CONVERSANDO CONSIGO MESMO - publicado na Revista do Caminhoneiro, edição 276, fevereiro 2011, tiragem de 100 mil exemplares, distribuição nacional.
Sofro um bocado nessas estradas brasileiras, percorro trechos esburacados e a predominar a má conservação. Já reclamei demais disso tudo, mas hoje, depois dessa chuvarada que continua caindo sobre todos nós nesse mês de janeiro, não posso culpar somente as autoridades. A natureza segue seu ritmo normal e quando agredida, revida ao seu modo. É o que faz nesse momento. Mesmo com o pouco de compreensão que possuo dessas coisas entendo que o grande culpado somos nós mesmos, os humanos, pois agredimos a natureza de tudo quanto é jeito e maneira. E como as autoridades podem reparar isso tudo que tenho visto pelos caminhos onde percorro? Tenho que entender o lado deles e eles o meu.
Muitas cidades precisam muito de mim, pois trago os meios de sua subsistência. Eles me ajudam, com estradas boas, percursos de fácil acesso e chego sempre a contento, dentro do previsível. Uma das primeiras providências que as autoridades tomam é em relação às estradas. Podem não estar impecáveis, mas voltam a abri-las rapidamente, quando interrompidas. Levo alegria e isso me contenta muito. Não imaginam como me sinto quando descarrego uma carga de alimento numa dessas isoladas regiões.
Um caminhão como o meu, grandão, ocupando um baita espaço precisa de certos cuidados. Sigo regras e não extrapolo no que ele pode fazer. Sigo minha rotina com os devidos cuidados, mais do que necessários. Nas estradas, diante dos demais, eu sei da potência do que conduzo. De nada me adianta tirar vantagem de um automóvel, quando posso compartilhar espaços. Juntos, cada um cedendo dentro do que lhe é possível, chegaremos sãos e salvos nos destinos a nós traçados. É o que faço e vejo a cada dia mais caminhoneiros fazendo da estrada não só um sacerdócio, mas uma congratulação com o seu semelhante.
Como é bom quando observo aquele apressado automóvel vindo e eu devagar, obrigado a reduzir a marcha na subida. Poderia segurá-lo, mas de que me adiantaria isso? Podendo e com segurança, adentro um pouco mais a direita e dou o sinal para que passe. Em reconhecimento, vem uma buzinada ou um braço estendido num aceno fora da janela. Sou um observador e os pequenos gestos de solidariedade manifestados na estrada são todos significativos. Vivo num mundo solitário, viajo só e percorro trechos enormes sem trocar diálogo com ninguém.
Entendo desse negócio de estrada como ninguém. Já fui uma pessoa interessada em pequenos desvios, tudo para economizar um bocadinho de grana. Abdiquei disso quando percebi que não vale mesmo a pena arriscar a carga que carrego por causa de uns tostões. Só sigo na rota a mim determinada. Desvio só em caso de extrema necessidade. Aprendi que isso tem nome e chama-se segurança e responsabilidade.
Entendo desse negócio de estrada como ninguém. Já fui uma pessoa interessada em pequenos desvios, tudo para economizar um bocadinho de grana. Abdiquei disso quando percebi que não vale mesmo a pena arriscar a carga que carrego por causa de uns tostões. Só sigo na rota a mim determinada. Desvio só em caso de extrema necessidade. Aprendi que isso tem nome e chama-se segurança e responsabilidade.
Quando pego esses longos trechos e a próxima parada está bem distante, ligo o rádio, ouço música e penso nisso tudo. Olho para essa imensidão aqui ao meu lado e vejo o quanto sou importante. Muita coisa me vem à cabeça. Um rodamoinho onde tudo pipoca. E nesses momentos, fechando os olhos, sem falsa modéstia, estufo o peito e fico a me vangloriar: “Somos ou não os verdadeiros reis da estrada?”.
AINDA O NOROESTE E UMA HOMENAGEM RECEBIDA DE REYNALDO GRILLO: Esse torcedor símbolo do Noroeste, lá da distante New Jersey, continua com seu incansável blog, o BLOG DO NORUSCA (http://www.blogdonorusca.blogspot.com/) e nessa semana além de reproduzir todo o texto onde escrevo sobre a partida contra a Ponte, publica duas fotos minhas, uma ainda no bar Saudosa Maloca, quando fazia a minha concentração particular para a contenda e depois, já no estádio uma tirada pelo Nelson Brandino, um torcedor da Sangue paulistana, que estava em Bauru, tendo eu ao lado da Ana Bia. Meus agradecimentos ao Rey e minha torcida hoje (lá estarei) contra o lanterna do campeonato. Faço figa, bato na madeira, cruzo os dedinhos, pois o time é ruim demais, mas não gostaria de vê-lo na Segundona, pois sei bem o quanto é difícil o acesso e nem sei em que condições o time estará ano que vem, com ou sem essa diretoria atual.
3 comentários:
Henrique
E o trem, onde fica nessa?
André Ramos
caro André Ramos
Sou defensor do trem de quatro costado, voce sabe disso, mas também somos sabedores que um não inviabilia o outro. O que não pode e isso ocorre no Brasil é o modal dos caminhões de carga inviabilizarem o modal férreo. Um necessita do outro, até intercalados, não dissociados. Tenho um texto preparado sobre isso para as próximas edições.
Aguarde.
Henrique - direto do mafuá
Henrique
O Noroeste empatou por 2 X 2 com o lanterna, somente 4 pontos à sua frente na classificação. Restam 4 rodadas e estamos com as cuecas na mão. Oeste, Portuguesa, São Paulo e Ituano pela frente. O time é fraco, o técnico parece não saber o que fazer, o centroavante não faz gol, os diretores contratarm mal, a torcida é a de sempre, o preço da água lá é um absurdo, o ingresso é caro, a má vontade predomina no campo e tudo parece conspirar contra o Noroeste continuar na primeira divisão. Mas assim como tu continuarei indo até o fim. Sou noroestino, fazer o que.
Nelson
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