vindo do poder público, que é de onde deveria partir o exemplo de valorização do verdadeiro carnaval, algo meio que inconcebível. No carnaval é para serem tocadas músicas de carnaval, como marchinhas e sambas enredos. Fora disso, não é carnaval. Será que é tão difícil entender algo tão simples. Cada festa tem seu ritmo e trilha musical. Misturou, perdeu o valor. Qualquer órgão público promotor de uma festa carnavalesca precisa ter a sensibilidade para esses pequenos detalhes.
Por sorte havíamos levado um CD só com marchinhas e descemos a avenida cantando todas. Do contrário, desceríamos de boca fechada e a alegria que queríamos demonstrar não seria a mesma. Foi lindo olhar para o povão nas ruas cantando todas conosco. Todo mundo conhecia as letras. Não poderia ser melhor. Carnaval é isso, um congraçamento, festa popular, povo nas ruas. Aqui em Bauru, nenhum incidente foi registrado. Sete mil pessoas nas ruas ano passado e mais de dez mil nesse. O povo adora ir para as ruas, divertir-se e ser feliz.
Divido bem meus momentos de lazer e de contrição. Para ambos existe espaço. Faço questão de registrar o meu contentamento com o tema da Campanha da Fraternidade, que a igreja católica coloca nas ruas na quaresma. “Fraternidade e Segurança Pública”, tendo no cartaz uma frase de grande reflexão, “A paz é fruto da justiça”, ambos temas dos mais relevantes, afinal a violência urbana merece uma melhor discussão, envolvendo as péssimas condições dos presídios, a tortura, o trabalho forçado, as ameaças aos povos indígenas e a camponeses sem-terra e a impunidade como fatores de desrespeito aos direitos humanos. Se a discussão passar por aí, acertaram em cheio. Daí sim, participo também desse bloco.
Um comentário:
HENRIQUE
Você acha que a igreja atual, com sua estrutura conservadora irá debater esses temas que você relaciona dentro do tema segurança. Passarão longe. Fique na esperança. Para eles, a segurança e a justiça nosdias de hoje são outra coisa. Escreva o que eu disse. Acho que você não sairá nesse bloco.
Paulo Lima
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